- Megan, vamos? – chamou Kelsy, com os olhos inchados como se tivesse dormido ao invés de ler o livro.
Olhei no relógio e vi que o tempo havia passado rápido enquanto estávamos ali. Kelsy devolveu o livro que havia pego e fomos até a porta principal, nos despedindo de Tátia na saída. Ela olhou do livro pra mim, mas não disse nada.
Ao sair da biblioteca para o corredor e em direção as escadas, esbarrei sem querer com o instrutor Jackson, que estava indo para a biblioteca com dois livros pequenos em mãos. Ele estava usando roupas parecidas com as que eu o vira usar durante o treino de Andrea.
Ele pediu desculpas por ter se esbarrado em mim, mas não me olhou nos olhos e logo deu as costas, com o rosto sério. Kelsy nem percebeu que ele passara. Ela estava com o meu livro na mão, lendo a sinopse, ocupada demais até para perceber que o professor mais gato da escola, ou pelo menos dos que eu conhecia, tinha se esbarrado em mim.
Amélia ficou esperando por Mason por mais de uma hora. Quando ele chegou, ela estava andando de um lado para o outro na sala de estar. As portas do elevador se abriram e Mason veio direto para a sala, onde sua mãe o esperava. - O que você conseguiu? – perguntou Amélia já estendendo a mão. Mason enfiou a mão no bolso e tirou um papel dobrado. - Só consegui uma foto. Caiu do diário dela e ela não percebeu que eu peguei – disse ele, entregando a foto dobrada para sua mãe. - Perfeito. – Ela pegou abriu a fotografia e viu as gêmeas Megan e Melanie sentadas em um píer com Mary e Garyson Halloran. Eles pareciam felizes na foto. – Tem certeza de que ela não percebeu que você pegou a foto? - Absoluta – disse Mason, se sentando no sofá e vendo sua mãe olhando para a foto, prestando atenção em todos os detalhes. – Pela grossura do diário devia ter tanta foto que ela nem vai sentir falta dessa. - Que bom. – Amélia olhou para o seu filho co
※※※※25 de novembro. ※※※※ Pela primeira vez na semana eu tive um sonho estranho. Não era nada assustador, mas posso dizer que eu não entendi nada. Eu estava correndo em um corredor branco em direção a portas duplas grossas. O sonho acabou antes de eu conseguir tocar na maçaneta e eu acordei com a respiração acelerada como se realmente tivesse corrido. Acordei um pouco mais cedo do que precisava e pude ficar mais tempo no chuveiro com a água quente correndo pelas minhas costas e relaxando os meus músculos doloridos. Eu fechei os olhos e coloquei a cabeça embaixo da água por alguns minutos. Quando acabei o banho eu fui para o quarto e me troquei. Coloquei uma roupa confortável e um tênis, amarrei o cabelo em um rabo-de-cavalo e sai. Kelsy estava saindo do quarto dela no mesmo momento que eu e quase esbarramos uma na outra. - Bom dia – falei enquanto íamos em direção a escada e ela ia arrumando o cabelo olhando no reflexo da tela do celul
Mostrei a Mason minhas técnicas com o boneco Joe. Eu lembrava dos movimentos e eles saiam quase perfeitos. Parecia que Mason era mais perfeccionista do que Kelsy, mas não me importei muito, pelo menos eu estava aprendendo alguma coisa. Mason queria saber como se fazia para quebrar o pescoço do Joe com ele em pé, ao invés de ajoelhado, que era a posição que Kelsy o havia colocado quando me ensinou aquele golpe. Eu disse ao Mason que só sabia quebrar o pescoço do Joe com ele de joelhos, aí Mason teve que me ensinar várias técnicas para quebrar o pescoço dele com ele em pé, ou maneiras de derruba-lo de quatro, para que eu conseguisse a melhor posição, que era o Joe de joelhos. Mason praticou os golpes em mim, quase em câmera lenta para que eu entendesse como funcionava. Ele me explicou onde eu tinha que colocar o meu peso e quando eu tinha que fazer mais força. Mason imitou perfeitamente um golpe que eu vira Andrea fazer quando eu fui no treino dela no primeiro dia. Ele
※※※※26 de novembro. ※※※※ - Vocês vão sair hoje? – perguntei logo após cuspir a pasta de dente na pia do banheiro. Andrea, que estava de pijama e pantufas se encostou na beirada da pia do banheiro e ergueu as sobrancelhas. - Mason e Roy vão ficar ocupados o dia todo jogando videogame, se vocês quiserem a gente pode dar uma volta na cidade – disse ela, olhando de mim para Kelsy, que estava do meu lado tentando domar o cabelo. - Pode ser, mas com que carro a gente vai? – perguntou Kelsy. – Roy não tem carro para nos emprestar e o Porshe é apertado. - A gente pode pegar a caminhonete da mãe da Amélia – sugeri, erguendo as sobrancelhas. – Acho que as chaves devem estar com o Mason. Andrea pegou o celular no bolso do pijama. - Eu vou ligar para o Mason para ver se a chave está com ele – disse ela já colocando o celular na orelha e esperando que Mason atendesse, o que não demorou muito. – Oi, amor. – Ela sorriu e espe
