Examino o mar de mulheres bem vestidas acompanhadas com seus maridos. Percebo um misto de culturas. Não há só árabes na festa. Vejo mulheres sem lenço nos cabelos.
Sinto os braços de Zair nas minhas costas, ele me conduz ao salão. Caminho ao lado dele consciente do olhar das pessoas que começam a cair sobre nós.Incomodada com meu lenço, o puxo e solto meus cabelos que caem como cascatas nos meus ombros.Zair para de andar.—Aysha! Coloque o lenço! —Ele diz, baixo, no meu ouvido.—Tem mulheres que não estão usando o lenço.Ele aperta meu braço.—Elas são de outra nacionalidade, pessoas da embaixada.Eu sorrio para meu marido.—E eu sou americana. Esqueceu? Quando você queria me seduzir fazia questão de me lembrar disso!Quando Zair está prestes a me contrariar, o Sheik o avZair me puxa para a cama. Eu caio sentada. Seus olhos se avivam nos meus. Leio o dono desses lindos olhos negros. Há uma dureza, poder, além de uma virilidade pura e absoluta.—Você fala assim pois não sabe o que passei, minimiza a minha dor quando acha que é fácil ter o coração livre como pede.Nunca vi uma confissão tão evidente de dor nos olhos de um homem. Meus músculos se contraem e sinto meu corpo quente. O coração trovejando dentro do meu peito. De repente quero muito beijá-lo. Eu fico de joelhos na cama e seguro seu rosto entre minhas mãos:—Nunca irei te magoar. Acredite! Abra o seu coração. —Digo e repito o verso da música: "Se eu pudesse derreter seu coração, nunca ficaríamos separados..."Eu lhe dou um beijo suavemente na boca. Ele retira a minhas mãos com força excessiva e ab
AyshaMinha cabeça dói muito. Sinto o gosto amargo na boca. Abro meus olhos e imediatamente sinto o incômodo da luz do quarto."Onde estou, o que aconteceu? "Eu me ergo e me vejo no meu quarto, me olho embaixo do edredom.Estou nua.Olho do lado e vejo o lugar vazio na cama.Fecho os olhos tentando me lembrar do que aconteceu ontem. Eu me lembro da festa até a parte das meninas me colocarem no sofá. Depois flashes de Zair no chuveiro e eu cantando algo, dançando para ele. Depois lembro-me do rosto dele próximo ao meu, de seus beijos. Sim, nós fizemos amor.Não me admiro em nada que ele não esteja ao meu lado. Eu me sento e puxo o edredom no pescoço, a dor de cabeça aumenta e junto com ela sinto vontade de vomitar.Allah! Não deveria ter bebido!Ouço a porta se abrir e Zair entra no quarto. Lindo, uma visão e tanto. Ele es
As horas passam e eu não consigo dormir. Rolo na cama, me sentindo angustiado. Meu corpo clama por uma derradeira noite com ela, antes que se vá. Eu respiro fundo, e olho para a porta de comunicação. Mas que diabos! Marcho até ela, e a abro. Aysha está lá abraçada a um travesseiro. Eu dou um sorriso lascivo e o puxo de seus braços, ela reclama, tomo o lugar dele nos braços dela. Ela geme e enfia seu nariz no meu peito. Geme de novo se aconchegando mais em mim. Minha respiração começa a ficar agitada, e a beijo no pescoço. Ela estremece e me abraça. Eu a beijo nos ombros. Ela abre os olhos e me vê pairado sobre ela na penumbra do quarto. Allah! Ofego com medo de ela me mandar embora.—Aysha...preciso de você. Lembre-se que você é a minha esposa. Nosso relacionamento só será mais leve. Entende? Mas isso não
