AlexandreSei que todos que entram no meu andar acham que já comi minha secretária, mas não. Nunca fodemos.Ela tem todo o perfil das mulheres que esquecem seu lugar. A começar pelo estilo. Sua roupa é para seduzir, não para trabalhar. Nem minha mulher vem para a empresa vestida assim.No horário de almoço, Willow decidiu ir com meu segurança comprar comida japonesa. Estava com desejo e quando falei que ele poderia buscar ela disse que estava com desejo de ir também. E como ela faz o que quer, foi.Ela está demorando, e eu já ia atrás quando Linda entra na minha sala sem bater. Deixei a porta aberta por causa de Willow.Olho para ela em seu vestido verde ousado demais. Minha expressão é uma interrogação diante da sua atitude.― Senhor, eu... ― parece não estar se sentindo bem. Chega perto de mim, escorregando no meu corpo como se fosse desmaiar.Antes que eu pudesse segurá-la, ela estava agarrada as minhas pernas, se levantando. Nunca vi ninguém desmaiar assim. Só pode ser louca.― Po
WillowNos sentamos no mesmo sofá onde nos beijamos pela primeira vez. Diferente daquela noite, eu estou com um vestido mais soltinho por causa da barriga. Alexandre de camisa branca de botões e calça preta. Tão lindo quanto naquela noite em que o conheci.― Se pudesse voltar no tempo, você nunca teria mandado seu segurança me arrastar até aqui ― comento olhando as pessoas na pista.― Mesmo se eu voltasse sabendo cada acontecimento posterior, eu teria feito o mesmo ― responde acompanhando meu olhar.Eu duvido. Ele pode me amar hoje, mas naquela noite só queria se divertir.― Foi só um comentário. Não precisa mentir para mim. Foi só um comentário. Sei que baguncei a sua vida.― Você rodou a minha vida tantas vezes que ela acabou caindo no lugar certo. Quem mais seria maluca de me aceitar de todas as formas que me apresento?― É o que mais tem, mulher querendo o meu lugar. Linda, Lavinia, e outras que nem sei. Você é cheio da grana, esqueceu? E tem um corpo maravilhoso.Enquanto falávam
WillowO tempo passou bem rápido, já estou no sétimo mês. Imensa é a palavra que me define.Parece que estou casada com Alexandre há anos. Conhecemos nossos defeitos, monstros no armário. Ele já fala abertamente sobre as coisas que sua família faz. O que me assusta às vezes, mas quando olho para os seus irmãos tudo que vejo é uma família que se ama e se protege, então só peço que não me dê detalhes e seguimos nossas vidas.Tem uma coisa que me cansa: é sempre ter seguranças me seguindo. Não acredito que vá acontecer nada. Pelo que parece, Ricardo já desistiu de mim e nem sei quem são os clientes de Alexandre. Por isso estou aqui, respirando um pouco nessa praça, depois de deixar Raul me procurando na loja de brinquedos.― Bom dia! ― olho a mulher pequena e loira que se sentou ao meu lado. Já a tinha visto na televisão. É uma grande defensora de crianças abandonadas. ― Você é Willow Rodrigues, não?Acho estranho ela me conhecer. Alguém tão famoso.― Sim ― respondo.― Jessica Prates ― e
Alexandre― Porra! Mas o que está acontecendo nessa família? Era para essa mulher estar morta hoje.“André precisou de mim e deixei outro cuidando do assunto.” ― Antônio se justifica em sua linguagem de sinais.― E cadê a porra do André?― Está na delegacia. ― Amanda responde pelo irmão. Eu quero esfolar Antônio. O que me deixa menos puto é saber que ele é o mais irritado. Deve estar querendo se esfolar.Jessica Prates é o nome da vítima que escapou. A segunda em poucos meses. Tem algo muito errado aqui.“Eu vou pegá-la.” ― ele promete.Eu estou prestes a jogar qualquer coisa em meus irmãos quando meu celular começa a tocar.É Raul.― O que é? ― grito. Vai ser impossível parar de gritar hoje. Só assim para extravasar minha raiva.― Jessica Prates está com sua mulher.O chão some sob os meus pés. Preciso me apoiar na mesa.― O que? ― para quem não conseguia mais parar de gritar, eu não quase consigo mais falar.― Ela fugiu de mim. Quando vi, estava entrando no carro da Prates. Não cons
