POV MAGNOS.— Mas, madrinha, não podemos dormir com essas roupas desconfortáveis. Por que não avisou antes? — perguntou Amélia.— Estávamos mantendo sigilo, esqueceu? Mas não se preocupe, posso resolver isso rapidamente — disse Morgana.Ela levantou uma de suas mãos e senti minha roupa desaparecer. Olhei para Amélia e vi que ela estava vestida com um confortável pijama de calça e blusa de manga comprida. Quando olhei para mim, algo estranho chamou minha atenção.— Que merda estou usando? — perguntei, perplexo, fitando Morgana.— Um pijama, ora — respondeu Morgana, com um tom debochado e um sorriso malicioso.— Eu não uso essa coisa ridícula para dormir. Aliás, eu durmo sem nada — retruquei, já irritado.— Imaginei que você dormisse nu. Seu pai era assim também. Ele dizia que lobos sentem muito calor. Mas eu não quero suas… distrações interferindo no feitiço. Me desculpe, Amélia — disse Morgana, dando de ombros.— Não precisa se desculpar, madrinha. Sei que meu marido é uma tentação —
POV AMÉLIA.Ravina estava encantada com Cosmo. Eu podia sentir sua excitação vibrando em mim, seus pensamentos pervertidos sobre ele formavam uma corrente incessante em minha mente. Minha loba, sempre tão livre e desinibida, estava mais assanhada do que nunca. Desde o momento em que se viram, eles se conectaram como duas partes de um todo, correndo, pulando, conversando como se fossem feitos um para o outro. E, em meio a essas conversas, uma revelação abalou meu mundo. Cosmo confessou a Ravina que Magnos me amava. Meu coração quase parou, depois deu um salto desordenado no peito. Magnos… me amava? Era real? Ouvir aquilo da boca de Cosmo, o que eu tanto ansiava ouvir dos lábios de Magnos. O calor se espalhou por mim, um calor avassalador que quase me fez perder o fôlego. Então uma dúvida rasteira se instalou: se Magnos me amava, por que ele ainda não havia me dito? Será que estava esperando o momento certo para se declarar? Talvez fosse isso. Ele sempre foi reservado com suas emoçõ
POV AMÉLIA.Após o café, descemos para a sala de estar. Lá, encontramos Morgana sentada, lendo um livro negro, cheio de símbolos intricados e místicos. Fiquei intrigada, aproximando-me para ver melhor, mas assim que nos notou, o livro desapareceu diante de nossos olhos, como se tivesse vontade própria. — Madrinha, que livro era aquele que sumiu? — perguntei curiosa, mas antes que ela pudesse responder, foi Magnos quem falou, enquanto segurava minha mão com firmeza, me conduzindo e tento certeza de que eu não cairia se tropeçasse ou minhas pernas ficassem fracas.— Aquele era o grimório de Morgana. — Respondeu sério. Eu queria saber como meu marido sabia disso. Olhei para minha madrinha, surpresa, e ela sorriu de lado, um sorriso que conhecia bem. — Você é muito esperto, lobinho — disse ela, com uma pitada de orgulho. — Isso mesmo, aquele era meu grimório. Já falei sobre a importância dos grimórios com você, Amélia. — Disse, me olhando séria.Assenti, lembrando de nossas longas con
POV MAGNOS.Eu disse as três palavras que, há muito tempo, não dizia para ninguém. As palavras que só Amélia merecia ouvir: eu te amo. Elas saíram da minha boca com um nervosismo palpável, como se eu fosse um adolescente confessando meu amor pela primeira vez. Amélia ficou parada, os olhos arregalados e surpresos, e eu podia ouvir o coração dela disparar. Ou seria o meu?— São os dois corações. Que bom, Magnos, você finalmente resolveu declarar seu amor à Amélia! — Cosmo comentou com um toque de felicidade, enquanto eu começava a me sentir aflito com o silêncio dela.— Acho que tem algo errado… Ela está imóvel e quieta. Será que não gostou do que ouviu? — Perguntei a Cosmo, sentindo o peso da incerteza me apertar o peito.— Calma, ela só está surpresa. Fale com ela. — Sugeriu Cosmo, tentando me tranquilizar.— Amor, você está bem? — Perguntei, sem esconder a ansiedade na minha voz. Amélia, de repente, abriu um grande sorriso, mas, ao mesmo tempo, lágrimas começaram a escorrer pelo seu
