※※※※08 de novembro.※※※※
Senti a macies dos lençóis sobre mim, o travesseiro embaixo do meu rosto e o ar esterilizado que entrava pelas minhas narinas. Me remexi embaixo do lençol e senti aquela dor na minha barriga. Abri os olhos lentamente até que eles se ajustassem a luz do ambiente. Eu estava no que parecia ser um quarto hospitalar, com as paredes pintadas de creme, uma poltrona cinza no canto, um vaso com pelo menos duas dúzias de rosas em cima de uma mesinha ao lado da cama, uma televisão pequena na parede de frente para mim e um banco acolchoado branco encostado na parede do lado direito.
A minha esquerda tinha uma máquina ligada ao meu coração, a linha verde subia e descia conforme meu coração batia. Tentei levantar a mão para tirar uma mexa de cabelo que caíra sobre o meu rosto, mas senti uma alfinetada no meu braço esquerdo, ao olhar, percebi que havia uma bolsa de soro ligada ao meu braço por um caninho transparente que eu sabia que se cham
Com o canto do olho, percebi que ele corria ao meu lado e rosnava pra mim como se estivesse pedindo para eu parar de correr. Ele tinha mais de um metro de altura, pelos negros e olhos dourados, não como os olhos de Mason, mas como o dourado do ouro mais brilhante, com um leve toque âmbar. Outro rosnado veio de trás de mim e eu sabia que não era o único. Tentei me afastar o máximo possível, mas tropecei em uma pedra e caí. Três lobos me cercaram. Me virei e me arrastei até uma arvore, que usei para apoiar as costas. Comecei a chorar pois sabia que iria morrer. Por um momento, culpei Mason, se ele nunca tivesse se matriculado na escola eu estaria sã e salva na casa da minha tia, dormindo tranquilamente. Ao invés disso eu estava no meio da floresta cercada por lobos que queriam me matar. Foi para isso que eu me despedi de Stella? Para morrer no meio do nada? O lobo de pelo negro ficou no meio dos outros dois e se aproximou. Senti a arma que eu havia pego
Ele era um lobisomem.Em toda a minha vida ninguém havia me dito que existiam vampiros e eu fui atacada por um monte deles, ninguém havia me dito que existiam caçadores de vampiros e eu era uma. Mas, por favor, depois de tudo pelo que eu passei, acho que Mason ou Amélia deveriam ter me dito que existiam lobisomens. Eu estava com raiva, com medo, e estava machucada. O homem na minha frente fez uma careta estranha quando eu gritei, mas por favor, aquele lobo quase tinha me comido viva, mesmo sendo meio homem. Eu estava assustada e não tinha ninguém ali em quem eu confiasse. Meu ferimento estava doendo e eu sangraria até a morte se não fosse para um hospital, urgente.Gemi de dor e apertei a mão contra a barriga com mais força, eu sabia que isso faria com que doesse ainda mais, mas pelo menos faria com que o sangue parasse de sair do meu corpo de onde ele nunca deveria sair, não naquela quantidad
Depois de uma semana, Mason estava mais preocupado com Megan do que já estivera antes. A fuga dela no meio da noite fez com que as enfermeiras a colocassem em coma induzido até que ela se curasse. Megan estava dormindo a uma semana. Amélia estava quase perto de estar histérica. Ela tirara Megan da casa da tia e agora a garota estava quase morrendo por causa de uma facada misteriosa que levara na barriga. Dois centímetros para baixo e Megan nunca iria poder ter filhos. Dois centímetros acima e ela teria tido um colapso pulmonar e morrido antes deles conseguirem chegar na Academia. Ela perdera muito sangue por ter corrido no meio da floresta e isso piorou seu estado. Parte da culpa era de Mason. Na noite em que ela saiu era para ele ter ido vê-la na ala hospitalar, mas ele resolveu deixar isso para o dia seguinte e ficar com Andrea até mais tarde. Se ele tivesse ido ver como ela estava, provavelmente os pontos dela não teriam aberto e ela não teria perdido tanto sangue
