Quem é seu pai?Miguel manteve o olhar fixo em Luna, confuso e intrigado ao mesmo tempo. Ele cruzou os braços, como se estivesse tentando processar o que havia acabado de ouvir.— Luna... — ele começou, com a voz baixa e suave. — Você tem pai?Luna piscou, surpresa pela pergunta repentina. Ela nunca havia realmente pensado nisso.— Devo ter, né? — ela disse com um sorriso tímido e encolheu os ombros. — Mas eu não o conheci... Sabe qual é a verdade? Eu nunca perguntei pra minha mãe sobre ele. Ele nunca me fez falta...Miguel desviou o olhar para Clara, que permanecia em silêncio, com a cabeça baixa. Ele percebeu a tensão nas mãos dela, apertando o tecido do vestido como se tentasse conter algo. Algo que ele ainda não compreendia completamente.Luna, percebendo o clima estranho, mordeu o lábio inferior, mas antes que pudesse dizer mais alguma coisa, Miguel voltou a falar.— Luna... — disse ele, hesitante, escolhendo cuidadosamente as palavras. — E... Se eu te pedisse para continuar me
A viagem que Não quero fazer. A manhã de sábado começou com um clima tenso na casa de Miguel. Cecília estava determinada a levar seu noivo para uma viagem de fim de semana, desejando ostentar a companhia dele em um dos destinos mais badalados do momento. Sentada no sofá, ao lado do pai, ela jogava os cabelos para trás e repetia, com um ar de capricho e frustração:— Vamos, Miguel! Vai ser divertido. Todo mundo vai estar lá. Vai ser ótimo pra você sair um pouco de casa.Miguel, em sua cadeira de rodas, cruzou os braços e lançou um olhar firme.— Cecília, eu não posso viajar. Não sem a minha enfermeira. — Ele falou calmamente, mas com a convicção de quem sabia que não abriria mão de Clara.O pai de Cecília, Henrique Salles, estreitou os olhos e inclinou-se levemente à frente, tomando as rédeas da conversa.— Escute aqui, Miguel. Você é noivo da minha filha. E, como tal, tem compromissos com ela. Se você a escolheu para ser sua esposa, então precisa honrar esse compromisso. E essa hist
Entre Desafios e Desentendimentos, a Jornada Começa.Clara subiu silenciosamente para o quarto enquanto Miguel permanecia na cozinha com Isabel, que preparava um lanche simples para ele. Com a mochila aberta na cama, Clara organizava os itens essenciais para a viagem. Escolheu roupas confortáveis para Miguel, suas medicações e acessórios, além de uma muda de roupa para si. Separou tudo com eficiência e cuidado, mas sua mente estava longe. Sabia que a viagem seria mais uma prova para ela e para Miguel, especialmente com Cecília por perto, sempre pronta para lançar farpas e criar desconforto.Enquanto isso, na cozinha, Miguel aproveitava o momento leve ao lado de sua mãe. Com o sorriso descontraído, ele olhou para Isabel e disse:— Mãe, pode chamar a Luna? Preciso falar com ela.Isabel enxugou as mãos no avental e chamou por Luna, que logo apareceu na porta, curiosa.— Oi, senhor Miguel, o que houve? — perguntou, inclinando a cabeça com um sorriso no rosto.Miguel suspirou, sabendo que
Um Refúgio EfêmeroChegando ao hotel luxuoso em Fortaleza, Miguel, Cecília e Clara foram recebidos na recepção. Cecília, sempre atenta ao seu reflexo e postura, logo se afastou, sentando-se em uma poltrona na área de espera. Ela cruzou as pernas com elegância, pegou uma revista e ignorou completamente Miguel, enquanto ele fazia o check-in com Clara ao lado. Miguel optou por um quarto com duas suítes, uma para casal e outra separada.Assim que o atendente entregou as chaves, Cecília, com desdém, fez um sinal com a mão.— Vai, vai na frente, Miguel.Miguel suspirou e seguiu com Clara empurrando sua cadeira de rodas até o elevador. A viagem até o quarto foi silenciosa. Ao chegar, Miguel pediu que Clara o levasse até a varanda. Lá, ele respirou fundo, sentindo o vento marítimo tocar seu rosto.— Meu Deus, onde é que eu me meti? — sussurrou, frustrado.Clara se posicionou ao seu lado, colocando uma mão gentilmente em seu ombro.— Eu só quero ver até onde você vai suportar tudo isso.Migue
