Quando cheguei na cafeteria corri para a sala dos funcionários para me recompor e Ulisses e Suzy vieram atrás de mim. Suzy me abraçou, Ulisses nos abraçou e eu só me deixei ser consolada.
— O que ele disse? — perguntou Suzy.
— Que não tava muito bem… — respondi.
— Eu deveria ter batido mais nele. — disse Ulisses nos apertando mais forte.
— Amiga, vai passar. Você vai ficar bem. — afirmou Suzy.
— Eu vou. — falei me afastando do abraço deles — Se vocês me verem interessada em algum macho de novo, me lembrem da minha promessa de
Flor e eu descemos correndo as escadas para que Ulisses parasse de buzinar, qualquer dia os vizinhos iriam me processar. Chegamos ofegantes no carro quando vi Fábio de pé ao lado de Ulisses.— Painho!!! — Flor correu para os braços do pai.Eu não tinha um segundo de paz na minha vida. Dei passos largos até Fábio e perguntei furiosa:— O que é que tu quer, hein?— Esqueceu, foi mainha? Hoje é o café do dia dos pais lá da escolinha.— Claro que eu sei minha filha, como é que eu ia esquecer? Pedi a meu chefe pra eu ir contigo. — disse eu apontando p
A escola estava toda decorada com balões azuis, uma fachada feita pelos alunos escrito “Feliz dia dos pais” e uma enorme mesa com saladas, bolos, tortas, sanduíches, sucos, refrigerantes e uma variedade de comida para todos os gostos. — Meu velho… É hoje que eu vou lavar a burra! — disse Fábio olhando para o banquete. Mal nos aproximamos da mesa, Fábio foi direto encher um pratinho. Ele foi o primeiro. A mãe do Tadeu, um dos amiguinhos de Flor, se aproximou de mim com um sorriso. — Oi, Lis! Tudo bem? — Tudo bom Marta e tu? — Eu tô ótima, minha querida, obrigada! Então esse é o famoso papai de Flor? — perguntou ela apontando para Ulisses.
Pouco antes do fim da aula de Flor, Ulisses e eu estávamos de volta à porta da escola. Havíamos conversado com a administração da escola e eles acharam por bem de, enquanto estivesse dentro da escola, que Ulisses e eu esperássemos do lado de fora. — A gente tá parecendo dois vira-latas esperando osso aqui no portão. — disse eu impaciente. — De que horas Flor larga? — perguntou Ulisses. — Meio-dia. — Então ela deve tá saindo a qualquer momento. Eis que Jéssica sai da escola acompanhada por seus pais. — Com licença! — disse eu chamando os pais de Jéssica.
Depois de deixarmos Flor em casa, eu ainda não havia digerido a conversa com o pai de Jéssica mas aos poucos enquanto Ulisses e eu nos dirigíamos ao trabalho, íamos comentando os acontecimentos do dia, lembrando de várias outras coisas que havíamos passado juntos e acabamos nos divertindo muito.— Eu nunca achei que um dia eu ia ter um chefe tão atabacado feito tu. — provoquei Ulisses. — Ainda mais aqui em São Paulo.— E nem se acostume, viu? Você deu sorte de me ter como chefe.— Pois é. Também nunca achei que ia ter um chefe tão amostrado.— Mas eu devo admitir que você também &
Entrei engolindo o choro eu nunca antes havia derramado uma lágrima por homem e Pierre não seria o primeiro. Fui até Ulisses, eu não iria mais esperar para ter com ele a conversa que eu já queria ter a muito tempo.— Ulisses! Tu acha que a gente podia conversar agora?— Desculpa, Lis… — disse ele apressadamente e de saída — Eu vou precisar dar uma saída, você acha que a gente poderia conversar depois?— É sobre eu e Pierre.— Então… Eu acho que vamos precisar adiar nossa conversa porque eu preciso resolver uma coisa urgente.— Mas o q
— Lis?... — Aaahhh!!!... — Shhh… Que isso menina? Tu vai acordar Florzinha desse jeito. — Também mainha a essa hora da madrugada… Eu fecho a porta da geladeira e dou de cara com a senhora me encarando. Pensei que fosse Cumade Fulôzinha! — Tá repreendido, menina! O sangue de Jesus Cristo tem poder! — A senhora tá deixando de enxergar no claro pra enxergar no escuro agora, é? Que nem vampiro? — Menina, Deus tenha misericórdia da tua vida. Sabe o que é isso? Desde que a gente chegou aqui em São Paulo, tu não quer conversa com igreja. Te agarra com Jesus não, visse?
O primeiro dia foi intenso. À primeira vista, aquela parecia uma cafeteria normal, mas detrás daquele balcão, especialmente com o grupo que lá se reunia, eu me sentia em um verdadeiro laboratório.Era diferente de ver Maria Flor aprender a andar, ler ou ter o seu primeiro dia de aula. Diferente de estar em um relacionamento novo, dividir a vida ou a casa com alguém. Dessa vez era por mim. O meu curso e a minha carreira.Eu já estava feliz pela SB Koffee, através de Ulisses, além de investir na minha formação como barista, também me liberar para fazer as aulas no meu período de expediente. A única coisa que me incomodava com tudo isso era saber que nada
Meu curso de barista estava acontecendo à tarde, eu tinha aula de segunda a sexta. De primeira eu pensei em não aceitar, pois seria um mês trabalhando apenas pela manhã. Mas Ulisses garantiu que não seria problema, ele daria um jeito e realmente deu. Quando o fluxo aumentava na minha ausência, ele entrava para o atendimento.Saber disso me deixava grata mas também incomodada, eu não via a hora de terminar o curso e voltar para o atendimento, pois não aguentava mais as gracinhas de Laura. Principalmente hoje, que Ulisses não estava presente, como de costume ele a deixava no comando e ela mostrava quem realmente era na ausência dele.— Trabalha bem muito pra compensar a tarde toda que você passa fora.Último capítulo