Entre Arte e DeverEnquanto Clara ajeitava os travesseiros para Miguel tomar seu café da manhã, o telefone dela tocou. Ela olhou a tela e viu que era Valentina.— Valentina? Oi, está tudo bem? — Clara atendeu, colocando o telefone no ouvido.— Clara, preciso de você. Chega hoje à tarde uma coleção rara do Egito, e eu preciso que você esteja lá para recebê-la e avaliar as peças. — Valentina falava rápido, com a habitual segurança.Clara mordeu o lábio, hesitante.— Val, hoje não vai dar. Eu estou trabalhando e não posso sair agora.Miguel, deitado na cama e atento à conversa, inclinou a cabeça. Ele sabia que ela evitava falar sobre assuntos pessoais na frente dele, mas percebeu a tensão em sua voz.— Clara — insistiu Valentina —, não tenho outra pessoa para fazer isso.Clara suspirou, olhando para Miguel e tentando encontrar uma solução.— Val, eu realmente não posso...Miguel interrompeu, a voz calma:— Clara, eu ouvi. Se é tão importante, você pode ir.Ela virou-se para ele, surpresa
O Brilho da SuperficialidadeO som das rodas da mala ecoava pela entrada da mansão enquanto Cecília descia as escadas, cada passo marcado pela expectativa. Seu pai, Henrique Salles, havia retornado de uma longa viagem de negócios e, como sempre, a única coisa que passava pela mente dela era: “O que ele trouxe para mim?”.— Pai! — Cecília correu até ele com um sorriso largo, abraçando-o brevemente antes de dar dois passos para trás. — Trouxe alguma coisa pra mim? O que você trouxe?Henrique deu uma risada leve, acostumado com o comportamento da filha, e entregou sua maleta à governanta. Com uma mão, puxou uma pequena caixa retangular do bolso do paletó e balançou na frente dela.— O que você acha que tem aqui, Cecília?Os olhos dela brilharam, e um sorriso ansioso se abriu em seu rosto.— Ah, pai! Não faz suspense! É uma joia, não é? Eu sabia! Me dá logo! — Ela estendeu as mãos apressadamente, quase saltitando de empolgação.Henrique, divertido com a reação da filha, entregou a caixa
Entre Segredos e Sorrisos Luna e Fábio estavam no escritório da Alencar, compartilhando o espaço reservado para os estagiários. O clima entre eles era leve, mas havia algo a mais: um sentimento crescente que ambos faziam questão de esconder, pelo menos dentro do ambiente profissional. — Você acha que o André percebeu alguma coisa? — Fábio perguntou, inclinando-se ligeiramente para perto dela enquanto folheava alguns documentos. Luna deu um sorriso rápido, sem desviar o olhar do computador. — Espero que não. Estamos sendo cuidadosos, não estamos? Fábio riu baixinho, divertido com a resposta dela. — Mais ou menos... Mas, às vezes, parece que o André tem olhos nas costas. — Ele é só exigente. — Luna balançou a cabeça, tentando afastar a inquietação. Fábio se aproximou um pouco mais, sussurrando: — E se ele descobrir? Não sei se ele gostaria de saber que eu ando me apaixonando por uma certa estagiária. Luna corou e desviou o olhar, sem conseguir conter o sorriso tímido. — A gen
A Determinação de Miguel. Clara chegou silenciosamente ao final da sessão de fisioterapia e viu Miguel completamente exausto, o rosto encharcado de suor, respirando com dificuldade, mas focado. Seus músculos estavam tensos, refletindo o esforço que fazia.Sentada em um canto da sala, Clara o observava com um misto de admiração e apreensão. Quando Miguel tropeçou, quase perdendo o equilíbrio, soltou um gemido de dor. Clara instintivamente levou as mãos à boca, sufocando um suspiro de preocupação, mas o fisioterapeuta, firme, não interferiu.— Agora é com você, Miguel. — disse o fisioterapeuta com determinação. — Eu não vou te ajudar. Vamos lá?— Mas está doendo... — Miguel murmurou, a voz baixa de cansaço.— Eu sei que está, mas precisamos disso. Vamos! Força!Miguel, com os braços trêmulos, agarrou a barra paralela. Cada movimento era uma batalha, mas ele não desistiu. Lentamente, entre gemidos e respirações pesadas, ele se levantou.— Isso! — exclamou o fisioterapeuta, sorrindo. —
