O dia já havia amanhecido, o sol hoje escolheu brilhar em meio a imensidão azul do céu, Sabrina havia acordado primeiro que eu só para que eu contasse detalhadamente o que tinha acontecido entre mim e o estranho do carro vermelho.
Não aconteceu nada e eu fico super feliz com isso, imagino a reação do meu pai se eu fizesse algo.-Senhorita Becker, parabéns.- Minha professora particular de etiqueta sorri contentemente. -A senhorita se supera a cada dia mais.Eu só acertei o modo de usar todos os talheres, o que tem de mais nisso? -Obrigado!- Sorrio de volta logo arrumo a postura devidamente correta sobre a poltrona confortável. Já sabem né? Peito estufado...coluna ereta, cabeça erguida e um monte de idiotices que nunca entendia o por quê.Sabina? você será a mulher de um dos homens mais importantes da Alemanha.-Por hoje é só Senhorita.- Ela desliza sua mão por meu ombro, pensando por trás de mim. -Seu pai está a sua espera, senhorita.Arregalo os olhos em surpresa ao mesmo tempo em que uma interrogação imensa pairava sobre minha cabeça.O meu pai veio me buscar? Ontem com certeza foi um dia diferente dos demais. Pela primeira vez em anos minha rotina diária foi alterada por conta de um pequeno imprevisto. Claro que o meu pai deve estar desconfiado e inseguro em relação a isso até mesmo com a minha própria segurança…Ou medo de que aconteça algo novamente.É preço a se pagar por está em tão posição na hierarquia, alguns ganham poder, dinheiro, mulheres, fama…No meu caso, foi uma previsão. -Obrigado por me avisar, senhora Carla.- A mulher que aparenta estar próxima dos seus 28 anos faz reverência em sinal de respeito e logo se retira.Também não entendo essas reverências. Até onde eu saiba, a realeza vive na Inglaterra, Catar e assim por diante.Quando tenho a total certeza que não escuto mais o barulho do salto 15 da minha professora que ecoava pelo espaço quase vazio, corro até a porta principal avistando o carro preto e pesadamente blindado do meu pai. Desço alguns degraus caminhando pelo chão de paralelepípedo perfeitamente alinhados até chegar ao portão principal.Eu estava ferrada...Meu pai nunca havia me buscado em canto algum. Eu até compreendo por sua falta de tempo e deveres que tem com Adam.Antes de entrar no carro, tenho certeza absoluta que só será eu e ele. A conversa de ontem não havia acabado, disso eu tinha certeza.Droga. -Oi papai.- Fecho a porta do carro com cautela em seguida travando meu cinto ao lado corpo.-Olá filha.- Ele sorri de canto dando partida no veículo. -Como foi a aula? -Entediante, como sempre.- Falo em um tom arrastado com tédio, o sorriso do meu pai se amplia ao mesmo tempo que o mesmo nega sutilmente. -E o seu dia? Quase um milagre o senhor ter tempo livre.Ele tem um belo sorriso, me lembra o Kléber. Kléber…Seu sorriso desaparece dos seus lábios ao ouvir minha pergunta. -O de sempre querida. Problemas e mais problemas.- Ele aperta o volante com força e faz bico expulsando todo ar que possuía em seus pulmões. -Não confio em qualquer um, você deveria pensar assim também Sabina. Ele está estressado, seus olhos estão sempre atentos ao retrovisores e quem vem à nossa frente na pista contrária.-Máfia Russa?- Ele assentiu.-Exatamente! Aaron foi mandado para lá.Aposto que se dependesse do Aaron já tinha matado todos só para evitar problemas. Uma coisa que me revolta! Eu odeio ser a última a saber de tudo, principalmente se envolver a mim.-Quando ele foi?- O olho aguardando a sua resposta até então demorada. -Papai?Senhor Augusto parece pensar nas palavra certas para dizer, ele está demorando de mais.-Na madrugada, algumas horas depois do jantar.- Ele finalmente responde. -Ele veio te conhecer e se despedir de maneira formal. Formal? Ele teve anos para me conhecer e quando decide aparecer e para dizer um quase "adeus"? Respiro fundo apoiando a cabeça no encosto do banco. A primeira vez que a gente teria contato e estive ausente e como se não tivesse como piorar Sabrina esteve no meu lugar. Fecho os olhos relaxando o corpo, não irei me estressar, não hoje.Eu não me importo. Assim como eu, Aaron Levi recebeu educação para isso desde pequeno. Adam vive dizendo que o coitado era um mini capeta desde muito novo mesmo tendo a melhor educação possível. -Pai?