O Teatro Municipal de São Paulo tinha uma estrutura arquitetônica grandiosa e, naquela noite, ele estava todo iluminado.
Dei graças por ter escolhido um pretinho básico de gola alta, saltos e uma maquiagem caprichada que Suzy me ajudou a fazer. A ocasião era elegante.
— Começou a ser construído em 1903... — disse Pierre ao meu lado — Esse estilo arquitetônico eclético, estava em alta na Europa no século XIX daí veio a inspiração, mais especificamente na Ópera de Paris.
— É muito lindo!
— Muito mesmo. Esse é um dos cartões postais da cidade, mas foi aqui nesse mesmo local,
Eu encarava o chão enquanto Ulisses dava o seu sermão. Não achava que ele estava errado. Do ângulo que viu a cena — patética por sinal — Laura parecia ter sido atacada gratuitamente. Mas o que me entristecia é que ele parecia não me conhecer o suficiente — independente do tempo de amizade que tínhamos — para saber que eu jamais entraria em tamanha confusão sem um motivo plausível.— Lis, desde o dia que você chegou, diferentes surpresas tem acontecido diariamente. — disse ele com as mãos nos bolsos.— Não é bem assim. — respondi franzindo as sobrancelhas — Essa situação com a Laura eu concordo qu
Adentrei a sala da diretora e a mulher deu um salto da sua cadeira com o semblante assustado, eu realmente deveria estar parecendo uma fera furiosa. Ignorei completamente a diretora vindo em minha direção e fui mais rápida quando vi o corpinho infantil sentado na cadeira. Jéssica mantinha a cabecinha entre os joelhos. — Mãe, preciso que se acalme. — disse a diretora me alcançando. Eu me ajoelhei na frente de Jéssica e ignorei completamente a diretora, nada me impediria de fazer o que decidi fazer ali. — Oi Jéssica. — cumprimentei e ela levantou o rosto para olhar para mim. — Oi! Você é a mamãe da Maria Flor, né?
— O que tu ensinasse pra minha filha, peste? — perguntei rindo. — Ensinei coisas importantes que só uma criança que lia muitos quadrinhos poderia saber. — respondeu Ulisses sorrindo. — Tu era viciado em quadrinhos, é? — Ô se era! Eu e meus amigos comprávamos e emprestávamos quadrinhos uns para os outros, era quase um clube do livro. — Isso é tão nerd! — disse eu. — Éramos muito nerds mesmo. Além dos quadrinhos dos universos Marvel e DC, tinham os jogos de RPG, video game, card game e vários outros — ele disse com olhar contemplativo — E você bravinha? O que é isso de mundo colorido? — Longa história.
Pierre parecia cansado, percebi olheiras profundas e o seu corpo que estava tenso. Mas mesmo assim ele se fazia presente em nosso encontro. Era um sábado à noite e ele me perguntou se eu teria o restante da noite livre. Concordei porque tinha combinado antecipadamente com minha tia para que ela pudesse ficar com Flor e com minha mãe. Eu queria ter direito a tudo nessa noite e quando falo tudo, incluo sexo. Apesar dos meus medos eu estava apaixonada e louca de desejo por aquele homem maravilhoso diante de mim. Foi por isso que eu respondi o que respondi quando ele me perguntou se eu tinha alguma preferência de local. — Motel… — arregalei os olhos. Em momentos assim eu tinha certeza a quem Flor puxou a língua solta. Pierre fixou os olhos nos meus e eu tive certeza de ver
Pétalas de rosas estavam espalhadas pelo chão, uma luz baixa no ambiente e uma música tocava Você é linda de Caetano Veloso. Sobre a cama de casal mais pétalas de rosas, uma bandeja com morangos, um champagne e duas taças. Me virei para Pierre e ele segurava um buquê de lírios. — De onde você tirou essas flores? — perguntei com um sorriso. — Eu faço mágicas. — Eu tô vendo. Tu é incrível! — falei cheirando as flores. Pierre foi até a cama e encheu nossas taças com o champagne e entregou para mim. — Linda e sabe viv
Ele girou o corpo tentando se desvencilhar daquele aperto em seu pescoço mas não conseguiu, o braço que lhe sufocava era rijo como um tronco de árvore. O desespero subiu sua cabeça, seria assim que tudo terminaria? Sentiu um aperto na garganta e grande era a vontade de deixar as lágrimas lhe tomarem, mas não podia. Afinal, era um homem, não era? E homens não choram! Foi quando uma súbita ideia tomou-lhe a mente, como não pensou nisso antes? Ergueu o joelho e desferiu um golpe no meio das pernas de seu oponente que caiu segurando as partes íntimas. O outro inimigo o empurrou com força e ele caiu com o traseiro no chão soltando um gemido de dor. Ouvi o sino sobre a porta da cafeteria que tocava toda vez que alguém entrava no estabelecimento e meu coração deu um salto. Apressei os passos para ver se era ele quem chegava, mas era um casal feliz de mãos dadas. Soltei o ar pela boca decepcionada.— É o cupcake de morango que você tá esperando? — perguntou Suzy — Claro que é. Quem mais seria?— Amiga, tu acha que eu tenho algum problema? — perguntei, apoiando os cotovelos no balcão.— A sua língua é bem afiada, você nunca solta esse cabelo, sua cara é bem zangada e as vezes… — ela baixou o tom de voz — Você fecha os punhos quando fica com raiva. Tenho medo que você so21. Demorou Mais Chegou
— O que tu tá fazendo aqui, Fábio? — perguntei quando me aproximei dele. Ele me olhou intensamente e saiu da cafeteria fazendo sinal com a cabeça para que eu o seguisse. Foi o que fiz, estávamos os dois na calçada um pouco distantes da cafeteria quando ele disse: — Flor de Lis, tu é doida, é? Como é que tu pega a minha filha e some do mapa me deixando com um número de telefone? — Fábio, tu acha mesmo que eu pensei em alguma coisa depois de… — Não tem nada haver uma coisa com a outra. Minha filha! Tu afastou a minha filha de mim! — ele disse batendo no peito. — Eu tô no meu direito de refazer minha vida, nojento!