Alexis Célio Arrife Cliteno Corpeu de Nebro
Perfeito. Realmente perfeito. Mas que loucura. O que eu estou fazendo aqui? Já estou começando a achar que não deveria ter apoiado essa ideia. Estou com um péssimo pressentimento.
– Disse alguma coisa? – Neandro perguntava.
– Acho que não. – não sabia se estava pensando alto ou se Neandro havia adquirido as habilidades do cabeça de pedregulho.
– Vamos aproveitar que os guardas ainda estão atrás do dragão e passar para aquele lado. – Neandro vigiava a praça – Devemos ficar o mais próximo possível do castelo, mas devemos manter nossas vidas a salvo em primeiro lugar.
– Isso é um pouco óbvio, mas é fato. – fui obrigado a concordar – Será que está tudo bem com as meninas?
– Elas estão bem. – Neandro não parecia muito confiante – Elas são espertas.
Assim eu esperava. Continuava com um péssimo pressentimento. Não é que não confiasse nas habilidades delas para se defender, mas
Arsta sumiu no instante em que o sol começou a nascer. Era divertido ver como ela fugia do sol. Ela tem vários momentos onde se torna assustadora, mas definitivamente esse não era um deles. Meu braço começava a arder novamente. Ele parecia muito bem para quem via superficialmente. Ela até tinha começado a cicatrizar. Mas por dentro, a dor beirava ao insuportável às vezes. Mas eu não posso demonstrar. Principalmente pela Beatriz. Ela já estava tão preocupada com tantas coisas, não podia dar mais preocupações para essa menina enjoada que eu tanto amo. Precisava achar rápido aquelas ervas. Ficava imaginando os homens de Tales. Alguns estavam feridos com gravidade. O que estava acontecendo com eles? E qual seria esse maldito segredo que o Tales tanto escondia? Isso estava parecendo àquelas histórias que Beatriz sempre me contava. Como é o nome mesmo? Novelas! Corri para o submarino. Eu precisava avisar o que Arsta havia me contado, mas sem deixar que eles perceba
De repente eu me vi sem ação. Eu estava no comando e sabia exatamente o que eu queria fazer, mas eu teria mesmo que dar ordens a Amadeus e Nicardo? Não que isso fosse algo ruim, pelo contrário, mas não seria algo fácil. Pelo menos não da parte de Nicardo. – Cadê a cicatriz no seu braço? – Nicardo falou alto – Ela parece estar sumindo. – O que você disse? – disfarcei. – Achei que não soubesse como fazer o antídoto. – Nicardo puxou meu braço – Está sarando rápido. – Tire as mãos do meu braço cabeça de pedregulho! – puxei meu braço para longe das mãos de Nicardo – Não é nada disso. – Então o que é? – Nicardo perguntou. – Eu... Eu esfreguei as folhas no meu braço – continuei disfarçando – Foi isso. – Sério? – Nicardo não estava acreditando – Não acho que seja assim tão simples. – Pois eu acho que pode ser mais simples do que imagina. – bufei – Você é muito desconfiado. – E você não dá motivos para acharmos que está
Leone sorria tão maliciosamente que chegava a dar nojo. Para ser totalmente honesto, apenas falar o nome dele já dava nojo. Acho que podemos triplicar esse nojo e ainda somá-lo com mais dois pontos de raiva e alguns muitos pontos de vontade de apertar o pescoço de um. Exagero? Sem dúvida não para quem já o viu sorrindo tão debochadamente. – Como assim "eu estava esperando por vocês? – Nicardo interrompeu minhas contas. – Exatamente o que parece. – Leone se sentou novamente – Eu estava esperando por vocês. Todos vocês. Até mesmo esse outro principezinho, mas achei que ele não conseguiria chegar tão longe. Vejo que é mais forte e esperto do que pensei. Pena estar do lado deles. – O lado certo! – Amadeus disse como se fosse homem. – O lado do mau! – Leone gritou – O lado arcaico e que não aceita mudanças. O pior lado para se estar! Um lado que não vai levar a nada. Será que vocês não enxergam que tem muito mais a ganhar ficando comigo do que contra mim?<
Beatriz Misse As coisas por aqui estavam extremamente entediantes. Tudo beirava ao insuportável às vezes e a solidão não era exatamente uma ajuda. Era um problema. Um grande problema para ser bem honesta. A minha casa viva quase um silêncio absoluto. De vez em outra alguém batia na porta – sempre fechada – como se eu nunca tivesse descoberto a verdade sobre eles. Eu nunca abria. Nunca. Esperava até o momento em que desistissem. Eu tinha muito medo deles. Minha única distração eram meus momentos com os cadernos. Televisão e computador estavam ali apenas de enfeite. Nenhum deles funcionava. Sequer tinha tomadas para tentar ligá-los. Acabava passando meu tempo escrevendo. E o tempo era "generoso" comigo e me deixava ficar escrevendo até minha mão ficar dormente. Eu escrevia sobre tudo. Desde minhas frustrações em não conseguir escapar dali, passando pela minha saudade do Alexis, em como a dispensa estava sempre cheia e os momentos
