BeatrizNão sei se tenho vontade de rir ou de chorar com esse presente do marido de Willow. Ainda estou encarando essa maleta cheia de dinheiro. Foi um segurança que me entregou na pensão. O recado era para eu considerar um presente por ter unido os dois.Sinceramente, essa maleta foi o cúmulo para eu entender que estava perdendo tempo. Não dá mais para procurar minha prima assim. Eu vou voltar para casa e dizer aos meus tios que se eles não procurassem a polícia, eu procuraria.Pro inferno com essa merda toda. Já deu de dar uma de detetive enquanto perco meus dias nesse lugar, me privando dos meus desenhos, da minha vida.Coloquei as poucas coisas que tenho aqui na mala, troquei de roupa para um jeans e uma camiseta verde e me preparei para sair da pensão. Depois de meses nesse lugar e sem respostas, já chega. Sei quando sou feita de besta. A última pessoa que falou saber do paradeiro de Marcela deu informação falsa, assim como todas as informações que recebi. Só queria dinheiro para
WillowNão me canso de olhar esse anjinho. Tão pequeno e tão poderoso. É capaz de deixar os pais de joelhos com um choro ou um sorriso.― Você é minha vida, Vitor! ― falei sorrindo para ele.Nem vi a porta abrindo.― Você vai furar nosso filho de tanto olhar. ― A voz de Alexandre se fez ouvir.― Não consigo parar. É mais forte que eu. Me arrasta daqui ― brinquei estendendo os braços.― Com prazer. Vamos nadar um pouco. Se ele acordar a babá leva para nós.― Isso, cunhada. Piscina. ― Amanda apareceu na porta de biquini fazendo barulho e causando uma expressão mortal no meu marido. Ela se calou na hora. Levantou os braços em rendição.Vitor ficava chatinho quando era acordado bruscamente.Me afastei da cama e meu celular começou a tocar, fazendo o olhar de Alexandre se virar na minha direção com o mesmo olhar que dirigiu a Amanda. Com uma mão atendia e com a outra mostrava o dedo do meio para ele. Era o telefone da Bia. Não falo com ela desde o casamento. Fiquei sabendo que Alexandre re
BeatrizO telefone continuava ligado. Como, mesmo com a confusão, o fone ainda estava pendurado em meu pescoço, ouvia a Rodrigues dizendo que estavam chegando. Aproveitei e li a tal carta. Se eu morresse pelo menos saberia as últimas palavras da minha prima.O choro de Ângelo ia e vinha. Eu tentava acalmá-lo, mas não sei nada sobre crianças.“Continue procurando. A vadia deve ter passado para outra pessoa. O sinal vem daqui.”“Devia ter rastreado a pulseira do garoto desde o começo, seu burro.”“Se é tão inteligente, por que não disse antes de seguirmos o carro atoa?”Ouvi vozes cada vez mais perto.Certeza que não eram do resgate.Para meu desespero, Ângelo começou a chorar. E eu também, ao perceber que seriamos descobertos.― Rápido, eles estão aqui ― gritei no telefone. Já estava um barulho mesmo.Mal terminei de falar e dois homens surgiram na minha frente. Era tarde demais. Ouviram o choro. Até tentei cobrir a boquinha dele, mas era tarde demais.― Acabou a brincadeira. ― Um dos
AndréFrustrado. Esse era o sentimento que me corroía enquanto voltava para a capital.Encontrei a casa vazia. Foi informação errada. Só espero que ir até lá com um falso mandato não coloque meu filho e a mãe em perigo.Liguei meu telefone pessoal novamente e enquanto dirigia ouvia mensagens de voz. A maioria era de Amanda me xingando e exigindo que voltasse para casa.A última me intrigou.Era uma mensagem de Alexandre.“Venha para minha casa assim que ouvir isso. Estamos com seu filho.”Como assim estão com meu filho?Enfiei o pé no acelerador.Em poucas horas estava na porta de Alexandre. Podia ter ligado do caminho, mas estava tão apavorado que nem pensei direito.― Onde ele está? ― perguntei enquanto entrava.― No quarto, dormindo com o Vitor. A babá está cuidando deles.― Como ele chegou até aqui?― A colega de pensão da Willow trouxe. Pelo que entendi, ela é prima da mãe do garoto e estava sendo perseguida por algumas pessoas. Os que achamos estão mortos.― A mãe dele é Marcela
