Quando entrou na tenda de Argus, ao cair da tarde, não cogitava se deparar com tal cena. Na realidade, desde que tivera sua mente atropelada pelas histórias de seu pai e Sindel, sentia-se imensamente atordoado. Por isso fora até ali, buscar algo que o aproximasse de sua prima. Alguém a quem poucos haviam tido a oportunidade de conhecer. Ainda assim, fora Argus o destinado a vigiar Vlad, e era possivelmente o mais apto a dizer-lhe algo sobre Anna.
Queria-o entrevistar o mais rápido possível, antes que a noite se fizesse presente e ele fosse partilhá-la com seu povo. Por isso estava tão distante que foi necessário não só a imagem como o cheiro para que seus sen
A neve não deu trégua nem no dia seguinte, nem no que se seguiu a este, e quanto mais tempo evitassem expor os animais ao perigo da tempestade, mas atrasariam sua viagem. Na noite do terceiro dia escorregaram pelas sombras das árvores e partiram. Não negava que foram estranhos, aqueles dois dias. Pois, assim como evitara estar com Alena, ela também se mantivera distante. Muitas vezes longe de seus olhos, o que lhe causava certa frustração incompatível com sua determinação em esquecê-la.A passagem para Sibiu poderia ser feita de duas formas, pela estrada principal que margeava a floresta ou o canyon, que poucos se atreviam a cruzar em meio à neve. Com o
Os olhos verdes estavam nos seus, preocupados.— Como consentiu tamanha estupidez? — ditou a voz que lhe chamara de um sonho confuso, onde o rosto de Alena se tornava difuso e cenas distantes de uma memória que não era sua, alternavam-se confusas e emboladas. — Se fosse Oliver, poderia se dizer que uma trapalhada seria previsível, mas não você! — a voz do pai se tornou clara para seus sentidos.— Fomos atacados... — disse ainda buscando por suas memórias.—
Os olhos cinzas encontraram a fortaleza no mesmo instante em que as tropas, cujas cruzes pretas resplandeciam sob o branco da túnica, postavam-se ao seu lado sob as ordens severas de seu comandante.— E então? — indagou o cavalheiro que vinha à frente ao homem de cabelos castanhos.— Acho que a sorte está do nosso lado... — Um sorriso escarneceu seus lábios em olhos perdidos no vilarejo ao entorno da fortaleza.— — Uma festa? — Os olhos cinzas encararam os verdes da ruiva. — Não me parece certo comemorar minha presença sem que Robert esteja presente.— Somos um povo ligado às festividades — determinou Oliver sentado à cabeceira da mesa. — A presença de um Imperador não pode, desta forma, ser tratada como um mero conveniente — provocou-lhe o orgulho sem fitá-lo.As sobrancelhas de Frèderick enviesaram preocupadas por segundos.— — O que ele tem para nós? — indagou Robert ao parar do lado de Sindel.Os olhos de Milla e Yuri brilharam e correram para os de Argus que se mantiveram escuros, assim como os de Yuri, mas foi Nicolai quem falou:— Partimos ainda hoje, Robert — foi incisivo. — Não podemos perder um minuto. Frèderick está em Vaslui e... Saltou do cavalo e ele prosseguiu rapidamente entre as fendas enquanto a morena escalava uma delas para aguardar Lucius. As sombras passaram rápidas, perseguindo o rastro de Golias, como previra. Seu rosto contra a pedra fria, respirando diminuto e o arco flexionado ao máximo entre seus dedos, esperando apenas pelo Teutônico.Os trotes soturnos invadiram seus sentidos. Alena deixou o esconderijo e o viu. Como sua montaria, Lucius varejava as fendas atrás de seu cheiro. A morena fechou os olhos e se posicionou. Ele não tardaria a vê-la e seria apenas um único instante, onde não poderia haver falhas, para que a flecha acertasse seu alvo, precisa. Para além da Honra
Sobre Cordeiros e Lobos
Calvário
Em vista da fuga de Lucius e da quantidade de renegados sob seu comando, que também dispersaram na noite anterior, era certo que a notícia de que suas tropas avançavam pelos Cárpatos, não tardaria a chegar aos ouvidos de Frèderick. Desta forma, Robert deixou o acampamento tão logo o crepúsculo se fez no horizonte.Ainda não havia pensado na punição que daria ao filho, mas era certo que não poderia perdê-lo para Alena. Jamais deixaria que Vlad conduzisse o destino de Valsui, de sua tumba. A morena, entretanto, seguia à frente dos seus, alheia a qualquer tipo de pensamento, que não táticas para enfrentar o vampiro.
À base da montanha, a menos de dois dias de Vaslui, a neve caiu ainda mais implacável, obrigando-a a interromper sua marcha e procurar abrigo. Lembrava-se de algumas cavernas entre as pedras redondas que buscavam espaço junto ao bosque, que rodeava as muralhas da cidadela de Vaslui. Os galhos, cobertos de neve, emborcavam algumas árvores, ornando um caminho que Alena percorria, rápido, como Golias. Nas suas muitas patrulhas, com o tio, naquelas terras, passara a conhecer alguns de seus segredos. Aquela caverna era apenas um deles.Último capítulo