>PATRÍCIO<
Os dias estavam escuros. Não havia mais o brilho que costumava existir nos momentos que compartilhava com Liz, nem o som de Allan andando pela casa.Eu sentia falta até de nossas brigas.Eu não sabia mais o que fazer, eu já havia procurado por ele em todos os lugares.O vazio era esmagador, e, embora eu tentasse manter a aparência de normalidade, era impossível enganar a mim mesmo.Tudo o que eu conhecia estava desmoronando. Minha casa, meu filho, minha vida com Liz... tudo parecia estar se desintegrando, se afastando de mim.Eu não queria pensar no que havia acontecido entre mim e Liz. Não queria me lembrar do peso do término, da dor de vê-la se afastando, de saber que ela não queria viver comigo , que não via mais a possibilidade de construirmos o que havíamos planejando.Eu me culpava o tempo todo. Sabia que tudo aquilo tinha sido meu erro, meu egoísmo, minha incapacidade de agir com clareza.Eu me sentia vazio, sem forças para>PATRÍCIOFoi quando Fernando, preocupado, resolveu me procurar. Ele sabia que algo estava errado. Quando apareceu em minha porta, me encontrou como eu estava: mal, desleixado, com a cara fechada e os olhos embaçados pela bebida.— Patrício, você está bem? — Fernando perguntou, preocupado, ao entrar na casa. Ele me viu, o semblante cansado, os olhos vermelhos e o copo de uísque vazio na mesa.Eu olhei para ele, tentando parecer que estava bem, mas eu não conseguia esconder nada. A dor era evidente, e ele sabia disso.— Estou... estou tentando me manter de pé — respondi, a voz rouca, um pouco embargada pela ressaca e pelo peso da situação.— Não, você não está bem. Eu te conheço, Patrício. E isso aqui — ele fez um gesto com a mão, apontando para a garrafa vazia — não vai te ajudar. Você precisa se reerguer, não se afundar nisso.Eu queria gritar, dizer que ele não entendia, mas eu me calei. Fernando tinha razão. A bebida não ia mudar nada, não ia t
>POV TERCEIRA PESSOAFernando estava preocupado com Patrício, e não demorou para que todos começassem a perceber o quão fundo ele estava indo. Todos já haviam presenciado aquela versão de Patrício antes e sabiam que não era bom.Anos atrás, quando ninguém sabia sobre as maldades que Estela cometia com Patrício, ele era um adolescente rebelde e recluso. Vivia bêbado e drogado nas ruas.Muitas vezes Fernando tinha que ligar para Isabel e Álvaro pois não conseguia arrancar Patrício da sarjeta.Sua mãe chorava em oração toda noite, pedindo para que surgisse uma esperança e que seu único filho tomasse jeito.Quando conseguiram finalmente achar a fonte do problema e liberta-lo, custou, mas aos poucos Patrício foi melhorando. Até que se tornou um bom homem.Mas agora, parecia que aquela criança rebelde estava de volta, e a pior parte despertou completamente de seu filho.Fernando, Jerusa, Isabel e Álvaro ficaram ainda mais preocupados quando viram a s
>PATRÍCIOEu encarei o copo à minha frente, girando o líquido âmbar entre os dedos, sentindo o cheiro forte da bebida que já não fazia mais efeito como antes. Já estava entorpecido o suficiente para esquecer de tudo por alguns instantes, mas, ao mesmo tempo, sóbrio o bastante para saber que estava me destruindo.E, mesmo assim, continuei bebendo.— Você vai se matar desse jeito, Patrício.A voz de Fernando cortou o barulho abafado do bar. Eu ri, sem humor, levando o copo à boca e bebendo mais um gole.— Não seria tão ruim assim, né? — murmurei, sentindo a ardência na garganta.— Para com essa merda! — Ele bateu as mãos na mesa, atraindo alguns olhares. — Você se ouve falando? É isso que você quer? Morrer afogado em álcool porque perdeu a mulher que ama e seu filho desapareceu?Fechei os olhos por um instante, tentando bloquear a dor que as palavras dele despertaram.— O que mais eu posso fazer? — minha voz saiu fraca, quase um sussurro.
