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Abri os olhos. A luz do sol me cegou por alguns segundos, mas logo consegui me ajustar a claridade.
Eu estava deitada em minha cama, na antiga casa. Mas tudo estava diferente, meu quarto não era como eu me lembrava de quando tinha trezes anos, na verdade, era mais parecido com o meu quarto na casa da tia Stella. Meus pôsteres estavam na parede, meus livros na prateleira, algumas roupas sujas jogadas no chão ao lado do cesto lotado, algumas fotografias antigas e outras até novas, como uma foto minha no aniversário de Sarah, usando chapéu em forma de cone atrás de um lindo bolo de morango com chocolate, o meu favorito.
Era estranho estar naquele quarto, naquela casa. Mas eu me sentia em casa.
- Megan, vem para o café da manhã – gritou tia Stella da cozinha.
- Já estou indo – gritei de volta. Levantei
※※※※18 de novembro.※※※※Acordei assustada no quarto da enfermaria. Não lembrava o porquê eu estava ali, nem como chegara ali. Minha última lembrança era Kelsy segurando meus cabelos no banheiro do dormitório enquanto eu vomitava. Abri os olhos lentamente para me ajustar com a luz do ambiente. Parecia que estava de noite e as luzes do quarto estavam apagadas, exceto pela luz do abajur ao meu lado. Virei o rosto e vi um corpo todo encolhido no sofá, roncando baixinho. No início eu achei que era Amélia, mas então o corpo começou a se mexer e a se espreguiçar. Kelsy bocejou e olhou pra mim. Ela se levantou enquanto esfregava os olhos, ainda com sono e veio até a cama.- Até que enfim você acordou – disse ela, bocejando novamente. – Você deu um susto e tanto na gente.Ela puxou uma cadeira e se sentou ao meu lado, deitando a cabeça
Ele entrou e trancou a porta por dentro, para impedir qualquer um de entrar. Seus cabelos estavam bem arrumados e ele se vestia todo de preto, como no dia em que eu o conhecera. Seus olhos negros esquadrinharam o quarto, parando na cadeira onde Kelsy estivera sentada. Ele pegou a cadeira e a colocou perto da minha cama, sentando-se de frente pra mim. - Como você está? – perguntou ele, quase sem olhar nos meus olhos. - Bem. Lembrei da conversa que tivera com Andrea, sobre ele não gostar dos Mestiços. Ele estava demonstrando exatamente aquilo ao falar comigo sem olhar nos meus olhos. - Minha mãe me pediu que viesse aqui ver como você está – explicou ele. - Diga a ela que eu estou bem – respondi, claramente querendo que ele fosse embora o mais rápido possível. Se ele não gostava de mim por ser quem eu era, não precisava ter nos trancado no mesmo quarto. - Na verdade eu menti. – Ele olhou dentro dos meus olhos. Seus olhos negros mo
- Megan, está tudo bem agora – disse Mariyah, se ajoelhando na minha frente como se estivesse falando com uma criança. – Vamos tirar Jason daqui e mandar alguém arrumar o estrago no piso. Você pode ficar em outro quarto.Ela não estava me entendendo.- Não, eu preciso sair daqui. – Comecei a me levantar, já olhando para a porta quebrada, porém aberta.- Eu te ajudo, Megan – disse Kelsy, como a boa amiga que era, mas eu não estava precisando de sua ajuda naquele momento.- Me solta. – Empurrei Kelsy, soltando-me de suas mãos. – Eu sei ir sozinha.Pude ver a mágoa em seus olhos, mas eu não me importei. Já havia mostrado sentimentos demais para um dia. Não ia chorar na frente dela também. Que elas cuidassem de Jason. Eu cuidaria de Amélia.Minha cabeça estava girand
Amélia não me disse em quem ela estava pensando para me ajudar caso o teste com Mason não funcionasse. E o mais tarde dela, significava depois das seis da noite, quando marcamos de nos encontrar na sala dela. Depois de conversarmos eu fui para o meu quarto, peguei roupas limpas e uma toalha e fui para o banheiro tomar banho, que demorou quase meia hora. Vesti roupas confortáveis, escovei o cabelo que caía em ondas pelas minhas costas, escovei os dentes e passei um pouco de rímel nos cílios. Voltei para o meu quarto sem saber o que faria nas quatro horas seguintes que ainda faltava para eu ir até a sala de Amélia. Fiquei olhando pela janela do meu quarto alguns alunos treinando no jardim. Havia dois grupos de alunos com seus instrutores. Eles começaram com alguns alongamentos que eu imitei em meu quarto, alguns não pareciam ser tão difíceis, mas outros se tornaram quase impossíveis pra mim com a minha falta de coordenação motora e força nos músculos inexistentes. No fim dos a