POV MAGNOS.Chegamos ao consultório de Hélio e, como de costume, ele nos aguardava com um sorriso caloroso. Assim que entramos, ele se levantou da cadeira, vindo nos cumprimentar com entusiasmo.— Alfa! Amélia! — Ele nos saudou com um entusiasmo quase contagiante. — Preparados para ver os filhotes? — Perguntou.Amélia sorriu para ele, mas eu só consegui responder com um aceno de cabeça, a tensão percorrendo meu corpo. Hélio abriu caminho para que entrássemos na sala de exames, onde todos os equipamentos de última geração já estavam prontos. Ajudei Amélia a se deitar na mesa de exames, meu olhar fixo em cada movimento de Hélio enquanto ele ajustava o monitor e se preparava para o ultrassom. Amélia segurou minha mão, seu toque suave sempre me trouxe uma sensação de calma. Mas mesmo assim, Cosmo estava inquieto, ansioso para ouvir os corações de nossos filhotes.— Começa logo esse exame, quero ouvir os corações dos meus filhotinhos e ver suas imagens. — Disse Cosmo impaciente.— Se acal
POV AMÉLIA.Meu dia começou maravilhoso. Acordei do lado do lobo que amo, depois de ele declarar seu amor por mim. Magnos fez pessoalmente o café da manhã para mim e estava delicioso. Aquele lobo sabe cozinhar muito bem, e eu amo sua comida. Pena que ele só cozinhou duas vezes para mim. Ele poderia cozinhar todos os dias. Por que não pensei nisso antes? Posso alegar desejo de sua comida. É isso que farei.O nosso dia estava ótimo. Meus bebês estão fortes e saudáveis. Os pequenos não mostraram o sexo, como eu havia pedido. Isso prova que eles sempre ficarão do lado da mãe nas situações, pensei rindo. Recebemos a notícia de que os quadrigêmeos chegarão no começo do próximo mês. Falta pouco. Estávamos felizes, e Ravina estava numa felicidade contagiante.Mas como dizem: alegria de pobre dura pouco. E tem sempre alguém para estragar nossa felicidade. As sirenes tocaram, me assustando, e Magnos disse estarmos sob ataque. Saiu correndo, me deixando aos cuidados de Hélio. Após meu marido sai
POV MAGNOS.Não acredito que esses infelizes ousaram vir para estragar minha felicidade justo no dia da consulta do pré-natal de Amélia. A sensação de revolta me consumia. Deixei Amélia com Hélio no hospital, prometendo que voltaria logo, mas meu sangue fervia de ódio. Saí do prédio apressado, com cada músculo do meu corpo tenso, sentindo a raiva pulsar em minhas veias como um veneno letal. Eu queria o sangue desses malditos. Ivan me informou que eles estavam na barreira da região sul. Eu teria que me transformar e correr até lá. Isso só alimentava minha fúria.— Vamos logo resolver esse problema e voltar para Amélia e Ravina — murmurou Cosmo em minha mente, seu tom tão feroz quanto o meu. Sem mais perder tempo, nos transformamos e eu corri em disparada pela floresta. O vento cortava meu rosto enquanto corria, mas a dor física não era nada comparada ao ódio que me queimava por dentro. Demorei dez minutos, mas cada segundo parecia uma eternidade.Quando finalmente cheguei à fronteira,
POV MAGNOS.Eu corria como se minha vida dependesse disso. E, de certo modo, dependia. O pensamento de que Amélia poderia estar em perigo me consumia. Meu coração batia descompassado, e Cosmo rosnava de ódio e desespero. Quando cheguei ao hospital, ainda em forma lupina, transformei-me em segundos, os pés batendo forte contra o chão enquanto adentrava o prédio em disparada.A sala de espera e os corredores estavam desertos. Quando cheguei ao corredor do consultório de Hélio, encontrei os corpos inconscientes de Hélio e dos sentinelas. O ar parecia congelado, cada detalhe ao meu redor passando despercebido enquanto meu olhar se fixava nos lobos caídos. Meu coração deu um salto e uma sensação de pânico tomou conta de mim.— Hélio! — gritei, ajoelhando-me ao lado dele e o sacudindo com força, mas ele não se mexia. O desespero começou a crescer dentro de mim como uma maré furiosa. Meus olhos vasculhavam ao redor em busca de algum sinal, qualquer coisa que me dissesse onde Amélia estava. M