Zair
Blasfemo.
Justo agora essa merda toca!No visor, minha mãe.—Oi, mamãe. Algum problema? —Questiono, ofegante.—Algum problema? Eu que te pergunto? Liguei para o palácio e me disseram que você viajou com Aysha a trabalho.Mas que merda!—Sim.—Não tinha como adiar isso?—Não, eu precisei estar no local, e ainda não resolvi o problema.—Não me diga que você a levou para esse lugar horroroso em sua lua de mel?—Hum hum.—Zair! Fi sabil Allah! (Pelo amor de Deus). Você nunca levou Amina para um lugar desses! O que deu em você para levar Aysha até aí?Talvez esse tenha sido meu erro, enquanto eu viajava e me matava de trabalhar, ela se encontrava com seu amante.—Achei errado deixa-la sozinha.—Mas tem hotéis, sei que não muito próximoAyshaAbro os olhos devagar. O alojamento está sendo tocado pela luz do sol que está despontando lá fora.Sinto braços musculosos ao meu redor. Meu rosto está enfiado num peito cheiroso, o queixo dele na minha cabeça. Ele respira pesadamente.Ofego, meu coração dispara.Allah!Aperto os olhos tentando pensar como sairei dos braços de Zair sem que ele perceba. Respiro de forma lenta e premeditada.O que aconteceu está confuso na minha cabeça. Eu o abracei por causa da ausência do meu segundo travesseiro? Ou ele me abraçou?Não sei. Apenas sei que estou aninhada em seus braços.Allah! E agora?Devagar tento me afastar de seu corpo. Aos poucos vou conseguido. Quando saio debaixo do seu queixo ergo me
AyshaZair avança em minha direção, eu ando para trás, tento não demonstrar minha fragilidade endurecendo meus olhos. Mas isso não surte efeito. Minhas costas batem na parede do alojamento. Claro! Só o fato de eu ter que fugir dele prova o quanto ele me deixa a flor da pele com sua presença.Alto, ameaçador.Zair sorri vitorioso.Ele ergue o braço e me encurrala na parede, a outra ergue meu queixo e meus olhos se encontram com os dele.—Não se engane, Aysha. Você me deseja, está em seus olhos isso. —A voz dele é baixa e profunda.Gostaria de dizer que ele está enganado, que não sinto nada por ele quando ele me toca, que eu sinto repudio, ojeriza, mas não consigo. Não depois de provar de seus lábios, o sabor de seu corpo sob o meu. E a presença dele é muito real para que eu me engane.<
Zair chega suado, todo sujo, o rosto manchado de graxa. Eu estou tranquila na cama segurando um livro que eu trouxe comigo. Embora eu não consiga ler uma linha, só pensando nele e na minha condição, mas ele não precisa saber disso.—Allah! Que inferno! Estou louco por um banho.Eu passo os olhos no thobe dele que era branco.—Eh, estou vendo.Ele caminha tirando a roupa do corpo e joga no chão. Eu imediatamente saio da cama, a banheira fica em frente a ela e eu não vou ficar de camarote assistindo-o tomar banho.Quando estou para passar por ele, Zair segura meu braço. Meu coração dá um salto mortal no peito. As gotículas de suor escorrem pelo seu corpo.Ele fecha os olhos e aspira o ar.—Você está perfumada.Eu entorto o nariz.—Você, fedendo.Ele abre os olhos e sorri, sem se abalar com isso.&mda
Estou com a cabeça enfiada num peito cheio de pelos negros e cheiroso. Braços me circundam.Allah!Fico imóvel no primeiro momento.Isso que dá dormir agarrada a um travesseiro. Preciso providenciar um, se quiser evitar esse tipo de situação. Devagar vou saindo dos braços dele.Zair abre os olhos, que encontram os meus.—Sabāha l-ḫair. (Bom dia) —Ele diz suavemente.— Sabāha l-ḫair. (Bom dia). —Digo com uma leve rouquidão, ainda constrangida por estar nos braços dele.Zair me solta completamente e se espreguiça calmamente, como se fosse normal essa intimidade entre nós. Ele vira a cabeça e foca no rádio relógio.—Precisamos levantar antes que o sol fique forte.Eu assinto, mas não me movo, fico presa aos lençóis. Zair se senta e começa a se trocar de costas para mim. Eu aproveito sua d
Quatro horas depois...Eu estou debaixo de uma tenda comendo um kafta que compramos no restaurante ao lado do hotel antes de sairmos.Hoje eu não passo fome nesse inferno!—O resultado das amostras chegou. — O engenheiro de confiança do sheik me diz.Eu como o último pedaço e depois de limpar as mãos, pego o relatório.—E então? —Pergunto e ao mesmo tempo leio o relatório.—O composto foi adulterado, por isso não estamos tendo resultados.Allah! Acabou esse inferno!—Bem, então vocês entendem que se findou meu trabalho aqui, o problema não é meu.—Sim, e estamos muito constrangidos por termos duvidado do desempenho de suas máquinas. O Sheik quer recompensá-lo por tamanho transtorno, tanto financeiramente e com uma festa em sua homenagem.—Ah, então ele já sabe?
