Bebida vai, bebida vem, um papo gostoso, um aperitivo aqui, outro acolá, mais ou menos no meio da noite consegui encaixar o nosso primeiro beijo no programa da noite. E pelos deuses, naquele momento eu tive certeza de que aquela mulher era um anjo enviada dos mundos especialmente para mim.Sua boca tinha gosto de mel e seu cheiro era como ervas doces silvestres, o que me deixava cada vez mais em sua vibe. Não demorou muito e minha deusa me chamou para dançar e eu como um bom farrista a acompanhei sem reclamar.Aquela era a mulher dos meus sonhos, por ela eu largaria – como se eu praticamente já não tivesse feito isso – toda a vida de putaria que eu vinha vivendo.Me diverti muito naquela noite, dançando, bebendo e beijando. Até me senti como o antigo eu por um tempo. Até que, no meio da madrugada ela cortou o prazer do momento.— Desculpa, mas eu preciso ir. Amanhã gravo cedo e preciso dormir um pouco, senão meu agente vai me dar um sermão — ela riu.— Tudo bem, eu te levo para casa.
Se a minha noite de sexta ao lado de Ghenos não foi das mais agradáveis, a minha manhã se sábado foi um martírio. Como de costume, eu acordei cedo, tomei um banho, vesti algo bem confortável e desci para o café com Rick. Ghenos ainda dormia e eu não quis desfrutar de sua companhia durante a única refeição que eu tinha com o dono da casa. E porque eu queria muito saber como foi o encontro dele na noite anterior.Quando cheguei na mesa do café ele já aguardava, lendo um jornal.— Bom dia! — falei bem animada. — Levantou mais cedo hoje, aconteceu alguma coisa?— Isso sou eu quem pergunto, você não é de se levantar tão animada assim. Aconteceu alguma coisa?— Animada, eu? Claro que não, só estou curiosa.— Curiosa com o que?— Com o seu encontro, claro! — Sorri, mostrando toda minha excitação com o assunto.— Não era um encontro — ele se defendeu quando eu usei a palavra para definir sua saída com uma mulher. Quem ele pensava que enganava? Estava na cara que foi um encontro sim, até o so
Ele me deu um beijo na testa e entrou no carro. Fechei a porta e o observei sair. Quando eu ia dar meia volta, bati em um corpo e quase caí para trás.— Wow! — Wendy falou me segurando. — Belo conjunto. Costuma sair assim para caminhar agora? — Ele sorriu com seu habitual bom humor. Eu geralmente não conseguia entender como um homem daquele tamanho conseguia sorrir tanto, mas ver uma adolescente com uma roupa um tanto infantil pode mesmo ajudar, não é?— Eu estava conversando com o seu patrão — falei. — E bom dia para você também.Ele fez uma reverência exagerada e me deixou passar. Eu devolvi a reverência em entrei. Ghenos estava na mesa do café. Passei por ela, cumprimentando-a e subi para me trocar. Quando eu desci, a minha “amiga” já tinha tomado a liberdade de ir para a área da piscina.— Pensei que iria embora logo cedo, Ghenos. — falei ao me aproximar e me sentar perto dela. Wendy, que parecia estar em todos os lugares, se aproximou um pouco.— Estou apenas esperando meu pai c
Eu estava no quarto arrumando a minha mala. Quando acordei no sótão da casa de Ricardo, meu único pensamento era que eu deveria sair dali o mais depressa possível. Eu iria para o internato do Red Academy, não havia ido ainda por consideração ao homem que havia me dado uma família momentânea, mas que baseou nosso relacionamento em mentiras. O problema é que Ricardo mentiu para mim, assim como minha mãe e Jerrilly. Certo que desse homem eu não esperava muita coisa, pelo menos não na hora da raiva, mas do cara que me mandava cartas, daquele pai que dizia com todas as letras que me amava, e que um dia, muito em breve iríamos ser uma família forte e unida, com certeza eu esperava bem mais do que apenas mentiras.Minha mãe me falava do meu pai como se ele fosse um herói e nunca mencionou um irmão. Eu tinha o direito de saber que ela tinha outro filho. Era por isso que ela sempre se referia a Ricardo como um jovem bonito, bondoso, inteligente e sensível. Não era apenas uma funcionária elogi
