— Tia eu não queria te dar mais trabalho. — disse eu com sinceridade.
Apesar de estar muito ansiosa pelo jantar com Pierre, eu estava com a consciência pesada, pois minha tia havia trocado a folga dela no hospital para que eu pudesse sair.
— Não se preocupe querida, essas garotas vão dormir daqui a pouco. — ela disse rindo.
— Tu vai deixar eu em casa. — reclamou Flor com os braços cruzados sobre o peito.
— Flor, já te falei que tu vai achar chato. É passeio de adulto.
— Tu devia era me acompanhar na igreja como prometeu. — disse minha mãe.
— Mainha, eu já pedi desculpas. — respondi sem
— Como assim você quer roubar o título de São Paulo de Nova Iorque brasileira? — perguntou Ulisses com o dedo para o alto. — Eu quero lá roubar nada de ninguém! Tô te contando uma história que tu pelo visto não conhece. — respondi irritada — Vem cá, tu faltou as aulas de história, foi? — Eu… — passou a mão na nuca — Na verdade eu era um bom aluno. Só não lembrava de ter ouvido histórias sobre a Paraíba… Desculpa, desculpa! Pernambuco. — Histórias do teu país, peste! — disse eu com as sobrancelhas franzidas. — Você tá certa… Desculpa de novo, eu sou um idiota sem a intenção de ser idiota. — ele estava corado. — Tudo bem, Zé Ruela! Vou ser tua
Eram mais ou menos dez da noite e Ulisses me dava carona para casa depois do barzinho. Eu tinha duas horas para chegar e a tia Margarida poder sair para o trabalho. — Então… Você e a Laura, hein? — Você tava me espiando? — ele perguntou franzindo as sobrancelhas. — Peste, tu é o gerente daquela bexiga de cafeteria. Foi tu que me dissesse que o último a sair avisa pra tu poder fechar. — falei já com raiva — Por que diabo eu ia querer ver tu engolindo Laura? Logo Laura! — Não sei porque vocês perseguem tanto a Laura. Na verdade ela é bem legal. — ele disse. — Tu é um jumento mesmo! Só tu não enxerga que ela é o diabo louro. — respondi — Mas me conta
— Oi! — cumprimentou Pierre — Tudo certo pra hoje? — Tudo certo, mas tu sabe que eu tenho hora pra voltar. — Pode deixar. Prometo ficar de olho na hora. — Pra onde a gente vai? — perguntei apoiando as mãos no bolso do avental. — Vamos assistir uma apresentação teatral. Posso esperar você largar? — Tudo bem. Eu tinha toda a roupa separada na minha bolsa e estava ansiosa pelo nosso segundo encontro. Até pedi para Ulisses me liberar mais cedo e ele me disse um não bem direto. Então Pierre concordou em esperar até às sete da noite para que eu largasse. Na verdade até às sete e vinte, tempo
O Teatro Municipal de São Paulo tinha uma estrutura arquitetônica grandiosa e, naquela noite, ele estava todo iluminado.Dei graças por ter escolhido um pretinho básico de gola alta, saltos e uma maquiagem caprichada que Suzy me ajudou a fazer. A ocasião era elegante.— Começou a ser construído em 1903... — disse Pierre ao meu lado — Esse estilo arquitetônico eclético, estava em alta na Europa no século XIX daí veio a inspiração, mais especificamente na Ópera de Paris.— É muito lindo!— Muito mesmo. Esse é um dos cartões postais da cidade, mas foi aqui nesse mesmo local,
Eu encarava o chão enquanto Ulisses dava o seu sermão. Não achava que ele estava errado. Do ângulo que viu a cena — patética por sinal — Laura parecia ter sido atacada gratuitamente. Mas o que me entristecia é que ele parecia não me conhecer o suficiente — independente do tempo de amizade que tínhamos — para saber que eu jamais entraria em tamanha confusão sem um motivo plausível.— Lis, desde o dia que você chegou, diferentes surpresas tem acontecido diariamente. — disse ele com as mãos nos bolsos.— Não é bem assim. — respondi franzindo as sobrancelhas — Essa situação com a Laura eu concordo qu
Adentrei a sala da diretora e a mulher deu um salto da sua cadeira com o semblante assustado, eu realmente deveria estar parecendo uma fera furiosa. Ignorei completamente a diretora vindo em minha direção e fui mais rápida quando vi o corpinho infantil sentado na cadeira. Jéssica mantinha a cabecinha entre os joelhos. — Mãe, preciso que se acalme. — disse a diretora me alcançando. Eu me ajoelhei na frente de Jéssica e ignorei completamente a diretora, nada me impediria de fazer o que decidi fazer ali. — Oi Jéssica. — cumprimentei e ela levantou o rosto para olhar para mim. — Oi! Você é a mamãe da Maria Flor, né?
— O que tu ensinasse pra minha filha, peste? — perguntei rindo. — Ensinei coisas importantes que só uma criança que lia muitos quadrinhos poderia saber. — respondeu Ulisses sorrindo. — Tu era viciado em quadrinhos, é? — Ô se era! Eu e meus amigos comprávamos e emprestávamos quadrinhos uns para os outros, era quase um clube do livro. — Isso é tão nerd! — disse eu. — Éramos muito nerds mesmo. Além dos quadrinhos dos universos Marvel e DC, tinham os jogos de RPG, video game, card game e vários outros — ele disse com olhar contemplativo — E você bravinha? O que é isso de mundo colorido? — Longa história.
Pierre parecia cansado, percebi olheiras profundas e o seu corpo que estava tenso. Mas mesmo assim ele se fazia presente em nosso encontro. Era um sábado à noite e ele me perguntou se eu teria o restante da noite livre. Concordei porque tinha combinado antecipadamente com minha tia para que ela pudesse ficar com Flor e com minha mãe. Eu queria ter direito a tudo nessa noite e quando falo tudo, incluo sexo. Apesar dos meus medos eu estava apaixonada e louca de desejo por aquele homem maravilhoso diante de mim. Foi por isso que eu respondi o que respondi quando ele me perguntou se eu tinha alguma preferência de local. — Motel… — arregalei os olhos. Em momentos assim eu tinha certeza a quem Flor puxou a língua solta. Pierre fixou os olhos nos meus e eu tive certeza de ver