- Será que você poderia fazer um favor para a sua velha mãe? - perguntou Amélia, piscando os cílios para o filho. - De velha a senhora não tem nada - disse Mason. - O que quer que eu faça? Amélia andou até um armário grande no canto da sala atrás dos sofás, abriu uma das portas e pegou uma bolsa de tecido escuro. - Leve isto até a enfermaria, entregue à Megan e diga a ela, se ela estiver acordada, que assim que possível eu irei vê-la. Mason pegou a bolsa da mão de sua mãe. - Mais alguma coisa? - perguntou ele. Amélia sorriu. - Por enquanto é só isso. Obrigada, Mason. - Não há de quê - respondeu ele ao se virar e andar em direção a porta. Ele sentiu os olhos de sua mãe nas suas costas até ele sair da sala e fechar a porta atrás de si. Mason entrou na enfermaria e pediu autorização para ver Megan Halloran. A mulher atrás do balcão da recepção disse em qual quarto ela estava e o deixou
※※※※14 de novembro.※※※※ Abri os olhos lentamente, sentindo o meu corpo pesado contra o colchão macio. Não havia dor alguma, apenas um leve formigamento na ponta dos dedos. Eu estava no mesmo quarto em que acordara da última vez, mas a diferença era que agora Mason estava sentado na poltrona ao meu lado. Como sempre, ele estava todo vestido de preto, mas com uma camisa branca de gola V no lugar da tradicional camisa preta. Ele estava com o olhar vago, perdido em pensamentos. Por um momento ele pareceu triste, depois arrependido. Me remexi embaixo dos lençóis e ele olhou pra mim, abrindo um sorriso enorme. - Oi, Bela Adormecida - disse ele enquanto puxava a poltrona para mais perto da cama. Sorri para o meu amigo barra primo. Ele apertou minha mão e esfregou meus dedos, sua mão estava quente enquanto a minha estava fria. Apertei sua mão de volta. - Como você está? - perguntou-me ele. Pigarreei antes de falar. - Estou bem
- Fiquem aqui, meninas. Acho que seu pai quebrou um copo e eu não quero que vocês se machuquem. – Ela sorriu e beijou o alto da minha cabeça enquanto afagava o rosto de Melanie. Mamãe se levantou e foi até a cozinha ajudar meu pai. Tudo ficou em silêncio por alguns segundos, com o som de Melanie e eu mastigando a pipoca, até que ouvimos sussurros vindos da cozinha, do meu pai, da minha mãe e de outra pessoa. Parecia que eles estavam discutindo baixinho para não chamar atenção, provavelmente minha e de minha irmã. Melanie apertou a minha mão, olhei para ela e vi ela erguer um dedo na frente dos lábios, pedindo que eu ficasse em silêncio. Assenti com a cabeça, ela soltou a minha mão e engatinhou até a porta da cozinha, deu uma olhada no que estava acontecendo lá, se virou para mim e sorriu. Eu não entendi o motivo de seu sorriso, mas não fiz perguntas. No momento em que ela estava engatinhando de volta para perto de mim, ouvimos nossa mãe gritar algo que não conseguimos entend
- A última coisa que ela me disse foi que voltaria pra mim. Sequei minhas lágrimas com as mãos. A dor estava ali novamente. Me arrependi de ter contado ao Mason sobre o pior dia da minha via, mas eu tinha que ser justa, Mason também me contara sobre seu pai e, mesmo que ele não tivesse nada a ver com a morte da minha irmã, ele merecia saber. Admito que foi bom falar com ele e finalmente pôr pra fora toda aquela dor. Era libertador dividir a tristeza. Eu sabia sobre o pai dele, e ele sabia sobre a minha irmã e meus pais. Estávamos quites. Não tínhamos mais segredos a esconder. Pelo menos da minha parte eu não tinha mais nada a esconder. Eu tinha muitas perguntas para fazer, tanto à Mason, quanto à Amélia. Eu sentia que estava faltando alguma coisa em toda aquela história de família, Hunter, vampiros e lobisomens. Eu queria saber se os meus sonhos tinham alguma coisa a ver com o fato de eu ser uma Hunter. Queria saber se para os Hunters era normal sonha
- Quando Megan ganhará alta? – perguntou Mason. Maria o olhou como se não fosse a primeira vez que ele fazia aquela pergunta, mas então olhou pra mim e sorriu. - Se você estiver se sentindo bem, eu posso falar com Amélia e te dar alta amanhã de manhã. Mas eu preciso que você fique aqui mais esta noite em observação. Assenti com um aceno de cabeça. Mariyah sorriu, se virou e saiu do quarto. Mason se levantou da poltrona e se sentou na cama, cuidando para não me machucar. - Amanhã eu quero te apresentar a alguém – disse ele sorrindo. - Quem? - É uma surpresa – respondeu ele. - Tem umas pessoas aqui na Academia que estão loucos para te conhecer. - Já andou falando de mim por aí? - Só para algumas pessoas. Nada com que se preocupar. - Espero que sim. Mason deu um sorriso tímido e se levantou. - Infelizmente eu tenho que ir. Minha mãe me pediu que trouxesse essa bolsa pra você. – Ele apontou para uma