— Não vejo a hora do dia da festa chegar… Preciso costurar um vestido novo!
Dizia Lucinda, saltitando alegremente, enquanto rodopiava segurando a barra de sua saia, imaginando o vestido que faria.
— Deixe de tagarelice e volte a mexer essa colher, não queremos queimar os doces!
Respondeu Cateline, focada em mexer na lenha para aumentar as chamas da fogueira.
Seu rosto estava repleto de manchas de carvão, cada vez que ela tentava limpar com as mãos sujava mais ainda, dava para ver o quanto a jovem estava focada, ela franzia as sobrancelhas verificando de perto se havia colocado madeira o suficiente.
— Você nunca vai achar um marido, não com esse seu jeito!
Diz Lucinda, pegando a colher que havia deixado de lado voltando a mexer no tacho vagarosamente, ela olhava para a irmã com um sorriso ousado nos lábios e continuava.
— Sabe! Você já está na idade de se casar… Tenho certeza que vamos achar lindos pretendentes ricos na festa, quem sabe não nos casamos com algum mercador, ou melhor, alguém do exército… Céus, seria esplêndido irmã!
Lucinda sorria bobamente, seus olhos brilhavam enquanto falava, sua irmã a encarava de forma séria, Cateline não entendia os sentimentos ambiciosos de sua irmã, para ela conseguir se casar com algum homem já era o suficiente, estava cada vez mais difícil encontrar um que não estivesse mutilado da guerra ou ficado louco com as batalhas.
Cateline dá um suspiro pegando outra colher que estava próxima e vai até o tacho para ajudar sua irmã que estava perdida em seus sonhos quase parando de mexer o doce.
— Você sabe que não iremos na festa, não é ?! Iremos ficar na entrada, vendendo doces, ou você se esqueceu irmã?
Fala Cateline meio desapontada por sua irmã, ela sabe o quanto Lucinda queria ir.
— Eu sei! Mas e se vendermos tudo? Quem sabe? Nem que seja no final da festa… O que acha?
Lucinda responde com uma expressão triste no rosto que logo se vai, ela começa a focar no doce pensativa.
— É isso! Vamos vender todos os doces antes da festa!
Ela volta a sorrir, trazendo ânimo novamente ao local.
Cateline dá um sorriso olhando para sua irmã, ela sabia como a jovem era animada e não desistia fácil.
— Olha, eu não me importo de ficar só vendendo os doces, você pode ir a festa..
Quando Cateline diz, Lucinda se vira a ela a respondendo.
— De jeito nenhum que vou te deixar sozinha! Nem pensar… Vamos vender tudo juntas, e se vier algum ladrão ou sei lá o que, um tarado, não vou te deixar sozinha vendendo os doces, nunca irmã.
Lucinda sempre foi responsável, assim como todos da família, ela prezava pela segurança e saúde de todos sempre em primeiro lugar, com toda aquelas guerras e desastres acontecendo a família precisava se manter cada vez mais unida.
— Certo… Então vamos vender todos esses doces…
Diz Cateline, confiante no que acabara de dizer, ela sorria para sua irmã de forma sincera.
Após terminar de preparar os doces, as duas os embrulham em pequenos pedaços de folhas de bananeira e de milho, o cheiro estava delicioso, faltavam apenas algumas compotas e conservas para serem feitas, era muito trabalho mas logo as jovens teriam retorno.
Toda renda da propriedade dependia de suas receitas e itens produzidos por elas, a festa no vilarejo seria uma ótima oportunidade para ganhar um dinheiro extra, por isso as garotas estavam trabalhando dobrado para produzir o máximo possível para o tal evento.
Se passaram dois dias e a hora da tão esperada festa havia chegado, Lucinda estava animada arrumando a pequena carroça, colocando tudo que precisavam levar para vender, ela cantarolava baixinho sorridentemente.
Ela usava o vestido que dizia ter feito especialmente para aquele dia, era um vestido na cor verde, feito com tecidos que ela comprava com suas economias quando ia até o povoado.
