AndréNão faço ideia do porque estou feito idiota assistindo a câmera de segurança, esperando Beatriz voltar. Não é assim que se resolve as coisas. Só que não consegui me afastar. Era quase uma da madrugada e chovia.Assim que o carro parou na porta, meu coração disparou. Alexandre estava certo, eu estou perdidamente apaixonada por essa mulher. E é como levar uma facada ver ela aos beijos com outro homem dentro do carro.Fiquei assistindo feito um alucinado. Minha vontade era de ir até lá e colocar minha arma na cara do imbecil. Estourar seus malditos miolos. Aquela boca é minha, somente eu posso beijar.Ele tentou descer a blusa dela pelas alças e eu levantei do meu lugar. Era demais. Não mesmo. Não vou permitir.Sai da sala de segurança e segui para a sala de estar. Andava de um lado para o outro feito um cão raivoso aprisionado. Dividido entre ir até lá e acabar com a raça do otário ou aceitar que ela tem direito de ficar com quem quiser, quando não fui claro em relação a nós doi
AndréChegando na mansão, Amanda perguntou ao seu segurança, que parece ter deixado na casa:― Onde ele está?― No quarto dele com ela. Mal respira. Antônio não usa segurança, gosta de ficar sozinho. Viemos no meu carro porque ela estava de moto nessa chuva.Cada segundo eu ficava mais preocupado.― Amanda, pode falar o que está acontecendo? Nosso irmão se machucou?Deu vontade de balançar minha irmã, que ignorou minha pergunta e correu para as escadas que levavam aos quartos.Quando passei pela porta encontrei a seguinte cena: meu irmão sentado em uma poltrona ao lado da cama, com os braços apoiados na cabeça que estava apoiada nos joelhos.― Antônio? ― chamei me aproximando.Ele levantou o rosto devagar. Seus olhos estavam vermelhos, como alguém que chorou até a última lágrima e em seu rosto havia um enorme curativo sujo de sangue.― Caralho! O que houve com seu rosto, irmão?― Cortou por causa dela. ― Olho para Amanda e ela aponta a mulher deitada na cama, com curativos no rosto,
AndréSó consegui voltar para casa na metade da manhã. Antônio deu trabalho, não queria reagir. Tivemos que dar um sossega leão para ele se acalmar. Alexandre não tem ideia do que fazer com essa situação. Mesmo não sendo mais parte de tudo isso, disse que ele poderia contar comigo com o que fosse preciso. Afinal, é uma questão que envolve toda a família.Quando cheguei em casa, Beatriz não estava. A babá disse que ela foi ver os pais e os tios.Decidi tomar um banho e dormir um pouco. Por ser domingo estava de folga, pelo menos foi o que pensei. Não dormi nem três horas e fui acionado. Uma situação com reféns estava em andamento. Grave o bastante para acionarem até os que estavam de folga.Às vezes ser um Rodrigues é mais fácil que ser detetive. Odeio situações com reféns. Por mim mataria sem piedade. Não aguento ficar aguardando negociações. E a porra do bandido está em uma creche ameaçando funcionários e crianças. O que um filho da puta desse acha que está fazendo?Só de imaginar qu
AndréCheguei em casa mais tarde que de costume em meus dias de trabalho. Pelo menos depois de tudo amanhã terei folga.Na minha sala, Beatriz estava sentada com uma visita. Mesmo cansado eu queria muito uma foda gostosa no banho. Visita chata! Muito fora de hora.Estava passando por elas, sem vontade de socializar e sem saber se Beatriz teria um treco se a jogasse nos ombros, subisse para o quarto e ignorasse a mulher até ela se tocar e ir embora.― Boa noite! ― a mulher disse me olhando com curiosidade.Beatriz olhava em expectativa.― Boa noite! ― respondi sem parar de andar.― Não me reconhece, Rodrigues?Pelo jeito não era apenas uma visita, era alguém que eu teria que reconhecer.Me virei. Não consegui disfarçar me expressão de estou pouco me lixando.― Marcela Albuquerque. Um prazer revê-lo. ― Ela sorriu e eu arregalei os olhos.― Marcela? ― Só nesse momento liguei a imagem a mulher com a qual transei algumas vezes, só que ela estava morta. Como isso é possível?― Sim. Mais viv