AyshaFui recebida com muita alegria por todos. Minha sogra se sentiu feliz com minha companhia. A irmã de Zair, Isa, é uma garota incrível. Tem apenas quatorze anos, logo que chegou da escola veio falar comigo. Já com o Sheik foi mais tenso, ele me fez entrar na biblioteca para questionar a atitude de Zair. Eu falei tudo que Zair me disse, escondi toda a minha amargura e tristeza e o convenci que estávamos bem. Saí sentindo um peso na consciência e no coração. Vivo uma farsa. Tudo isso tem me feito muito mal. Zair está conseguindo seus objetivos em esfriar as coisas.E pensar que quando eu pensei que estava ruindo o muro de frieza que ele ergueu, ele me manda mais para longe dele. O que era uma vírgula está virando um ponto final. O rumo que isto está tomando não é algo que eu goste, o da frieza dos meus sentimentos.Quinze dias se
Dois dias depois, Sábado...ZairEntro no palácio. Rayla, a serva de minha mãe, quando me vê, leva um susto.—Vossa Alteza!—Olá Rayla. Bom dia. Onde estão todos? —Vossa majestade viajou, o Sheik está na biblioteca.—Aysha continua no quarto da ala norte?—Sim, vossa alteza.Meu coração se agita.—Ótimo, estou louco para falar com ela!—Ela não está!Eu me volto para ela, sinto aquele sentimento ruim tomando conta de mim. Meu cérebro engrenhando por pensamentos permissivos. É aquele medo novamente de algo de ruim estar em andamento. Controlo minha voz para não esbravejar:—Mas não são nem nove horas? Aonde ela foi? —Ela viajou. Eu sinto meu coração falhar uma batida e me sento no sofá.—Viajou? —Urr
ZairSim, Aysha é linda, suas palavras oscilam entre suaves, inteligentes e muitas vezes ácidas. Uma mistura contagiante. Ela provoca em mim aquele turbilhão emocional que eu tanto fujo. Aquela vulnerabilidade que eu odeio. Mas o tempo foi meu aliado. Depois que voltei para Bahrein, aos poucos, meu coração foi se acalmando.E pensar que quase fui vencido por meus sentimentos. Sim, houvera um tempo que eu era assim, mas isso quase me destruiu.Essa distância foi boa, descobri que com ela que quando eu me sentir muito intenso, preciso apenas sumir por um tempo e tudo dentro de mim volta ao seu estado normal. É um exercício de poder.Quero Aysha.Deixo Aysha.Estou agora na sala com meu pai, acabei de chegar. Estou agitado, e não gosto disso. Ver Aysha sempre me deixa assim. Não estou me sentindo o cara controlado agora.Escuto o choro de Samira, me volto devagar e meus
AyshaZair me conduz até o corredor que nos leva em direção a ala sul, creio que ele está me levando para a biblioteca. Minha cabeça está a milhão.Allah! Eu me recuso a aceitar essa mulher como a segunda esposa de Zair. Logo que fiquei sabendo do acordo parei de tomar anticoncepcional e ele me manteve longe porque quis. As palavras daquela mulher me cheiram mulher despeitada. Pode até ser que ele tenha se casado obrigado, mas quem é ela para inferiorizar a natureza do meu casamento?Entramos na biblioteca, respiro fundo tentando acalmar minha respiração de tão irritada que eu estou. Ele fecha a porta e me encara. Um sorrisinho torto surge em seus lábios.—Não precisa ficar assim, Nádia não será minha segunda esposa.Percebo que minhas unhas estão enterradas em minha palma, eu aos poucos as abro. Minhas emo&c
Acordo sem acreditar muito que estou nos braços de Zair. Mas estou, suas pernas estão sobre as minhas, e seus braços me circundam a cintura. Estamos de conchinha. Já tinha até me esquecido o quanto é bom dormir abraçada a ele, essa sensação de acolhimento é maravilhosa.Epa! Aliás, ele está abraçado a mim. Zair me confunde às vezes, não sei o que ele colocou como limite entre nós. Só sei que ele não quer sentir intenso. Quer anestesiar seus sentimentos para não sofrer. Não consigo entender isso! Eu me movo nos braços dele, girando meu corpo. Ele resmunga, mas não acorda. Fico admirando as linhas fortes de seu rosto sereno. Quando ele está assim, nem parece o homem tão sem sentimentos que ele se esforça em transparecer.Como eu fui me apaixonar por ele dessa forma? Tão perdidam