Lucinda sempre foi muito linda, seus cabelos claros e olhos esverdeados eram chamativos, assim como seu corpo, ela era bem baixa, isso sempre atraía os homens, a jovem sempre foi cautelosa, ela queria alguém rico, ou com bastante dinheiro pelo menos por isso nunca dava bola para ninguém.
Já Cateline, tinha cabelos escuros iguais aos de seu pai, olhos esverdeados que puxaram os de sua mãe, igual aos seus irmãos.
Cateline era bem mais alta que sua irmã, com um belo corpo também, porém por falta de delicadeza e sensibilidade os homens nunca davam atenção a ela, ela usava sempre roupas velhas, e não se cuidava bem, porém isso nunca foi problema para ela, já que não se importava com a opinião dos outros, Cateline guardava suas economias para comprar sua tão esperada casa, com um espaço bem grande para plantações.
— Você está linda!
Diz Milenna, mãe de Lucinda, Cateline e Martin.
Ela havia acabado de chegar da horta, onde colhia alguns legumes para o jantar, com ela estava seu filho mais novo Martin, que ficou boquiaberto vendo sua irmã.
— Mamãe, Lucinda virou uma princesa?
Perguntou Martin enquanto puxava uma parte do vestido de sua mãe que logo após ouvir a pergunta caia em gargalhadas com Lucinda.
— Não querido… Mas quem sabe um dia, né?
Ela fala colocando o cesto com os alimentos no chão.
Cateline levava alguns cestos a carroça, ela estava carregando alguns pães que havia acabado de assar para vender, suas roupas estavam completamente sujas de farinha.
— Não me diga que você vai sair desse jeito ?
Perguntou Lucinda enquanto se aproximava dando tapinhas na roupa de Cateline tentando tirar a sujeira.
Cateline usava um vestido já gasto, na cor azul escura, parecia ter sido usado por anos, já estava desfiando e se podia ver alguns furos de traças.
— Vamos apenas vender as coisas como de costume, não é nada demais…
Falava Cateline levantando o cesto pesado de pães para por na carroça, Lucinda segurava um tipo de pacote, era algo enrolado em um tecido velho.
— O que é isso?
Cateline perguntava a sua irmã, Lucinda estendia a mão entregando o item.
— É uma festa! E eu te conheço, não iria deixar você estragar minha caça ao noivo, iria assustar até os clientes assim…
Dizia Lucinda sorrindo para a irmã balançando o embrulho para que Cateline pegasse.
— Um vestido…?
Dizia ela depois de desenrolar o tecido.
— Vá logo experimentar, como não tirei suas medidas não sei se ficará bom..
Lucinda falava meio preocupada, porém de forma animada
— Muito obrigada, você sabe que não precisava irmã.
Cateline dava um grande abraço em sua irmã que continuava apressada insistindo para que ela fosse logo provar o vestido.
— Vá logo! Nós vamos nos atrasar, depois você me agradece!
Falava Lucinda empurrando a irmã para dentro de casa.
Cateline experimentava o vestido, era longo na cor clara, algo liso bem simples, geralmente os tecidos sem cor eram bem mais baratos, Lucinda tinha pouco dinheiro e Cateline sabia disso, por isso não se importou com a simplicidade, infelizmente o vestido ficou um pouco apertado, fazendo o busto de Cateline ficar um pouco amostra, mas nada que uma capa não resolvesse, assim ela cobriria suas curvas marcadas.
Cateline pois uma capa longa com capuz para cobrir as partes nuas de seu corpo, logo iria esfriar então não teria problemas em colocá-la antecipadamente.