Traições à Vista e Sentimentos em ConflitoClara estava no quarto de Miguel, terminando de ajeitá-lo para descansar, quando percebeu que havia esquecido de solicitar alguns itens de higiene na recepção.— Vou até a recepção pegar umas coisas — disse Clara, tentando soar casual.Miguel acenou com a cabeça, já demonstrando sinais de cansaço. — Tudo bem. Eu vou descansar aqui, qualquer coisa me chame.Clara desceu até a recepção, caminhando pelo hall iluminado do hotel, mas ao virar um corredor, avistou Cecília com um homem que ela não conhecia. A postura casual de Cecília ao lado dele chamou sua atenção, e Clara não conseguiu ignorar a curiosidade que crescia dentro dela.Com passos leves, ela se escondeu atrás de uma coluna próxima e observou. O homem puxou Cecília de repente, e o que se seguiu foi um beijo profundo, cheio de desejo. Não havia afeto ou carinho naqueles movimentos, apenas uma química física intensa e descarada. As mãos dele percorriam o corpo de Cecília com uma confianç
Quando o silêncio é mais revelador que palavrasClara observava Miguel dormir profundamente, o cansaço evidente em seu corpo. A respiração dele havia se acalmado depois de tanto sofrimento. Ela se recostou na poltrona ao lado da cama, pegou seu livro e começou a ler novamente, tentando se distrair dos pensamentos que insistiam em voltar.De repente, a porta se abriu bruscamente, revelando Cecília com uma expressão furiosa. Ela não se preocupou em ser discreta e, com os braços cruzados, ordenou:— Vem aqui agora. Vamos conversar.Clara suspirou profundamente, fechou o livro e o colocou de lado. Levantou-se e caminhou até Cecília, fechando a porta com cuidado para não acordar Miguel.— O que foi, Cecília? O que você quer? — Clara perguntou, mantendo a voz calma, mas firme.Cecília deu um passo à frente, estreitando os olhos.— Você quer o meu noivo, é isso? Tá dando em cima dele com esse papinho de enfermeira? Vamos lá, abre logo o jogo!Clara manteve a compostura, inclinando a cabeça l
O Encontro entre Orgulho e Verdade.Cecília desligou o telefone com um sorriso satisfeito. Ela sabia que, quando seu pai dizia "vou resolver isso", ele realmente faria o que fosse preciso. Cecília entrou no quarto e esparramou-se na cama, aliviada, sentindo-se momentaneamente vitoriosa.Enquanto ela se esticava preguiçosamente entre os travesseiros macios, Miguel, pegava o celular. Sentia uma leve dor latejante na cabeça, mas nada comparado à noite anterior. Ele abriu o WhatsApp e, com os dedos ainda um pouco trêmulos, enviou uma mensagem rápida para Clara:Miguel: "Pode vir aqui?"Clara, que estava no quarto ao lado, já estava acordada e lendo um livro, mas largou tudo assim que viu a mensagem. Sabia que Miguel precisava dela. Vestiu algo confortável e, sem fazer barulho, saiu do quarto.Ao chegar ao quarto de Miguel, encontrou-o sentado na poltrona próxima à varanda, os olhos perdidos na paisagem. Havia algo em seu semblante que misturava cansaço e frustração. Ela o tirou do quart
Verdades e Silêncios. "Segredos à Sombra do Jardim".Miguel permaneceu em silêncio, observando Clara chorar ao seu lado. Algo dentro dele queria puxá-la para perto, abraçá-la e prometer que tudo ficaria bem, mesmo sem entender completamente o que estava acontecendo entre eles. Ele sabia, de algum modo, que aquela mulher carregava respostas que seu coração ansiava, mas que sua mente ainda não conseguia alcançar.Após alguns minutos, Clara se recompôs, enxugando as lágrimas com as costas das mãos, embora a dor ainda estivesse evidente em seus olhos. Miguel estendeu a mão para ela, mas Clara hesitou, como se aquele gesto simples tivesse o poder de desmoronar todas as barreiras que ela tentava manter em pé.— Me desculpe. — disse Clara, sua voz frágil. — Eu só... Eu só não sei como lidar com tudo isso.Miguel inclinou-se ligeiramente na cadeira, os olhos firmes nos dela.— Clara, eu preciso saber a verdade. Mesmo que seja difícil, mesmo que me machuque. Eu preciso das minhas memórias de