Zara Miller Assim que coloquei o hidratante nas mãos e comecei a massageá-las, tentei afastar a imagem da foto que havia visto na gaveta. Quem era aquela mulher? E o menino que parecia tanto com Alexander? As perguntas martelavam na minha cabeça, mas sabia que aquele não era o momento para explorar essas questões.Terminei de aplicar o hidratante e deitei-me ao lado de Alexander. O ambiente estava silencioso, a música suave que eu havia colocado preenchia o espaço com uma tranquilidade reconfortante. Ainda assim, eu estava tensa, consciente de cada movimento, de cada respiração.Olhei para ele de relance, e para minha surpresa, notei que Alexander já havia fechado os olhos. Seu rosto, antes marcado por uma expressão séria e controlada, agora parecia relaxado, quase vulnerável. Ele estava realmente dormindo.Olhando para o relógio, percebi que não havia se passado nem cinco minutos desde que
Alexander Muller Acordei com uma sensação de relaxamento que não sentia há tempos. Meu corpo parecia mais leve, como se toda a tensão que costumava carregar tivesse sido temporariamente dissolvida durante a noite. Pisquei algumas vezes, ajustando-me à luz suave que entrava pela janela, e virei a cabeça para o lado, esperando ver Zara ali, ao meu lado. Mas o espaço ao meu lado estava vazio. Eu deveria estar acostumado com isso, afinal, Zara não era minha esposa de verdade, apenas uma esposa de aluguel. Ainda assim, havia algo perturbador naquela ausência, algo que eu não conseguia nomear. Meus pensamentos se dissiparam rapidamente quando decidi me levantar. Fui direto para o banheiro, onde tomei um banho quente, permitindo que a água escorresse sobre mim, como se estivesse lavando qualquer vestígio de inquietação. Depois de me vestir, segui para a cozinha, imaginando que estaria sozinho, mas para minha surpresa, Zara estava lá, já com o café da manhã pronto. Ela me recebeu com um s
Alexander Cheguei ao hospital como de costume, me sentindo mais tranquilo depois daquela manhã inesperadamente agradável. O ritmo da rotina hospitalar sempre teve um efeito calmante sobre mim, uma sensação de controle que me ajudava a manter minha mente focada. Mas, conforme me aproximava da minha sala, uma certa ansiedade começou a surgir, algo que eu não conseguia entender.Assim que entrei, encontrei minha sala já organizada, com os papéis dispostos de maneira ordenada na mesa. Eu estava pronto para começar o dia de trabalho, mas fui interrompido por uma batida na porta.— Entre — disse, enquanto ajeitava alguns documentos.A porta se abriu, revelando a figura do diretor do hospital, o Dr. Moreau, um homem de meia-idade com um olhar astuto, sempre aparentando estar um passo à frente dos demais.— Bom dia, Alexander — ele disse com um sorriso que parecia mais curioso do que amigável. — Espero não estar atrapalhando.— De jeito nenhum, Dr. Moreau. O que posso fazer por você?Ele f
Alexander Muller Meu pai, Jack, sempre foi um homem de poucas palavras, mas de muitas ações. Naquele momento, parado na minha frente, seu olhar dizia mais do que qualquer discurso poderia expressar. Ele estava ali, de novo, tentando me alcançar, tentando me puxar de volta para a vida. Seus olhos estavam cheios de algo entre a decepção e a esperança, como se esperasse uma explicação que eu não sabia se poderia dar. — Alexander, sempre estive presente para você — disse ele, a voz firme mas com uma ternura que raramente deixava transparecer. — No dia em que você se declarou para a Anna, quando ela estava prestes a se casar com outro. Eu estava lá, observando de longe, torcendo para que você encontrasse a coragem que precisava. Quando você soube que seria pai, lembro de ver a alegria e o pavor em seus olhos. Quando lançou seus dois livros, eu estava na plateia, orgulhoso de cada palavra que