Saindo com o vestido da casa sua irmã e mãe a veem coberta pela a capa, e logo a questionam.— Cate, cadê o vestido? Porque você o tampou com essa capa velha?Perguntava à mãe de Cateline, que sempre a chamou pelo apelido, que estava curiosa para a ver vestindo algo novo.— Mãe… ele ficou meio apertado…Disse a jovem timidamente levantando um pouco a capa que cobria quase todo seu corpo.Lucinda deu uma gargalhada, que fez Cate arregalar os olhos.— Não está apertado sua boba, é o modelo dele, você precisa mostrar seus dotes para arranjar um pretendente rápido, olha só o tanto de seio pra ficar escondido! Com essa guerra os homens irão acabar e você não terá nenhum se continuar se escondendo assim, sua boba.Dizia Lucinda tentando tirar a capa de Cateline, que ficou vermelha de vergonha ouvindo sua irmã falando, Lucinda sempre foi ousada, isso sempre deixou a casa alegre, era o jeito dela.— Você fez de propósito?!Cateline perguntou já se estressando com a situação, ela não gostava
Cateline suspirava fundo, tentando manter a calma, tudo que ela queria era voltar logo para casa.Enquanto organizava alguns cestos a jovem ouviu um grupo de homens saindo de uma taberna que ficava próxima ali, ela ouve eles falando algo sobre um refém, mas não dá muita bola, a barraca que montou com sua irmã estava lotada de clientes e ela não estava conseguindo prestar muita atenção a sua volta.Após alguns minutos, sua irmã volta, ela traz duas garrafas de vinho cheias.— Onde você conseguiu essas bebidas?Cateline olha abismada, sua irmã já parecia ter bebido um pouco, Lucinda estava muito pra baixo, parecia desanimada com algo.— Ele não quis falar comigo….Dizia Lucinda abraçando as duas garrafas, enquanto segurava o choro.— Quem Luci?Cateline perguntou preocupada.— O filho mais velho do Lorde…Lucinda senta na cadeira que haviam colocado atrás da barraca e se debruça sobre a mesa improvisada.— Ele acabou de chegar de uma guerra, tenho certeza que deve ter muitas questões a
— Você tem lugar pra ficar?Felix pergunta a Cateline que dava um gole na bebida, a jovem acaba se assustando com a proximidade do homem, derramando um pouco em seu vestido branco, seu busto ficou molhado e sua roupa manchada.Cateline tentava passar a mão na tentativa de limpar, mas sem sucesso, seu vestido era claro, provavelmente a mancha não iria sair, ela se sentiu com raiva por ter sujado a roupa feita por sua irmã com tanto carinho.— Irei ficar no quarto à frente, aqui no fundo da estalagem.Ela falava pegando a chave, e nesse momento o homem se aproximava mais, ficando com seu rosto quase colado no dela.Félix ao olhar para Cateline tentava se controlar, parecia que a mulher ali o fazia perder a cabeça, o homem tinha medo de a agarrar naquele momento, ele não entendia o porquê disso, era como se os lábios dela o atraíssem e seu corpo o chamasse.Cateline ficava paralisada sem entender, porém, ela sente algo da mesma forma, ele era um completo desconhecido mas não passava nenh
— Estou te… Tocando, nunca fez isso?Felix parou de imediato de tocar a mulher… Cateline negou com a cabeça com mais vergonha ainda.O homem então, se sentou na cama, com receio de continuar, ela era pura, uma parte dele não queria tirar isso dela, mas ele estava duro por aquela mulher, ele a queria intensamente.— Nunca me toquei, eu sou…Virgem. Eu não entendo essas coisas.Cateline dissera com receio de olhar nos olhos do homem, mas ela sentiu as mãos dele segurar seu rosto, para que ela lhe olhasse nos olhos, ele sorriu para ela, dizendo devagar.— Não fique com vergonha.Félix conversa olhando de forma meiga para a mulher à sua frente.— Olha, eu te desejo muito, mas se não quiser que…façamos algo, eu saio agora.Cateline não sabia o que responder, mas não queria que o homem fosse embora, ela também o desejava, ela o queria mais que tudo naquele momento, ninguém além deles saberia sobre aquela noite de qualquer forma, sentindo as mãos quentes do homem ali, Cateline sorriu para ele
