Um Passo para a Memória PerdidaMiguel parou por um momento, tentando organizar seus pensamentos.— Entrei no carro e liguei o motor com uma felicidade que me invadiu completamente. Eu tinha certeza de que precisava voltar para ela.O Dr. Edmunds franziu o cenho.— Voltar para quem, Miguel?Miguel suspirou, exausto e confuso.— Essa é a pergunta, doutor. Eu não sei quem é ela. — ele murmurou, com o coração apertado. — E não é a primeira vez. Há alguns anos, eu sonhei com um piquenique... Estava com uma mulher. Nós fizemos amor e, depois, eu chorei. E ela também. Eu prometi a ela que voltaria. Mas, quando passei a mão no rosto dela, tentando ver seu rosto, tudo era só um borrão.Miguel apertou as mãos, frustrado.— Doutor, eu não sei quem é ela, mas algo dentro de mim diz que esses sonhos não são apenas sonhos. São memórias... Fragmentos de uma promessa que eu fiz. E eu preciso voltar para ela.Miguel levantou o olhar para a mãe, e viu que ela estava com a cabeça baixa, lágrimas silenc
Fragmentos que se Unem Miguel estava no escritório, mexendo em alguns livros antigos que trouxera consigo de Londres. Ele precisava encontrar um relatório específico que havia guardado entre as páginas de um livro de economia. Com as luzes baixas e a mente ainda cansada das sessões de tratamento, Miguel se dedicava a reorganizar o que encontrava. Foi então que, ao abrir um dos livros mais antigos, um pequeno pedaço de papel, envelhecido e amarelado pelo tempo, deslizou silenciosamente de dentro das páginas. Curioso, ele pegou o papel com cuidado, percebendo que era uma carta. A textura desgastada e as dobras gastas indicavam que aquela carta estava ali havia muitos anos. Seus olhos se estreitaram, e seu coração acelerou. Ao desdobrar o papel com cuidado, ele viu no topo o título: "Esperando por você" A carta começava de forma poética, e Miguel sentiu um aperto no peito à medida que lia cada verso: "Eu me tornaria uma tola no amor novamente, se houvesse a menor chance de você me
A Interrupção de CecíliaA porta se abriu abruptamente, e Cecília entrou no escritório sem bater, como de costume.— O que tem a Clara Moretti? — perguntou ela, com um tom casual, mas carregado de impaciência. — Você tem uma reunião marcada com ela?Miguel arregalou os olhos, surpreso.— O quê? O que você disse? — ele perguntou, quase sem ar.— Você está aí falando "Clara Moretti, Clara Moretti". — Cecília repetiu, cruzando os braços. — O que tem ela?Miguel engoliu seco, tentando se recompor, mas sua mente corria em um redemoinho de confusão e esperança. Ele tentou parecer natural, embora seu coração batesse como um tambor.— Sim... Eu acho que preciso marcar uma reunião com ela para discutir os investimentos.Cecília o encarou com um olhar desconfiado.— Engraçado. — ela disse com um ar irônico. — Pra fazer reunião, você não sente dor de cabeça. Mas pra sair comigo...Miguel ignorou o comentário venenoso dela, ainda tentando processar o que estava acontecendo. Ele respirou fundo e p
Esquecimentos e Fragmentos Perdidos Miguel acordou com a luz do sol invadindo o quarto, o corpo pesado e uma estranha sensação de vazio na mente. Ele piscou algumas vezes, tentando se situar, mas não havia nada específico na memória. Apenas o cansaço familiar e uma leve dor na têmpora. Ele se levantou da cama lentamente, caminhando até o banheiro. Depois de lavar o rosto, olhou seu reflexo no espelho e sentiu uma sensação de inquietação. Havia algo que ele deveria se lembrar, mas não sabia o que. Ele sacudiu a cabeça e respirou fundo, como se pudesse afastar essa sensação desconfortável. Enquanto Miguel descia para a cozinha, o cheiro de café recém-passado preenchia o ar. Sua mãe, Isabel, estava sentada à mesa, folheando uma revista. Ao vê-lo, ela sorriu com doçura e fez um gesto para que ele se juntasse a ela. — Bom dia, filho. Dormiu bem? — ela perguntou, observando-o com atenção. Miguel deu de ombros, ainda meio confuso. — Eu acho... — ele murmurou, esfregando os olhos. — Na