Saímos da loja e fomos até um drive-thru e pedimos comida para a viagem. Andrea disse que estava com dor de cabeça, e por isso não comemos no estabelecimento. Paramos o carro em uma rua vazia, embaixo de um poste para aproveitar a luz. Saímos do carro e ficamos sentadas na caçamba da caminhonete enquanto comíamos nossos hambúrgueres com batata frita e tomávamos nossos refrigerantes. Depois de uma semana de treinamento puxado, muita academia e corrida, era bom todos saírem da dieta e mergulhar a fritura. Kelsy deitou sua cabeça nas coxas de Andrea e ficou olhando para o céu que começava a escurecer. - Todos os finais de semana poderiam ser assim – disse ela, enquanto mastigava um punhado de batatas fritas. - Só que aí a gente ia engordar e iríamos ficar para trás na nossa turma – disse Andrea, olhando para a sua barriga e provavelmente pensando em como ficaria gorda se comesse daquele jeito todo final de semana. - Não estou falando de sair para comer b
Mason e Roy apertavam os botões nos controles e tiros disparavam na tela da televisão. Eles trocavam de armas, recarregavam e voltavam a atirar, fazendo manchas de sangue aparecerem nas laterais da tela. Os dois estavam sentados no chão, de frente para a TV enquanto jogavam videogame. - Acha que elas já voltaram? – perguntou Roy. Mason olhou no relógio na parede. - Não sei – disse ele, voltando a sua atenção para o jogo. – Eu pedi que Andrea me ligasse quando chegasse. Então acho que elas ainda devem estar na cidade. - Fazendo o que será? - Provavelmente no shopping comprando várias roupas, ou em algum salão de beleza arrumando o cabelo e fazendo a unha. - A Megan parece estar no meio entre Andrea e Kelsy. Ela não é tão menininha quanto a sua namorada, mas também não parece ser tão despojada quanto Kelsy. - Despojada, tipo ao ponto de pintar o cabelo e fazer tatuagens? - Exatamente. Megan não parece ser o tipo d
Eu não estava acreditando naquilo que estávamos prestes a fazer. Eu havia pedido por aquilo, mas o plano não era todo meu. E o plano era uma merda. Sem querer ofender a genialidade de Kelsy e Andrea, mas alguém poderia morrer por causa daquilo. Kelsy havia parado o carro à duas quadras de onde estivéramos antes. De lá nós iríamos a pé até encontrar os vampiros, se é que eles ainda estivessem lá. Kelsy me garantiu que ela poderia sentir quando os vampiros estivessem por perto. Era algo dos Hunters que elas, e todo mundo, havia esquecido de me contar. Sempre que um vampiro estava à vinte ou trinta metros de um Hunter, este Hunter conseguia sentir a presença do vampiro. Infelizmente não funcionava com lobisomens, mas dava uma boa chance aos Hunter para se preparem para lutar, ou para correr. O início do plano era simples, eu só teria que andar perto do local onde Kelsy o havia sentido. Só que a parte ruim dessa primeira parte do plano era que eu teria que estar
Tudo estava indo de acordo com o plano. O primeiro vampiro já estava morto e agora era só tirar a estaca de seu corpo e cravar no coração do vampiro que estava caído no chão à alguns metros dali. Mas o outro vampiro não estava mais caído no chão. Ele estava parado, em pé, atrás de Megan. Com uma mão, ele segurou ela pela cintura, e com a outra ele puxou a cabeça dela com força para o lado, deixando seu pescoço totalmente exposto. Kelsy e Andrea gritaram, chamando a atenção de Megan, mas já era tarde demais. O vampiro já estava mordendo seu pescoço e drenando seu sangue. Andrea foi a primeira a reagir, ela pegou sua faca de caça e enfiou nas costas do vampiro, obrigando-o a soltar o pescoço de Megan. Ela logo arrancou a faca, espirrando sangue para todo lado no beco. O vampiro cambaleou para trás e Megan caiu no chão, inconsciente. Andrea pegou sua faca e cortou a garganta do vampiro. Por ele ter mais de um ferimento, aquele estava demorando um pouco mais para