Alexander Muller — Vou pensar no que você disse, pai. Mas, por enquanto, não tenho planos de me mudar da Alemanha — respondi, tentando manter um tom neutro, mesmo que a ideia de deixar tudo para trás e voltar a Cambridge mexesse comigo. Havia muitas coisas a considerar, e o peso da decisão não era pequeno. Meu pai parecia entender isso. Ele assentiu lentamente, sem pressionar, mas algo na maneira como ele olhava para mim sugeria que ele sabia mais do que estava me dizendo. — Mas me diga uma coisa, pai — continuei, com curiosidade. — Como você descobriu sobre o casamento? Jack olhou para mim, uma leve curva se formando em seus lábios, como se ele esperasse que eu perguntasse. — Bem, filho, foi a sua mãe — ele começou. — No início da tarde, nós decidimos passar no seu apartamento para uma visita surpresa. Quando chegamos lá, encontramos Zara. Ela estava arrumando o apartamento. Engoli em seco. A imagem de minha mãe, Emma, e Zara no meu apartamento me pegou de surpresa. Eu
Zara Miller Jantando com Alexander e seus pais, senti uma mistura de sentimentos me invadindo. A presença calorosa de Emma e Jack Collins trouxe uma sensação familiar e acolhedora, como se eu fizesse parte de algo maior. Desde o momento em que Alexander me pediu para fingir ser sua esposa, as coisas tinham se tornado... diferentes. No entanto, sentada ali, com uma refeição caseira e cercada por histórias, eu quase me esqueci de que tudo era uma fachada.— Então, Zara — disse Emma, com um sorriso gentil. — Nos conte mais sobre você. Eu sorri, tentando esconder o nervosismo.— Na verdade, sou uma leitora voraz. E, por coincidência, sou uma grande fã dos seus livros, senhor Collins, estou até nervosa diante de um dos meus autores favoritos— falei, olhando para Jack. — Eu tenho toda a coleção e os guardo com muito carinho. Acho fascinante como o senhor consegue capturar as emoções humanas de uma m
Alexander Muller Após o jantar, o clima na casa parecia estar mais tranquilo. Meus pais se retiraram para o quarto de visitas, comentando animadamente sobre o reencontro. Emma e Jack sempre foram pessoas carinhosas e acolhedoras, o que tornava cada momento em família mais leve, apesar das circunstâncias incomuns. Assim que eles fecharam a porta, senti o peso das revelações ainda pairando no ar. Olhei para Zara ao meu lado. Seus olhos estavam perdidos, talvez ainda processando tudo o que havia descoberto. Eu sabia que a verdade viria à tona eventualmente, mas não esperava que fosse dessa forma, nem que causasse tanto impacto. Ela sempre foi uma mulher forte, mas o que eu vi naquela sala de jantar era mais do que surpresa; era uma mescla de choque e algo que eu não conseguia decifrar completamente. Era hora de conversarmos a sós. — Vamos para o quarto? — sugeri, com um sorriso suave, tentando aliviar a tensão. Ela assentiu, ainda quieta, e me seguiu escada acima. Ao entrar no meu qu
Zara Miller Estávamos deitados, e o silêncio do quarto era preenchido apenas pela respiração suave de Alexander — ou melhor, João. Eu ainda estava tentando assimilar tudo o que havia acontecido naquele dia, as revelações, as emoções, as novas possibilidades que surgiam entre nós. Meus pensamentos estavam dispersos, mas a presença dele ao meu lado trazia uma calma que há muito eu não sentia. Ele se mexeu levemente e se virou para mim, seus olhos azuis capturando os meus com uma intensidade que me fez prender a respiração por um instante. — Zara, posso te perguntar uma coisa? — João falou, a voz baixa, quase um sussurro, como se não quisesse quebrar o momento. — Claro — respondi, curiosa e um pouco apreensiva. — Por que você veio ao apartamento hoje à tarde? — perguntou ele, os olhos atentos enquanto esperava minha resposta. Fiquei surpresa com a pergunta. Não achava que ele tinha notado minha breve visita. — Eu... Eu precisava trazer umas cortinas para a sala — expliquei, tentan
