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“Evie Ashford” Por um momento, o silêncio preenche o quarto, sendo quebrado apenas pelo som baixo e constante do vento lá fora. Meu coração segue acelerado, mas sei que não é apenas pelo que aconteceu há pouco; são também as palavras dele, que inevitavelmente me fazem sentir como se estivesse em um campo minado emocional. O que está acontecendo entre nós é novo e assustador ao mesmo tempo. Uma parte de mim, aquela mais cautelosa, quer correr e deixar tudo isso para trás, lembrando-me constantemente da carga emocional que carrego, do quanto já perdi por confiar em alguém… Mas, ao mesmo tempo, há algo que me faz perceber que o que tenho com Henry é intenso demais para ignorar. Como se soubesse o que se passa na minha cabeça, Henry passa seu braço ao meu redor, puxando-me para mais perto, e dá um beijo em meus cabelos. Respiro fundo, decidindo enfrentar os sentimentos confusos que invadem meus pensamentos. Se realmente houver uma chance de Henry ser diferente, se eu conseguir entend
Antes que eu consiga responder, Henry me dá um beijo rápido e se afasta, com um sorriso malicioso nos lábios. Sento-me em um dos bancos altos ao redor da ilha central e o observo pegar os ingredientes no armário. Após colocá-los à minha frente, ele me encara com um brilho malicioso nos olhos acinzentados. — Uma sopa de lentilha com presunto se encaixa bem ao que você quer — diz Henry, começando a preparar os ingredientes. — Vai te deixar aquecida e disposta para o restante da noite. — Parece uma ótima escolha. Com um sorriso satisfeito, ele volta sua atenção para os ingredientes à sua frente, enquanto permaneço com o olhar fixo em seus movimentos. Chega a ser impressionante a facilidade com que ele corta os legumes e tempera tudo. Sem perceber, acabo rindo da minha própria incapacidade. Será que algum dia serei capaz de cozinhar assim, sem correr o risco de colocar fogo em algo? — Fica difícil me concentrar com você me olhando assim — Henry comenta, sem sequer levantar os olhos
A luz suave da manhã entra através das cortinas e, por mais que eu não tenha dormido muito, sinto-me incrivelmente satisfeita. Pela primeira vez em meses, posso dizer que tive uma noite tranquila, e o mais surpreendente de tudo é saber que o responsável por isso está aqui, dormindo serenamente ao meu lado, com as pernas entrelaçadas nas minhas.Movo-me devagar, o suficiente para afastar sua mão da minha cintura e me virar ligeiramente para trás. Henry permanece num sono tranquilo, com a respiração lenta e traços relaxados. Com os cabelos levemente despenteados, ele parece mais… ele.Por algum tempo, permito-me admirar sua beleza, sentindo meu coração bater descompassado. Por anos, acreditei que o que sentia por Sebastian era arrebatador, algo profundo e insubstituível.Mas agora, ao lado de Henry, com todo o seu cuidado e intensidade, percebo a diferença. Com Sebastian, nunca senti isso… nunca houve essas borboletas que todos descrevem, as mesmas que agora me fazem sorrir simplesmente
Os últimos três dias foram um misto de emoções, variando do medo a uma certeza que ainda não consigo descrever. Mas, sem dúvidas, foram dias esclarecedores. De alguma forma, eu sabia que voltar a Londres significaria deixar parte daquela paz para trás.A convivência com Henry nos Alpes me mostrou facetas dele que eu nunca imaginei, e, por mais que o retorno à normalidade fosse inevitável, admito que meu apartamento vazio ontem à noite me pareceu… estranho. Não me lembro da última vez que alguém me fez sentir a falta de sua presença com tanta intensidade.Saio do elevador e sigo para minha sala, quase rindo do que sinto. “Quando foi que alguém que não passava de um aliado incômodo se tornou uma companhia desejável?”, penso enquanto viro o corredor. Inevitavelmente, meu olhar se volta para a sala de Henry, que fica no lado oposto da minha, e a vontade de ir até lá quase faz com que meus pés criem vida própria.— Sua sala, Evie Ashford — resmungo, desviando o olhar enquanto sigo até minha
