O Peso do TempoClara desceu até a cozinha, mas encontrou apenas a governanta, que cortava legumes com calma sobre a bancada.— A senhora Isabel está por aqui? — perguntou Clara, tentando parecer natural.A governanta sorriu gentilmente.— A dona Isabel foi para o quarto dela. Quer que eu lhe mostre onde fica?Clara assentiu.— Por favor.A governanta a conduziu pelo corredor e indicou uma porta no fim do corredor. Clara respirou fundo e deu três batidinhas leves na porta.— Dona Isabel? Posso entrar?— Claro, minha filha. Entre.Clara abriu a porta devagar e entrou. Isabel estava sentada na poltrona ao lado da cama, com um livro sobre as pernas. Ao ver Clara, fechou o livro e fez um gesto para que ela se sentasse ao seu lado.— Aconteceu alguma coisa, minha filha? — perguntou Isabel, com o tom carinhoso de sempre.Clara tentou organizar os pensamentos, mas a insegurança lhe roubava as palavras.— É que... o Miguel... ele pediu para eu dormir aqui. — gaguejou, abaixando o olhar. — El
A Marca do Destino Clara se aproximou da porta do quarto de Miguel e deu três batidinhas suaves. — Miguel, com licença, posso entrar? Do outro lado, a voz dele soou tranquila: — Claro, pode entrar. Clara entrou devagar, deixando Luna e Isabel aguardando no corredor. Com um sorriso tímido, ela se aproximou da cama. — A minha filha, Luna... ela chegou. E gostaria de vê-lo. O rosto de Miguel se iluminou em um sorriso largo. — Claro, claro! Deixa ela entrar! Clara fez um sinal para Luna, que entrou no quarto com o cabelo preso em um coque alto. Assim que Isabel, ainda na porta, viu Luna passar à sua frente, seus olhos se fixaram na nuca da menina. Lá estava a mancha vermelha que ela conhecia bem. Um aperto forte tomou seu coração, e, de repente, tudo escureceu. Isabel caiu desmaiada. — Mãe! — gritou Miguel, alarmado. Clara correu para Isabel, agachando-se ao lado dela. — Luna, me ajude aqui! Com cuidado, mãe e filha levantaram Isabel e a colocaram na poltrona reclinável. Clar
Entre Banhos e Sentimentos Não ReveladosClara bateu suavemente na porta do quarto.— Seu Miguel, posso entrar?— Pode, Clara. Entre.Ela abriu a porta e entrou silenciosamente, fechando-a atrás de si. Miguel estava sentado na cama, descansando após o longo dia.— A Luna se acomodou? — ele perguntou, com um sorriso que iluminou seu rosto.— Sim, ela está tomando banho agora.— E você não vai trazê-la para jantar comigo?Clara balançou a cabeça.— Assim que ela sair do banho, eu a levo para jantar, mas vou cuidar do senhor primeiro.Miguel suspirou, mas manteve o sorriso.— Eu estou bem, Clara, sério. Na verdade, eu adoraria que a Luna jantasse comigo.— Não, Miguel. O senhor precisa descansar. — Clara respondeu, tentando ser firme.Miguel insistiu, mas de forma suave:— A sua filha me faz bem, Clara. Eu amei o sorriso dela, a maneira como ela fala comigo, como se nos conhecêssemos há anos. Como se fôssemos velhos amigos... — Ele a olhou profundamente e sussurrou: — Pai e filha.Clar
Entre Toques e Confissões VeladasO vapor suave preenchia o banheiro quando Miguel chamou por Clara.— Clara? — ele sussurrou, a voz rouca.Ela estava sentada no sofá, folheando uma revista distraidamente, tentando manter a mente longe dos pensamentos que a perturbavam. Ao ouvir a voz dele, ela se levantou e caminhou até o banheiro.— Sim, Miguel? — respondeu, tentando esconder a ansiedade na voz.Ela o ajudou a se levantar da banheira, segurando-o com firmeza. Com cuidado, colocou-o em pé sobre o tapete felpudo. Sentando-se no vaso, começou a secar o corpo dele com uma toalha macia, os toques cuidadosos, quase reverentes.Conforme as mãos de Clara percorriam sua pele, o corpo de Miguel começou a reagir. Ele fechou os olhos, respirando profundamente, sentindo a familiaridade dos toques dela, como se algo antigo despertasse. Ela percebeu a mudança sutil e ficou imediatamente corada.— Desculpe... É involuntário — murmurou Miguel, com um sorriso sem jeito.— Entendo... — respondeu Clar
