Capítulo 25: Transformações MateusSair de mais uma noite insana com Lorena era quase um ritual de purificação para mim. Ela e sua amiga, ambas completamente exaustas e espalhadas pelos lençóis amarrotados, eram um lembrete do tipo de escapismo que eu tinha escolhido para afastar a miséria constante da minha vida. Bebidas misturadas com energético, nada de drogas – eu estava determinado a manter minha mente limpa e focada.Enquanto olhava para as duas mulheres que eu tinha fodido a noite inteira, senti uma pontada de desgosto misturada com a satisfação carnal. Era um tipo diferente de sexo, uma tentativa desesperada de escapar da realidade esmagadora da minha existência miserável.— Vocês precisam se cuidar melhor — murmurei para Lorena, que mal conseguia abrir os olhos. — E largar essas merdas de uma vez. Você vai perder seus clientes no escritório se continuar assim.Ela acenou com a cabeça lentamente, ainda grogue. Eu sabia que precisava manter o controle. Limpo era mais seguro, e
Capítulo 26: Emboscada frustradaMorettiAcordei com um pressentimento estranho naquela manhã. Algo no ar indicava perigo, e meus homens confirmaram minhas suspeitas. Detectaram uma ameaça iminente rondando nossa propriedade. Eu sabia que não podia correr riscos, especialmente com George, meu filho postiço, aqui.— Helena, fique aqui com George. Não o deixe sozinho por nenhum segundo, entendeu? — ordenei com firmeza, segurando o ombro dela.Helena, é uma jovem de 18 anos, loira, com olhos atentos e uma calma que contradiz a sua idade. Ela assentiu sem hesitar. Era impressionante como alguém tão jovem podia manter a cabeça fria em situações como essa. Seus olhos, sempre alertas, transmitiam uma determinação que eu admirava secretamente.— Sim, senhor Moretti, estarei atenta — respondeu com a voz firme.Coloquei George no berço e acariciei suavemente seu rostinho adormecido. Ele era a razão pela qual eu lutava, a luz que iluminava minha escuridão. Mas hoje, a prioridade era garantir sua
Capítulo 27: Paixão fugazJúliaOlhei pela janela do motel, a fumaça do cigarro flutuando no ar da manhã. Meus pensamentos estavam tão confusos quanto o dia nebuloso lá fora. O que eu estava fazendo? Por que estava aqui, com Edward Sinclair, quando minha mente e meu corpo ansiavam por outra coisa?Edward ainda dormia na cama desfeita, o rosto sereno, mas eu sabia que ele não era o amante que eu precisava. Ele não se comparava a Mateus, que mesmo com todos os seus defeitos, sabia como me fazer sentir viva. Lembrei-me das noites ardentes com meu marido, onde cada toque, cada beijo, era uma dança de desejo e poder. Edward não tinha isso. Ele era ansioso, desajeitado, e seu sexo oral mais parecia uma tentativa desesperada de me agradar do que um ato de paixão genuína. Eu não havia gozado, e isso me deixava ainda mais frustrada.Talvez com Marco fosse diferente. Pensar nele sempre me deixava com um misto de curiosidade e desejo. Mas Marco me via apenas como sua senhora, ou talvez como uma
Capítulo 28: A irmã ocultaMarcoA noite havia caído sobre a casa de campo e o silêncio só era interrompido pelo som ocasional do vento e das folhas secas que se arrastavam pelo chão. Júlia estava em um estado de vulnerabilidade, e isso a fazia ainda mais insistente. Eu estava cansado e desgastado por meses de tensão constante. A cada dia, a pressão aumentava e a distância entre o segredo e o dever se tornava mais difícil de atravessar.— Marco, eu preciso de você — disse Júlia, a voz carregada com uma mistura de desespero e desejo. Ela estava visivelmente embriagada, seus olhos brilhando com uma vulnerabilidade que ela normalmente não mostrava. Estava apoiada em mim, tentando criar uma proximidade que eu sabia ser um convite para cruzar uma linha perigosa.— Júlia, você não está bem — tentei argumentar, embora a tensão em minha voz revelasse a dificuldade de manter o segredo oculto. — Você deve descansar.Ela não estava ouvindo. Em vez disso, ela se aproximou mais, suas mãos tocando
