Capítulo 32: Assim se fez uma famíliaJúliaQuando voltei para a casa de campo, o sol estava se pondo no horizonte, tingindo o céu com tons de laranja e rosa. A tranquilidade do ambiente parecia um contraste gritante com a turbulência que se acumulava dentro de mim. As últimas semanas no orfanato haviam me dado uma perspectiva nova e um toque de esperança, mas ao entrar na minha casa, a realidade cruel de minha vida atual se impôs com força renovada.Catarine, minha filha, estava sentada no chão da sala de estar, rodeada por brinquedos espalhados. Seu rosto estava fechado em uma expressão de frustração e raiva, um reflexo direto das tempestades que passávamos em casa. Ela tinha menos idade do que o menino no orfanato, mas seu temperamento forte e indomável me lembrava tanto de Mateus que era quase doloroso.Eu me aproximei dela, tentando manter a calma, mas o peso do dia estava me fazendo vacilar.— Catarine, querida, como foi seu dia? — perguntei, tentando disfarçar a preocupação em
Capítulo 33: O lamento de quem perdeMateusDez anos. Uma década inteira havia se passado desde aquele fatídico dia em que George desapareceu e minha vida se despedaçou. Um ano desde o divórcio de Júlia, que, por mais doloroso que fosse, parecia inevitável. Descobri, quase casualmente, que ela estava grávida de uma menina. Uma filha que poderia ou não ser minha, mas isso, no final das contas, pouco importava. O que importava era vê-la feliz, completa com uma criança que parecia dar-lhe uma razão para continuar.Minha própria vida havia tomado um rumo inesperado. As noites em Palermo se tornaram mais silenciosas, e os becos escuros onde eu costumava procurar por pistas de Moretti agora pareciam vazios de qualquer esperança. Minha busca por vingança e justiça se esvaiu com o tempo, deixando um vazio que nem mesmo as lembranças mais intensas podiam preencher.Um ano divorciado de Júlia. Não poderia dizer que sentia falta das brigas e dos confrontos constantes, mas havia uma saudade amarg
Capítulo 34: Novos ObjetivosCatarineEu sempre soube que minha mãe teve um filho antes de mim. Não foi difícil descobrir, mesmo que ela tente esconder. As conversas sussurradas, os olhares tristes, as visitas frequentes ao orfanato em Palermo... Tudo isso me deu as pistas de que havia algo mais na história da minha família.Mas eu nunca falei nada. Por que eu deveria? Esse irmão, esse fantasma do passado, só atrapalharia. Quero minha mãe só para mim. Ela é tudo o que tenho, e não estou disposta a dividir seu amor com ninguém, especialmente com alguém que nem sequer conheço.O Marco... Ele é como um pai para mim. Sempre esteve ao meu lado, cuidando de mim, me protegendo. Ele é forte, carinhoso, e sempre sabe o que fazer. Não sei o que minha mãe faria sem ele. Eu também não sei o que faria. Para mim, ele é mais pai do que qualquer outro homem poderia ser.— Catarine, você sabe que sempre pode contar comigo, não é? — ele me diz, com aquele sorriso que me faz sentir segura.— Claro, Marc
Capítulo 35: Um pouco de normalidade JúliaO restaurante estava elegantemente decorado, com velas suaves em cada mesa, criando uma atmosfera de intimidade que eu precisava desesperadamente. Meu advogado, Edward Sinclair, estava sentado à minha frente, parecendo igualmente ansioso e determinado. Era uma rara oportunidade de fingir que éramos pessoas normais, longe das intrigas e perigos da máfia.— É um lugar bonito — disse Edward, tentando quebrar o gelo enquanto olhava ao redor. Seus olhos refletiam a luz suave das velas, mostrando uma vulnerabilidade que ele raramente permitia transparecer.— Sim, é. Precisamos desses momentos, sabe? Para lembrar que ainda somos humanos — respondi, tentando encontrar um pouco de paz na normalidade forçada.Ele assentiu, um sorriso pequeno e melancólico em seus lábios. Edward tinha sentimentos por mim, sentimentos que iam além da sua função como meu advogado. Porém ele entendia a complexidade da minha vida e os riscos que corremos simplesmente por e