- Acha que eu tenho poderes iguais aos seus? – fui direto ao assunto, logo que parecia que Mason era meio lento para pensar. Ele me encarou como se aquilo fosse a coisa mais idiota de se dizer. - Já conversamos sobre isso, Megan – disse ele, como se estivesse falando com uma criança. Eu odiava quando as pessoas faziam isso. – E mesmo que fosse o caso, você ainda não fez aniversário, então não tem como ser isso. E novamente ele destruía as minhas esperanças. - A minha mãe sabe disso? – perguntou. Dei de ombros. - Sei lá. Mas como eu achava que tinha sido você que tinha me curado, eu meio que disse isso a ela e a Andrea. - E elas acreditaram? - Bom, como eu não sabia da verdade então tecnicamente eu não estava mentindo. Então acho que fui convincente ao ponto do instrutor Connor deixar eu lutar com Andrea na aula usando bastões. Mason deu alguns passos para trás e arregalou os olhos. - Você fez o quê?
Megan ficou olhando Mason andar de um lado para o outro na sala. Mason ficou calado por um bom tempo, sem saber o que dizer perante a tudo aquilo. Ele achava que o fato de estar acontecendo essas coisas estranhas com Megan era o fato de ela não ser uma Hunter Mestiça comum. Até onde Mason sabia, Megan podia ter genes de lobisomem, isso com certeza explicaria o fato de ela estar se curando perto dos dezoito anos, mas Garyson não era um lobisomem e Mason não podia dizer à Megan ainda que ela não era uma Hunter comum. Não seria Mason a pessoa que contaria isso a Megan. “Eu sou amigo dela e não posso magoá-la.” Mason andou até a janela vendo o sol se pôr. “Já contamos a ela que ela é uma Hunter como minha mãe e eu, mas que sem os poderes. Se dissermos que ela não é na verdade uma Hunter, o que ela deve achar de nós? Droga. Não faço a mínima ideia do que fazer.” - O que você está pensando? – perguntou Megan. Mason s
Eu mal conseguia acreditar que tinha dado certo. Fiquei feliz, claro. Muito feliz. Eu finalmente me sentia saldável novamente. O ar à minha volta parecia estar mais puro, as luzes mais vibrantes e meu corpo parecia ter sido restaurado. E tudo graças ao meu primo Mason. Eu sabia que ele me curara meio que para mudar de assunto quando eu disse que sabia que ele e sua família estavam escondendo coisas de mim, mas ainda assim, foi um gesto e tanto. Sinceramente eu não tinha esperanças de que fosse realmente dar certo. Mas deu. E eu estava eufórica, querendo gritar para o mundo todo que eu estava viva e que continuaria assim até depois do meu décimo oitavo aniversário. A porta da sala se abriu e Amélia entrou. Ela olhou de Mason pra mim e sua expressão de preocupada se transformou em felicidade quando ela viu meu sorriso. - Deu certo? – perguntou ela, alternando o olhar entre Mason e eu. Mason respondeu por mim assentindo com a cabeça e sorrindo pa
Mason nem bateu na porta antes de entrar no quarto do irmão. Jason se assustou e o livro que ele segurava caiu no chão. Ele se levantou e tirou os fones do ouvido. - Desde quando você simplesmente entra assim no meu quarto? – perguntou Jason ao irmão. Mason estava tomado pela raiva e pegou o irmão pela camisa e o atirou contra a parede. Jason perdeu o ar por um segundo, mas se recuperou e tentou empurrar seu irmão para longe dele, sem sucesso. - Por que você atacou a Megan hoje de manhã? – perguntou Mason, quase gritando, mas tentando controlar a voz para não chamar atenção indesejada. A expressão de Jason passou de raiva para escárnio. - É sobre isso que você veio falar? Veio defender a honra da sua amiguinha? – Jason cuspiu as palavras na cara do irmão, aproveitando que era mais alto que Mason, ele se aprumou e deu um passo à frente. – Se ela quiser, ela que venha falar comigo, porque você não tem nada a ver com isso. Mason s