Então, ele, quase nervoso, mas usando todo o seu talento, segurou a mão dela, que a tirou, em um reflexo.
“Viviam, você não acha que nós devemos chegar de mãos dadas?”“Ah... Er... Ah, sim, sim! Eu esqueci...” falou, gaguejando, sem graça.Ele sorriu, pegando a mão dela de novo, que, dessa vez, segurou a dele de volta. Ambos sentiram, imediatamente, uma sensação agradável, confortável, nova. Ambos desejaram, silenciosamente, poder continuar de mãos dadas por muito tempo, sentindo o contato da pele quente do outro.Mas logo Viviam avistou seus pais e se lembrou do que estava fazendo ali. E se deu conta de que aquele homem encantadoramente lindo não estava segurando sua mão por um gesto de carinho, mas porque era parte do jogo de cena. A sensação maravilhosa daquela mão tão grande e forte segurando a sua não poderia ser desejada, aproveitada, não deveria sequer existir.Já ele ficava cada vez mais tenso, a cada passo que dava em direção ao casal que os aguardava em uma mesa de canto, e havia se levantado ao ver a filha. Olhando os dois, ele tinha uma sensação estranha!As cenas que viriam adiante tinham sido muito bem ensaiadas por ele e pela pequena a seu lado. No entanto, inexplicavelmente, ele não podia evitar sentir que estava, de fato, caminhando em direção a seus futuros sogros.Oh, céus! Como seria lidar com não apenas um, mas dois sogros?Logo que Gabriel foi apresentado a Jensen e Paul Lavigne, e ele e Viviam juntaram-se aos dois em sua mesa, o falso casal usou um pouco de seu talento para fingir uma intimidade que não tinham. No entanto, não demorou muito para que eles sequer precisassem fingir risadas, sorrisos e brincadeiras, porque eles realmente sabiam muito um sobre o outro, ainda que tivesse sido por meio de papéis, e se identificavam muito um com o outro em gostos e interesses. Além disso, sentiam-se confortáveis na presença um do outro, a conversa fluía.
Os pais dela tinham ido até ali bastante desconfiados. Era muito estranho e não parecia ser coincidência que eles nunca tivessem ficado sabendo que Viviam tinha um namorado e, logo naquele momento, em que ela precisava casar para se tornar herdeira de fato, ela aparecia com um. No entanto, eles não podiam negar que os dois jovens faziam um belo casal e pareciam bem entrosados, bem à vontade um com o outro.“Crianças, como vocês se conheceram?” Perguntou Jensen, sentindo que precisava investigar mais.“Eu estudei com o Leandro, somos muito amigos. Uns meses atrás ele me chamou pra almoçar com ele e tinha convidado a Vivi também. Então nós ficamos amigos e começamos a nos encontrar com frequência, às vezes sem o Leandro, outras com ele... Mas um dia eu convidei a Vivi e resolvi não chamar o Mateu... E, bom, a gente foi jantar junto, tomou uns drinks e tal... E a gente ficou junto.”“Nenhuma história extraordinária, pai.” Falou a filha, fingindo-se incomodada e sem jeito, e acrescentou, em tom de reclamação, olhando para Gabriel. “Podia ter deixado de fora os drinks.”“Er... Foram só uns drinks...”“Tudo bem, Gabriel...” Interrompeu Paul. “Viviam pensa que ainda a temos como nossa garotinha, mas sabemos que já é uma mulher.”“Sim. Temos preocupações naturais de pais, mas não somos super protetores.” Viviam girou os olhos para isso. “Nesse momento, por exemplo, só estamos perguntando muitas coisas porque você nos apareceu com um namorado de repente... E num momento bem propício, você não acha, princesa?” Jensen era direto e objetivo.“Papai, se estiver insinuando alguma coisa, vai estar me ofendendo... E ofendendo o Gabriel.” Repreendeu, entre dentes. “Vocês não o conheciam porque nunca conheceram nenhum namorado meu... Porque simplesmente não era sério o suficiente ainda. O Leandro mesmo vocês só conheceram depois que a gente terminou.”Gabriel não conseguiu conter uma gargalhada e Viviam sentiu o rosto aquecer, corar. Seu plano iria por água abaixo agora. Estava ferrada!