AmandaAcordo com uma leve ressaca e a campainha atacando meus ouvidos.Proferindo todo tipo de palavrão, visto a primeira coisa que encontro ― moletom e uma camisa de banda de rock ― e vou até a porta.― Qual é o seu problema? ― vou logo gritando. Odeio acordar assim. As pessoas acham que a pressa resolve alguma coisa. Acho a pressa um desperdício de qualidade do tempo.O ruivo ignora meu humor péssimo.― Seus irmãos acharam que você estava morta porque estão te ligando e você não atende, sendo quase meio dia.― Gracias pelo recado. ― Tento fechar a porta, mas ele passa por mim. ― O que foi?― Eu acho que é grave. Quero saber se vai precisar de mim.Até penso em retrucar, mas não acordo direito antes de um bom café.― Enquanto você fala com eles eu faço um café. Sou bom nisso. ― Esse homem escuta pensamentos agora?A palavra grave fica repetindo na minha cabeça enquanto ignoro o ruivo e vou até o quarto pegar meu celular. Várias tentativas de contato dos meus irmãos. Até mesmo alguma
CameronUm mês se passou desde a morte do velho Rodrigues e estou na mesma posição, trancado nesse apartamento fazendo absolutamente nada, além de farejar como um cachorro cada passo da morena mais gostosa que já tive o prazer de conhecer (não tanto quanto gostaria, infelizmente).Ela finge que não me vê seguindo seu carro para baladas e até mesmo motéis. Ela está afogando o luto em álcool e sexo. E eu só queria ser o corpo onde se refugia. Sou covarde demais para dizer por minha conta, então daria tudo só para que ela perguntasse.Sobre meus antigos chefes... Depois que os Rodrigues me levaram não tive mais contato com os Pereira, mas aposto meu rabo que estão comemorando a morte do velho e se sentindo vitoriosos, como se tivessem eles mesmo dado o tiro fatal, não que uma doença tivesse levado o homem.A diferença entre as famílias é gritante. Queria muito ter conhecido os Rodrigues antes de me meter com seus inimigos. É a primeira vez que sinto como se tivesse encontrado o meu lugar
AmandaCameron literalmente desmaiou quando o joguei na cama.Sim, eu estou bêbada. Mas não tanto quanto ele, muito menos para não perceber o quão lindo esse ruivo é, mesmo apagado e bêbado. A boca vermelha, as pintinhas na sua pele branca. Não resisto e passo uma mão em seu cabelo macio.Mal percebo meu rosto se curvando em direção ao seu.― Stop! ― brigo comigo.Não é porque ele disse tantas vezes em poucas horas que me queria que eu tinha o direito de beijar alguém embriagado. Prefiro que esteja bem acordado quando beijar essa boca, porque garanto que não vamos ficar só nos beijos.― Bons sonhos, ruivo! ― beijo sua testa e me levanto.Quando chego em casa só tomo banho e me jogo na cama.Depois de um sonho gostoso envolvendo o ruivo e muitos acessórios eróticos, acordo com preguiça. É domingo, tudo que mais quero é ficar na cama. Nada de família, nada de assassinato, nada de tortura. Apenas eu e uma série policial na TV. Ontem Cameron me fez ver que eu precisava deixar meu pai ir,
CameronNão faço ideia de como cheguei em casa.Acordo cinco da manhã depois de um sonho onde o velho Rodrigues me repreende.Você disse que se casaria com minha filha e está deixando ela viver assim? Você não é nada do que eu esperava.Suas palavras reverberam na minha cabeça.Nem vejo o momento em que saio do meu apartamento com a chave que Alexandre me deu e entro no dela. Só percebo que carreguei meu lençol depois que me deito no sofá. É bem provável que ainda esteja bêbado.Quando ela acordar conversamos. O mundo ainda está girando.Fecho os olhos e parece passar poucos segundos quando sinto algo cair sobre mim. O peso cai e some com uma rapidez incrível.― Quem é você? ― uma voz melodiosa e sonolenta pergunta. Conheço essa voz.― Cameron ― respondo simplesmente. Uma dor de cabeça infernal faz parecer que meus miolos vão explodir.Puxo o lençol e me revelo. Dando de cara com a arma apontada na minha cara. A arma nem é o que mais chama a minha atenção. Meus olhos estão vidrados no