Capítulo 36: Desejo e AmbiçãoHelenaA noite em Palermo estava quente e abafada. A lua cheia lançava um brilho pálido através das janelas do meu quarto, iluminando minha pele nua enquanto permanecia deitava na cama de seda. Meus pensamentos estavam em Mateus, o homem que em breve se tornaria meu noivo. Um homem poderoso, temido e respeitado. Ele não me via da mesma forma que via Júlia, sua ex mulher, mas isso não importava. Eu iria conquistá-lo, de uma maneira ou de outra.Deslizei minhas mãos pelo meu corpo, sentindo a excitação aumentar à medida que pensava nele. Cada toque, cada pensamento sobre Mateus acendia um fogo dentro de mim que eu não podia controlar. Imaginei-o olhando para mim com desejo, sentindo sua presença avassaladora.Peguei o consolo que mantinha escondido na gaveta ao lado da cama. Era uma ferramenta para minhas noites solitárias, quando a necessidade se tornava insuportável. Com dedos trêmulos de antecipação, comecei a usá-lo, sentindo a pressão aumentar dentro d
Capítulo 37: Revelações no Mundo da MáfiaJúliaNo mundo da máfia, onde as intrigas e os segredos são a regra e não a exceção, todos são obrigados a conhecer cada peça no tabuleiro. Mesmo após todos esses anos, o entendimento das complexidades e das conexões não muda. A percepção de quem é quem, de quais alianças são verdadeiras e quais são apenas convenientes, é crucial para a sobrevivência. E, claro, o matrimônio arranjado de Mateus com Helena era um exemplo clássico de como a máfia joga suas peças.Helena, a filha do líder da cúpula, não era uma surpresa para mim. Seu pai, Hassan, sempre foi um jogador astuto, manipulando os eventos e forjando alianças que garantiam seu domínio. Agora, ao ver Helena ao lado de Mateus, eu sabia que este casamento não era apenas uma questão de amor ou de escolha pessoal. Era um movimento estratégico, uma forma de consolidar poder e manter a influência.Sentei-me na cama em minha casa de campo, observando a chuva que caía lá fora, meu coração pesado c
Capítulo 38: Casamento e traiçãoMateusO dia do meu casamento chegou como uma sentença inevitável. A cerimônia era apenas uma formalidade, um passo para consolidar alianças e garantir minha posição. O sangue nas minhas mãos ainda estava fresco, o cheiro da pólvora e da violência não me abandonava. Naquela manhã, precisei resolver algumas pendências com os homens de Hassan, e agora, mais do que nunca, precisava de um momento de verdade.Cheguei à casa de campo com a mente fervendo. Passei pelos corredores silenciosos, minha presença perturbando a tranquilidade do lugar. O som da água correndo chamou minha atenção. Entrei no banheiro e lá estava ela, imersa na banheira, envolta em espuma.Júlia me viu, e seus olhos arregalados refletiam um medo voraz. A tensão entre nós era palpável, a adrenalina correndo em nossas veias. Ela não disse uma palavra, mas sua respiração acelerada e o olhar fixo em mim falavam mais do que qualquer frase.Sem hesitar, comecei a tirar minhas roupas. Ela cont
Capítulo 39: Mudanças á vistaJúliaMais uma vez, me via indo ao orfanato. Aquele lugar tornou-se um refúgio para minha alma atormentada, um lugar onde posso me sentir útil, tentando compensar de alguma forma a dor insuportável da perda do George. Dez anos se passaram, mas a ausência dele ainda é uma ferida aberta em meu coração. Hoje, mais do que nunca, sinto a necessidade de estar perto dessas crianças, oferecendo um pouco de conforto e alegria.Quando cheguei no local, o sol estava alto no céu, iluminando os corredores do orfanato com uma luz suave e acolhedora. As freiras me recebem com sorrisos, agradecidas por minha presença constante e pelas doações que ajudo a arrecadar. As crianças correram na minha direção, animadas, distribuo abraços e beijos, tentando esconder a tristeza que nunca realmente havia desaparecido da minha alma.Depois de algum tempo, decidi ir até a quadra de esportes, onde as crianças costumam jogar futebol. Lá, no meio da quadra, avistei um menino que me cham