Capítulo 29: Rendidos e ArrependidosMateusAs noites quentes de Palermo eram como uma presença sufocante, envolta em mistério e perigo. Eu saía pelas ruas escuras, acompanhado dos meus capangas de confiança, em busca de qualquer informação sobre o paradeiro de Moretti. As ruelas e becos pareciam sussurrar segredos enquanto nós avançávamos, sempre alertas.Os homens da máfia chinesa estavam fora do seu território. Ao avistá-los, sabia que algo grande estava para acontecer. A tensão no ar era palpável, e em um piscar de olhos, as balas começaram a serem disparados de ambos os lados. A troca de munição foi feroz, e eu me vi cercado pelo caos e pela adrenalina.No meio da confusão, uma visão inesperada surgiu: Marco e Júlia. Eles chegaram a tempo, atirando com precisão para me resgatar. A visão de Júlia, determinada e implacável, me atingiu de uma maneira que eu não esperava. Mesmo com os tiros cruzando ao nosso redor, eu não conseguia tirar os olhos dela.— Mateus! — gritou Júlia, sua v
Capítulo 30: Um presente e uma condenaçãoJúliaSeis meses se passaram desde aquela noite em que tudo mudou. Olhando pela janela da casa de campo, acariciei suavemente a barriga que agora abrigava uma nova vida. Estava grávida de uma menina, a quem decidi chamar de Catarine. A alegria que sentia por ter essa nova esperança em meu ventre era indescritível, mas também carregava uma grande responsabilidade e segredo.As coisas com Mateus não avançaram além daquela noite. Nosso encontro foi uma explosão de emoções, mas deixou um rastro de confusão e frustração. Ele continuava morando na mansão, enquanto eu permanecia isolada na casa de campo, tentando manter minha gravidez em segredo. O pensamento de Mateus descobrir a existência de Catarina me enchia de temor. Sabia que não podia confiar nele, não depois de tudo o que aconteceu.Marco, meu fiel segurança, foi meu porto seguro durante esses meses. Ele prometeu me proteger acima de tudo, e juntos, elaboramos um plano para lidar com a situa
Capítulo 31: Lembraças amargas HelenaA morte de Moretti foi um alívio e, ao mesmo tempo, uma vitória inesperada. Paris agora parecia um eco distante do passado, um capítulo encerrado com uma sensação de satisfação amarga. Meu pai, Hassan, sempre teve uma visão clara do que precisava ser feito, e agora, com Moretti fora do caminho, era hora de realizar os últimos passos de nosso plano meticuloso.No entanto, havia uma tarefa crucial a ser cumprida antes de me unir a ele: garantir a segurança de George, ou melhor, Thomaz, como ele foi registrado no Brasil. A identidade de George era uma chave preciosa para nós, uma peça fundamental em um jogo que estava prestes a ser reescrito.Envolvi o menino em um cobertor e o carreguei com cuidado para o carro. Ele estava tranquilo, inconsciente do caos ao seu redor e das mudanças drásticas em sua vida. A transferência de George de Paris para Palermo foi realizada em silêncio, sem alarde, com todos os detalhes planejados minuciosamente.Chegamos a
Capítulo 32: Assim se fez uma famíliaJúliaQuando voltei para a casa de campo, o sol estava se pondo no horizonte, tingindo o céu com tons de laranja e rosa. A tranquilidade do ambiente parecia um contraste gritante com a turbulência que se acumulava dentro de mim. As últimas semanas no orfanato haviam me dado uma perspectiva nova e um toque de esperança, mas ao entrar na minha casa, a realidade cruel de minha vida atual se impôs com força renovada.Catarine, minha filha, estava sentada no chão da sala de estar, rodeada por brinquedos espalhados. Seu rosto estava fechado em uma expressão de frustração e raiva, um reflexo direto das tempestades que passávamos em casa. Ela tinha menos idade do que o menino no orfanato, mas seu temperamento forte e indomável me lembrava tanto de Mateus que era quase doloroso.Eu me aproximei dela, tentando manter a calma, mas o peso do dia estava me fazendo vacilar.— Catarine, querida, como foi seu dia? — perguntei, tentando disfarçar a preocupação em