CameronAssim como hoje, aquele dia amanheceu chuvoso. E naquela noite morreu o primeiro Rodrigues. Eu fiz uma promessa a ele. E por isso estou aqui enfrentando a fera de olhos negros.― Meu Deus, cara, você não tem vida?Por falar nela...Estou sentado no seu sofá, tomando o café que acabei de fazer. Sim, eu não cumpri aquele trato de só usar as chaves em casos de emergência. Ou talvez vê-la seminua todas as manhãs seja uma emergência.― Tem um mundo lá fora. Vai se divertir. Eu sei fazer meu próprio café.― Acho que ainda não olhou pela janela ― digo me referindo a chuva forte que cai lá fora.Ela passa por mim e vai até a cafeteira.― O que? Tem medo de molhar e derreter? É feito de açúcar, por acaso?― Pode lamber para saber ― provoco.Sei que ela está mais irritada que o comum por esse tempo lembrar que perdeu alguém tão importante em sua vida. A morena pode ser uma onça em seu trabalho e talvez até em sua vida pessoal, mas é uma onça sensível.― Engraçadinho. Eu vou apontar uma
AmandaEstou muito ferrada. Meu corpo está começando a me dar sinais de que logo vai tomar o controle e mandar minha mente se foder.Tudo culpa desse ruivo.Se Cameron não fosse tão transparente. Se eu não pudesse sentir que ele sente mais que desejo... Inferno. Eu não posso me envolver. E o que disse a ele naquela manhã foi um aviso a mim. Claro que não conseguiria só uma noite com ele, não com tudo que quero fazer com aquele corpo perfeito.Eu percebo o jeito como ele olha o idiota que está massageando os meus ombros. Ele exala... ciúmes.Penso em dar uma chance ao idiota, só de pirraça, mas desisto. Isso é coisa de criança. Adultos não resolvem as coisas com pirraça. Sem contar que já transei com ele alguns anos atrás. E não foi lá essas coisas.Chateada por não conseguir parar de pensar no ruivo, me despeço dos meus amigos e ele me leva de volta ao meu apartamento.Só que não consigo dormir. Não consigo assistir, ler, nada. Estou excitada demais. Ruivo maldito!Entro no contato de
AmandaDurante todo o dia, não sai de casa.Ver meu segurança está fora de cogitação. Estou me sentindo a menina apaixonada que confessou seus sentimentos ao colega mais popular da escola.Nesse momento não é do meu pai que sinto falta, é da minha mãe. Queria colocar minha cabeça no colo da senhora Rodrigues e ouvir ela me dizendo que vai ficar tudo bem, que não tem problema me apaixonar outra vez.Droga! Droga! Droga! Eu estou apaixonada pelo meu segurança. De novo. Sem nem mesmo provar dele.Já chega de negar o óbvio.Meu coração não se importa com meu medo de reviver a tragédia do meu primeiro amor. Ele se entregou e que se dane. Maldito coração. Maldita boceta assanhada!Acho que é madrugada.Desperto com algo estranho.Sinto dedos acariciando meu rosto, a pele do meu pescoço, descendo perigosamente pelos meus seios nus. Não abro os olhos, quero sentir mais. E se eu abrir ele pode parar. Sei exatamente quem é.Seus dedos descem por entre meus seios. Me seguro para não reclamar por
AmandaAcordei sozinha na cama. E fui logo procurando indícios de que não foi um sonho. O que não demorou a aparecer. A prova de que realmente aconteceu entra pela porta do meu quarto sem camisa, só de bermuda.― Achei que ia precisar jogar água para te acordar, morena. Está com fome? Fiz panquecas. ― Antes que eu responda, ele começa a sair, mas se vira com um sorrisinho sacana. ― Ah pode vir só de calcinha. A visão vai deixar meu dia melhor.― Idiota! ― resmungo.Cameron sai do quarto rindo.Não vou só de calcinha, jogo um camisetão no meu corpo. Cara mais atrevido.Eu devia ter transado com ele e chutado da minha cama.Como se isso fosse o impedir de invadir minha casa e fazer panquecas. Tenho é que trocar a fechadura. Cara folgado.Quando chego na cozinha o encontro colocando as coisas na mesa. Um belo e recheado café da manhã.Mas só tem um copo.Levanto a sobrancelha.― Não vai tomar café também?― Tenho um compromisso agora. Fiz para você.― Compromisso? E se eu precisasse do m