EstelaO sabor da vitória era algo que poucos realmente apreciavam, mas eu? Eu me deliciava com ele. A sensação de ter o controle, de manipular as peças como uma verdadeira mestre de xadrez, fazia meu sangue ferver de excitação.Patrício e Elizabeth estavam acabados. Separados. Destruídos.Caminhei pelo quarto luxuoso onde havia me hospedado nos últimos dias, observando meu reflexo no espelho. Eu merecia um lugar a minha altura, pelo menos para comemorar. Além do mais, eu não podia deixar Allan em qualquer lugar, se eu queria ele como aliado, teria que agradá-lo.Meus lábios se curvaram em um sorriso de pura satisfação. Meu informante dentro da empresa havia acabado de me dar a melhor notícia que eu poderia receber: Elizabeth Montgomery havia pedido demissão.— Pobre coitada... — murmurei, fingindo compaixão enquanto ria baixinho. — Caiu feito uma patinha Era óbvio que ela não suportaria a pressão. Depois de encher a cabecinha dela,
>ALLANMinha cabeça ainda latejava do porre da noite anterior, mas a raiva superava qualquer resquício de dor ou ressaca.— Chegou a sua vez, querido... — Estela sussurrou, mostrando as mensagens para mim.Eu encarei a tela do meu celular, os dedos apertando com força as laterais do aparelho. As mensagens estavam ali, estampadas diante dos meus olhos como uma facada direta no peito.Liz: “Ele acreditou mesmo que poderia fazer parte da nossa vida?”Liz: “É patético.”Patrício: “No fim das contas, Allan nunca foi nada além de um garoto mimado tentando chamar atenção.”O nome de Liz estava gravado no topo da tela, e o outro contato salvo como "Patrício". Meu estômago se revirava só de olhar para aquilo.Eles estavam rindo de mim.Depois de tudo o que eu passei, depois de cada maldita tentativa de me reerguer, de conquistar aquela vadia, Liz e aquele maldito homem estavam zombando de mim pelas costas.Odiava admitir, mas aquelas palavras doí
— ELIZABETH MONTGOMERY — "Prólogo" Até onde você iria por um amor que nunca deveria ter acontecido? Eu nunca soube a resposta até conhecer Patrício... Na verdade, eu nunca procurei por ela até conhecê-lo. Antes dele minha vida era como um roteiro bem escrito: faculdade, estágios, noites silenciosas dedicadas ao futuro que eu acreditava ser o certo. Eu até tinha um namorado, mas eu nem mesmo podia dizer que aquilo era amor. Eu gostava dele? Sim. Mas amar? Acredito que era um termo um pouco forte para descrever tal situação. Mas então ele apareceu, com seu jeito reservado, seus olhos que escondiam tempestades e aquele sorriso que parecia prometer o mundo e destruí-lo ao mesmo tempo. Ele vinha com aquela intensa bagagem que prometia grandes problemas e dores de cabeça. Mas quem importa? Afinal, o amor prevalece, né verdade? Eu lutei contra isso, sabe? Tentei me convencer de que era só uma atração, uma curiosidade passageira. Mas como você foge de algo que parece estar gravado na
> ELIZABETH
>ELIZABETH<- Não é nada do que você está pensando. - Allan fala. Será que ele acha que eu sou estúpida? Ou burra? Cega, talvez?Não, não é o que eu estou pensando é o que eu estou vendo. Tenho vontade de gritar mas permaneço quieta.Em um reflexo percebo que a minha “amiga” vadia ainda está na porta e continua olhando para a sua roupa que está aos meus pés.Fico estática enquanto controlo minha respiração. O que essa mulher ainda está fazendo aqui?Ela está tentada a se abaixar e pegar, mas sabe que não é uma boa ideia no momento. Eu sempre fui uma pessoa calma em qualquer situação, não gosto de brigas e não sou de fazer barracos, e talvez eles queriam aproveitar disso, mas não agora, eu preciso extravasar toda essa raiva pela dupla traição.E ela continua parada as minhas costas.Essa vagabunda só pode estar me testando. Respiro fundo, me abaixo e pego no chão com um sorriso desdenhoso no rosto.- É isso que você quer, amiga? - pergunto com um ódio que chega a me cegar.Com fúria, p