Amélia fuzilou Stella com os olhos, fazendo minha tia se mexer na cadeira, desconfortável.
- Eu nunca machucaria, Megan. Nem mentiria pra ela.
- Depois de tudo o que aconteceu eu não sei se consigo confiar na sua família pra cuidar de alguém da minha. Vocês já tiraram alguém de mim, não podem tirar Megan também.
Minha tia estava chorando, eu também estava. Nós nunca falávamos daquele dia, quando Stella perdeu alguém que ela amava por culpa de um Collins. Eu não sabia, e ela nunca falava, quem tinha feito aquela atrocidade. Mas eu descobri quando encontrei a caixa no sótão.
- Do que você está falando? - perguntou Amélia.
- Eu tinha uma filha. O nome dela era Sophie... Seu marido a matou naquele maldito incêndio. E agora você está aqui na minha casa querendo levar a minha única família para longe de mim. - Stella se curvou para frente e sussurrou para Amélia. - Eu sei o que a sua família é. Sei o que vocês fazem. E eu não quero isso para a Megan
Jason estava no banco do carona e Mason estava atrás comigo. Meia hora depois já estávamos fora da cidade, Amélia dirigia rápido pelas ruas desertas, estava tarde e todos estavam cansados. Ela disse que dormiríamos em uma pousada e pela manhã continuaríamos a viagem. - Para onde vamos? - perguntei enquanto Amélia dirigia. - Estamos voltando para a Academia Nephilim - respondeu Mason. - O que é isso? Uma escola? - Praticamente. Só que não é uma escola comum. - Mason sorriu ao olhar pela janela. - O que tem de especial lá? - A Academia Nephilim foi fundada para treinar Hunters. É lá que temos as aulas de luta que eu te falei e minha mãe leciona lá. - Eu achei que vocês saíam pelo mundo caçando vampiros - comentei. - Está decepcionada? - perguntou Amélia me olhando pelo espelho retrovisor. - Não decepcionada. Só achei que vocês eram matadores profissionais ou coisa parecida. - Por que achou isso? -
※※※※ Quando eu abri os olhos eu sabia que estava sonhando. A madeira escura das portas duplas brilhavam com as gotas de chuva, eu estava do lado de fora da igreja, encharcada pela chuva. A água escorria pelo meu rosto e pingava das pontas do meu cabelo e do meu queixo. Eu estava com frio, podia ver as casas ao redor da igreja com enfeites de natal, mas não sabia em que dia estava. Para tentar me proteger do temporal que me cercava, tentei abrir a porta da igreja, mas ela estava trancada por dentro. Ouvi sons estranhos vindo de dentro da igreja e corri pelo gramado ao redor dela. Tentei olhar pelas janelas, mas eram todas de vitrais e eu não conseguia enxergar muito bem o lado de dentro, apenas algumas luzes fracas, como velas ou algo assim. Lembrei que atrás da igreja tinha uma porta dos fundos, onde dava em uma sala de reuniões. Pra minha sorte aquela porta estava destr
Mason estava preocupado com Megan. Ele foi acordado no meio da noite porque sua mãe encontrara Megan gritando no meio da noite com um corte na barriga. Jason e ele procuraram pelo quarto alguma faca ou qualquer instrumento que Megan possa ter usado para se ferir enquanto dormia, mas não encontraram nada. Eles pagaram o quarto e colocaram Megan no carro para leva-la para a Academia Nephilim o mais rápido possível. Ela estava correndo risco de vida. Mason tentou usar o seu poder para curar Megan, mas não funcionou, como se ela se recusasse a ser curada ou se o corte em sua barriga não fosse algo normal. Ela acordara duas vezes durante o dia, ainda não tinha comido nada, nem bebido água. Mason sabia que ela estava sentindo muita dor e não estava conseguindo ajudar ela. A única coisa que ele poderia fazer era segurar a sua mão e pedir que ela continuasse viva. O ferimento de Megan parecia ter sido feito por uma faca larga ou adaga, ela tinha uma em seu casaco na noite an
※※※※08 de novembro.※※※※ Senti a macies dos lençóis sobre mim, o travesseiro embaixo do meu rosto e o ar esterilizado que entrava pelas minhas narinas. Me remexi embaixo do lençol e senti aquela dor na minha barriga. Abri os olhos lentamente até que eles se ajustassem a luz do ambiente. Eu estava no que parecia ser um quarto hospitalar, com as paredes pintadas de creme, uma poltrona cinza no canto, um vaso com pelo menos duas dúzias de rosas em cima de uma mesinha ao lado da cama, uma televisão pequena na parede de frente para mim e um banco acolchoado branco encostado na parede do lado direito. A minha esquerda tinha uma máquina ligada ao meu coração, a linha verde subia e descia conforme meu coração batia. Tentei levantar a mão para tirar uma mexa de cabelo que caíra sobre o meu rosto, mas senti uma alfinetada no meu braço esquerdo, ao olhar, percebi que havia uma bolsa de soro ligada ao meu braço por um caninho transparente que eu sabia que se cham
