Depois de ter passado o domingo todo sendo cuidada por Samantha, Viviam se viu completamente sozinha, na segunda-feira, e a vontade de desaparecer não passava, assim como as lágrimas continuavam teimando em lavar seu rosto. No entanto, ela tinha um compromisso, naquela tarde, com alguns adolescentes que precisavam dela para treinar para uma competição que, considerando as circunstâncias de vida deles, era algo de importância inestimável. Além disso, considerando as novas circunstâncias de vida dela própria, dedicar-se ao clube do coral voltaria a ser a melhor parte de seus dias, assim como tinha sido durante bastante tempo, no passado.
É claro que ela agora também tinha a Broadway e ela adorava seus momentos cantando, dançando e atuando em frente a uma grande plateia, bem como se entusiasmava com os aplausos e elogios que recebia. No entanto, a vida de atriz de musicais não era sGabriel tivera dias muito difíceis, mas mantivera sua rotina durante todo o tempo. Além de ser uma pessoa que levava a sério as responsabilidades que assumia, julgou que a melhor maneira de sentir menos a tristeza que invadira sua vida era ocupar a mente o máximo possível.Naquela manhã tinha ido à academia, onde encontraraFelipo, para quem, pressionado, uma vez queViviam não atendera várias ligações de Lisa, dissera apenas ter brigado com a esposa. Não julgara ser, ainda, o momento para entrar em detalhes, ou talvez esse momento sequer fosse chegar, um dia. Talvez a melhor saída fosse dizer a todos que eles tinham se desentendido e optado pelo divórcio, ao invés de expor ambos, contando que haviam negociado suas vidas e encarado desagradáveis consequências em virtude disso.O rapaz fizera Box e musculação, nadara um pouco, tomara
Viviam preparava um jantar especial para receber o marido, que chegaria, naquela noite, de uma viagem de quinze dias que ele havia feito para promover seu primeiro filme por algumas cidades do interior dos Estados Unidos. Não era nenhuma superprodução de Hollywood, e sim uma comédia romântica lançada diretamente em DVD, Blu-Ray e em emissoras de TV por assinatura, mas a oportunidade representava muito paraGabriel, que tinha sido especialmente convidado para o papel principal pelo produtor, que o vira atuando no teatro logo depois de sua peça ter sido, finalmente, transferida para a Broadway.A garota sorriu, ao pensar em como muitas coisas tinham mudado, ao longo do tempo, mas não o seu hábito de cozinhar refeições especiais para o marido. No início da relação dos dois, quando ela ainda tentava negar os sentimentos que começava a nutrir por ele, o ato de manusear os ali
“Como nunca tive filhos, nem marido, já não tenho pais e, por isso, posso deixar todos os meus bens a quem bem quiser, deixo tudo o que possuo para minha sobrinha,ViviamLavigne. Porém, os bens somente deverão ser transferidos para o seu nome quando esta se casar, ficando sob a tutela de meu irmão enquanto esta condição não se cumprir.”Viviam não acreditava no que tinha acabado de ouvir, durante a leitura do testamento de sua tia Rachel. Como a tia pode fazer isso com ela? Colocar este tipo de condição? A tia sabia muito bem que ela sequer tinha um namorado! Que aos 25 anos de idade havia namorado apenas duas vezes, tendo saído ferida nas duas ocasiões. Que sequer tinha se relacionado sexualmente com mais ninguém além desses dois homens em sua vida. E um deles tinha saído do armário, ainda, depois que eles terminaram!É claro