-Sim?- Ele me olha de relance mas logo volta sua atenção para a estrada ultrapassando um veículo.-O meu carro...- O automóvel não estava onde o deixei, lembrei-me. -Onde está? -Mandei o guincho hoje de amanhã para a rodovia onde seu carro supostamente estava... -E então? Não estava lá...-Seu carro não estava lá princesa.Ah eu não acredito, sinceramente eu não acredito. -Sabina? Você disse algo que não deveria para o homem que a ajudou ontem?- Ele me lança um olhar intrigado, seu olhar de dúvida me faz suspirar pesadamente. -Sabe as regras... Assenti.-Pai! Olha o carro.- grito ao ver que o nosso carro quase invadia a direção contrária da pista e por sorte o outro veículo desviou quase indo para o carteiro.De imediato meu pai vira o volante com tudo fazendo nosso carro voltar para o lado da pista certa e só aí respiro aliviada ao ver o outro carro voltando para a pista com o motorista aparentemente irritado.Colisão foi evitada com o devido sucesso.Ufa! -Sua mãe não deve saber disso.- Ele sussurrou incrédulo piscando algumas vezes. -Nunca.- ressalta me fazendo rir.Meu pai não teme a nada, mas cita o nome de sua esposa, Senhora Ester Becker. O homem fica todo trêmulo. Lembro-me de uma vez que ele treinava tiro ao alvo na casa do campo na véspera do natal ao lado do Adam. Papai tinha seu alvo na mira, ele quase nunca erra um alvo. Mas ele errou. Mamãe deu um grito tão agudo e afinado ao chamar seu nome que foi de estourar os tímpanos o que fez papai disparar e errar o seu alvo. Adam riu tanto que chegou a chorar. E eu? Não ficava atrás, Sabrina ainda o chamava de medroso. Bons tempos. Tínhamos 13 anos. -Tudo bem, papai.- rir do seu comentário desesperado. -Segredo nosso.Eu tinha orgulho dele, mesmo com nossa família se metendo com coisas "erradas" Eu não podia negar que eu amo a máfia, eu amo a minha família, do jeitinho que é. -Não vai responder minha pergunta anterior? Bom! A consequência de falar algo a respeito de nós, digo...Da máfia? Bom...A pessoa que souber, será silenciada e o informante receberá uma punição. É nosso segredo, ok? Sigilo total. -Eu não falei nada pai.- Falei séria na tentativa de passar credibilidade. -Não queria pôr a vida de um inocente em risco. -Fez bem querida.- Ele acaricia o meu rosto rápido devolvendo sua mão para o volante. Ainda bem que o Kléber não me levou a sério ou pelo menos é o que eu acho. Encosto a cabeça na janela que está um pouco aberta, contemplando o lugar no qual eu passei um sufoco imenso com aquele carro miserável . Papai se mantém concentrado na estrada enquanto a mim, nas árvores esverdeadas que passavam uma atrás da outra seguindo uma sequência que parecia não terminar. Sinto quando carro para assim que chegámos na sinaleira que está vermelho é claro. Uma moto preta me chama a atenção ao parar bem ao meu lado, um homem completamente encapuzado usando capacete com uma viseira que não me permitia ver seu rosto. Ele mexe em seu casaco preto de couro. Não contenho a surpresa ao ver que o rapaz havia puxado uma pistola junto ao silenciador do casaco.Eu tentei fechar a janela mas não deu tempo. A arma foi posicionada de maneira rápida entre a abertura da janela, vários disparos são efetuados em minha direção. Escuto o motor barulhento da moto que arranca com brutalidade avançando o Sinal vermelho e mais disparos são efetuados com a moto em movimento. Eu não sei ao certo, mas tenho certeza que o meu pai saiu do carro, pois mais uma sequência de tiros foram ouvidos. -Sabina! Fica comigo filha, não fecha os olhos.Ele parecia desesperado enquanto minha consciência ia embora aos poucos. Papai tirou o meu cinto e logo me aconchego em seus braços, era tão reconfortante...Tudo que ouvir foi "Fica comigo" E mesmo assim, meus olhos desobedeceram suas ordens.Se fechando…Sabina Becker. Tudo aconteceu tão rápido...Eu não sei se estava sonhando, mas tenho certeza que ouvir a voz dele, eu não sei se seria paranóia da minha cabeça ou se realmente era ele. -Você tem que acordar, Minha princesinha.