Sinto nossos corações em um ritmo malucoEnquanto você sussurra sobre amores verdadeiros.Me ensina a sentir outra vezQue eu te ensino a amar o que sente.Amor... o mais complicado e mais perfeito...AmorCameron― Então, você não consegue mentir? ― o velho atrás da mesa pergunta, enrolando seu bigode com as pontas dos dedos. ― É algum distúrbio mental?Distúrbio mental? Que babaca!― Considero um dom e uma maldição. ― Dou de ombros. Me lembro de ter escutado algo assim em uma série de tv. ― Mais maldição de que dom.― Tipo mágica, Harry Potter? ― Um dos seus seguranças pergunta. O Pereira a minha frente tem três deles na sala.― Harry Potter é um bruxo. Eu apenas não minto ― respondo entediado. Sei bem porque esse imbecil me chamou assim. Não é o primeiro a fazer uma associação errônea.― Nem que sua vida esteja em jogo? ― O cara insiste.― Coloque uma arma na minha cabeça, faça uma pergunta que não deseja saber a resposta e veremos.― Gostei desse teste. ― O velho Pereira se pronun
AmandaAntesEle está parado ao lado do carro, me esperando. Tenho certeza que meu pai não o colocaria como meu segurança particular se soubesse o que sinto sempre que seu olhar quente encontra o meu.Luciano. Um moreno alto e cheio de tatuagens, com olhos castanhos brilhantes e gentis demais para um segurança. Ele se parece com o irmão, Raul, que também é segurança da família. A diferença entre os dois é a altura, acredito que ninguém que eu conheça alcance a altura do Raul. Nem seu irmão conseguiu.Ele abre a porta do carro para eu entrar, e no gesto esbarra em meu braço, de propósito... Só pode ser. Engulo em seco, o efeito entre minhas pernas é imediato. Luciano sabe, não escondo meus desejos. E eu sei o que ele sente agora. É tão intenso que faria uma puta corar.O silêncio se instala quando ele entra no carro e começa a dirigir.― Quando vai ser homem e confessar que está doido para me comer? ― A surpresa com minha ousadia o faz perder o controle do carro por alguns segundos. Nã
CameronUm ano. Nem acredito que durei um ano em um trabalho. Está certo que 90% do pessoal do Pereira me evita, como se eu fosse jogar alguma verdade na cara deles e manchar suas reputações. Como se eu soubesse os segredos mais obscuros desses babacas. Tenho mais o que fazer. Os outros dez por cento não tem medo e adora me provocar. Também não ligo. O importante é o dinheiro vivo na minha mão todo mês.O Pereira é um sujeito certo com seus afazeres financeiros, isso não posso negar. E para minha sorte não participa dos ataques pessoalmente, como sou seu segurança, eu também não.Pelo menos até aquele dia.Não entendi o que o Pereira pretendia levando quatro seguranças em um passeio em um parque famoso por um restaurante entre as árvores. Só fui saber da merda que esse homem pretendia quando vi aquelas pessoas saindo do restaurante e eles colocando as máscaras e saindo do carro.― O que estão fazendo? ― questionei incrédulo. O velho Rodrigues estava com mulheres e crianças em algo que
Amanda― Fala sério! Achei que isso seria um encontro familiar, não uma intervenção para que eu tenha filhos ― reclamo deixando meu suco de lado e focando cada um ao redor da mesa. Até nisso me dei mal, fui escalada para ser a responsável do grupo, as bonitas bebendo cerveja e eu suco, até meu pai está degustando seu vinho.Mesmo com dois seguranças nos acompanhando, esse é o protocolo quando saímos com crianças, alguém precisa ficar completamente sóbrio.Eu devia saber que o assunto seria bebês e essas bobagens quando vi que quem participaria do passeio eram Amanda, Willow, Beatriz, Marcela, seus filhos e meu pai. Por isso estamos em um restaurante com área infantil. Nunca entrei em um lugar assim.― Você não tem mesmo vontade de ter uma pessoinha que te ama e que você ama incondicionalmente? ― Marcela pergunta com seu olhar sonhador. Ela é uma mulher tão positiva, nem parece que passou um tempão em cativeiro e teve até que mudar de nome por causa de toda confusão. Eu ainda a chamo d
