※※※※26 de novembro. ※※※※
- Vocês vão sair hoje? – perguntei logo após cuspir a pasta de dente na pia do banheiro.
Andrea, que estava de pijama e pantufas se encostou na beirada da pia do banheiro e ergueu as sobrancelhas.
- Mason e Roy vão ficar ocupados o dia todo jogando videogame, se vocês quiserem a gente pode dar uma volta na cidade – disse ela, olhando de mim para Kelsy, que estava do meu lado tentando domar o cabelo.
- Pode ser, mas com que carro a gente vai? – perguntou Kelsy. – Roy não tem carro para nos emprestar e o Porshe é apertado.
- A gente pode pegar a caminhonete da mãe da Amélia – sugeri, erguendo as sobrancelhas. – Acho que as chaves devem estar com o Mason.
Andrea pegou o celular no bolso do pijama.
- Eu vou ligar para o Mason para ver se a chave está com ele – disse ela já colocando o celular na orelha e esperando que Mason atendesse, o que não demorou muito. – Oi, amor. – Ela sorriu e espe
Saímos da loja e fomos até um drive-thru e pedimos comida para a viagem. Andrea disse que estava com dor de cabeça, e por isso não comemos no estabelecimento. Paramos o carro em uma rua vazia, embaixo de um poste para aproveitar a luz. Saímos do carro e ficamos sentadas na caçamba da caminhonete enquanto comíamos nossos hambúrgueres com batata frita e tomávamos nossos refrigerantes. Depois de uma semana de treinamento puxado, muita academia e corrida, era bom todos saírem da dieta e mergulhar a fritura. Kelsy deitou sua cabeça nas coxas de Andrea e ficou olhando para o céu que começava a escurecer. - Todos os finais de semana poderiam ser assim – disse ela, enquanto mastigava um punhado de batatas fritas. - Só que aí a gente ia engordar e iríamos ficar para trás na nossa turma – disse Andrea, olhando para a sua barriga e provavelmente pensando em como ficaria gorda se comesse daquele jeito todo final de semana. - Não estou falando de sair para comer b
Mason e Roy apertavam os botões nos controles e tiros disparavam na tela da televisão. Eles trocavam de armas, recarregavam e voltavam a atirar, fazendo manchas de sangue aparecerem nas laterais da tela. Os dois estavam sentados no chão, de frente para a TV enquanto jogavam videogame. - Acha que elas já voltaram? – perguntou Roy. Mason olhou no relógio na parede. - Não sei – disse ele, voltando a sua atenção para o jogo. – Eu pedi que Andrea me ligasse quando chegasse. Então acho que elas ainda devem estar na cidade. - Fazendo o que será? - Provavelmente no shopping comprando várias roupas, ou em algum salão de beleza arrumando o cabelo e fazendo a unha. - A Megan parece estar no meio entre Andrea e Kelsy. Ela não é tão menininha quanto a sua namorada, mas também não parece ser tão despojada quanto Kelsy. - Despojada, tipo ao ponto de pintar o cabelo e fazer tatuagens? - Exatamente. Megan não parece ser o tipo d
Eu não estava acreditando naquilo que estávamos prestes a fazer. Eu havia pedido por aquilo, mas o plano não era todo meu. E o plano era uma merda. Sem querer ofender a genialidade de Kelsy e Andrea, mas alguém poderia morrer por causa daquilo. Kelsy havia parado o carro à duas quadras de onde estivéramos antes. De lá nós iríamos a pé até encontrar os vampiros, se é que eles ainda estivessem lá. Kelsy me garantiu que ela poderia sentir quando os vampiros estivessem por perto. Era algo dos Hunters que elas, e todo mundo, havia esquecido de me contar. Sempre que um vampiro estava à vinte ou trinta metros de um Hunter, este Hunter conseguia sentir a presença do vampiro. Infelizmente não funcionava com lobisomens, mas dava uma boa chance aos Hunter para se preparem para lutar, ou para correr. O início do plano era simples, eu só teria que andar perto do local onde Kelsy o havia sentido. Só que a parte ruim dessa primeira parte do plano era que eu teria que estar
