AlexandreQuando chego em casa, meus irmãos e meu pai estão me esperando.― Como eles estão? ― meu pai pergunta.― Fora de perigo. Só vim tomar banho e pegar algumas coisas.― E você? Cuidou da perna? ― Amanda pergunta.― Sim. O tiro foi de raspão. Já dei um jeito.― A Nina preparou uma feijoada. Ela disse que precisa de um alimento substancioso ― ela fala, sem o ânimo de sempre.― Não estou com fome.― Mas vai comer. Que força vai passar para sua mulher se estiver fraco? ― meu pai me lança aquele olhar de quem dá lição em criança teimosa.― Vou tomar banho primeiro.Os deixo na sala e entro no quarto, me livrando da roupa e entrando no chuveiro.Sob a ducha de água fria, choro tudo que estava preso em minha garganta enquanto as cenas de hoje vinham com força à minha mente. Quase perdi tudo.Apoio na parede, chorando de soluçar. Há tantos anos que não choro assim.Não posso mais permitir que Willow se machuque. O problema é que nem posso mais deixá-la ir. Meus inimigos já sabem que el
WillowDepois que Alexandre se foi, tudo que fiz foi ficar deitada. Não podia ver meu filho ainda. A enfermeira veio me ajudar a tirar leite para ele. Pelo menos isso eu podia fazer.Depois dormi. Só acordei ao sentir um toque carinhoso em meu rosto.É Alexandre. E está todo cheiroso, do jeito que gosto,sentado perto da cama.Lhe ofereço um sorriso.― Oi, pequena Will! ― fala.― Oi marido poderoso chefão.― Como está sentindo?― O melhor possível nessa situação. E você? Parece acabado. Ainda não conseguiram pegar aquela mulher? ― Talvez seja pecado, mas eu estou doida pela notícia da morte dela.Ele balança a cabeça em sinal de negativo.― Não. Temos certeza de que há um espião entre nós, só assim para dois escaparem em um intervalo tão curto de tempo. Precisamos descobrir quem é e acabar com isso.― Garanto que não sou eu ― brinco.Ele continua sério, o que faz meu sorriso murchar.― Eu estou com medo ― confessa. ― Faz anos que não sei o que é esse sentimento. Estou com medo de te lev
AlexandreAcabei dormindo na cama de hospital com Willow. Nosso pequeno Vitor ficaria na incubadora até os médicos decidirem que ele pode ir para o berçário e para casa. Evitei falar muito sobre o que nossa família faz. Ela parece acreditar que só nos livramos do lixo na sociedade, e é melhor assim. Não somos tão bonzinhos, só em 99% dos casos. Ainda existe o 1% que não passa de política e jogos de interesse. Willow também não perguntou mais nada, se concentrou em se recuperar para voltar para casa e cuidar do nosso filho para ele voltar também.Se passaram vários dias e finalmente pude sair do bendito hospital com minha mulher e meu filho chorão. Nossa, Vitor adora um drama! Mal nasceu e já consegue tudo na base do choro.Quando chegamos em casa, estavam reunidos meu pai, Raul ― que ainda se recuperava do tiro ― e meus irmãos com placas de bem-vindo e chapéus de aniversário. Nunca tinha visto na minha vida nosso pai com esse tipo de chapéu, sempre foram chapéus pretos.― Onde está An
WillowDois meses depois...― Acha mesmo que está pronta? ― questiona. A tensão no quarto é um misto de preocupação e tesão.― O médico já liberou. Acabou o castigo. Eu espero que o senhor esteja realmente de castigo porque se eu souber que andou se enfiando em outras por aí, Vitor vai ficar sem pai. ― Cruzo os braços. Só de imaginar Alexandre com outra, minha ira aflora.― Calma, pequena Will! O meu pau é só seu. E o resto também, se quiser. ― Me vira, me segurando pela cintura, por trás, e beijando meu ombro.― Também foi um castigo para mim ― murmuro, ficando excitada apenas com esse abraço. ― Você sabe.― Claro que sei. Nossa fase de voltar a adolescência me deixava louco ― fala perto da minha orelha, me deixando louca.― Vamos devagar, tá bom. Não vai destruir minha cirurgia com esse pau exagerado. ― Percebo que estou caindo em uma armadilha. ― Ei, espera! Estou falando para hoje à noite, não agora. ― Tinha planejando uma noite romântica para o nosso retorno ao sexo, e pelo visto