Ligações Perdidas Isabel respirou fundo antes de responder. — A recuperação é um processo longo e doloroso, Cecília. Ele já está aqui há dois anos, e mesmo assim ainda temos um longo caminho pela frente. O Dr. Edmunds está tentando ajustar as medicações, mas às vezes os tratamentos causam mais confusão do que alívio. Cecília rolou os olhos com desprezo. — Dois anos? Então ele vai ficar preso aí? Que maravilha. Isabel fechou os olhos por um momento, tentando manter a paciência. — Ele está lutando para recuperar as memórias, Cecília. — disse calmamente. — E eu preciso voltar para o Brasil em breve. A saúde dele ainda exige acompanhamento, mas ele vai ter que seguir aqui por mais algum tempo. Cecília deu uma risadinha sarcástica. — Então é isso. O príncipe encantado vai ficar fora de cena por mais um tempo. Ótimo. Isabel manteve a calma, mas havia uma firmeza em sua voz. — Sim, Cecília. Ele vai continuar aqui o tempo que for necessário. Porque isso é o que as pessoas fazem quan
A voz da Memória. A enfermeira tentou acalmá-lo. — Senhor Miguel, por favor, você precisa ficar calmo. O doutor já está vindo. Mas Miguel continuava a lutar para sair. A situação saiu do controle, e a enfermeira chamou reforços. Dois homens fortes entraram na sala, prontos para contê-lo. — Não! Eu não vou ficar aqui! — Miguel gritou, tentando escapar. Os homens o seguraram firmemente, enquanto a enfermeira preparava uma nova dose de sedativo. — Vai ficar tudo bem, senhor Miguel. — disse ela calmamente, aplicando a injeção. Miguel lutou por alguns segundos mais, mas logo seus movimentos começaram a enfraquecer, e ele desabou nos braços dos homens, adormecendo novamente. Pouco depois, o Dr. Edmunds entrou no quarto e encontrou Isabel sentada ao lado do filho, enxugando as lágrimas com as mãos trêmulas. Ela parecia exausta, consumida pela dor de ver Miguel sem lembranças dela. — Doutor... — Isabel começou, com a voz fraca. — Ele não se lembra de mim. Dr. Edmunds assentiu, com
Um Baile de Princesa e Novas ResponsabilidadesValentina estava sentada à mesa de reuniões da sede da família Moretti, cercada por papéis e relatórios. Os negócios herdados do pai prosperavam, mas exigiam atenção constante. A Moretti Enterprises era um império diversificado, com investimentos em hotéis de luxo, arte, e vinícolas renomadas. Além disso, coleções de arte valiosas e participações em eventos culturais ao redor do mundo faziam parte do portfólio. A gestão desses ativos era um desafio diário, e Valentina se orgulhava de manter o legado intacto.Ela sabia que a irmã mais nova, Clara, sempre preferira a simplicidade e a vida longe dos holofotes, mas, desta vez, precisaria dela ao seu lado. Valentina digitou uma mensagem rápida e clara: "Precisamos conversar. Encontro-me com você na sede amanhã."No dia seguinte, Clara entrou no escritório de Valentina, carregando a habitual leveza que contrastava com o ambiente formal da empresa. Luna, agora com 14 anos, terminava os últimos m
A Transformação de LunaLuna chegou ao salão sem desconfiar do que a esperava. A tia Valentina a conduziu para uma sala reservada, com espelhos e cadeiras de veludo. A atmosfera era de mistério e expectativa.Valentina segurou as mãos de Luna e, com um sorriso gentil, falou:— Agora você vai me prometer uma coisa, minha querida.Luna sorriu, curiosa.— O que é, tia?Valentina apertou levemente as mãos dela.— Você vai fazer exatamente o que eu pedir, sem desobedecer, tá bom?Luna assentiu, sem reclamar.— Tá bom, tia. Eu prometo.Valentina sorriu satisfeita.— A partir de agora, nós vamos vendar você. E você não vai tirar essa venda até eu mandar, combinado?Luna riu, mas concordou.— Combinado.Com a venda nos olhos, Luna foi conduzida até a cadeira do cabeleireiro. Ele trabalhou com precisão, criando uma obra de arte em forma de penteado. Cabelos cuidadosamente presos em um coque elegante, adornados com pequenas flores e cristais que brilhavam à luz.— Pronto, agora a venda pode sa