Eram mais ou menos dez da noite e Ulisses me dava carona para casa depois do barzinho. Eu tinha duas horas para chegar e a tia Margarida poder sair para o trabalho.
— Então… Você e a Laura, hein?
— Você tava me espiando? — ele perguntou franzindo as sobrancelhas.
— Peste, tu é o gerente daquela bexiga de cafeteria. Foi tu que me dissesse que o último a sair avisa pra tu poder fechar. — falei já com raiva — Por que diabo eu ia querer ver tu engolindo Laura? Logo Laura!
— Não sei porque vocês perseguem tanto a Laura. Na verdade ela é bem legal. — ele disse.
— Tu é um jumento mesmo! Só tu não enxerga que ela é o diabo louro. — respondi — Mas me conta
— Oi! — cumprimentou Pierre — Tudo certo pra hoje? — Tudo certo, mas tu sabe que eu tenho hora pra voltar. — Pode deixar. Prometo ficar de olho na hora. — Pra onde a gente vai? — perguntei apoiando as mãos no bolso do avental. — Vamos assistir uma apresentação teatral. Posso esperar você largar? — Tudo bem. Eu tinha toda a roupa separada na minha bolsa e estava ansiosa pelo nosso segundo encontro. Até pedi para Ulisses me liberar mais cedo e ele me disse um não bem direto. Então Pierre concordou em esperar até às sete da noite para que eu largasse. Na verdade até às sete e vinte, tempo
O Teatro Municipal de São Paulo tinha uma estrutura arquitetônica grandiosa e, naquela noite, ele estava todo iluminado.Dei graças por ter escolhido um pretinho básico de gola alta, saltos e uma maquiagem caprichada que Suzy me ajudou a fazer. A ocasião era elegante.— Começou a ser construído em 1903... — disse Pierre ao meu lado — Esse estilo arquitetônico eclético, estava em alta na Europa no século XIX daí veio a inspiração, mais especificamente na Ópera de Paris.— É muito lindo!— Muito mesmo. Esse é um dos cartões postais da cidade, mas foi aqui nesse mesmo local,
Eu encarava o chão enquanto Ulisses dava o seu sermão. Não achava que ele estava errado. Do ângulo que viu a cena — patética por sinal — Laura parecia ter sido atacada gratuitamente. Mas o que me entristecia é que ele parecia não me conhecer o suficiente — independente do tempo de amizade que tínhamos — para saber que eu jamais entraria em tamanha confusão sem um motivo plausível.— Lis, desde o dia que você chegou, diferentes surpresas tem acontecido diariamente. — disse ele com as mãos nos bolsos.— Não é bem assim. — respondi franzindo as sobrancelhas — Essa situação com a Laura eu concordo qu
Adentrei a sala da diretora e a mulher deu um salto da sua cadeira com o semblante assustado, eu realmente deveria estar parecendo uma fera furiosa. Ignorei completamente a diretora vindo em minha direção e fui mais rápida quando vi o corpinho infantil sentado na cadeira. Jéssica mantinha a cabecinha entre os joelhos. — Mãe, preciso que se acalme. — disse a diretora me alcançando. Eu me ajoelhei na frente de Jéssica e ignorei completamente a diretora, nada me impediria de fazer o que decidi fazer ali. — Oi Jéssica. — cumprimentei e ela levantou o rosto para olhar para mim. — Oi! Você é a mamãe da Maria Flor, né?
— O que tu ensinasse pra minha filha, peste? — perguntei rindo. — Ensinei coisas importantes que só uma criança que lia muitos quadrinhos poderia saber. — respondeu Ulisses sorrindo. — Tu era viciado em quadrinhos, é? — Ô se era! Eu e meus amigos comprávamos e emprestávamos quadrinhos uns para os outros, era quase um clube do livro. — Isso é tão nerd! — disse eu. — Éramos muito nerds mesmo. Além dos quadrinhos dos universos Marvel e DC, tinham os jogos de RPG, video game, card game e vários outros — ele disse com olhar contemplativo — E você bravinha? O que é isso de mundo colorido? — Longa história.
Pierre parecia cansado, percebi olheiras profundas e o seu corpo que estava tenso. Mas mesmo assim ele se fazia presente em nosso encontro. Era um sábado à noite e ele me perguntou se eu teria o restante da noite livre. Concordei porque tinha combinado antecipadamente com minha tia para que ela pudesse ficar com Flor e com minha mãe. Eu queria ter direito a tudo nessa noite e quando falo tudo, incluo sexo. Apesar dos meus medos eu estava apaixonada e louca de desejo por aquele homem maravilhoso diante de mim. Foi por isso que eu respondi o que respondi quando ele me perguntou se eu tinha alguma preferência de local. — Motel… — arregalei os olhos. Em momentos assim eu tinha certeza a quem Flor puxou a língua solta. Pierre fixou os olhos nos meus e eu tive certeza de ver
Pétalas de rosas estavam espalhadas pelo chão, uma luz baixa no ambiente e uma música tocava Você é linda de Caetano Veloso. Sobre a cama de casal mais pétalas de rosas, uma bandeja com morangos, um champagne e duas taças. Me virei para Pierre e ele segurava um buquê de lírios. — De onde você tirou essas flores? — perguntei com um sorriso. — Eu faço mágicas. — Eu tô vendo. Tu é incrível! — falei cheirando as flores. Pierre foi até a cama e encheu nossas taças com o champagne e entregou para mim. — Linda e sabe viv
Ele girou o corpo tentando se desvencilhar daquele aperto em seu pescoço mas não conseguiu, o braço que lhe sufocava era rijo como um tronco de árvore. O desespero subiu sua cabeça, seria assim que tudo terminaria? Sentiu um aperto na garganta e grande era a vontade de deixar as lágrimas lhe tomarem, mas não podia. Afinal, era um homem, não era? E homens não choram! Foi quando uma súbita ideia tomou-lhe a mente, como não pensou nisso antes? Ergueu o joelho e desferiu um golpe no meio das pernas de seu oponente que caiu segurando as partes íntimas. O outro inimigo o empurrou com força e ele caiu com o traseiro no chão soltando um gemido de dor. Último capítulo