- A voz era a do meu pai, ele acariciava meu rosto suavemente, seu polegar quente faziam movimentos circulares em minha bochecha.Sentir o seu toque de alguma maneira me confortáva...ele só queria me proteger. Eu não sei há quanto tempo estou aqui, tendo a total companhia do meu subconsciente que está me deixando louca. Já cheguei a discutir com o mesmo.sairei daqui direto para um hospital psiquiátrico. -Sabrina não para de chorar, toda vez que ela se olha no espelho se derrama em lágrimas.- Ouço seu sorriso fraco o que me faz querer rir também, mas não consigo. -Ela afirma que ao se olhar no espelho lembra-se de você.- Porque será?Somos gêmeas não é? É normal. Pela vigésima vez entro em uma guerra falha com minhas pálpebras, quais estão fechadas ao um b
Kléber Valentin. O motivo da minha insônia tem nome...Sobrenome? Com certeza, Sabina Becker. Sabina é o motivo da minha perda do sono, eu não sei vocês, mas acredito em destino e o quanto ele pode influenciar em nossas vidas tanto no presente quanto no futuro. Em um momento de distração me vi pensando na profundidade e imensidão dos seus olhos azuis, que lembrava-me o oceano, seus fios loiros bem arrumados e sedosos possuíam um aroma tão doce quanto a dona.Aquela mulher não saia dos meus pensamentos por algum motivo persistente.E como se já não bastasse ser atormentado pela a insônia ainda sou incomodado durante a tarde por minha irmã é que não desisti de enche o meu saco. -Kléber? Você escutou o que eu disse?- Ela finalmente para de andar de um lado para o outro seposicionando em minha frente de braços cruzados completamente furiosa.-Sim! Eu escutei Elisa.- Apoio meus cotovelos sobre os joelhos e entrelaço as mãos em frente a minha boca fechando os olhos.Como ela deve está?
Sabina Becker. A luz refletida pelo sol da manhã atravessava o vidro do quarto pairando sobre seu rosto.Seus olhos cor de mel já são perfeitos! Sobre a luz solar não há como descrever tamanha perfeição.-Senti dor em algum local?- ele pressiona de leve o estetoscópio sobre meu peito coberto por um fino tecido brabo e logo nego.-Não...-na verdade só doia um pouquinho. -Devo chamar você de doutor?- o questionei com cenho franzido.-Com certeza! já que você está me atendendo. coincidência...Ele sorrir visivelmente sem graça, céus! O sorriso desse homem é perfeito. -Me chame de Kléber, senhorita Sabina.- Ele retira o aparelho do meu peito deixando pendurado em seu pescoço, caindo sobre seu peitoral coberto pelo seu jaleco perfeitamente branco.Pisco algumas vêzes saindo do transe. -Porque estou aqui afinal?Seu olhar sobre mim é pensativo e receoso. Seus olhos castanhos varrem o pequeno cômodo trabalhado no branco e logo suspira.Sim, ele fofo. -Nao lembra?- ele faz uma careta conf
Kléber Valentín. -Obrigado por me avisar Laura.Desligo o telefone o entregando para minha irmã que me olha esquisito enquanto dirijo. Paro o carro quase encima da sinaleira, respiro fundo relaxando os músculos. -O que houve?- Ela questiona analisando o aparelho. -Você não sabe disfarçar, irmãozinho. -Sabina recebeu alta.-Não deveria está feliz?- a olho de relance com uma sobrancelha arqueada. -Quer dizer, é sua paciente né? e quando recebem alta é um bom sinal. Claro que estou feliz! Ver Sabina naquela cama me destruía internamente a cada dia, fazendo-me está cansado fisicamente e mentalmente.-Claro que estou.- Olho pulso onde está o meu relógio. -20:10- resmungo frustrado.O sinal abre e piso fundo no acelerador ouvindo os xingamentos de Elisa ao meu lado. -Ei! Calma ai, eu ainda não casei.- Ela grita irritada. -Se isso tudo é saudades, manda uma mensagem para ela ou liga, sei lá.Me lembro que Sabina havia ligado para alguém, irei checar o número assim que chegar em casa e