Zara Miller Passei os últimos dois dias na casa de Alexander, e cada momento foi uma mistura de conforto e surpresa. Alexander, com seu jeito calmo e direto, me pediu para morar lá, mesmo quando ele estivesse ausente durante os plantões no hospital. O pedido foi inesperado, mas a ideia de ter um lugar fixo, um lar para chamar de meu, trouxe uma estranha sensação de segurança que há muito eu não sentia. Os pais de Alexander foram maravilhosos comigo durante o tempo que passaram lá. Emma e Jack tinham uma energia acolhedora que fazia qualquer um se sentir parte da família. Depois que eles foram embora, eu sabia que era hora de seguir adiante com o plano de tentar a vaga de enfermeira chefe no hospital onde Alexander trabalhava. Estava nervosa, claro, e me senti ainda mais quando vi que além de mim, havia mais duas mulheres na recepção esperando pela entrevista. Ambas pareciam bem preparadas e confiantes, enquanto eu me sentia completamente despreparada, tentando lembrar de cada detal
Zara Miller Dois dias depois, voltei ao hospital, agora em meu novo papel como enfermeira. O uniforme me dava uma sensação de pertencimento, mas também de responsabilidade. Caminhei pelos corredores com a cabeça erguida, tentando ignorar os olhares e sussurros que vinham de algumas das outras enfermeiras e médicos. — Ela só está aqui por causa do marido, o Dr. Alexander — ouvi uma voz sussurrar quando passei. Respirei fundo e continuei andando, decidida a provar que meu lugar ali era merecido, independentemente das circunstâncias. Durante a manhã, fiz questão de me dedicar a cada tarefa, mostrando competência e comprometimento. No final do turno, enquanto preenchia os relatórios na sala de descanso, o Dr. Brian, o chefe da pediatria, entrou. Ele tinha escutado os murmúrios e se aproximou, com um sorriso encorajador. — Não se importe com o que os outros dizem, Zara. Mostre seu valor através do seu trabalho. Faça o melhor que puder, e logo verão que você merece estar aqui tanto qua
Alexander Muller Aquele momento no restaurante era algo que eu não esperava. Quando me aproximei da mesa, vi Zara conversando com Brian, e os dois pareciam tão à vontade, como se estivessem em um mundo à parte. Sentei-me ao lado dela, tocando levemente seus cabelos, e perguntei: — E então, como está sendo o seu primeiro dia? Zara virou-se para mim com um sorriso radiante, seus olhos brilhando. — Está sendo um dia maravilhoso — respondeu ela, e por um instante, parecia que tudo estava perfeito. Mas a perfeição é uma ilusão, como logo descobri. Dois homens entraram no restaurante, carregando buquês de rosas vermelhas e brancas. Eu vi o sorriso no rosto de Zara e pensei que ela estivesse surpresa pela minha suposta gentileza. Mas quando os homens se aproximaram, percebi que não tinha ideia do que estava acontecendo. Brian, sempre tão carismático, deu uma risada leve e disse: — Não sabia se você gostava mais de rosas vermelhas ou brancas, então trouxe as duas. Você merece, Zara. Fe
Alexander Muller A sala de cirurgia estava um caos controlado, mas ainda assim, um caos. A emergência tinha sido complicada, mas felizmente, o paciente estava estável. Quando finalmente saí, já passava das cinco da manhã, e o cansaço pesava sobre meus ombros como um casaco molhado. Caminhei pelos corredores quase desérticos do hospital, o eco dos meus passos, o único som a me fazer companhia. Eu precisava de um momento para respirar, para me desconectar da tensão constante do bisturi e da responsabilidade que nunca me deixava.Entrei na sala de descanso dos médicos, onde a luz fraca criava sombras suaves nas paredes. E lá estava ela. Zara. Sentada em um sofá, com a cabeça encostada no encosto, os olhos fechados, num sono leve. Ela parecia tão serena, como se estivesse esperando por alguém, e eu sabia que esse alguém era eu.Eu me aproximei devagar, cada passo ecoando suavemente na sala silenciosa. Sentei ao lado dela, e cuidadosamente, deslizei a cabeça dela para o meu ombro. Não qu