Alexander Muller — Vou pensar no que você disse, pai. Mas, por enquanto, não tenho planos de me mudar da Alemanha — respondi, tentando manter um tom neutro, mesmo que a ideia de deixar tudo para trás e voltar a Cambridge mexesse comigo. Havia muitas coisas a considerar, e o peso da decisão não era pequeno. Meu pai parecia entender isso. Ele assentiu lentamente, sem pressionar, mas algo na maneira como ele olhava para mim sugeria que ele sabia mais do que estava me dizendo. — Mas me diga uma coisa, pai — continuei, com curiosidade. — Como você descobriu sobre o casamento? Jack olhou para mim, uma leve curva se formando em seus lábios, como se ele esperasse que eu perguntasse. — Bem, filho, foi a sua mãe — ele começou. — No início da tarde, nós decidimos passar no seu apartamento para uma visita surpresa. Quando chegamos lá, encontramos Zara. Ela estava arrumando o apartamento. Engoli em seco. A imagem de minha mãe, Emma, e Zara no meu apartamento me pegou de surpresa. Eu
Zara Miller Jantando com Alexander e seus pais, senti uma mistura de sentimentos me invadindo. A presença calorosa de Emma e Jack Collins trouxe uma sensação familiar e acolhedora, como se eu fizesse parte de algo maior. Desde o momento em que Alexander me pediu para fingir ser sua esposa, as coisas tinham se tornado... diferentes. No entanto, sentada ali, com uma refeição caseira e cercada por histórias, eu quase me esqueci de que tudo era uma fachada.— Então, Zara — disse Emma, com um sorriso gentil. — Nos conte mais sobre você. Eu sorri, tentando esconder o nervosismo.— Na verdade, sou uma leitora voraz. E, por coincidência, sou uma grande fã dos seus livros, senhor Collins, estou até nervosa diante de um dos meus autores favoritos— falei, olhando para Jack. — Eu tenho toda a coleção e os guardo com muito carinho. Acho fascinante como o senhor consegue capturar as emoções humanas de uma m
Alexander Muller Após o jantar, o clima na casa parecia estar mais tranquilo. Meus pais se retiraram para o quarto de visitas, comentando animadamente sobre o reencontro. Emma e Jack sempre foram pessoas carinhosas e acolhedoras, o que tornava cada momento em família mais leve, apesar das circunstâncias incomuns. Assim que eles fecharam a porta, senti o peso das revelações ainda pairando no ar. Olhei para Zara ao meu lado. Seus olhos estavam perdidos, talvez ainda processando tudo o que havia descoberto. Eu sabia que a verdade viria à tona eventualmente, mas não esperava que fosse dessa forma, nem que causasse tanto impacto. Ela sempre foi uma mulher forte, mas o que eu vi naquela sala de jantar era mais do que surpresa; era uma mescla de choque e algo que eu não conseguia decifrar completamente. Era hora de conversarmos a sós. — Vamos para o quarto? — sugeri, com um sorriso suave, tentando aliviar a tensão. Ela assentiu, ainda quieta, e me seguiu escada acima. Ao entrar no meu qu
Zara Miller Estávamos deitados, e o silêncio do quarto era preenchido apenas pela respiração suave de Alexander — ou melhor, João. Eu ainda estava tentando assimilar tudo o que havia acontecido naquele dia, as revelações, as emoções, as novas possibilidades que surgiam entre nós. Meus pensamentos estavam dispersos, mas a presença dele ao meu lado trazia uma calma que há muito eu não sentia. Ele se mexeu levemente e se virou para mim, seus olhos azuis capturando os meus com uma intensidade que me fez prender a respiração por um instante. — Zara, posso te perguntar uma coisa? — João falou, a voz baixa, quase um sussurro, como se não quisesse quebrar o momento. — Claro — respondi, curiosa e um pouco apreensiva. — Por que você veio ao apartamento hoje à tarde? — perguntou ele, os olhos atentos enquanto esperava minha resposta. Fiquei surpresa com a pergunta. Não achava que ele tinha notado minha breve visita. — Eu... Eu precisava trazer umas cortinas para a sala — expliquei, tentan