Ela estava sem dúvidas, perfeita! Mesmo não sendo treinada e recebendo educação para aquele momento, ela estava divina. Seu vestido vermelho com uma fenda na lateral chamava atenção. Seus fios soltos formando leves ondulações e uma maquiagem nada muito exagerada.A loira descia deslizando suavemente sua mão pelo corrimão de mármore, chamando a atenção do Homem que estava à sua espera.A garota estende sua mão para o rapaz que a beija sem desviar a atenção das suas íris azuis. -Esta belíssima senhorita.- Ele diz totalmente impressionado pela beleza da garota que sorri envergonhada. Ela sabia que estava linda, mais um elogio sempre caia bem. Seu ego inflado é incrível.-Obrigado Senhor, Duckworth.- ela se esforça para segurar a vontade de rir perante o futuro chefe da máfia Alemã que simplesmente assentiu discretamente.Era engraçado a vontade que ela sentia de rir quando chamava um homem de 27 anos de senhor. Ela sabia que o quê fazia era perigoso, mas preciso. -Onde está Sabrina
Kléber Valentin. Não posso negar. Realmente estou preocupado, mas, ela havia prometido que assim que chegasse mandaria mensagem. -Então o pai dela estava lá?.- Ela ergue suas sobrancelhas surpresa. -Essa garota não tem quase 20 anos? céus!Caminho em direção a cozinha em passos frustados deixando minha irmã sozinha na sala e falando sozinha. -Sim! Acho que ela tem problemas com os pais, é normal nessa idade. Ela é apenas uma jovem.Ela é maior de Idade não é? É normal sair. Fecho a porta da geladeira dando de cara com Elisa escorada no balcão com os braços cruzados. -Vai meter medo em assombração Elisa! Com essa máscara de pepino horrível. Elisa possui sua face pintada de verde e uma toalha branca na cabeça envolvendo os fios castanhos junto com o roupão rosa com sua inicias estampada nele. -É bom para pele.- Dá de ombros. -Ela é uma mulher, Kléber. Sabe o que faz! Ela não tem 5 anos. Tô vendo que esse assunto não acabará por aqui. -Sim! Uma mulher muito inocente.- Dou uma
Sabina Becker. Meu dia seria chato, sinceramente? até esqueci a ordem de todos os meus programas diário.Eu já estou cansada disso tudo.Três toques são dados na portas pro meu estresse diário começar.-Sabina! O café da manhã foi servido.- minha irmã grita. Acabo de escovar os fios loiros colocando a escova na penteadeira me olhando no espelho novamente e suspiro em busca de calma.Caminho até a porta puxando minha blusa para baixo, giro a maçaneta abrindo a porta devagar.-Essa blusa não é minha?.- Ela cruza os braços e se escora na parede me fuzilando com o olhar. Visto uma blusa de seda Branca e um shorts jeans preto e um tênis preto. -Nunca nem vi Sabrina.- dou de ombros ao passar por ela mais logo sorri provocativa.Realmente a blusa é dela, bom... Vamos deixar em off. Ela me segue pelo extenso corredor de paredes pintadas em tom branco, escuto sua respiração pesada por trás de mim.Isso não é normal.-Papai se encontra?- a olho por cima dos ombros e ela assenti.-Sim!.- E
Sabina Becker.Mal havia ganhado o carro e de quebra acabei ganhando um belo "presente" de brinde. Estou em choque, eu não fiz nada. Mal estou vendo o Aaron imagina quando eu casar, vão me matar de vez?Havia deixado o carro no estacionamento do clube a pedido do meu pai, uma espécie de perícia iria ser feita.Meu carro foi confiscado.Acabei voltando para casa de táxi, Kléber havia insistido para me levar mas eu neguei sabendo que meu pai faria uma série de perguntas sobre o rapaz e até quem sabe por um investigador na cola dele.Não quero isso. Minha mente está uma bagunça quando se trata de Kléber Valentin. Uma total bagunça, como se um tornado tivesse passado por ela e bagunçado todos os meus sentimentos de uma só vez.Tinha me despedido da mamãe que está com uma leve dor de cabeça mas havia pedido para mim não se preocupar. Fui com o motorista até a cede da máfia onde Adam e papai me aguardavam. Os saltos já faziam calos em meus pés, se tem uma coisa que eu detesto nessa vida