Início / Romance / Gêmeas da Máfia / Cap 5: Eu não falei nada papai
Cap 5: Eu não falei nada papai

O dia já havia amanhecido, o sol hoje escolheu brilhar em meio a imensidão azul do céu, Sabrina havia acordado primeiro que eu só para que eu contasse detalhadamente o que tinha acontecido entre mim e o estranho do carro vermelho. 

Não aconteceu nada e eu fico super feliz com isso, imagino a reação do meu pai se eu fizesse algo.

-Senhorita Becker, parabéns.- Minha professora particular de etiqueta sorri contentemente. -A senhorita se supera a cada dia mais.

Eu só acertei o modo de usar todos os talheres, o que tem de mais nisso? 

-Obrigado!- Sorrio de volta logo arrumo a postura devidamente correta sobre a poltrona confortável. 

Já sabem né? Peito estufado...coluna ereta, cabeça erguida e um monte de idiotices que nunca entendia o por quê.

Sabina? você será a mulher de um dos homens mais importantes da Alemanha.

-Por hoje é só Senhorita.- Ela desliza sua mão por meu ombro, pensando por trás de mim. -Seu pai está a sua espera, senhorita.

Arregalo os olhos em surpresa ao mesmo tempo em que uma interrogação imensa pairava sobre minha cabeça.

O meu pai veio me buscar? 

Ontem com certeza foi um dia diferente dos demais. Pela primeira vez em anos minha rotina diária foi alterada por conta de um pequeno imprevisto. Claro que  o meu pai deve estar desconfiado e inseguro em relação a isso até mesmo com a minha própria segurança…

Ou medo de que aconteça algo novamente.

É preço a se pagar por está em tão posição na hierarquia, alguns ganham poder, dinheiro, mulheres, fama…

No meu caso, foi uma previsão. 

-Obrigado por me avisar, senhora Carla.- A mulher que aparenta estar próxima dos seus 28 anos faz reverência em sinal de respeito e logo se retira.

Também não entendo essas reverências. Até onde eu saiba, a realeza vive na Inglaterra, Catar e assim por diante.

Quando tenho a total certeza que não escuto mais o barulho do salto 15 da minha professora que ecoava pelo espaço quase vazio, corro até a porta principal avistando o carro preto e pesadamente blindado do meu pai. 

Desço alguns degraus caminhando pelo chão de paralelepípedo perfeitamente alinhados até chegar ao portão principal.

Eu estava ferrada...Meu pai nunca havia me buscado em canto algum. Eu até compreendo por sua falta de tempo e deveres que tem com Adam.

Antes de entrar no carro, tenho certeza absoluta que só será eu e ele. A conversa de ontem não havia acabado, disso eu tinha certeza.

Droga. 

-Oi papai.- Fecho a porta do carro com cautela em seguida travando meu cinto ao lado corpo.

-Olá filha.- Ele sorri de canto dando partida no veículo. -Como foi a aula? 

-Entediante, como sempre.- Falo em um tom arrastado com tédio, o sorriso do meu pai se amplia ao mesmo tempo que o mesmo nega sutilmente. -E o seu dia? Quase um milagre o senhor ter tempo livre.

Ele tem um belo sorriso, me lembra o Kléber. 

Kléber…

Seu sorriso desaparece dos seus lábios ao ouvir minha pergunta. 

-O de sempre querida. Problemas e mais problemas.- Ele aperta o volante com força e faz bico expulsando todo ar que possuía em seus pulmões. -Não confio em qualquer um, você deveria pensar assim também Sabina. 

Ele está estressado, seus olhos estão sempre atentos ao retrovisores e quem vem à nossa frente na pista contrária.

-Máfia Russa?- Ele assentiu.

-Exatamente! Aaron foi mandado para lá.

Aposto que se dependesse do Aaron já tinha matado todos só para evitar problemas. 

Uma coisa que me revolta! Eu odeio ser a última a saber de tudo, principalmente se envolver a mim.

-Quando ele foi?- O olho aguardando a sua resposta até então demorada. -Papai?

Senhor Augusto parece pensar nas palavra certas para dizer, ele está demorando de mais.

-Na madrugada, algumas horas depois do jantar.- Ele finalmente responde. -Ele veio te conhecer e se despedir de maneira formal. 

Formal? Ele teve anos para me conhecer e quando decide aparecer e para dizer um quase "adeus"? 

Respiro fundo apoiando a cabeça no encosto do banco. 

A primeira vez que a gente teria contato e estive ausente e como se não tivesse como piorar Sabrina esteve no meu lugar. 

Fecho os olhos relaxando o corpo, não irei me estressar, não hoje.