Eu balancei as pernas tentando me acalmar, desejando que tivesse um espelho ali, e só depois de um tempo, falei:— Uma pessoa que eu considerava um amigo, mentiu para mim. E eu estou muito irritada por isso.— Vacilo — Pablo falou.— Às vezes, mentimos para quem gostamos por medo de que a verdade afaste ainda mais essa pessoa de nós. — Victor falou depois de um momento de silêncio. — Será que não é esse o caso do seu amigo?— Pode até ser, mas a verdade, por mais que doa, é sempre o melhor caminho — respondi. — De que adiantou ele mentir se eu descobri tudo e pior, estou com vontade de matá-lo.— Acho que você deveria esfriar um pouco a cabeça, sabe? — Pablo falou. — Tomar decisões baseadas nas emoções nunca trazem bons resultados.— E onde você anda encontrando frases tão motivadoras? — perguntei interessada.— Ah, eu li em um livro. “ 10 % mais feliz”, de Dan Harris. É um ótimo livro se quer saber. Se quiser emprestado, eu o trouxe comigo.— E agora você anda lendo autoajuda, Pablit
Como não confiava em Tony para me levar sem contar nada ao patrão, esperei por Wendy e assim que ele chegou, o abordei, dizendo que precisava que ele me levasse na empresa. Wendy era um cara superlegal e apenas me perguntou se Ricardo sabia e como eu confirmei, ele me acompanhou. Mas é claro que ele, assim como os outros, percebeu meu humor instáverl.— Está tudo bem? Parece irritada com alguma coisa.— Apenas com dor de cabeça. A visita de Ghenos me causou uma indigestão cerebral.Não era de todo uma mentira, mas eu sabia que parte disso era culpa dela, porque minha “amiga” não passava de uma cretina.— Aquela garota é uma verdadeira Snake.— Sim, mas já nos livramos dela. E eu espero que essa dor de cabeça passe logo.Ele assentiu e dirigiu pelo resto do caminho em silêncio, o que me foi conveniente. Quando parou no estacionamento da empresa, me acompanhou até a recepção, onde pedi para me aguardar. Eu apenas queria tirar satisfações com Ricardo e o velho barrigudo e depois podería
Ricardo trouxe-me um copo com água gelada, abalando toda a minha força de ataque com os seus cuidados. Eu bebi todo o conteúdo do copo, fuzilando seus olhos que estavam nitidamente preocupados e ansiosos. Talvez ele quisesse ter essa conversa tanto quanto eu. Ou não.— Vou te fazer algumas perguntas — comecei. — E você vai me responder com a verdade. Como meu advogado, Augusto irá autenticar ou não suas respostas, embora eu confie nele tanto ou menos do que confio em você neste momento.Ricardo acenou para que eu continuasse, frio, em silêncio, esperando. Como ele se parecia com o pai naquela postura insuportável.— Qual a sua atual relação com sua irmã?— Confusa — ele respondeu sem vacilar. — Não sei como vamos nos relacionar no futuro, mas até esta manhã era estável.Olhei para Augusto, que confirmou, os olhos tão frios quanto os do seu chefe.— Por que a sua mãe a levou e o deixou com o seu pai.— Havia... inimigos na fortaleza Djovig. Foi uma decisão repentina. Cada um ficou com
Augusto exigiu almoçar comigo e falar sobre minha atual situação com Amanda. Sem outra alternativa, eu tive que aceitar. Seus documentos estavam ok, mas algo ainda o estava incomodando e o que mais me irritava era que ele não me contava o que era.— Você terá que contar a verdade a ela, Ricardo. Amanda precisa sair da cidade.— Não, ela não precisa — respondi com frieza. — Não há motivos para que eu escurrasse minha irmã para longe novamente.— Agora que as coisas parecem estar calmas e ela está bem, não podemos arriscar sua segurança. Lembre-se que ainda estamos atrás dos culpados pela morte dos seus pais.— Eu sou a melhor proteção para ela. Afinal, o que está me escondendo, Augusto? Por que não seja direto e me fale de uma vez? Recebeu ou percebeu algo estranho?— Nada — ele se remexeu de um jeito estranho. — Estou apenas tentando previnir o desastre iminente. Acha que não ligarão as relações? Seu pai caiu em uma cilada porque sabiam quem Regina era na verdade. Quanto tempo você a