Tudo estava indo de acordo com o plano. O primeiro vampiro já estava morto e agora era só tirar a estaca de seu corpo e cravar no coração do vampiro que estava caído no chão à alguns metros dali. Mas o outro vampiro não estava mais caído no chão. Ele estava parado, em pé, atrás de Megan. Com uma mão, ele segurou ela pela cintura, e com a outra ele puxou a cabeça dela com força para o lado, deixando seu pescoço totalmente exposto. Kelsy e Andrea gritaram, chamando a atenção de Megan, mas já era tarde demais. O vampiro já estava mordendo seu pescoço e drenando seu sangue. Andrea foi a primeira a reagir, ela pegou sua faca de caça e enfiou nas costas do vampiro, obrigando-o a soltar o pescoço de Megan. Ela logo arrancou a faca, espirrando sangue para todo lado no beco. O vampiro cambaleou para trás e Megan caiu no chão, inconsciente. Andrea pegou sua faca e cortou a garganta do vampiro. Por ele ter mais de um ferimento, aquele estava demorando um pouco mais para
Mason e Roy passaram no quarto de Andrea para pegar a chave do carro dela antes de sair correndo para a Arena. Por sorte, eles não foram parados nem repreendidos por ninguém que os via correr pelos corredores. Eles chegaram rápido no estacionamento, entraram no carro e Mason saiu rápido dali, com medo de que não conseguisse chegar a tempo. O portão parecia deslizar mais devagar que o normal, mas Mason sabia que não podia sair quebrando o portão com o Porshe de sua namorada. Ele respirou fundo e esperou que o portão abrisse completamente para poder sair. Mason dirigia rápido, mesmo sabendo que era perigoso. Roy precisou chamar várias vezes a sua atenção, principalmente nas curvas, com medo de que Mason batesse com o carro. Minutos depois, Mason parou o carro ao lado da caminhonete que ganhara de sua avó. Kelsy e Andrea estavam do lado de fora, encostadas no capô do carro, esperando-os. - Até que enfim vocês chegaram – disse Kelsy, usando apenas uma regata bran
※※※※27 de novembro. ※※※※ Eu senti a dor lancinante e então era como se eu não estivesse mais naquele beco. Não era completamente dor, era algo a mais, mas eu não sei explicar como exatamente me senti. Foi estranho, nada parecido com nada do que eu já tinha passado. Eu não sabia a origem daquela dor, quase não conseguia me mexer, sabia que tinha algo de errado, mas não sabia o que era, e nem conseguia pedir ajuda. Lembro quando a escuridão me engoliu, mas não lembro quando aquele entorpecimento passou. Eu acordei pouco depois do nascer do sol e me sentia estranhamente vazia, como se faltasse alguma coisa. Eu não conseguia levantar, só fiquei lá parada, sem fazer nada, olhando o nada. Esperando Kelsy ou Andrea aparecerem na porta do meu quarto para me levar à força para tomar o café da manhã. Mas elas não apareceram. Quando eu resolvi levantar, a minha visão ficou escura, a minha cabeça girou e eu quase cai, mesmo ainda estando sentada
A primeira tontura ocorreu enquanto descíamos a escada. Kelsy e Roy estavam na minha frente e não perceberam que eu parei um pouco de segui-los. A minha visão ficou um pouco escura e a minha respiração ficou pesada, como se tivesse algo pressionando o meu peito, me impedindo de respirar. Eu segurei no corrimão com força e fiquei parada até aquela sensação ruim passar, o que não durou mais do que alguns segundos. E então eu podia enxergar e respirar novamente. Continuei a segui-los, sem contar que eu quase havia desmaiado na escada bem em cima deles. - Será que a gente tem permissão para mostrar à Megan o covil dos lobisomens? – perguntou Kelsy entrelaçando o braço ao de Roy. - Podemos perguntar à Amélia se podemos mostrar aquele lugar à Megan. - Melhor não. Eu não paro de pensar no que aconteceu ontem e eu não quero correr o risco de pensar no assunto perto dela e ela descobrir tudo. Roy riu. - Existe uma coisa chamada celular que as p
Eu não sei explicar direito o que aconteceu. Assim que saímos da floresta, de debaixo da sombra das árvores, eu fui atingida pelo sol novamente, mas dessa vez parecia que o sol estava mais quente, fazendo meu sangue ferver dentro do meu corpo. - Megan, você está bem? – perguntou Roy, tocando o meu braço. Eu quis dizer que não, que na verdade eu estava bem mal, mas acabei balançando a cabeça positivamente, fazendo o sorrir e se afastar para andar ao lado de Kelsy. Em seguida tudo piorou. Minha visão começou a escurecer, meu peito doeu, não consegui respirar e então eu caí. - Megan? – Kelsy se virou com a expressão assustada. Ela e Roy esticaram a mão para me segurar, mas já era tarde demais. Apaguei antes de atingir o chão, mas senti a dor do impacto. A primeira pessoa que vi quando acordei foi Amélia. Ela estava sentada em uma cadeira, de cabeça baixa, ao lado da minha cama na enfermaria. Ela estava