Os dias novamente correram feito maratonistas. Odiava essa pressa toda que as horas tinham em passar. Até pareciam estar querendo brincar com minha cara. De qualquer forma eu já estava mais conformada com o plano e acordei decorando cada passo que eu teria que dar.
A cobra, ou melhor, Arsta não apareceu. Também não esperava que aparecesse novamente. Alexis e eu continuamos mantendo em segredo a visitinha dela, por mais estranho que isso pudesse parecer. O que Alexis temia?
Saímos bem cedo e seguimos para o porto. Cosmo e sua equipe conseguiram mandar quatro submarinos para lá sem chamar muita atenção. Os submarinos percorreram um túnel subterrâneo. Assim como todo bom castelo, o da Capital também tinha seus segredos.
Alexis, Nicardo, Neandro, Lifa, Thalisa, Amadeus e eu seguimos no primeiro submarino, junto com mais oito soldados. O submarino estava maior que o primeiro e mais bem
Um aperto enorme invadiu o meu coração. Nicardo e Amadeus desaparecidos. Imediatamente eu pensei no pior e constatei o quanto eu estava sendo pessimista nos últimos meses. Mas creio que qualquer pessoa no meu lugar agiria da mesma forma. Ou não? - Precisamos achá-los! - Lifa me acordou dos meus pensamentos. - Claro! - disse impulsivamente - Eles podem estar em perigo. Precisamos voltar! - Voltar? - Alexis se assustou. - Sim, voltar! - falei alto. - Beatriz, eu entendo sua preocupação. - Alexis se aproximou - Por mais que eu não goste daqueles dois, não quero que nada de ruim aconteça. - Não, Alexis. - Neandro interrompeu - A Beatriz tem razão. Não podemos deixar ninguém para trás. Não desta forma. - Você está de acordo? - Alexis se assustou. - Eu iria sugeri exatamente isso. - Neandro ficou sério. - Eu também acho que devemos voltar. - Thalisa apoiou a ideia. - Vocês estão calculando o risco do que prete
Tive que evitar um surto de gritos quando nos deparamos com Aby. Thalisa e Lifa ficaram apavoradas, mas eu sabia que era sem necessidade. Algo me dizia que Aby estava aqui para nos ajudar. Era como se eu pudesse confiar nela. Mas será que eu realmente poderia? Lifa tentou falar, mas foi impedida por Aby, que pediu silêncio colocando o dedo indicador na frente da boca. – Esperem um minuto! – consegui ler os lábios de Aby. Não sabia exatamente o que estava acontecendo, mas achei melhor esperar e ver o que iria acontecer. Aby olhou em volta, como se quisesse ter certeza que não estava sendo observada por ninguém. Ela então voltou para mais perto de nós três e fez um sinal com a mão pedindo para que esperássemos mais um pouco. Não sabia explicar bem o motivo, mas a presença de Aby me fazia ficar mais confiante. Ela trazia uma segurança transparente e sentia como se ela não fosse deixar nada acontecer com nenhuma de nós. Mas ela não era tão digna d
Não sabia o que as pessoas a minha volta viram, mas ninguém pareceu estranhar uma garota surgir do nada no meio da rua. Sai da estrada e segui para a calçada. Não queria ter como presente de boas vindas um atropelamento. – E agora? – disse para mim mesma – Não faço a menor ideia do que fazer. – Disse alguma coisa? – um senhor apareceu atrás de mim. – Não disse nada. – respondi – Desculpe, eu estou meio... Perdida. – Entendo. – o senhor sorriu – Tente telefonar para casa. Não é seguro para uma moça bonita ficar andando pela rua. – Eu conheço esse lugar. – tentei parecer simpática. – Então você não deveria estar perdida. – o senhor respondeu paciente. – Não era disso que estava falando. – tentei não perder a cabeça – Quero dizer, eu estou perdida em meus pensamentos. – Então ele te deixou pensar? – o senhor perguntou. – O que disse? – rebati com outra pergunta. – Não foi nada. – o senhor respondeu,
Alexis Célio Arrife Cliteno Corpeu de Nebro Perfeito. Realmente perfeito. Mas que loucura. O que eu estou fazendo aqui? Já estou começando a achar que não deveria ter apoiado essa ideia. Estou com um péssimo pressentimento. – Disse alguma coisa? – Neandro perguntava. – Acho que não. – não sabia se estava pensando alto ou se Neandro havia adquirido as habilidades do cabeça de pedregulho. – Vamos aproveitar que os guardas ainda estão atrás do dragão e passar para aquele lado. – Neandro vigiava a praça – Devemos ficar o mais próximo possível do castelo, mas devemos manter nossas vidas a salvo em primeiro lugar. – Isso é um pouco óbvio, mas é fato. – fui obrigado a concordar – Será que está tudo bem com as meninas? – Elas estão bem. – Neandro não parecia muito confiante – Elas são espertas. Assim eu esperava. Continuava com um péssimo pressentimento. Não é que não confiasse nas habilidades delas para se defender, mas