— Cate?! Já acordou?Era Lucinda, animada e energética como sempre, batendo fortemente a porta como se pretendesse abri-la à força.— Estou indo! Apenas pare de bater ou a porta irá cair!Cateline grita para sua irmã que para imediatamente de bater, após alguns segundos Cate permite a entrada de sua irmã, ao abrir a porta Lucinda franze as sobrancelhas ao ver o estado que encontrava a cama e sua irmã.— Cateline? o que aconteceu? Por acaso dormiu com algum animal?Diz Lucinda, indo saltitante até a cama, se sentando ao lado de sua irmã, que segurava a cabeça, seus cabelos estavam desleixado.— O que tinha naquele vinho?Pergunta Cateline, se virando para sua irmã, seu rosto estava vermelho, ela ainda sentia o efeito em seu corpo, talvez por isso o desejo por aquele homem misterioso não tinha passado.Lucinda começa a gargalhar alto se levantando, ela vê uma das garrafas ao chão vazia e logo pensa que havia entendido a situação.— Então foi isso! você bebeu tudo e ficou louca no quart
Tribo FireFélix havia sido aprisionado pelos filhos do Lorde Sírio, o senhor de Aftermoom, Joaquim e Helton Brown são seus nomes.Os Lordes trabalham para o rei Isau, o todo poderoso que governa diversas áreas ao redor dos reinos, ele sempre manda suas tropas de soldados e os filhos dos Lorde para as batalhas, o Rei insiste que as bestas viventes dos reinos vizinhos querem destruir tudo, com isso ele ordenou que os Lordes dessem investidas aos reinos do Norte para buscar e aniquilar qualquer ser que não fosse humano… Uma das feras capturadas foi o lobo Félix que vem de uma alcateia muita antiga, muito antes dos humanos pisarem ali os lobos caminhavam sobre aquelas terras.A terra natal de Félix e um reino distante de Aftermoon, foram dias de viagem a cavalo para ele ser transportado para as terras do Lorde Sirio após ser capturado, mas por sorte ao chegar no castelo de seus inimigos Félix conseguiu fugir, correndo para a floresta próxima, nesse mesmo dia ele teve relação com uma huma
Família Forth.Após retornar para casa, Martin não deixava as irmãs em paz, o garoto ficava em volta das jovens fazendo diversas perguntas e lhes tirando a paciência querendo saber sobre presentes.Lucinda estava estressada, infelizmente a festa da noite anterior não havia sido como ela queria, ela nem mesmo conseguiu cortejar o filho do Lorde, ele parecia desinteressado e isso a magoou completamente.Naquele momento tudo que ela queria era costurar um vestido mais lindo que o anterior, com esperanças de finalmente chamar a atenção do homem.— Martin…por favor, não fique atrapalhando…eu tenho coisas a fazer!Lucinda diz já sem paciência para o pequeno garoto, que entristece com sua resposta e logo sai dali, indo para dentro de sua casa.— Se acalme Luci… o garoto só está com saudades..Cateline fala na tentativa de amenizar aquele clima, Lucinda parecia mais calma antes de sair do povoado, foi só chegar em “casa” que ela enraiveceu, Luci odiava morar no meio da floresta, ela sempre pr
Família Forth...Após receberem a carta do Lorde Sírio, Lucinda age como se houvesse um milagre acontecendo.Todos voltam para dentro de casa, sem acreditar ainda.Milenna, mãe das garotas, sem saber o que fazer pensa em ir ao povoado para ver o que realmente está acontecendo, talvez conseguisse saber se outras garotas haviam recebido aquela carta.Ela estava muito feliz pelas garotas, porém um pouco preocupada.Cateline, não estava animada como sua irmã, há ideia de se casar com alguém apenas para ter filhos não a agradava, não haveria amor em seu casamento e teriam muitas outras mulheres envolvidas pois era comum que os lordes tivessem uma única esposa Real, e várias concubinas.Os filhos do Lorde Sirio ainda não haviam se casado, eles estavam em busca de uma esposa oficial também, Lucinda estava de olho em Helton a muito tempo, ele era o filho mais velho do Lorde e também o próximo a suceder o reino.— Não acredito! Eu fui convidada para ir até o palácio! Finalmente poderei sair da