Com o canto do olho, percebi que ele corria ao meu lado e rosnava pra mim como se estivesse pedindo para eu parar de correr. Ele tinha mais de um metro de altura, pelos negros e olhos dourados, não como os olhos de Mason, mas como o dourado do ouro mais brilhante, com um leve toque âmbar. Outro rosnado veio de trás de mim e eu sabia que não era o único. Tentei me afastar o máximo possível, mas tropecei em uma pedra e caí. Três lobos me cercaram. Me virei e me arrastei até uma arvore, que usei para apoiar as costas. Comecei a chorar pois sabia que iria morrer. Por um momento, culpei Mason, se ele nunca tivesse se matriculado na escola eu estaria sã e salva na casa da minha tia, dormindo tranquilamente. Ao invés disso eu estava no meio da floresta cercada por lobos que queriam me matar. Foi para isso que eu me despedi de Stella? Para morrer no meio do nada? O lobo de pelo negro ficou no meio dos outros dois e se aproximou. Senti a arma que eu havia pego
Ele era um lobisomem.Em toda a minha vida ninguém havia me dito que existiam vampiros e eu fui atacada por um monte deles, ninguém havia me dito que existiam caçadores de vampiros e eu era uma. Mas, por favor, depois de tudo pelo que eu passei, acho que Mason ou Amélia deveriam ter me dito que existiam lobisomens. Eu estava com raiva, com medo, e estava machucada. O homem na minha frente fez uma careta estranha quando eu gritei, mas por favor, aquele lobo quase tinha me comido viva, mesmo sendo meio homem. Eu estava assustada e não tinha ninguém ali em quem eu confiasse. Meu ferimento estava doendo e eu sangraria até a morte se não fosse para um hospital, urgente.Gemi de dor e apertei a mão contra a barriga com mais força, eu sabia que isso faria com que doesse ainda mais, mas pelo menos faria com que o sangue parasse de sair do meu corpo de onde ele nunca deveria sair, não naquela quantidad
Depois de uma semana, Mason estava mais preocupado com Megan do que já estivera antes. A fuga dela no meio da noite fez com que as enfermeiras a colocassem em coma induzido até que ela se curasse. Megan estava dormindo a uma semana. Amélia estava quase perto de estar histérica. Ela tirara Megan da casa da tia e agora a garota estava quase morrendo por causa de uma facada misteriosa que levara na barriga. Dois centímetros para baixo e Megan nunca iria poder ter filhos. Dois centímetros acima e ela teria tido um colapso pulmonar e morrido antes deles conseguirem chegar na Academia. Ela perdera muito sangue por ter corrido no meio da floresta e isso piorou seu estado. Parte da culpa era de Mason. Na noite em que ela saiu era para ele ter ido vê-la na ala hospitalar, mas ele resolveu deixar isso para o dia seguinte e ficar com Andrea até mais tarde. Se ele tivesse ido ver como ela estava, provavelmente os pontos dela não teriam aberto e ela não teria perdido tanto sangue
- Será que você poderia fazer um favor para a sua velha mãe? - perguntou Amélia, piscando os cílios para o filho. - De velha a senhora não tem nada - disse Mason. - O que quer que eu faça? Amélia andou até um armário grande no canto da sala atrás dos sofás, abriu uma das portas e pegou uma bolsa de tecido escuro. - Leve isto até a enfermaria, entregue à Megan e diga a ela, se ela estiver acordada, que assim que possível eu irei vê-la. Mason pegou a bolsa da mão de sua mãe. - Mais alguma coisa? - perguntou ele. Amélia sorriu. - Por enquanto é só isso. Obrigada, Mason. - Não há de quê - respondeu ele ao se virar e andar em direção a porta. Ele sentiu os olhos de sua mãe nas suas costas até ele sair da sala e fechar a porta atrás de si. Mason entrou na enfermaria e pediu autorização para ver Megan Halloran. A mulher atrás do balcão da recepção disse em qual quarto ela estava e o deixou