Entre Arte e DeverEnquanto Clara ajeitava os travesseiros para Miguel tomar seu café da manhã, o telefone dela tocou. Ela olhou a tela e viu que era Valentina.— Valentina? Oi, está tudo bem? — Clara atendeu, colocando o telefone no ouvido.— Clara, preciso de você. Chega hoje à tarde uma coleção rara do Egito, e eu preciso que você esteja lá para recebê-la e avaliar as peças. — Valentina falava rápido, com a habitual segurança.Clara mordeu o lábio, hesitante.— Val, hoje não vai dar. Eu estou trabalhando e não posso sair agora.Miguel, deitado na cama e atento à conversa, inclinou a cabeça. Ele sabia que ela evitava falar sobre assuntos pessoais na frente dele, mas percebeu a tensão em sua voz.— Clara — insistiu Valentina —, não tenho outra pessoa para fazer isso.Clara suspirou, olhando para Miguel e tentando encontrar uma solução.— Val, eu realmente não posso...Miguel interrompeu, a voz calma:— Clara, eu ouvi. Se é tão importante, você pode ir.Ela virou-se para ele, surpresa
O Brilho da SuperficialidadeO som das rodas da mala ecoava pela entrada da mansão enquanto Cecília descia as escadas, cada passo marcado pela expectativa. Seu pai, Henrique Salles, havia retornado de uma longa viagem de negócios e, como sempre, a única coisa que passava pela mente dela era: “O que ele trouxe para mim?”.— Pai! — Cecília correu até ele com um sorriso largo, abraçando-o brevemente antes de dar dois passos para trás. — Trouxe alguma coisa pra mim? O que você trouxe?Henrique deu uma risada leve, acostumado com o comportamento da filha, e entregou sua maleta à governanta. Com uma mão, puxou uma pequena caixa retangular do bolso do paletó e balançou na frente dela.— O que você acha que tem aqui, Cecília?Os olhos dela brilharam, e um sorriso ansioso se abriu em seu rosto.— Ah, pai! Não faz suspense! É uma joia, não é? Eu sabia! Me dá logo! — Ela estendeu as mãos apressadamente, quase saltitando de empolgação.Henrique, divertido com a reação da filha, entregou a caixa
Entre Segredos e Sorrisos Luna e Fábio estavam no escritório da Alencar, compartilhando o espaço reservado para os estagiários. O clima entre eles era leve, mas havia algo a mais: um sentimento crescente que ambos faziam questão de esconder, pelo menos dentro do ambiente profissional. — Você acha que o André percebeu alguma coisa? — Fábio perguntou, inclinando-se ligeiramente para perto dela enquanto folheava alguns documentos. Luna deu um sorriso rápido, sem desviar o olhar do computador. — Espero que não. Estamos sendo cuidadosos, não estamos? Fábio riu baixinho, divertido com a resposta dela. — Mais ou menos... Mas, às vezes, parece que o André tem olhos nas costas. — Ele é só exigente. — Luna balançou a cabeça, tentando afastar a inquietação. Fábio se aproximou um pouco mais, sussurrando: — E se ele descobrir? Não sei se ele gostaria de saber que eu ando me apaixonando por uma certa estagiária. Luna corou e desviou o olhar, sem conseguir conter o sorriso tímido. — A gen
A Determinação de Miguel. Clara chegou silenciosamente ao final da sessão de fisioterapia e viu Miguel completamente exausto, o rosto encharcado de suor, respirando com dificuldade, mas focado. Seus músculos estavam tensos, refletindo o esforço que fazia.Sentada em um canto da sala, Clara o observava com um misto de admiração e apreensão. Quando Miguel tropeçou, quase perdendo o equilíbrio, soltou um gemido de dor. Clara instintivamente levou as mãos à boca, sufocando um suspiro de preocupação, mas o fisioterapeuta, firme, não interferiu.— Agora é com você, Miguel. — disse o fisioterapeuta com determinação. — Eu não vou te ajudar. Vamos lá?— Mas está doendo... — Miguel murmurou, a voz baixa de cansaço.— Eu sei que está, mas precisamos disso. Vamos! Força!Miguel, com os braços trêmulos, agarrou a barra paralela. Cada movimento era uma batalha, mas ele não desistiu. Lentamente, entre gemidos e respirações pesadas, ele se levantou.— Isso! — exclamou o fisioterapeuta, sorrindo. —