Arsta sumiu no instante em que o sol começou a nascer. Era divertido ver como ela fugia do sol. Ela tem vários momentos onde se torna assustadora, mas definitivamente esse não era um deles. Meu braço começava a arder novamente. Ele parecia muito bem para quem via superficialmente. Ela até tinha começado a cicatrizar. Mas por dentro, a dor beirava ao insuportável às vezes. Mas eu não posso demonstrar. Principalmente pela Beatriz. Ela já estava tão preocupada com tantas coisas, não podia dar mais preocupações para essa menina enjoada que eu tanto amo. Precisava achar rápido aquelas ervas. Ficava imaginando os homens de Tales. Alguns estavam feridos com gravidade. O que estava acontecendo com eles? E qual seria esse maldito segredo que o Tales tanto escondia? Isso estava parecendo àquelas histórias que Beatriz sempre me contava. Como é o nome mesmo? Novelas! Corri para o submarino. Eu precisava avisar o que Arsta havia me contado, mas sem deixar que eles perceba
De repente eu me vi sem ação. Eu estava no comando e sabia exatamente o que eu queria fazer, mas eu teria mesmo que dar ordens a Amadeus e Nicardo? Não que isso fosse algo ruim, pelo contrário, mas não seria algo fácil. Pelo menos não da parte de Nicardo. – Cadê a cicatriz no seu braço? – Nicardo falou alto – Ela parece estar sumindo. – O que você disse? – disfarcei. – Achei que não soubesse como fazer o antídoto. – Nicardo puxou meu braço – Está sarando rápido. – Tire as mãos do meu braço cabeça de pedregulho! – puxei meu braço para longe das mãos de Nicardo – Não é nada disso. – Então o que é? – Nicardo perguntou. – Eu... Eu esfreguei as folhas no meu braço – continuei disfarçando – Foi isso. – Sério? – Nicardo não estava acreditando – Não acho que seja assim tão simples. – Pois eu acho que pode ser mais simples do que imagina. – bufei – Você é muito desconfiado. – E você não dá motivos para acharmos que está
Leone sorria tão maliciosamente que chegava a dar nojo. Para ser totalmente honesto, apenas falar o nome dele já dava nojo. Acho que podemos triplicar esse nojo e ainda somá-lo com mais dois pontos de raiva e alguns muitos pontos de vontade de apertar o pescoço de um. Exagero? Sem dúvida não para quem já o viu sorrindo tão debochadamente. – Como assim "eu estava esperando por vocês? – Nicardo interrompeu minhas contas. – Exatamente o que parece. – Leone se sentou novamente – Eu estava esperando por vocês. Todos vocês. Até mesmo esse outro principezinho, mas achei que ele não conseguiria chegar tão longe. Vejo que é mais forte e esperto do que pensei. Pena estar do lado deles. – O lado certo! – Amadeus disse como se fosse homem. – O lado do mau! – Leone gritou – O lado arcaico e que não aceita mudanças. O pior lado para se estar! Um lado que não vai levar a nada. Será que vocês não enxergam que tem muito mais a ganhar ficando comigo do que contra mim?<
Beatriz Misse As coisas por aqui estavam extremamente entediantes. Tudo beirava ao insuportável às vezes e a solidão não era exatamente uma ajuda. Era um problema. Um grande problema para ser bem honesta. A minha casa viva quase um silêncio absoluto. De vez em outra alguém batia na porta – sempre fechada – como se eu nunca tivesse descoberto a verdade sobre eles. Eu nunca abria. Nunca. Esperava até o momento em que desistissem. Eu tinha muito medo deles. Minha única distração eram meus momentos com os cadernos. Televisão e computador estavam ali apenas de enfeite. Nenhum deles funcionava. Sequer tinha tomadas para tentar ligá-los. Acabava passando meu tempo escrevendo. E o tempo era "generoso" comigo e me deixava ficar escrevendo até minha mão ficar dormente. Eu escrevia sobre tudo. Desde minhas frustrações em não conseguir escapar dali, passando pela minha saudade do Alexis, em como a dispensa estava sempre cheia e os momentos