“Henry Blackwood” Meu olhar vai ao encontro da pessoa que teve a audácia de abrir a porta, e me preparo para chamar sua atenção. No entanto, assim que vejo a figura feminina parada, nos observando de maneira curiosa, respiro fundo. Eu já sabia que Evie tinha o poder de mexer comigo, mas não sabia que ela também me faria esquecer das coisas tão facilmente. — É a minha mãe — sussurro ao sentir o corpo dela tenso contra o meu. Mantenho minha mão em sua cintura; afinal, o flagrante já foi feito. — Mãe, deveria bater à porta antes de entrar. E se eu estivesse… — Henry! — minha mãe me interrompe, e quase solto uma risada ao ver seus olhos arregalados. Evie, por sua vez, disfarça, tirando minha mão da sua cintura para se afastar. — É brincadeira, ok? — digo, tentando amenizar o clima. Logo em seguida, Robert entra e franze as sobrancelhas ao ver a cena. — Mãe, Robert, esta é Evie Ashford, minha… — Diretora de projetos — Evie completa rapidamente, aproximando-se da minha mãe antes de
“Evie Ashford”Parada em frente ao espelho, tento controlar o nervosismo que cresce dentro de mim. O convite para jantar na casa de Henry, no início, parecia tentador e empolgante… até ele mencionar quem nos faria companhia.Respiro fundo, ajustando o vestido enquanto luto para ignorar o quanto tudo isso parece sério demais. Por mais que eu tenha concordado, não consigo evitar a pergunta: onde tudo isso vai parar?— Aí, meninas — resmungo, ainda encarando meu reflexo no espelho, apontando para o vestido vermelho de alças grossas e decote comportado. Mas é a fenda lateral que me incomoda. — Isso não está… exposto demais? Acho que é melhor…— Evie, pare! — exclama Chloe, segurando meus ombros e me virando de frente para ela. — Você está linda e comportada, exatamente como falamos três vestidos atrás.— Verdade, amiga — Lily acrescenta, aproximando-se. Com calma, ela endireita uma das alças e segura meu rosto entre as mãos. — Se acalme, OK? Não é como se você nunca tivesse conhecido uma s
Por um segundo, fico paralisada. As palavras dele ainda ecoam em minha mente, e sinto meu coração bater tão forte que tenho medo de que ele escute. Henry realmente acabou de me pedir em namoro, e não foi uma provocação, não foi uma brincadeira. Ele está mesmo falando sério. — Namorar? — murmuro mais para mim do que para ele, mas seu olhar deixa claro que ele me ouviu perfeitamente. — Sim, namorar — ele diz, como se fosse óbvio. E, de fato, é. Meu corpo quer dizer “sim” imediatamente, mas minha razão… bom, como sempre, ela hesita. — Henry, eu… — respiro fundo, escolhendo as palavras com cuidado. — Quero isso. Só que… tudo ainda é… complicado. Estou no meio de um divórcio, permaneço legalmente casada, e ainda tem o processo contra Sebastian… Você sabe o quanto ele manipula as coisas, o quanto ele pode usar tudo contra mim… — Evie, sabemos que Sebastian a traiu com Harper, e tenho provas suficientes para desmontar qualquer mentira que ele tente contar — diz ele, segurando meu rost
“Henry Blackwood” O clima, antes descontraído e tranquilo, se desfaz no momento em que Harper entra como se fosse a coisa mais natural do mundo. Seu olhar percorre cada pessoa presente na sala de jantar, e um sorriso debochado surge em seu rosto quando ela levanta a mão, apontando o dedo para Evie antes de continuar: — Claro! Por que não percebi isso antes? — ela pergunta, balançando a cabeça em negativa. — Aquela armação no nosso casamento foi obra sua! Foi você quem fez a cabeça de Henry contra mim! — O quê? — Evie pergunta, levantando-se rapidamente. Ela ameaça se aproximar de Harper, mas eu a impeço, colocando-me à sua frente. — Você não precisa se preocupar com isso — digo a Evie, antes de me virar para Harper, que permanece com aquele maldito sorriso no rosto. — Que merda você pensa que está fazendo aqui? — Já que você não atendeu minhas ligações, decidi vir buscar tudo o que eu trouxe antes do casamento, Henry! — Harper ergue o queixo, tentando aparentar uma confiança