AndréAlexandre parado na minha frente, esperando explicações que eu devia a todos. Era hora de confessar meus pecados.― Sampaio foi na delegacia algum tempo atrás e me ameaçou com um possível filho se eu não o ajudasse a escapar.― Ai você deixou.― Ele prometeu que ninguém sairia ferido. Por isso deixei que não fosse pego.― Mas alguém se feriu. Alguém morreu.― Sim. E estou disposto a pagar pelo meu erro.― E Jessica?― A mesma coisa. No fim percebi que não era coisa de Sampaio ou dela. Eles não tinham ligações. Exceto uma. Descobri que os dois foram atrás da família Pereira para conseguir proteção contra nós. E de alguma forma eles acharam Marcela e o menino. Pelo que Sampaio disse, estão com eles desde antes de o garoto nascer.― E por que só usaram essa carta agora?― Não sei. Talvez questão de oportunidade.― Isso é uma grande confusão. Ainda não sei o que fazer, meu irmão. Entendo a sua situação, porém ainda terá que ser castigado pelo seu erro. Temos que ser exemplo.― Faça
Beatriz― Repete essa merda. ― Não podia acreditar que estava ouvindo isso. Nem precisa ser inteligente para perceber com tudo isso que esse homem é perigoso e que vai acabar deixando Ângelo se ferir.― Ângelo é um Rodrigues. Com a morte da mãe ele vai ficar com o pai. ― disse me encarando, como se me desafiasse.― Não pode fazer isso ― devolvi.― Posso. Com a comprovação da paternidade não tem nenhum juiz que dê a guarda a uma prima da mãe.Pior que essa merda é verdade.― Mas na carta...― Que carta? ― começou a rasgar o papel que estava em sua mão. Desgraçado!A raiva em mim era tamanha que fiquei sem palavras por instantes. Tempo o suficiente para ele dizer:― Amanda, pode ajudar ela a voltar para sua família? Eles devem estar preocupados.Estou prestes a explodir de ódio.― Escuta aqui, seu merdinha! Você pode até ser o doador de esperma, mas é só. ― Depois me arrependo de alterar o tom de voz na casa dos outros. ― Pai é que não é. Se fosse pai não seria na minha porta que aquela
BeatrizMeus pais se assustaram quando me viram entrando em casa, depois de dizer que estava fora do país.Contei para eles onde estive e o que aconteceu nos últimos momentos.Eles ficaram indignados com a mentira e por eu ter ficado em uma pensão. Juro, isso foi o que mais os indignou.― Vocês precisam fazer alguma coisa para tirar o Ângelo daquele homem ― pedi.― Somos pessoas ocupadas e já não somos tão jovens, Beatriz. Se ele é o pai, melhor que crie o menino. ― Meu tio respondeu.Não acreditei no que ouvi.― Ouviram a parte em que quase morri e que a filha de vocês morreram. ― Me virei para o meus pais que permaneciam quietos. ― Vocês concordam com isso?― Filha, a situação é muito complicada. Temos um nome a zelar. Brigar na justiça por uma criança... ― Mamãe começou, mas interrompi.― É o filho da Marcela, não uma criança. Que palhaçada é essa? Quem são vocês? Parece que os pais maravilhosos só existem se não houver problemas. Foi assim que resolveram o problema da Marcela quan
AndréApós a saída de BeatrizOs olhares eram todos em minha direção. Levantei uma sobrancelha, intrigado com a sensação de ser julgado pelo que acabaram de ouvir.― O que foi? Acham que eu devo satisfação a uma parente qualquer?― O que foi pergunto eu. ― Meu pai foi o primeiro a se pronunciar. ― Para que toda essa raiva? Você nem conhece a moça.― Conhece sim. Eu me lembrei agora, ela saiu do seu quarto no castelo no casamento do Alexandre, eu vi. ― Amanda falou, causando ainda mais olhares em minha direção, como se fosse possível.Olhei para ela com raiva.― Foi sexo de casamento, só isso.“E deve ter sido ruim para você ter tanta raiva dela.” ― Não sei porque me dei ao trabalho de interpretar os sinais de Antônio. Não fui o único a interpretar, e todos riram.― Não tenho raiva dela. A questão é que ameaçou tirar meu filho de mim. ― Era um problema só meu que o sexo tenha sido incrível.― Acho que foi você quem começou. ― Willow falou passando o braço ao redor da cintura do marido.