“Você namorou o Leandro?” Ele continuou rindo. “Leandro é...” Arrependeu-se ao olhar para os pais dela. Talvez eles não soubessem e ele tivesse dado o furo da década! Ia ficar sem seu cachê. Estava fer-ra-do!“Gay. Leandro é gay... Como eu e como Paul.”Gabriel ficou aliviado com as palavras de Jensen, mas seu alívio não durou nada. Será que ele tinha estragado tudo ao deixar claro que não sabia que a pretensa namorada era ex do amigo?“Por que você e Leandro nunca me contaram isso, babe?” Entrar no personagem de novo era a única solução para tentar remediar o que tinha feito.“Porque não é legal contar que eu tive um namorado que, logo depois do nosso relacionamento, resolveu sair do armário! Basta ver a risada que você deu.” Ela disse, sem sequer precisar se fazer de aborrecida.“Tudo bem.” Ele a surpreendeu com um sorriso simpático e um beijo no rosto. “A gente nunca mais precisa falar sobre o assunto, amor.”O coração de Viviam quase saiu pela boca. O sorriso, o contato dos lábios dele com a pele dela, ele a chamando de amor. Tudo isso era tão bom! Ela poderia se acostumar tão facilmente! Precisou passar o resto da noite lembrando a si mesma que Gabriel era apenas um bom ator, com um ótimo cachê e que sonhar com ele, suspirar por ele, sentir-se como uma menininha tola, feliz só por ter recebido um beijo na bochecha, não fazia parte dos termos do contrato.Gabriel agira espontaneamente. Alguma coisa dentro dele dizia que a irritação dela com a história envolvendo seu atual melhor amigo e antigo namorado era verdadeira, e ele tinha uma vontade genuína de fazer qualquer nuvem negra sobre a cabeça dela desaparecer. O seu sorriso fora sincero e ele a beijara porque tivera vontade. Muita, muita vontade!Ele a beijaria de novo, se estivessem sozinhos e se ela deixasse. Não na bochecha, amigavelmente, como fez, mas por todo o rosto, pelo pescoço e nos lábios... Sensualmente. Enquanto o assunto na mesa mudava, o rapaz ficou alguns instantes alheio a ele, dando-se conta de que aquilo que mais temia que acontecesse estava, de fato, acontecendo. Ele desejava a mulher a seu lado, a mesma mulher com quem ele teria que viver por um ano, mas que não planejava ter nenhuma relação com ele, a não ser a estritamente profissional.Gabriel estava fo-di-do!!!Felizmente, o resto do jantar correu bem, sem grandes interrogatórios por parte dos pais de Viviam e sem novos contatos físicos entre ela e Gabriel. Ambos agradeceram mentalmente o fato de não precisarem fazer nenhuma cena em que se beijassem na boca, afinal, mesmo que fossem namorados de verdade, eles não se beijariam assim na frente dos pais da garota. Também sentiam um misto de desejo de que, um dia, houvesse alguma situação em que eles fossem precisar fazer isso, e esperança de que não. Ambos queriam esse contato, mas imaginavam que ele dificultaria ainda mais as coisas.O suposto casal ficou sem se encontrar por dois meses, como tinham combinado, uma vez que os pais dela não teriam como saber que eles nunca se encontravam, até o dia em que foi marcado um jantar com os Lavigne e alguns amigos para, como também acordado, ser feito o pedido de casamento.Foi um momento extremamente estranho. Viviam chorou bastante durante o pedido e em alguns outros momentos da pequena comemoração. Quase todos ali, com exceção de Leandro e da melhor amiga de Viviam, que também sabia de toda a situação, acharam que ela derramara lágrimas de felicidade. Gabriel achou que ela era uma excelente atriz e até fez uma nota mental para elogiá-la quando tivesse a oportunidade. Só Viviam sabia da profunda tristeza que aquele momento tinha lhe provocado.“Vivi?” Samantha entrou no apartamento que dividia com Viviam, logo atrás da melhor amiga de longa data. “Você vai me contar a razão de tantas lágrimas, não vai?”