Capítulo 76: A paixão mostra seu preçoHassanA noite estava quente, uma daquelas noites em que o ar parece carregar algo além de calor, talvez uma promessa, ou um presságio. Laura estava ao meu lado, seus dedos entrelaçados nos meus enquanto dirigíamos pelas estradas escuras de Palermo. Seu riso suave preenchia o carro, e, por um breve momento, senti uma coisa rara: serenidade. Estava jogando um jogo perigoso, mas nessa noite, nada mais importava além do prazer de estar com ela.Era para ser apenas mais um passeio romântico, um daqueles que nos permitiam esquecer, mesmo que por algumas horas, a realidade cruel em que vivíamos. Eu a levei por uma estrada pouco movimentada, longe dos olhares curiosos que poderiam comprometer o segredo que mantínhamos. Ela estava radiante, mais bonita do que nunca, e enquanto eu a observava de relance, senti uma onda de possessividade e desejo.Mas como em todo jogo perigoso, o destino não é controlável. Uma curva mal calculada, um reflexo tardio, e o c
Capítulo 77: Traição no mesmo tetoHelenaMateus estava mais distante do que nunca. A nossa relação tinha se deteriorado, mas algo nos últimos meses o havia mudado de maneira irreversível. As noites eram longas e solitárias, mas estava determinada a reverter isso, a trazer de volta algum vestígio do homem que ele costumava ser para mim.Nessa noite, tomei a iniciativa. Coloquei uma camisola nova, mais provocante, algo que sabia que o atraía, e me deitei ao lado dele na cama, buscando qualquer sinal de reciprocidade. Eu queria que ele me visse, me desejasse, mas ao me aproximar, notei como seus olhos vagavam, fixos em algum ponto distante.- Mateus... - sussurrei, tentando chamar sua atenção. Toquei seu braço suavemente, esperando que ele respondesse ao meu toque. Mas ele não me olhou. Seus olhos estavam fixos no jardim abaixo da nossa janela, onde Júlia passeava com Thomaz e Catarine, segurando as mãos deles com carinho. Era uma imagem que parecia aquecer o coração de qualquer pessoa.
Capítulo 78: Laços inquebráveis MateusAcordei de repente, o lado da cama onde Helena deveria estar estava vazio. O relógio na mesa de cabeceira marcava três da manhã, e a casa estava mergulhada em um silêncio inquietante. Senti um aperto no peito, uma sensação de vazio que me incomodava cada vez mais. Levantei-me, incapaz de permanecer ali, e me dirigi ao bar da casa. Precisava de um drinque, algo que me fizesse esquecer, pelo menos por um momento, da confusão que era minha vida agora. O whisky me recebeu com um calor familiar quando derramei uma dose generosa e a bebi em um único gole. O líquido queimou minha garganta, mas não o suficiente para afastar os pensamentos.Foi então que ouvi um ruído suave vindo do salão. Aproximei-me devagar, sem fazer barulho. Ao virar a esquina, vi uma figura familiar junto ao piano, a silhueta esbelta e elegante de Júlia, iluminada pela luz suave da lua que entrava pelas janelas.Ela parecia perdida em seus pensamentos, como se estivesse buscando a
Capítulo 79: Refúgio em meio a dorJúliaSenti a necessidade de buscar refúgio nos braços de Mateus, um lugar onde as tensões e inseguranças pudessem se dissipar, mesmo que por um momento. A casa estava silenciosa, e o mundo exterior parecia distante quando encontramos um espaço de tranquilidade juntos.Mateus me recebeu com um olhar terno, e nossos corpos se encontraram em um abraço apertado, como se buscássemos segurança e conforto um no outro. Seus toques eram suaves, e o carinho que ele demonstrava era um bálsamo para a minha alma atormentada. A troca de beijos era lenta e cheia de ternura, como se tentássemos lembrar o que havia de melhor entre nós.Com calma e cuidado, nossos corpos se entrelaçaram na cama, e a paixão foi substituída por uma doçura inesperada. Cada movimento era lento e deliberado, como se estivéssemos explorando um território que há muito não visitávamos. As carícias e os suspiros eram uma forma de reconectar, de redescobrir o amor que parecia ter sido enterrad