Eu não me importo. 

Assim como eu, Aaron Levi recebeu educação para isso desde pequeno. Adam vive dizendo que o coitado era um mini capeta desde muito novo mesmo tendo a melhor educação possível. 

-Pai?

-Sim?- Ele me olha de relance mas logo volta sua atenção para a estrada ultrapassando um veículo.

-O meu carro...- O automóvel não estava onde o deixei, lembrei-me.  -Onde está? 

-Mandei o guincho hoje de amanhã para a rodovia onde seu carro supostamente estava... 

-E então? 

Não estava lá...

-Seu carro não estava lá princesa.

Ah eu não acredito, sinceramente eu não acredito. 

-Sabina? Você disse algo que não deveria para o homem que a ajudou ontem?- Ele me lança um olhar intrigado, seu olhar de dúvida me faz suspirar pesadamente. -Sabe as regras... 

Assenti.

-Pai! Olha o carro.- grito ao ver que o nosso carro quase invadia a direção contrária da pista e por sorte o outro veículo desviou quase indo para o carteiro.

De imediato meu pai vira o volante com tudo fazendo nosso carro voltar para o lado da pista certa e só aí respiro aliviada ao ver o outro carro voltando para a pista com o motorista aparentemente irritado.

Colisão foi evitada com o devido sucesso.

Ufa! 

-Sua mãe não deve saber disso.- Ele sussurrou incrédulo piscando algumas vezes. -Nunca.- ressalta me fazendo rir.

Meu pai não teme a nada, mas cita o nome de sua esposa, Senhora Ester Becker. O homem fica todo trêmulo. 

Lembro-me de uma vez que ele treinava tiro ao alvo na casa do campo na véspera do natal ao lado do Adam. 

Papai tinha seu alvo na mira, ele quase nunca erra um alvo. 

Mas ele errou. 

Mamãe deu um grito tão agudo e afinado ao chamar seu nome que foi de estourar os tímpanos o que fez papai disparar e errar o seu alvo. 

Adam riu tanto que chegou a chorar. 

E eu? Não ficava atrás, Sabrina ainda o chamava de medroso. 

Bons tempos. Tínhamos 13 anos. 

-Tudo bem, papai.- rir do seu comentário desesperado. -Segredo nosso.

Eu tinha orgulho dele, mesmo com nossa família se metendo com coisas "erradas" Eu não podia negar que eu amo a máfia, eu amo a minha família, do jeitinho que é. 

-Não vai responder minha pergunta anterior? 

Bom! A consequência de falar algo a respeito de nós, digo...Da máfia? Bom...

A pessoa que souber, será silenciada e o informante receberá uma punição. 

É nosso segredo, ok? Sigilo total. 

-Eu não falei nada pai.- Falei séria na tentativa de passar credibilidade. -Não queria pôr a vida de um inocente em risco. 

-Fez bem querida.- Ele acaricia o meu rosto rápido devolvendo sua mão para o volante. 

Ainda bem que o Kléber não me levou a sério ou pelo menos é o que eu acho. 

Encosto a cabeça na janela que está um pouco aberta, contemplando o lugar no qual eu passei um sufoco imenso com aquele carro miserável . 

Papai se mantém concentrado na estrada enquanto a mim, nas árvores esverdeadas que passavam uma atrás da outra seguindo uma sequência que parecia não terminar. 

Sinto quando carro para assim que chegámos na sinaleira que está vermelho é claro. 

Uma moto preta me chama a atenção ao parar bem ao meu lado, um homem completamente encapuzado usando capacete com uma viseira que não me permitia ver seu rosto. 

Ele mexe em seu casaco preto de couro. Não contenho a surpresa ao ver que o rapaz havia puxado uma pistola junto ao silenciador do casaco.

Eu tentei fechar a janela mas não deu tempo. 

A arma foi posicionada de maneira rápida entre a abertura da janela, vários disparos são efetuados em minha direção. 

Escuto o motor barulhento da moto que arranca com brutalidade avançando o Sinal vermelho e mais disparos são efetuados com a moto em movimento. 

Eu não sei ao certo, mas tenho certeza que o meu pai saiu do carro, pois mais uma sequência de tiros foram ouvidos. 

-Sabina! Fica comigo filha, não fecha os olhos.

Ele parecia desesperado enquanto minha consciência ia embora aos poucos. 

Papai tirou o meu cinto e logo me aconchego em seus braços, era tão reconfortante...

Tudo que ouvir foi  "Fica comigo" E mesmo assim, meus olhos desobedeceram suas ordens.

Se fechando…

Leia este capítulo gratuitamente no aplicativo >

Capítulos relacionados

Último capítulo