Preparativos para uma Noite de RevelaçõesValentina estava em meio à organização do maior evento do ano. Cada detalhe precisava ser perfeito. A galeria da família Moretti receberia uma coleção rara de artefatos egípcios, além de outras peças exclusivas que atrairiam os maiores investidores do Brasil e do mundo. Convites foram enviados para famílias influentes e empresários renomados. Entre eles, a família de Cecília, os pais de Fábio, que estava encantado por Luna, e Rodrigo Martins, agora um CEO de uma grande empresa internacional.Valentina sabia que aquele evento não seria apenas uma exposição. Seria uma oportunidade para restabelecer contatos importantes, reacender antigas chamas e, talvez, resolver questões mal resolvidas. O brilho do evento estava na grandiosidade das peças, mas também na presença das pessoas certas.Na casa de Cecília, a chegada do convite trouxe euforia. Assim que Cecília leu o nome da galeria Moretti e o glamour envolvido, correu até o pai:— Pai! Eu preciso
Luxo e Glamour da galeria Moretti. O salão principal estava impecável. Lustres de cristal pendiam do teto, iluminando o espaço com um brilho suave. As peças egípcias estavam dispostas em vitrines de vidro, com iluminação delicada que destacava cada detalhe dos artefatos milenares. Os convidados chegavam em trajes luxuosos, ostentando joias e sorrisos, enquanto garçons circulavam com bandejas de champanhe. O evento era a expressão máxima do glamour, e a atmosfera estava carregada de expectativa e negócios.Valentina, imponente e serena, recebia os convidados ao lado de alguns curadores da galeria Moretti. Investidores do Brasil e do mundo a cercavam, ansiosos por assinar a lista de intenção de compra e garantir a chance de adquirir alguma das peças. O nome "Moretti" não era apenas uma marca: era um símbolo de prestígio. A cada novo nome inscrito, o evento se tornava um sucesso ainda maior.Rodrigo Martins, impecável em seu terno preto, observava Cecília de longe. Seus olhos a seguira
Quem é seu pai?Miguel manteve o olhar fixo em Luna, confuso e intrigado ao mesmo tempo. Ele cruzou os braços, como se estivesse tentando processar o que havia acabado de ouvir.— Luna... — ele começou, com a voz baixa e suave. — Você tem pai?Luna piscou, surpresa pela pergunta repentina. Ela nunca havia realmente pensado nisso.— Devo ter, né? — ela disse com um sorriso tímido e encolheu os ombros. — Mas eu não o conheci... Sabe qual é a verdade? Eu nunca perguntei pra minha mãe sobre ele. Ele nunca me fez falta...Miguel desviou o olhar para Clara, que permanecia em silêncio, com a cabeça baixa. Ele percebeu a tensão nas mãos dela, apertando o tecido do vestido como se tentasse conter algo. Algo que ele ainda não compreendia completamente.Luna, percebendo o clima estranho, mordeu o lábio inferior, mas antes que pudesse dizer mais alguma coisa, Miguel voltou a falar.— Luna... — disse ele, hesitante, escolhendo cuidadosamente as palavras. — E... Se eu te pedisse para continuar me
A viagem que Não quero fazer. A manhã de sábado começou com um clima tenso na casa de Miguel. Cecília estava determinada a levar seu noivo para uma viagem de fim de semana, desejando ostentar a companhia dele em um dos destinos mais badalados do momento. Sentada no sofá, ao lado do pai, ela jogava os cabelos para trás e repetia, com um ar de capricho e frustração:— Vamos, Miguel! Vai ser divertido. Todo mundo vai estar lá. Vai ser ótimo pra você sair um pouco de casa.Miguel, em sua cadeira de rodas, cruzou os braços e lançou um olhar firme.— Cecília, eu não posso viajar. Não sem a minha enfermeira. — Ele falou calmamente, mas com a convicção de quem sabia que não abriria mão de Clara.O pai de Cecília, Henrique Salles, estreitou os olhos e inclinou-se levemente à frente, tomando as rédeas da conversa.— Escute aqui, Miguel. Você é noivo da minha filha. E, como tal, tem compromissos com ela. Se você a escolheu para ser sua esposa, então precisa honrar esse compromisso. E essa hist