“Samy, eu acho que eu nem preciso, não é?” Disse, jogando o corpo no sofá e tirando os sapatos, enquanto a outra sentava ao seu lado. “Eu sou uma mulher. Eu tenho meu lado romântico, meus sonhos, meus desejos. Eu queria um pedido de casamento de verdade, alguém que me amasse me pedindo em casamento e eu vou me casar de verdade, mas não tive isso. E o casamento? O casamento também vai ser uma mentira, um teatro. Eu vou continuar sem ninguém na minha cama me abraçando, me amando...” ela deu um suspiro profundo “Eu não sei mais nem o que é sexo, Samy! E NUNCA soube o que é amor.” Ela fez uma pausa e amiga, sem palavras para rebater tudo isso, apenas segurou sua mão e fez carinho nela. “Acho que não precisa de mais nenhum motivo, não é?”Samy acenou positivamente com a cabeça e abraçou a amiga, deixando que ela chorasse em seus ombros. Depois as duas foram em silêncio para seus quartos e dormiram, deixando aquele assunto esquecido, uma vez que não havia nada que pudesse ser feito para mudar as coisas. Viviam precisava se casar para tentar realizar parte dos seus sonhos. Por outro lado, o casamento parecia estar destruindo outra parte deles.As duas amigas tinham crescido juntas, tinham sido vizinhas por muitos anos e, em seguida, haviam decidido morar juntas. A garota conhecia bem a amiga e sabia que ela se fazia de forte, mas tinha a mesma vontade que qualquer mulher tem de ser tocada com amor por um homem. Por mais que ela achasse que, depois do divórcio já previsto, Vivi poderia conhecer alguém e resgatar essa parte de seus desejos, ela podia imaginar o quanto era duro fingir, passo a passo, tudo aquilo que se quereria estar vivenciando de verdade.Além disso, ela conhecia a amiga o suficiente para saber que esta não estava sentindo prazer em mentir para a família e a maior parte dos amigos, só deixando de fora os dois mais próximos.Gabriel, por sua vez, não tinha com quem dividir o desconforto que estava sentindo. Ele ia passar à condição de casado e depois à de divorciado sem nem ao menos amar, realmente, uma mulher. É claro que depois ele poderia encontrar alguém, mas ainda assim não era agradável a situação. Ele ainda não tinha falado com os pais nem com o irmão justamente porque não queria fazer toda aquela encenação na frente deles. É claro que também não iria contar a verdade, porque a família nunca iria concordar com aquilo, mas quanto menos eles participassem, melhor.Além disso, ainda tinha que conviver com o seu pensamento esc
“Gabriel, não é isso.” Riu, sem jeito. “Você é jovem, é solteiro. Não juridicamente, mas nós sabemos que você é... Que nós somos... Solteiros.” Respirou fundo. “É normal você querer ficar com alguém e, como sou eu que estou aqui, agora, com você, pintou esse clima entre a gente. Mas é só isso e depois... Depois as coisas simplesmente vão ficar estranhas, então é melhor a gente nem fazer isso, tá?”Ele apenas olhou para ela, frustrado, e se levantou.“Aonde você vai?” Era ela quem estava irritada, agora.“Embora.”“Vai me deixar aqui?” Se era possível ficar mais indignada, ela estava.“Você pode vir, se quiser.” Ele disse, indiferente, e ela bufou, levantando também.Os dois não trocaram mais uma palavra essa noite, nem no táxi, nem no elevador do hotel, nem no quarto que dividiam. E foi assim que chegaram àquele momento, em que sua lua de mel chegava ao fim, sem lua alguma brilhando, pois uma chuva torrencial começara a cair logo depois de terem ambos adentrado o h
Era uma noite de sábado.Gabriel eViviam estavam na primeira festa a qual tinham resolvido ir juntos desde o casamento. Era aniversário de uma amiga de infância deViviam, ou melhor, de uma antiga vizinha com quem ela não se dava tão bem assim, mas que, talvez justamente por isso, ela queria que a visse em tão boa fase.Sim, boa fase! Afinal, agora que tinha dinheiro,Viviam dormia melhor, se alimentava melhor, se exercitava mais, tinha maiores cuidados com sua aparência, se vestia com mais bom gosto. Isso sem contar a presença de alguém alto, forte, bonito, cheiroso e com um sorriso fantástico, que Serena Lopez nunca saberia não ser seu príncipe encantado de verdade.Isso sem contar queGabriel estava no melhor dos humores e aceitava fazer tudo queViviam pedia, o que ela atribuía ao fato de ele ter, finalmente, conseguido um trabalho em uma peça
