Aysha
Zair avança em minha direção, eu ando para trás, tento não demonstrar minha fragilidade endurecendo meus olhos. Mas isso não surte efeito. Minhas costas batem na parede do alojamento.
Claro! Só o fato de eu ter que fugir dele prova o quanto ele me deixa a flor da pele com sua presença.Alto, ameaçador.Zair sorri vitorioso.Ele ergue o braço e me encurrala na parede, a outra ergue meu queixo e meus olhos se encontram com os dele.—Não se engane, Aysha. Você me deseja, está em seus olhos isso. —A voz dele é baixa e profunda.Gostaria de dizer que ele está enganado, que não sinto nada por ele quando ele me toca, que eu sinto repudio, ojeriza, mas não consigo. Não depois de provar de seus lábios, o sabor de seu corpo sob o meu. E a presença dele é muito real para que eu me engane.<Zair chega suado, todo sujo, o rosto manchado de graxa. Eu estou tranquila na cama segurando um livro que eu trouxe comigo. Embora eu não consiga ler uma linha, só pensando nele e na minha condição, mas ele não precisa saber disso.—Allah! Que inferno! Estou louco por um banho.Eu passo os olhos no thobe dele que era branco.—Eh, estou vendo.Ele caminha tirando a roupa do corpo e joga no chão. Eu imediatamente saio da cama, a banheira fica em frente a ela e eu não vou ficar de camarote assistindo-o tomar banho.Quando estou para passar por ele, Zair segura meu braço. Meu coração dá um salto mortal no peito. As gotículas de suor escorrem pelo seu corpo.Ele fecha os olhos e aspira o ar.—Você está perfumada.Eu entorto o nariz.—Você, fedendo.Ele abre os olhos e sorri, sem se abalar com isso.&mda
Estou com a cabeça enfiada num peito cheio de pelos negros e cheiroso. Braços me circundam.Allah!Fico imóvel no primeiro momento.Isso que dá dormir agarrada a um travesseiro. Preciso providenciar um, se quiser evitar esse tipo de situação. Devagar vou saindo dos braços dele.Zair abre os olhos, que encontram os meus.—Sabāha l-ḫair. (Bom dia) —Ele diz suavemente.— Sabāha l-ḫair. (Bom dia). —Digo com uma leve rouquidão, ainda constrangida por estar nos braços dele.Zair me solta completamente e se espreguiça calmamente, como se fosse normal essa intimidade entre nós. Ele vira a cabeça e foca no rádio relógio.—Precisamos levantar antes que o sol fique forte.Eu assinto, mas não me movo, fico presa aos lençóis. Zair se senta e começa a se trocar de costas para mim. Eu aproveito sua d
Quatro horas depois...Eu estou debaixo de uma tenda comendo um kafta que compramos no restaurante ao lado do hotel antes de sairmos.Hoje eu não passo fome nesse inferno!—O resultado das amostras chegou. — O engenheiro de confiança do sheik me diz.Eu como o último pedaço e depois de limpar as mãos, pego o relatório.—E então? —Pergunto e ao mesmo tempo leio o relatório.—O composto foi adulterado, por isso não estamos tendo resultados.Allah! Acabou esse inferno!—Bem, então vocês entendem que se findou meu trabalho aqui, o problema não é meu.—Sim, e estamos muito constrangidos por termos duvidado do desempenho de suas máquinas. O Sheik quer recompensá-lo por tamanho transtorno, tanto financeiramente e com uma festa em sua homenagem.—Ah, então ele já sabe?