CameronA morena é tão cruel quanto linda. Me jogou no porta-malas com as mãos amarradas atrás das costas e amordaçado. Não é a primeira vez que viajo assim, infelizmente. O caminho me serviu para pensar na minha vida até aqui. Todos os amigos que perdi, os empregos dos quais fui dispensado, a família que me tratava como um inimigo... Eu não os culpo. Quando eu era criança fiz o favor de contar ao meu pai que ele não era exatamente o meu pai. Até aquele momento eles tratavam minhas verdades como algo fofo, mas foi ali que descobriram que verdade demais é prejudicial. Meus pais ficaram sem se falar por mais de um ano. E mesmo depois de voltarem a dormir no mesmo quarto, a relação nunca mais foi a mesma. E comigo então nunca voltou a ser o que era. Eles agiam com cuidado na minha presença, quase não falavam. E quando fiz quinze anos e decidi sair de casa, nenhum dos dois tentou impedir.Foram alguns minutos de viagem ao passado.Quando finalmente a morena abriu o porta-malas, eu estava
AmandaDeu certo colocar Cameron como meu “segurança”. Pelo menos foi o que pensei.Instalei ele em um apartamento no meu prédio e ignorei completamente sua existência nos primeiros dias. Pelo que percebi ele nem saiu do imóvel. Provavelmente deve temer uma retaliação do Pereira.Foi uma semana de paz. Até meu pai mandar Alexandre me avisar que queria me ver.Lá fui eu bater na porta do ruivo.Ele abriu com cara de quem acabou de acordar. Preguiçoso. Dez da manhã de uma quarta-feira. Melhor arranjar algo para esse ruivo fazer.― Vista uma roupa apropriada e vem fazer papel de segurança. Você tem quinze minutos ― aviso e saio. É difícil não pular nele quando sinto todo o desejo que emana do seu corpo desde o momento em que ele coloca os olhos em mim.Alguns minutos depois de Cameron aparecer na minha frente de terno preto, deixei ele no carro e entrei na casa do melhor amigo do meu pai.Encontrei os dois sentados na sala, como se me aguardassem. Gostaria de dizer que meu pai parecia me
AmandaAcordo com uma leve ressaca e a campainha atacando meus ouvidos.Proferindo todo tipo de palavrão, visto a primeira coisa que encontro ― moletom e uma camisa de banda de rock ― e vou até a porta.― Qual é o seu problema? ― vou logo gritando. Odeio acordar assim. As pessoas acham que a pressa resolve alguma coisa. Acho a pressa um desperdício de qualidade do tempo.O ruivo ignora meu humor péssimo.― Seus irmãos acharam que você estava morta porque estão te ligando e você não atende, sendo quase meio dia.― Gracias pelo recado. ― Tento fechar a porta, mas ele passa por mim. ― O que foi?― Eu acho que é grave. Quero saber se vai precisar de mim.Até penso em retrucar, mas não acordo direito antes de um bom café.― Enquanto você fala com eles eu faço um café. Sou bom nisso. ― Esse homem escuta pensamentos agora?A palavra grave fica repetindo na minha cabeça enquanto ignoro o ruivo e vou até o quarto pegar meu celular. Várias tentativas de contato dos meus irmãos. Até mesmo alguma
CameronUm mês se passou desde a morte do velho Rodrigues e estou na mesma posição, trancado nesse apartamento fazendo absolutamente nada, além de farejar como um cachorro cada passo da morena mais gostosa que já tive o prazer de conhecer (não tanto quanto gostaria, infelizmente).Ela finge que não me vê seguindo seu carro para baladas e até mesmo motéis. Ela está afogando o luto em álcool e sexo. E eu só queria ser o corpo onde se refugia. Sou covarde demais para dizer por minha conta, então daria tudo só para que ela perguntasse.Sobre meus antigos chefes... Depois que os Rodrigues me levaram não tive mais contato com os Pereira, mas aposto meu rabo que estão comemorando a morte do velho e se sentindo vitoriosos, como se tivessem eles mesmo dado o tiro fatal, não que uma doença tivesse levado o homem.A diferença entre as famílias é gritante. Queria muito ter conhecido os Rodrigues antes de me meter com seus inimigos. É a primeira vez que sinto como se tivesse encontrado o meu lugar