Capítulo 80: O plano da vingançaHassanO sol estava se pondo no horizonte, tingindo o céu de Marrocos com tons dourados e laranjas, e eu me encontrava novamente no meu palácio, um oásis de luxo e tranquilidade. As tensões da vida na Itália pareciam distantes, estava pronto para desfrutar de uma noite que prometia ser o refúgio perfeito das complexidades do meu dia a dia.Passei pelos corredores do palácio, admirando a opulência ao meu redor. O ambiente estava em perfeita harmonia, com lanternas marroquinas iluminando o caminho e o aroma das flores exóticas preenchendo o ar. As criadas e os eunucos se moviam com discrição, preparando tudo para a noite que se aproximava.Entrei no harém, o lugar reservado para minhas amantes. O ambiente estava carregado de antecipação, fui recebido por sorrisos e olhares sedutores. As mulheres estavam vestidas com roupas finas e translúcidas, suas figuras realçadas pela luz suave das velas. A música sensual e envolvente ecoava pelo espaço, criando uma
Capítulo 81: A inimiga tem que morrerHelenaA noite estava silenciosa, mas para mim, o peso do segredo e da decisão era quase insuportável. Estava em meu quarto, o silêncio preenchido apenas pelo som do vento que passava pelas janelas. O plano do meu pai se desenrolava com uma precisão meticulosa, e eu sabia exatamente qual era o meu papel.A amizade incondicional entre Marco e Júlia era um obstáculo considerável. Marco sempre fora uma presença constante na vida de Júlia, e seu afeto por ela era visível e profundo. A ligação deles era forte, mas meu pai havia deixado claro que a execução do plano para eliminar Júlia era uma prioridade, e eu não poderia falhar.Mesmo que isso significasse perder Marco, meu amante e aliado, estava determinada a cumprir o que me foi designado. A lealdade à minha família e ao plano que meu pai havia traçado era mais importante do que qualquer relação pessoal, não importando quão complicada e dolorosa essa escolha pudesse ser.— Helena, é hora de agir, —
Capítulo 82: Nascimento dos herdeiros da máfiaHelenaA cena à minha frente era uma mistura grotesca de dor e desespero. Júlia estava deitada na cama, lutando contra as contrações enquanto mantinha a arma apontada para ela. No entanto, o que começou como uma cena de vingança se transformou rapidamente em algo que eu não esperava. A dor que estava sentindo era insuportável, uma agonia que parecia atravessar meu corpo em ondas implacáveis.— Não... não pode estar acontecendo isso... — eu gemia para mim mesma, as palavras saindo em suspiros entre as contrações. A dor estava se intensificando, sentia como se meu próprio corpo estivesse tentando se rebelar contra mim. Eu me ajoelhei no chão, desesperada, sem conseguir pensar claramente. O que eu sentia era uma dor profunda e penetrante, uma sensação que parecia querer me consumir inteira.Tentei manter a compostura, mas a dor era tão intensa que não consegui evitar os gritos que saíam involuntariamente da minha garganta. Com mãos trêmulas,
Capítulo 83: MorteMarcoO caos no quarto era palpável. Helena, com um olhar de fúria e desespero, estava erguendo seu bebê com uma mão enquanto segurava a arma com a outra. O desespero e a raiva eram visíveis em seus olhos, e eu sabia que o momento de agir tinha chegado. A situação estava completamente fora de controle, e o destino dos envolvidos estava à beira de uma precipitação fatal.— Helena, não faça isso! — eu gritei, meu coração batendo rápido.Ela estava tão envolvida em seu próprio tormento que não conseguia ver a gravidade do que estava fazendo. Sua decisão estava prestes a destruir a vida de todos nós. Em um movimento rápido, avancei em direção a ela, meu foco principal era desarmá-la, mas a intensidade da cena me fez hesitar um momento.Helena se ergueu, o bebê no chão e a arma ainda em mãos. Eu sabia que precisava agir rapidamente. Com um impulso desesperado, joguei-me sobre ela, tentando tomar a arma de suas mãos. A luta foi intensa; os olhos dela estavam cheios de uma