WillowForam momentos de pavor. Pensei que teria o pior fim sendo preparada para uma gravação de horror, sendo amarrada naquela cama e encarada por aquelas pessoas. Que merda as pessoas têm na cabeça para ter prazer sexual com o sofrimento de outro? Essas pessoas, Ricardo, os homens que contratou... Tem pessoas que são menos humanas que animais.Quando Alexandre chegou, eu estava tão apavorada que nem sabia identificar se ele estava mesmo ali. Era mesmo real o tal Lutero sangrando com uma tesoura no pescoço? Era real os tiros e as pessoas correndo? Parecia uma cena de filme. Talvez eu estivesse sonhando. Se estava era um pesadelo. Do qual despertei ao ver Alexandre ferido na perna.Só percebi que o havia desobedecido e errado outra vez quando Raul caiu aos meus pés. Ele entrou na minha frente. Levou um tiro por mim.Parecia que tudo tinha acabado. Alguns corpos no chão. Ouvi Amanda falando que só havia feridos da família e que um dos homens de Jessica estava vivo e seria levado para i
AlexandreQuando chego em casa, meus irmãos e meu pai estão me esperando.― Como eles estão? ― meu pai pergunta.― Fora de perigo. Só vim tomar banho e pegar algumas coisas.― E você? Cuidou da perna? ― Amanda pergunta.― Sim. O tiro foi de raspão. Já dei um jeito.― A Nina preparou uma feijoada. Ela disse que precisa de um alimento substancioso ― ela fala, sem o ânimo de sempre.― Não estou com fome.― Mas vai comer. Que força vai passar para sua mulher se estiver fraco? ― meu pai me lança aquele olhar de quem dá lição em criança teimosa.― Vou tomar banho primeiro.Os deixo na sala e entro no quarto, me livrando da roupa e entrando no chuveiro.Sob a ducha de água fria, choro tudo que estava preso em minha garganta enquanto as cenas de hoje vinham com força à minha mente. Quase perdi tudo.Apoio na parede, chorando de soluçar. Há tantos anos que não choro assim.Não posso mais permitir que Willow se machuque. O problema é que nem posso mais deixá-la ir. Meus inimigos já sabem que el
WillowDepois que Alexandre se foi, tudo que fiz foi ficar deitada. Não podia ver meu filho ainda. A enfermeira veio me ajudar a tirar leite para ele. Pelo menos isso eu podia fazer.Depois dormi. Só acordei ao sentir um toque carinhoso em meu rosto.É Alexandre. E está todo cheiroso, do jeito que gosto,sentado perto da cama.Lhe ofereço um sorriso.― Oi, pequena Will! ― fala.― Oi marido poderoso chefão.― Como está sentindo?― O melhor possível nessa situação. E você? Parece acabado. Ainda não conseguiram pegar aquela mulher? ― Talvez seja pecado, mas eu estou doida pela notícia da morte dela.Ele balança a cabeça em sinal de negativo.― Não. Temos certeza de que há um espião entre nós, só assim para dois escaparem em um intervalo tão curto de tempo. Precisamos descobrir quem é e acabar com isso.― Garanto que não sou eu ― brinco.Ele continua sério, o que faz meu sorriso murchar.― Eu estou com medo ― confessa. ― Faz anos que não sei o que é esse sentimento. Estou com medo de te lev
AlexandreAcabei dormindo na cama de hospital com Willow. Nosso pequeno Vitor ficaria na incubadora até os médicos decidirem que ele pode ir para o berçário e para casa. Evitei falar muito sobre o que nossa família faz. Ela parece acreditar que só nos livramos do lixo na sociedade, e é melhor assim. Não somos tão bonzinhos, só em 99% dos casos. Ainda existe o 1% que não passa de política e jogos de interesse. Willow também não perguntou mais nada, se concentrou em se recuperar para voltar para casa e cuidar do nosso filho para ele voltar também.Se passaram vários dias e finalmente pude sair do bendito hospital com minha mulher e meu filho chorão. Nossa, Vitor adora um drama! Mal nasceu e já consegue tudo na base do choro.Quando chegamos em casa, estavam reunidos meu pai, Raul ― que ainda se recuperava do tiro ― e meus irmãos com placas de bem-vindo e chapéus de aniversário. Nunca tinha visto na minha vida nosso pai com esse tipo de chapéu, sempre foram chapéus pretos.― Onde está An