ZairAysha sai da cama e começa a arrumar a mesa. Ela está linda, mesmo com a carinha de sono e os cabelos desarrumados. Se move de um jeitinho tão sexy que tenho vontade de segurar meu... queixo e ficar olhando para ela. Mas aquela voz surge dentro de mim e ela me diz para eu lutar contra o meu "intenso eu". Não quero mais transbordar. Se eu não tiver o mesmo sentimento que insanamente vou sentir por Aysha vou me tornar possessivo. Ciumento. Não vou conseguir confiar e ela irá conhecer o meu pior, então vai me odiar e isso vai acabar comigo. Não! Melhor a amenidade de sentimentos....Desvio meus olhos daquela figurinha e volto minha atenção para o que eu estou fazendo ainda pensativo. Eu não estou me sentindo nada orgulhoso pelo que sou, pelo que me tornei. Mas não consigo ser diferente. Volto meus olhos para Aysha novamente. Ela se sentou à mesa. Si
Quatro horas e meia depois estou parada em frente ao closet, ele cheira a essência personalizada da loja. É o perfume das roupas novas. Todas são lindas e ao mesmo tempo tradicionais. Não marcam o corpo. Esquece os formatos sereia. Decotes ou saias curtas.Escolho um vestido negro, todo bordado. O decote canoa, sem mangas.Observo os meus cabelos compridos de um lindo castanho-dourado. Essa é a pior parte: ter que cobri-los. Coloco um lenço negro com dó.Faço uma maquiagem leve, capricho nos olhos, marcando o olhar com rímel, lápis e sombra. Nos lábios passo um batom cor terracota, muito parecido com o dos lábios. Apenas para dar vida a eles.—Aysha! —Ouço Zair chamando meu nome no quarto.Saio do banheiro.Allah! Ele está um arraso. Usa um terno negro, bem ocidental, camisa branca e gravata preta. Ele segura uma caixa preta de veludo.&mdas
Examino o mar de mulheres bem vestidas acompanhadas com seus maridos. Percebo um misto de culturas. Não há só árabes na festa. Vejo mulheres sem lenço nos cabelos. Sinto os braços de Zair nas minhas costas, ele me conduz ao salão. Caminho ao lado dele consciente do olhar das pessoas que começam a cair sobre nós.Incomodada com meu lenço, o puxo e solto meus cabelos que caem como cascatas nos meus ombros.Zair para de andar.—Aysha! Coloque o lenço! —Ele diz, baixo, no meu ouvido.—Tem mulheres que não estão usando o lenço.Ele aperta meu braço.—Elas são de outra nacionalidade, pessoas da embaixada.Eu sorrio para meu marido.—E eu sou americana. Esqueceu? Quando você queria me seduzir fazia questão de me lembrar disso!Quando Zair está prestes a me contrariar, o Sheik o av
Zair me puxa para a cama. Eu caio sentada. Seus olhos se avivam nos meus. Leio o dono desses lindos olhos negros. Há uma dureza, poder, além de uma virilidade pura e absoluta.—Você fala assim pois não sabe o que passei, minimiza a minha dor quando acha que é fácil ter o coração livre como pede.Nunca vi uma confissão tão evidente de dor nos olhos de um homem. Meus músculos se contraem e sinto meu corpo quente. O coração trovejando dentro do meu peito. De repente quero muito beijá-lo. Eu fico de joelhos na cama e seguro seu rosto entre minhas mãos:—Nunca irei te magoar. Acredite! Abra o seu coração. —Digo e repito o verso da música: "Se eu pudesse derreter seu coração, nunca ficaríamos separados..."Eu lhe dou um beijo suavemente na boca. Ele retira a minhas mãos com força excessiva e ab
AyshaMinha cabeça dói muito. Sinto o gosto amargo na boca. Abro meus olhos e imediatamente sinto o incômodo da luz do quarto."Onde estou, o que aconteceu? "Eu me ergo e me vejo no meu quarto, me olho embaixo do edredom.Estou nua.Olho do lado e vejo o lugar vazio na cama.Fecho os olhos tentando me lembrar do que aconteceu ontem. Eu me lembro da festa até a parte das meninas me colocarem no sofá. Depois flashes de Zair no chuveiro e eu cantando algo, dançando para ele. Depois lembro-me do rosto dele próximo ao meu, de seus beijos. Sim, nós fizemos amor.Não me admiro em nada que ele não esteja ao meu lado. Eu me sento e puxo o edredom no pescoço, a dor de cabeça aumenta e junto com ela sinto vontade de vomitar.Allah! Não deveria ter bebido!Ouço a porta se abrir e Zair entra no quarto. Lindo, uma visão e tanto. Ele es