Por quê? Eu sabia que não deveria ter aceitado ir fazer guerra de bolas de neve, mas não. Eu tinha que ir! Vai ser divertido, Liz! — Eles me disseram. Você vai gostar. — Eles me disseram. Mas agora quem está de cama? Quem está com dor de garganta? Quem está com voz mais grossa que um adolescente de quinze anos? Eu! Argh! Tudo isso por causa de uma guerra de bolas de neve! — Hey Liz, vamos ter uma guerra de bolas de neve amanhã e falta um no nosso time. Vamos? — Me perguntou Stella chegando na sala da casa dela com Serena. Eu estava deitada no sofá tomando um chocolate quente e vendo minha série preferida pela milésima vez na televisão. O pai da Stella tinha ido viajar novamente e Serena e eu viemos dormir na casa dela para ajudar a cuidar do irmão mais novo e fazer uma festa do pijama. Fazíamos isso pelo menos a cada dois meses. Claro que na hora aquilo de guerra de bolas de neve me pareceu uma boa ideia, pelo menos até Serena soltar contra quem seria aquela loucura: — L
Minha cabeça está doendo. Fui arrancada das minhas memórias pela Serena que estava voltando da farmácia: — O farmacêutico disse para você descansar e tomar líquidos. — Ela me disse me entregando um vidrinho que não parecia com uma cara boa. — Esse remédio deve te ajudar e ela disse que entre amanhã e segunda você já vai estar boa. Peguei o remédio com uma careta. — Não tinha comprimido? — Perguntei e ela deu de ombros. — Sem chances de cinema hoje amiga. Desculpe! — Ela me disse desanimada. Sim, eu já suspeitava que o remédio não seria tão milagroso assim. Ao invés de suspirar de derrota pelos cantos eu estava só assoando o nariz. — Eu estou horrível, não estou? — Perguntei para a Serena que fez uma careta. — Um pouco, mas aposto que se você pentear os cabelos ninguém nem vai olhar tanto para o seu nariz vermelho. — Ela disse pegando uma escova que estava o seu lado e me entregando. Não tive tempo de fazer muita coisa, pois Stella entrou irritada batendo a porta. — Ravi va
Após aquela declaração linda e romântica, Ravi me deu um beijo na testa e saiu do quarto. — Meia hora! — Ele disse antes de fechar a porta atrás de si sem nem olhar para trás. Não demorou para escutarmos a porta da frente batendo indicando que ele havia saído da casa. — O que foi aquilo? — Stella perguntou assim que ele fechou a porta. — Liz! Já para o banho. Você vai ter um enfermeiro particular hoje. — Serena comentou empolgada. Fui arrastada para o banho por Serena que parecia muito animada com a cena. Tomei meu banho e não consegui deixar minha cabeça não vagar para o dia anterior: Ravi estava me perseguindo enquanto nós dois ríamos da situação. Eu caí quando dei um passo e afundei na neve e Ravi que não estava tão longe desviou de mim no chão e quase caiu ao meu lado. — Quem precisa admitir a derrota agora? — Ele perguntou me olhando divertido com uma bola de neve na mão que poderia acertar o meu rosto a qualquer momento. — Me ajude a sair daqui e eu vou acabar com você.
As duas pareceram ter uma conversa muda, mas decidiram me deixar com ele. Não demorou muito para que todos fossem para os seus encontros. Ravi ligou a televisão e nos sentamos no sofá para assistir a um filme. Acho que cochilei no sofá, pois não o vi saindo. Olhei ao redor confusa. Poster de banda de rock? Serrei os olhos para enxergar melhor, paredes azuis, bola de basquete no chão, roupas na cadeira. Onde eu estou? Foi quando eu olhei para o lado e o vi, deitado na cama ao meu lado novamente lendo um livro. Espera aí! Olhei mais uma vez para a "minha cama" e percebi que não, eu não estava nem no sofá nem no meu quarto. Eu estava no quarto dos gêmeos. Tentei me levantar em um pulo, mas fiquei com tontura, acho que por me levantar rápido demais. Eu ia cair na cama novamente, mas Ravi foi mais rápido. Sinceramente não sei como ele saiu de "lendo um livro na cama ao lado" para "me ter em seus braços me impedindo de cair". — Liz! — Ele disse alarmado. — Eu estou bem. Só me levante
Depois de tomar um chá quentinho feito por ele, chá raiz, feito com folhas de hortelã, os pais dos gêmeos só tomam chá natural, Ravi me surpreende mais a cada dia. Enfim, tomei o chá de hortelã que estava divino, ali, deitada na cama dele com o próprio sentado no chão ao meu lado conversando sobre banalidades. Acho que desde que nos tornamos amigos, nunca ficamos naquele silêncio constrangedor. — Como você acha que está sendo o encontro da Stella e do meu irmão? — Ele me perguntou mudando de assunto. — Se seu irmão inventou uma aposta para chamar ela para sair, eu diria que não está tão bem. — Dei de ombros. — Ele gosta dela. — Ele me respondeu sem rodeios. — Mas? — Perguntei. — Liam nunca teve problemas com garotas e Stella é diferente. — Deu de ombros. — Tipo você? — Perguntei e mordi a língua em seguida. Não queria entrar naquele assunto com ele, ali, toda bagunçada e ranhenta. — É diferente. Eu nunca iria te beijar, por exemplo, sem um sinal seu, já Liam, aposto que fo
Ravi ficou ali sentado ao meu lado na cama dele pensativo. Será que o rapaz estava pensando tanto em ontem como eu? Não! Eu que sou a obcecada aqui. Sim, eu estava toda molhada, principalmente os cabelos. Estávamos voltando para a casa da Stella. Os rapazes estavam mais atrás conversando animados e eu estava com o meu time perdedor mais à frente. — Fiquei sabendo de uns amassos na neve. — Lene comentou jogando a informação no ar. — Amassos? Eu estava sem condições de fazer isso enquanto corria atrás de vocês. — Caíque declarou fazendo Serena rir. Sim, poderia ter sido Serena e Caíque dando uns amassos, mas teve certeza de que o comentário foi para o meu beijo interrompido. Eu nunca chamaria aquilo de amassos. — Estou falando de um gêmeo presidente de classe e uma menina que adora maratonar séries de romance. — Stella se fez de desentendida novamente. Caíque e Serena me olharam espantados. — Não foi nada como Stella está falando. Quando eu senti seus lábios nos meus, Ravi foi ar