“Vivi, você sabe... Você é a coisa mais próxima de uma mulher que eu tenho na minha vida...”“Eu não sou uma coisa próxima de uma mulher,Gabriel. Eu SOU uma mulher...” Interrompeu, rindo dele.“Você entendeu, vai?” Retrucou, impaciente.“Uhum.” Ela voltou a misturar suas frutas e cereais matinais, enquanto ele passava geléia no waffle que ela tinha preparado especialmente para ele.“Eu pediria à minha mãe, mas ela mora longe e...”“Gabriel... Quer falar logo?” Estava ansiosa para saber qual era a missão feminina que ele teria para ela.“Eu preciso de ajuda para comprar umas coisas... Roupas e... Essas coisas.” Ela o olhou, balançou a cabeça, positivamente, e voltou a atenção para as frutas. “Principalmente para essa tal festa...”&
O falso casal se despediu de seu convidado e, se a situação já estava estranha, ficou ainda mais, porque, alheia a tudo, em razão da bebida, das lembranças do passado, do conforto que sentia na presença do velho amigo,Viviam abraçouFelipo demoradamente, carinhosamente.Aquilo era a gota d’água paraGabriel. Já tinha suportado demais!“O que foi tudo isso?” Disse, irritado, depois de fechar a porta e ver a mulher se jogando no sofá.“O quê?” Falou, surpresa.“O que foi isso,Viviam? Você dando mole proFelipo bem debaixo do meu nariz?”“Gabriel, você tá louco, eu não tava... E,Gabriel, você não é meu marido! Não de verdade. Se eu tivesse...” Acrescentou, com toda calma.“Eu não sou, mas ele acha que eu sou!” Estava cada vez
Todos se encontraram nos bastidores a fim de rumar para a festa.Viviam usava um vestido vermelho curto, decotado, que a deixava de tirar o fôlego, sem que ficasse nem um pouco vulgar, sua maquiagem era discreta e o cabelo estava preso em uma trança de lado.Gabriel estava boquiaberto, olhando-a, quandoLeandro, chamando todos para a saída, passou por ele e murmurou um “cuidado para não babar.”Tirado de seu transe momentâneo, ele foi até ela, pegando sua mão e declarando que ela estava maravilhosa, o que a fez ficar feliz e sem jeito ao mesmo tempo.Como ela tinha prometido,Felipo jamais desconfiaria que eles não eram casados. Não com o comportamento dela na festa daquela noite! Ela sentou-se extremamente perto dele, encostava nele o tempo todo, falava em seu ouvido toda hora, segurava sua mão e lhe lançava olhares e sorrisos.O estranho é que, quando el
Os dois trocaram mais alguns beijos até que ela se separou dele, apenas o suficiente para abrir o robe e se livrar dele, com gestos delicados, aproveitando a sensação de ser observada por ele.“Você tava planejando isso quando me chamou pra beber com você, hum?” Disse, ao ver a camisola curtíssima e decotada que ela usava, no mesmo tom azul bebê do robe. Não era uma pergunta, era uma constatação. “Você tá uma delícia com essa camisola!” Disse, deslizando as mãos pelas coxas deViviam, indo do joelho em direção à barra da camisola, onde parou e ficou brincando, roçando os polegares.Ela voltou a beijá-lo, apertando o corpo contra o dele, mais do que antes, sentindo a ereção dele tocar sua intimidade pela primeira vez. Ela já sentia o calor e a umidade entre suas pernas, então criou um atrito
Depois de trocarem mais um beijo e sorrisos maliciosos, ela saiu, lentamente, do colo dele, sentando a seu lado na banheira. Com um gesto, ele perguntou se ela queria sua taça de volta e ambos terminaram o que restava nas taças, ficando em silêncio dentro d’água por mais alguns minutos.“Acho melhor a gente sair. Já estou ficando enrugada.” Disse, mostrando os dedos, como comprovação.“Eu também.” Ele riu, espelhando o movimento dela de mostrar as mãos e, a seguir, pegando a mãozinha dela e beijando, delicadamente, os dedos.Ela se levantou, saindo da banheira e vestido um roupão preto que havia perto dela. Sabendo que o roupão dele estava em seu próprio banheiro, pegou uma toalha bem grande branca e ofereceu a ele, que também deixou a banheira, aceitando-a e começando a se secar, enrolando, por fim, a toalha na cintura.“O q