GabrielOliveira tinha sido dispensado de mais um trabalho. Não sabia, de verdade, o que havia de errado com ele. Certamente, não era sua aparência, porque ele jamais havia tido problemas com isso. Ao contrário, as mulheres sempre suspiravam a sua volta e elogiavam as sardas, as covinhas, o sorrisinho meio de lado, a carinha de menino, mesmo aos 27 anos. Os elogios vinham tanto das mulheres mais velhas, amigas de sua mãe, Carol, quanto das garotas de sua idade, e até das mais novas, algumas amigas de seu irmão mais novo, que tinha acabado de completar 18.Então, não. Definitivamente, não se tratava de não ser bonito o bastante para os papéis. Talvez a dança, ou melhor, a falta de habilidade para ela? Sim, definitivamente devia ser a dança. Mas algumas peças para as quais ele tinha feito teste não tinham dança, não eram musicais. E nesses casos? Qual
“Tá certo! Fica tranquilo, que você vai ter essa grana logo.”“Beleza, então. Vou tomar um banho e capotar... To morto!”QuandoGabriel levantou o olhar e encarouLeandro, sabia que o amigo já tinha entendido que ele tinha mudado de ideia. As circunstâncias, que já eram desfavoráveis, tinham se agravado. Se ele não fizesse alguma coisa já, além de ter que sair do apartamento e voltar para Lima, com o rabo entre as pernas, ainda iria prejudicarFelipo, que tinha feito tanto por ele nos últimos meses, pagando não só o aluguel, como outras despesas da casa, que ele não estava nem cobrando.“Diz pra ela que eu topo, cara. Seja o que Deus quiser!” Alguma coisa dizia aGabriel que ele estava se metendo na maior roubada, mas também tinha uma parte dele que estava estranhamente otimista a respeito daquela negociaç
Então, ele, quase nervoso, mas usando todo o seu talento, segurou a mão dela, que a tirou, em um reflexo.“Viviam, você não acha que nós devemos chegar de mãos dadas?”“Ah... Er... Ah, sim, sim! Eu esqueci...” falou, gaguejando, sem graça.Ele sorriu, pegando a mão dela de novo, que, dessa vez, segurou a dele de volta. Ambos sentiram, imediatamente, uma sensação agradável, confortável, nova. Ambos desejaram, silenciosamente, poder continuar de mãos dadas por muito tempo, sentindo o contato da pele quente do outro.Mas logoViviam avistou seus pais e se lembrou do que estava fazendo ali. E se deu conta de que aquele homem encantadoramente lindo não estava segurando sua mão por um gesto de carinho, mas porque era parte do jogo de cena. A sensação maravilhosa daquela mão tão grande e forte segurando a sua n&
Além disso, ela conhecia a amiga o suficiente para saber que esta não estava sentindo prazer em mentir para a família e a maior parte dos amigos, só deixando de fora os dois mais próximos.Gabriel, por sua vez, não tinha com quem dividir o desconforto que estava sentindo. Ele ia passar à condição de casado e depois à de divorciado sem nem ao menos amar, realmente, uma mulher. É claro que depois ele poderia encontrar alguém, mas ainda assim não era agradável a situação. Ele ainda não tinha falado com os pais nem com o irmão justamente porque não queria fazer toda aquela encenação na frente deles. É claro que também não iria contar a verdade, porque a família nunca iria concordar com aquilo, mas quanto menos eles participassem, melhor.Além disso, ainda tinha que conviver com o seu pensamento esc
“Gabriel, não é isso.” Riu, sem jeito. “Você é jovem, é solteiro. Não juridicamente, mas nós sabemos que você é... Que nós somos... Solteiros.” Respirou fundo. “É normal você querer ficar com alguém e, como sou eu que estou aqui, agora, com você, pintou esse clima entre a gente. Mas é só isso e depois... Depois as coisas simplesmente vão ficar estranhas, então é melhor a gente nem fazer isso, tá?”Ele apenas olhou para ela, frustrado, e se levantou.“Aonde você vai?” Era ela quem estava irritada, agora.“Embora.”“Vai me deixar aqui?” Se era possível ficar mais indignada, ela estava.“Você pode vir, se quiser.” Ele disse, indiferente, e ela bufou, levantando também.Os dois não trocaram mais uma palavra essa noite, nem no táxi, nem no elevador do hotel, nem no quarto que dividiam. E foi assim que chegaram àquele momento, em que sua lua de mel chegava ao fim, sem lua alguma brilhando, pois uma chuva torrencial começara a cair logo depois de terem ambos adentrado o h