França 1789...
Sentia-lhe os dedos delicados contornarem seus músculos, arrepiarem-lhe a pele de forma intensa e única, como só ela saberia fazer. Seus fios escuros, como cortinas de ébano, escondiam-lhe os traços, que ele sabia de cor. Não precisava vê-la para que cada célula de seu corpo a reconhecesse e respondesse ao seu chamado.
A boca sensual corrompia-lhe a sanidade, na oferta do desejo que há muito não provava. N
A lâmina rasgava o ar em sua direção e o cavaleiro a reprimia com todo potencial de seus ombros severamente largos. Sob o elmo, seus intensos olhos verdes ardiam como brasas enquanto avançava contra o adversário montado em seu cavalo negro como a noite. Não lhe via o rosto, sua respiração estava rápida e havia inúmeros cortes em sua cota de malha, por onde um rastro de sangue se lançava ao aço.Qualquer pessoa em sã consciência esperaria pouco da luta, ao homem restava apenas pouco tempo de vida. Era certo. O senhor do cavalo o fitava atônito, como se encarasse um oponente imaginário. Efetivamente, não sabia de onde o ca
András foi para seu quarto, assim que deixou Oliver no salão de refeições. As paredes de pedra endossavam o frio que se arremetia contra a fachada do castelo naquela época do ano. Vaslui possuía um inverno rigoroso, e aquele não seria o mais brando deles, a julgar pela tempestade que sibilava lá fora. Retirou a grossa pele dos ombros lentamente, seus verdes perscrutavam o escuro, sentindo uma presença que não era bem vinda. Atirou o casaco sobre a cama ao mesmo tempo em que os braços delicados invadiram seu pescoço, enlaçando-o e unindo os lábios úmidos dela a sua orelha. Seus olhos cerraram e um suspiro partiu de seus lábi
A nevasca alcançou o grupo na segunda metade da viagem, tão logo deixaram o vilarejo de Covasna, que infelizmente não tinha como lhes oferecer abrigo, somente uma parca porção de ração aos cavalos, que já davam sinais de cansaço latente. A esperança de que mantivessem suas montarias a salvo, era cruzarem logo a estrada que os levaria a Brasov. E assim foi feito.O caminho seguia entremeado de uma parca floresta e o grupo, liderado por András, caminhava lentamente sob os flocos de neve que se acumulava ao seu redor e os fazia diminuir a marcha.—
Ela tinha razão, a tenda estava a contento e não se imaginava tão cansado até retirar toda sua roupa. Sentiu os músculos relaxarem e as pálpebras pesarem, e em poucos minutos adormecia. Acordou com a música distante, uma antiga canção cigana. Calçou as botas de pele e pegou uma camisa limpa dentro do fardo que fora trazido para a tenda. Saiu para o frio da noite ainda colocando para dentro das calças as bordas da camisa e pode ver que ao longe, mas para o centro do acampamento, a fogueira estava acesa. A lua brilhava sobre ele e seus cabelos louros estavam ao sabor do vento gelado. Apressou o passo, sentindo a alegria das notas invadi-lo.<
Quando entrou na tenda de Argus, ao cair da tarde, não cogitava se deparar com tal cena. Na realidade, desde que tivera sua mente atropelada pelas histórias de seu pai e Sindel, sentia-se imensamente atordoado. Por isso fora até ali, buscar algo que o aproximasse de sua prima. Alguém a quem poucos haviam tido a oportunidade de conhecer. Ainda assim, fora Argus o destinado a vigiar Vlad, e era possivelmente o mais apto a dizer-lhe algo sobre Anna.Queria-o entrevistar o mais rápido possível, antes que a noite se fizesse presente e ele fosse partilhá-la com seu povo. Por isso estava tão distante que foi necessário não só a imagem como o cheiro para que seus sen
A neve não deu trégua nem no dia seguinte, nem no que se seguiu a este, e quanto mais tempo evitassem expor os animais ao perigo da tempestade, mas atrasariam sua viagem. Na noite do terceiro dia escorregaram pelas sombras das árvores e partiram. Não negava que foram estranhos, aqueles dois dias. Pois, assim como evitara estar com Alena, ela também se mantivera distante. Muitas vezes longe de seus olhos, o que lhe causava certa frustração incompatível com sua determinação em esquecê-la.A passagem para Sibiu poderia ser feita de duas formas, pela estrada principal que margeava a floresta ou o canyon, que poucos se atreviam a cruzar em meio à neve. Com o
Os olhos verdes estavam nos seus, preocupados.— Como consentiu tamanha estupidez? — ditou a voz que lhe chamara de um sonho confuso, onde o rosto de Alena se tornava difuso e cenas distantes de uma memória que não era sua, alternavam-se confusas e emboladas. — Se fosse Oliver, poderia se dizer que uma trapalhada seria previsível, mas não você! — a voz do pai se tornou clara para seus sentidos.— Fomos atacados... — disse ainda buscando por suas memórias.—
Os olhos cinzas encontraram a fortaleza no mesmo instante em que as tropas, cujas cruzes pretas resplandeciam sob o branco da túnica, postavam-se ao seu lado sob as ordens severas de seu comandante.— E então? — indagou o cavalheiro que vinha à frente ao homem de cabelos castanhos.— Acho que a sorte está do nosso lado... — Um sorriso escarneceu seus lábios em olhos perdidos no vilarejo ao entorno da fortaleza.— Último capítulo