BeatrizNão acredito. Amanhã preciso conversar com Marcela. Podemos inventar a desculpa que for, mas deixar uma desconhecida enterrada em seu lugar não é certo.Como não conseguiria dormir tão cedo, peguei meu material e comecei a desenhar um sobretudo masculino que surgiu na minha mente, bem sombrio. Só parei quando bateram na porta.― Está aberta ― informei.André passou pela porta logo em seguida.― A sua prima já foi embora. Pedi ao motorista para levá-la ― informou.― Tudo bem.― Ainda estou chateada?― Indignada que pensem assim. É como se só importassem vocês, a família de vocês. Outras pessoas também têm famílias.― Eu vou descobrir quem ela é e procurar a família dela. Não precisa explodir.― Foi um dia cheio. É melhor dormirmos. ― Sei que ele esperava que isso significasse sexo, podia ver em seu olhar, mas me ouvi dizendo: ― Cada um em sua cama.― Claro. Boa noite, Bia!E ele se foi sem reclamar.Odeio quando me chama de Bia. Na sua boca, e apenas nela, soa bem mais pessoal
BeatrizNão vejo André há dias. Meu corpo não se acostuma sem o seu. Tenho insônia e estou cada dia mais irritada.Sei que é mesquinho da minha parte, mas sinto falta de ser quase uma família com ele e o Ângelo. Agora sou exatamente o que ele disse que eu era quando nos encontramos, nada. Não sou nada para ele nem para o garotinho que tanto amo. Às vezes me pego pronta para ir até ele e gritar que o desgraçado fez eu me apaixonar e agora me ignora. Ai eu lembro que ele nunca me prometeu nada.― Um doce pelos seus pensamentos? ― Marcela se aproximou da piscina onde eu tomava um sol, pelo biquini de oncinha soube que teve a mesma ideia que eu.― Estava pensando em coisas aleatórias. ― Dei de ombros.― Com esse corpo aposto que é em qual homem vai enlouquecer mais tarde. ― Fez uma cara de tarada olhando meu corpo coberto por um minúsculo biquini branco.― Ultimamente eu é que estou ficando louca.― Credo! ― ela se sentou na espreguiçadeira ao lado. ― Pois eu estou pensando em investir no
AndréDepois de chegar do escritório de um primo que confecciona passaportes falsos, deixei a foto de Marcela sobre a cama junto com o anel que pretendo usar para declarar meu compromisso com Beatriz.Queria ficar um pouco com meu filho, mas antes precisava de um banho. Tirei a roupa e joguei na cama também ― sou bagunceiro mesmo ―, depois entrei no banheiro para um banho rápido.Enquanto tomava banho, pensava no jantar em família. Quero que Beatriz se sinta especial.Sai do banheiro enrolado em uma toalha enquanto enxugava o cabelo com outra. Encaro a caixa do anel sobre a cama. Poucos dias para o jantar. Sei que ela sente minha falta e isso me deixa mais esperançoso. Marcela sempre fala da prima, diz que está achando ela estranha, triste, que não sai com ninguém como antes. É bom que não saia mesmo.Assim que desci, a babá comentou:― Pelo jeito a conversa não foi das melhores. A Bia saiu daqui bem desnorteada, deixou até o carro.Ela nem esperou eu perguntar pelo meu filho, foi log
BeatrizA porta do quarto de hospital se abriu e Marcela entrou. Não sei se tenho forças para olhar para ela agora. A inveja que sinto da vida que ela terá com André e Ângelo é feia demais.― Como está? ― perguntou se aproximando da cama.― Bem. O médico só quer que eu fique de observação por causa da pancada na cabeça.Ela me encarou por algum tempo, até finalmente dizer:― Você devia ter me dito que tinham mais que uma transa ocasional.Pronto. Lá estava ela falando sobre o que eu queria esquecer. Eu devia ter falado que estava mal e que o médico me proibiu de conversar, porém lá estava eu com lágrimas descendo pelo rosto.― Você teria percebido se tivesse realmente olhado em meus olhos. Mas não importa. Não sou o tipo que dá em cima do marido dos outros. Vocês se amam, tem um filho e vão se casar. Vou torcer para que sejam felizes.― Eu não olhei em seus olhos porque tenho vergonha de onde deixei a minha vida chegar. Ângelo foi a melhor coisa que aconteceu na minha vida, mas se não