>ELIZABETH<
Jerusa me olhou com compreensão e simpatia, como se compartilhasse da minha dor.— Ele provavelmente também precisa de um tempo para processar tudo isso. Afinal, ele perdeu vinte e dois anos da vida do próprio filho. Apesar de crescer ao lado de Patrício, ele e Allan sempre tiveram um relacionamento complicado. Mas no fundo eu acredito que ele possa ser um bom rapaz.Fiquei em silêncio por um momento, encarando minhas próprias mãos.— Ele também não me procurou. — falei ignorando a parte sobre Allan. Eu ainda não estava preparada para tocar nesse assunto. Nem mesmo conversei com Patrício direito sobre tudo isso.— Você também não procurou ele — Jerusa apontou, com um pequeno sorriso.Bufei.— Estou esperando que ele tome a iniciativa. — falei insegura— E se ele estiver esperando o mesmo de você?Suspirei novamente, sabendo que ela estava certa. Mas antes que eu pudesse responder, o telefone de Jerusa tocou. Ela atendeu rapidamen>ELIZABETHO caminho para casa parecia mais longo do que o normal. Patrício insistiu que me levasse, mas eu recusei. Ele precisava encontrar Allan, e eu precisava de um tempo para processar tudo isso sozinha.Não pretendo me afastar dele, mas preciso desse momento sozinha.Assim que cheguei em casa, joguei minha bolsa no sofá e fui direto para a cozinha. Peguei um copo de água e encostei-me na pia, respirando fundo. Minha mente estava uma bagunça.Allan era filho de Patrício.Nada fazia sentido agora.Como eu nunca me atentei a detalhes tão bobos, como o sobrenome de Allan ou o quanto ele parecia rico ou até mesmo a cidade dele. Com certeza não haviam muitos Graham's de vinte e dois e milionários na cidade.A raiva que Allan demonstrou por mim, o desprezo que dirigia a seu pai, o rancor quase irracional. Mas, acima de tudo, a maneira agressiva de como ele reagiu à revelação.Patrício estava devastado, embora tentasse parecer forte.Peguei o
>ELIZABETHRespirei fundo.Eu precisava tomar fôlego antes de começar a explicação completa. De certa forma as coisas ainda eram doloridas para mim.— Eu não sei exatamente o que aconteceu entre os dois. Mas a mãe de Allan é algum tipo de aproveitadora e manipuladora que contaminou a relação pai e filho deles. Allan odeia Patrício e por essa e outras razões ele não fala muito sobre o filho. Assim como Allan não fala sobre ele. Mamãe arregalou os olhos.— E Allan sabia?— Descobriu hoje. Da pior forma possível. Ele literalmente pegou a gente no flagra — Elas me olharam, esperando que eu continuasse. — Ele nos pegou juntos no escritório de Patrício — confessei.— Nossa... — Bianca franziu a testa. — Isso não é bom.— É no mínimo bem confuso — mamãe falou se boca aberta tentando assimilar todas aquelas informações.— Foi um caos. Ele me acusou de ser uma interesseira, disse que eu dormi com o pai dele porque ele não caiu no meu papo. Patrício
>PATRÍCIOO clima entre mim e Allan, depois da revelação sobre nossa relação, estava mais tenso do que nunca.A raiva que ele sentia por mim não era novidade, mas o peso da acusação que ele fez... aquilo me doía profundamente.A última coisa que eu queria era ter perdido o contato com ele desse jeito.Como poderia explicar tudo que aconteceu? Como poderia fazê-lo entender que, apesar de tudo, eu ainda me importava com ele? E como faria ele entender que o que aconteceu entre mim e Liz não tem nada haver com ele? Que não foi intencional?Quando saí da empresa, a primeira coisa que fiz foi ir direto para casa. Meu instinto me dizia que Allan ainda estava lá, ou, pelo menos, que ele voltaria para o local onde sempre morou.Nossa casa, que tinha sido nossa, até aquele momento, parecia agora um território estrangeiro.A ansiedade tomava conta de mim, e eu não sabia como reagir. Como ele reagiria ao ver meu rosto de novo? Ele estava tão ferido, tão confuso
>PATRÍCIOMamãe suspirou, e eu soube que ela estava profundamente preocupada. Mas o que poderia fazer? Eu era o responsável, e se ele estava fugindo de mim, então eu falhei como pai.— Oh, meu filho... — A voz dela se suavizou, mas havia um tom de preocupação claro. — Onde ele pode ter ido?— Eu não sei, mãe — disse com uma voz mais baixa. — Não faço ideia.— Ele não deu um motivo para desaparecer assim? O que houve filho? Suspirei, não tinha uma maneira fácil de falar aquilo.— Você estava certa sobre a viagem naquele dia. Não fui a negócios, eu fui com uma mulher.— Ok… — mamãe hesitou — É por isso que Allan fugiu?— Não. A garota é… ela é a ex pela qual o Allan estava obcecado.Ouvi a mamãe suspirar, eu podia imaginar seus olhos arregalados de surpresa.— Patrício, isto é… Não tenho nem palavras para descrever.— O que está havendo mulher? — ouço o meu pai se aproximando.Mamãe explica rapidamente o que aconteceu e posso sent