Fiquei algum tempo fitando o espelho. Estava me sentindo ridícula, mas se fosse o que eu desconfiava ser eu teria um conforto enquanto não fosse liberada daqui. Bati de leve no espelho, esfreguei, tirei do lugar e nada. Ele continuava exatamente o mesmo espelho velho de sempre – talvez não tão velho já que aquele não era o meu espelho. Resolvi arriscar. – Alexis? – falei – Se for você que está me observando através deste espelho, faça algo. Eu preciso de algum tipo de confirmação. Qualquer coisa. – não obtive resposta. Tentei novamente encontrar algo que me desse à confirmação que precisava, mas não havia um único sinal suspeito. A única pista que tinha era a sensação guardada em meu peito de que era mesmo o Alexis que estava me observando. Talvez esse fosse o sinal. – Alexis, eu espero que esteja bem. – comecei a falar – Estou me sentindo tão sozinha sem você. Leone está me mantendo prisioneira, mas acho que já sabe. Eu te amo muito, nunca se
As chamas logo se apagaram. Não conseguia ver se foi algum tipo de defesa do castelo ou se havia sido Leone que estava brincando com a cara deles mais uma vez. Mas era bem provável que fosse as duas coisas. Tentei desesperadamente sair daquele lugar. Era muita crueldade me fazer assistir aquilo sabendo que eu estava de mãos atadas. Mas mesmo sabendo que já havia feito de tudo, continuei tentando achar uma forma de voltar para Monterra. Tentei novamente magia, tentei encontrar passagens e tive que resistir ao impulso de pular para cima do espelho. Nada funcionava. Eu estava condenada a ver a Capital sendo destruída e não poder fazer nada para ajudar. Neandro, Tales e Cosmo estavam fazendo a defesa, enquanto Lifa e Thalisa faziam a retaguarda. Vários soldados estavam espalhados em pontos estratégicos, atacando cada avanço que Leone e seu exército davam. Leone brincava no céu com seu cavalo alado feito de sombras. Mas ele não parecia estar se divertindo.
A minha dor em ver o Rei Célio morto só não era maior que a dor que eu vi nos olhos de Neandro. Ele estava completamente arrasado. Mas arrasado do que eu poderia imaginar – se é que algum dia eu fosse imaginar algo tão cruel. A Rainha Alina estava viva, eu podia sentir. Reparei que ela não estava jogada como quando vi pelo espelho. Ela parecia ter sido posta de uma forma mais confortável. Provavelmente Neandro a deixou daquele jeito antes de correr em direção ao corpo do pai. Leone estava fazendo um trabalho manual. Depois de jogar coisas e pessoas ao vento apenas com o estalar de dedos achei que tivesse se esquecido. Ele pegava o trono que havia sido jogado para o outro lado da sala e colocava em seu lugar. Provavelmente ele queria sentir o prazer de fazer isso com as próprias mãos. Depois de colocar o trono no lugar, Leone seguiu em direção ao corpo do Rei Célio. Neandro tentou pará-lo, mas foi em vão. Leone esticou a mão e segurou Neandro pela cabeça, faze
Sem dúvida alguma aquela seria uma cena que guardaria para o resto da minha vida. Nunca imaginei que um momento tão triste pudesse ser também um momento tão belo. Rei Célio havia partido de forma honrosa. E agora eu sabia que não poderia deixar mais ninguém morrer em vão. Eu precisava acabar com Leone. E precisava fazer isso rápido. Não sei dizer por quanto tempo ficamos naquele jardim. A Rainha Alina ainda estava desacordada, mas parecia bem melhor deitada ao lado das flores e sobre a sombra de uma árvore. Talvez ela tenha sentido a essência do Rei Célio tomando conta do lugar. Neandro resolveu deixar a Rainha no jardim. Não estava tão certa de que seria seguro deixá-la daquele jeito, mas Neandro parecia confiar bastante no que estava decidindo. – Eu me sinto péssima. – disse – Deveria ter chegado a tempo. – Não foi sua culpa, Beatriz. – Neandro parecia bem mais calmo – Acredito que era para ser assim. Infelizmente. – Mas eu estava vendo tudo