Todas as vezes que eu errei foi tentando acertarSe eu te deixar sem meu amor declarar A sua dor me afogaráAmandaLogo após o sequestro de WillowEstranhei a reação de André quando Alexandre falou sobre o traidor. Foi tão forte o seu sentimento de culpa que o segui quando ele saiu.Nos últimos meses venho sentindo emoções estranhas emanando do meu irmão. Ele não quis conversar a respeito e não insisti porque somos assim, aceitamos o espaço do outro. Mas agora está indo longe demais.― O que foi isso que senti? Culpa? ― chamei sua atenção antes que entrasse no carro.Ele parou, mas não se virou para mim, ficou segurando a porta aberta.― Eu vou embora da cidade por um tempo. Preciso resolver uma coisa. ― Ignorou minha pergunta.― Você tem algo a ver com o que aconteceu com a mulher do nosso irmão? ― fui direta.― Fique fora do que acontecer comigo, Amanda. ― Novamente ele não respondeu. Mas eu não precisava de respostas diretas e ele devia se lembrar disso.― Somos uma família. Você
BeatrizMeses antes do casamento do WillowÉ tão bom chegar em casa. Não via a hora do avião aterrissar e encontrar minha família. É quase cinco anos sem vê-los. Férias não conta. Gosto de ficar com meus pais, meus tios, principalmente minha prima Marcela.Há tempos ela não me manda uma mensagem, nem me liga. Vai ter que me dar uma ótima explicação. Simplesmente parou de responder minhas mensagens e ligações.― Seja bem-vinda, senhorita. ― Clovis, o senhor de setenta anos, veio me receber. Já aposentado, ele ainda trabalha como nosso mordomo. Diz não conseguir deixar a casa onde conheceu sua esposa, que também continua trabalhando aqui. Eles se tornaram da família. Como não fazem nada pesado ou prejudicial na idade, mamãe e tia Vivi deixam que continuem conosco.― Obrigada, Clovis. ― Sorri para ele. ― Como o senhor está? Cuidando da saúde?Ele devolveu o sorriso.― Estou bem, menina. Sempre cuidando para viver até os cem anos.― Você vai conseguir passar disso.Entrei sorrindo na sala
BeatrizDe acordo com o detetive que ainda está no caso da minha prima, Marcela passou alguns meses em uma pensão do Brás com alguns viciados que ela sustentava. E por uma confusão eles foram expulsos. Também soube que dois dos viciados dessa época voltaram a pensão e não sabem do paradeiro dela. Dizem que eles foram em uma boate cara e foi a última vez que se viram. Perguntei qual era a boate e a resposta foi: Rodrigues.Tudo decidido. Da mesma forma que meus pais e meus tios esconderam de mim, farei escondido. Vou encontrar Marcela.Informei que voltaria para a França. Não conseguiria ficar em casa enquanto eles não tratassem o sumiço de Marcela como desaparecimento e envolvessem a polícia.Depois de muita conversa sem sentido, eles me deixaram ir. Pareciam até aliviados com a minha decisão.O taxi parou na porta do aeroporto. Onde peguei outro e segui de volta para o centro, em direção ao Bras. Logo estava como moradora da pensão onde minha prima ficou.Dividia o quarto com mais du
André― Veio se entregar? ― fui logo falando ao entrar na sala e encontrar Sampaio sentado na minha cadeira. Já havia sido avisado que ele estava me esperando. É muita cara de pau dele estar aqui quando seu nome está na lista negra dos Rodrigues. ― Fiquei sabendo que tem muita gente querendo sua cabeça.Ele não pareceu abalado. Isso disparou um alarme em mim.― Quis ser o primeiro a te parabenizar.― Por? ― encarava cada detalhe dos seus movimentos. Teria que ficar esperto. Esse tipo é ardiloso.― Pensar mais com o pau que com a cabeça de cima. ― Ele riu.― Vai direto ao assunto.― Parabéns, papai. Seu filho é a sua cara.Não falei nada.― Você deve estar pensando: mas eu não tenho filho. Tem sim. E o mais legal é que a mãe o chamou de Ângelo. Deve ser para seguir a linha dos Rodrigues. Ridículo todos vocês como nomes iniciados com A.― Se eu tenho um filho ou não, onde você se encaixa? Comi alguma parente sua por acaso? ― debochei.― Acontece que se o seu irmão colocar as mãos em mim