>PATRÍCIOMeu amigo bufou, provavelmente tentando organizar os pensamentos.No fundo ele estava tão frustrado quanto eu. Fernando se preocupa bastante com Allan.— Bom, você não vai conseguir resolver isso sozinho. Talvez devesse ligar para a Liz. Ela pode não ter uma boa relação com ele, mas pode tentar encontrá-lo. Ele tem uma certa obsessão por ela, talvez se ela ligar.Liz... Ela realmente poderia conversar com Allan? Será que ela seria alguém que poderia acalmá-lo? Era ela a pessoa certa?Não, ele está muito nervoso para deixá-la chegar perto. Pode ser muito arriscado.— Acho que não pode ser uma boa ideia — respondi. — Você mesmo viu o quão agressivo ele ficou com ela. Não posso pedir que Liz vá ao encontro de Allan no estado em que ele tá Fernando parecia mais focado.— Você está certo — Fernando concordou. — Meu amigo, eu sei o quanto você se preocupa com ela, e com, mas calma. Vamos procurar, nós vamos encontrá-lo, mas você precisa est
>PATRÍCIOJá se passaram sete dias, e a ausência de Allan ainda pesa em minha vida como uma sombra difícil de afastar.Tentamos de todas as formas encontra-lo mas não conseguimos, ele havia bloqueado Liz também e cortado todos os laços com amigos da faculdade.Então nem mesmo Liz conseguiu falar com meu filho.O telefone não tocava, e o silêncio da casa onde costumávamos viver em uma relativa guerra se tornou ensurdecedor.Eu não sabia o que fazer. Passei a evitar a empresa, não conseguia focar em mais nada. Não conseguir encontrar Allan me consumia de uma forma que eu não podia controlar.— Cara, você precisa sair. Ficar trancado aí não vai te ajudar e nem ajudar a encontrar seu filho. Não vai se afundar de novo Patrício — Fernando me disse tentando me convencer a sair de casa ou a voltar a trabalhar.De início eu neguei, mas estava na hora de assumir uma nova postura, procrastinar não vai me ajudar em nada. Estava na hora de voltar para a empresa
>PATRÍCIOEra uma tarde como qualquer outra, o céu cinza lá fora refletia a nuvem espessa de pensamentos que se acumulavam na minha mente.Eu estava em minha pela primeira vez em uma semana, sentado na minha cadeira, enquanto Liz se preparava para sair.A gente mal conversou e as poucas vezes que conversamos, foi sobre trabalho ou sobre o meu filho. No fundo ela está preocupada também.Quando ela entrou na sala, olhou para mim com um sorriso suave, mas seus olhos revelaram uma preocupação que ela não conseguia esconder. Ela se aproximou, e com sua voz tranquila, perguntou:— Oi. — Ela disse timidamente. — Patrício, você está bem? Que pergunta a minha, eu percebo que você não está... você não tem saído de casa como antes e vem pouco à empresa. Posso imaginar o quanto toda essa situação está sendo difícil para você.Eu não sabia o que responder. A verdade era que ela estava certa, eu não estava bem. Allan ainda estava sumido, a culpa me corroía, e eu não
>PATRÍCIOEla não tentou me interromper, não me acusou. Ela apenas me olhava com uma paciência que, de alguma forma, me acalmava, mas também me incomodava. Eu não queria que ela sentisse pena de mim. Eu queria que ela me entendesse.— Eu... eu sei que isso pode ser difícil de entender, Liz. Mas, desde então, eu nunca consegui confiar em ninguém o suficiente para me abrir ou ter um relacionamento. Eu sempre fiquei distante, fechado. Eu sentia vergonha, e o medo de ser vulnerável me consumia. Isso afetou minha vida inteira, minha forma de lidar com relacionamentos... com tudo. E eu... eu não quero que você pense que sou um monstro por isso. Não quero que você me veja de forma diferente. — Suspirei, escolhendo as palavras certas — Eu sou um quebrado Liz, e talvez você merece alguém melhor que eu.Liz deu um passo à frente, sem pressa, sem julgamentos. Ela estendeu a mão e colocou suavemente sobre a minha, fazendo-me olhar para ela. Seu toque me deu forças.— Patrí