ZairAysha sai da cama e começa a arrumar a mesa. Ela está linda, mesmo com a carinha de sono e os cabelos desarrumados. Se move de um jeitinho tão sexy que tenho vontade de segurar meu... queixo e ficar olhando para ela. Mas aquela voz surge dentro de mim e ela me diz para eu lutar contra o meu "intenso eu". Não quero mais transbordar. Se eu não tiver o mesmo sentimento que insanamente vou sentir por Aysha vou me tornar possessivo. Ciumento. Não vou conseguir confiar e ela irá conhecer o meu pior, então vai me odiar e isso vai acabar comigo. Não! Melhor a amenidade de sentimentos....Desvio meus olhos daquela figurinha e volto minha atenção para o que eu estou fazendo ainda pensativo. Eu não estou me sentindo nada orgulhoso pelo que sou, pelo que me tornei. Mas não consigo ser diferente. Volto meus olhos para Aysha novamente. Ela se sentou à mesa. Si
Quatro horas e meia depois estou parada em frente ao closet, ele cheira a essência personalizada da loja. É o perfume das roupas novas. Todas são lindas e ao mesmo tempo tradicionais. Não marcam o corpo. Esquece os formatos sereia. Decotes ou saias curtas.Escolho um vestido negro, todo bordado. O decote canoa, sem mangas.Observo os meus cabelos compridos de um lindo castanho-dourado. Essa é a pior parte: ter que cobri-los. Coloco um lenço negro com dó.Faço uma maquiagem leve, capricho nos olhos, marcando o olhar com rímel, lápis e sombra. Nos lábios passo um batom cor terracota, muito parecido com o dos lábios. Apenas para dar vida a eles.—Aysha! —Ouço Zair chamando meu nome no quarto.Saio do banheiro.Allah! Ele está um arraso. Usa um terno negro, bem ocidental, camisa branca e gravata preta. Ele segura uma caixa preta de veludo.&mdas
Examino o mar de mulheres bem vestidas acompanhadas com seus maridos. Percebo um misto de culturas. Não há só árabes na festa. Vejo mulheres sem lenço nos cabelos. Sinto os braços de Zair nas minhas costas, ele me conduz ao salão. Caminho ao lado dele consciente do olhar das pessoas que começam a cair sobre nós.Incomodada com meu lenço, o puxo e solto meus cabelos que caem como cascatas nos meus ombros.Zair para de andar.—Aysha! Coloque o lenço! —Ele diz, baixo, no meu ouvido.—Tem mulheres que não estão usando o lenço.Ele aperta meu braço.—Elas são de outra nacionalidade, pessoas da embaixada.Eu sorrio para meu marido.—E eu sou americana. Esqueceu? Quando você queria me seduzir fazia questão de me lembrar disso!Quando Zair está prestes a me contrariar, o Sheik o av