Enquanto ele falava eu pensava em como seria isso, caso eu aceitasse eu ficaria aqui, provavelmente bem, mas e ele e Ravi? sozinhos em Creta, em um lugar hostil, a terra do inimigo, eu não aguentaria de preocupação...
Nikolas falava com toda a segurança que eu estaria melhor aqui, sendo cuidada e aliementada, eu não duvidava disso, mas ainda assim não parecia o certo a se fazer, deixa-los sozinhos nessa empreitada tão perigosa.
- Pensei que você não confiasse nessas pessoas. - o lembrei.
Ele riu um sorriso discreto, porque a algumas horas atrás ele estava me chamando de ingênua e burra, dizendo que eu havia confiado nas pessoas desse lugar de modo precoce, mas aqui estava ele dizendo para que eu poderia pe
- Pode imaginar no começo como era viver assim? alguém as vezes me tocava sem querer e eu ficava paralisado vendo as lembranças tristes e vergonhosas de alguém que eu mal conhecia, isso era muito ruim, com o tempo é claro que eu aprendi a controlar, no entanto até isso acontecer eu fiquei extremamente deprimido. - eu acreditava que deprimido era uma palavra mais suave que ele havia escolhido propositalmente. - depois fiquei com raiva e o ódio foi crescendo dentro de mim, e o plano surgiu, matar todos os cretenses que me fizeram mal, viajei escondido para Creta e matei cada um deles, e suas famílias, isso não me deu paz, me deixou mais atormentado, aconteceu a transformação de Alexandre e logo depois minha mãe morreu, em condições misteriosas, até hoje eu não como ela morreu, mas você deve presumir que após sua morte
- Quem contou isso a você? - perguntei.- Meu pai me contou, estou sendo muito intrometida? Não quis ofender você.- Quem é seu pai?- O senhor Felippo, por isso sou muito grata por vocês ajudarem, provavelmente se não estivessem lá ele não teria retornado, estávamos sofrendo com aquele Ciclope a meses. - respondeu ela.Eu a encarei ainda assimilando que ela era uma ancestral do homem que eu odiava, que da sua linhagem séculos depois surgiria um homem doente e pervertido, que machucaria inúmeras pessoas, machucaria crianças... que me feriu.Como pessoas boas como aquela faziam parte da mesma família? Eu não compreendia, mas percebi que não seguiria alimentando os pensamentos assassinos contra Felippo, ele não era mais só o rosto do homem que eu nutria um ódio profundo, ele era o pai de alguém, o pai de Zenia.E ev
Sua vida possivelmente teria tomado outro rumo tendo sua mãe ao seu lado.— Ela sempre me contava de como foi sua transição para vampira.- comentou Nikolas, eu aguardei que ele continuasse a falar, no entanto, ele não continuou, em vez disso ficou com o olhar perdido, como se estivesse voltando ao seu passado em pensamento.— O que ela contava a você sobre sua transição? — insisti, eu queria saber mais dessa vampira que possuía a mesma chama que eu, e saber também sobre como ela era como mãe desse vampiro, porque era impossível não ver a ligação de amor entre os dois.Ele voltou seu olhar azul profundo para mim.— Ela me contava histórias de quando foi transformada em vampira, ela sempre foi da nobreza, mas não de Atenas, ela vem de Esparta, filha do rei de Esparta, por muito tempo ela se ressentiu com seu pai o rei Leon,
- Eles não retomaram as terras?- perguntei. - Eu não me lembro disso no tempo que estive em Creta, como deve imaginar eu não recebia muitas noticias em minha cela. Não falamos mais depois disso, o silencio voltou a se instalar entre nós, mas não foi um silencio desagradável, foi natural. Lentamente eu fui me deixando envolver pelo sono, mergulhando na inconsciência agradável, meu corpo foi se tornando pesado, em seguida se tornou leve e foi como se eu estivesse flutuando, eu queria um sono sem sonhos, porque eu não tinha sonhos, eu tinha pesadelos, terríveis pesadelos... Eu voltei para a boate, ergui as mãos no rosto para bloquear a luz forte que me cegava, então uma musica começou a tocar, eu conhecia a musica, já tinha dan
Nikolas riu da resposta de Ravi, caminhou até o homem que segurava um dos cavalos, um grande e musculoso e entregou algumas moedas nas mãos do dono dos cavalos, ele puxou seu cavalo com confiança, o cavalo prontamente o obedeceu. - Só não atrasem a viagem com toda essa delicadeza. - alfinetou e subiu no cavalo em um pulo veloz. Olhei para Ravi que pagava ao senhor grisalho pelo seu cavalo e se despedia, ele puxou a égua até nós e me estendeu a mão. Acredito que ele esquecia que eu tinha total capacidade de subir sozinha, quando eu disse que não sabia andar a cavalo não foi por medo de cair, e sim por medo de não guiar o animal corretamente e ele se assustar, e eu acabar por machuca-lo, ser vampira me tornou extremamente forte, mas não mais habilidosa do que antes, e uma força sobre-
- Temos que continuar, ou nunca chegaremos ao porto de Pireu. - resmungou o príncipe voltando do rio. Ele nos encarou impaciente e puxou seu cavalo de volta para a estrada. - Vamos. - disse Ravi para mim. - Depois vamos conversar. - o avisei. Seguimos de volta a estrada e montamos no cavalo, quando estávamos próximo do porto nos deparamos com uma jovem correndo completamente nua pela estrada, eu congelei em cima do cavalo com a cena que vi, ela era muito jovem, parecia ter quase minha idade, entre dezoito e dezesseis, eu tinha dezessete. Seu corpo estava coberto de arranhões, suas roupas pareciam ter sido rasgadas de seu corpo, porque havia sobrado restos de panos rasgados
O porto de Pireu estava cheio, várias pessoas vendiam coisas e outras compravam, conseguimos chegar antes do anoitecer, mas o ultimo barco já havia partido a pelo menos meia hora nos informou um dos funcionários dos barcos. Eu estava ciente de que nosso atraso era por minha causa, se eu não tivesse insistido para ir atrás da garota na mata teria chegado a tempo de pegar o ultimo barco, mas de todo caso eu não me arrependia da minha atitude, porque eu sabia como era estar assustada e sozinha. - O que faremos agora? - perguntei aos dois. - Vamos procurar um lugar para passar a noite aqui perto e partiremos no primeiro barco ao amanhecer. - disse Ravi. - É uma boa ideia. - concordou Nikolas.
A ruiva retornou com nosso jantar, em sua badeja a comida veio recém saída da cozinha, o aroma era delicioso, ela colocou nossos pratos a nossa frente, mas é claro que na vez de Nikolas ela fez uma verdadeira cena, colocou o seu prato a sua frente, mas quando foi se virar para ir embora fingiu se desequilibrar e Nikolas a segurou pela cintura a puxando para si. Ravi e eu ficamos parados olhando a cena constrangedora, a ruiva que havia se desequilibrado de modo tão teatral e Nikolas bancando o herói... eu estava ficando enjoada. - Como você foi rápido meu senhor. - ronronou a ruiva sem pressa para levantar de cima dele. - É melhor ficar mais atenta a partir de agora. - aconselhou ele a soltando. Mas a ruiva não se levantou, permane