Quando ele entrou no carro para ir embora, girou a chave e ele não ligou, deixando Bernardo ainda mais entristecido. E encostando a testa no volante, pensou: – Será que neste dia tudo vai dar errado? Não é possível! Acabei de ter sido vítima de uma armadilha e de uma posterior humilhação no meu próprio trabalho, e agora o carro não quer ligar, e provavelmente vai me fazer gastar mais dinheiro. Um dinheiro que eu não esperava de reduzir do meu orçamento.
Mas como Bernardo se considerava uma pessoa resiliente, ele tentou pensar positivo, que o problema do carro seria algo simples e que rapidamente seria resolvido, e o principal, gastando pouco. Então ele pegou o aparelho celular no seu bolso e ligou para a seguradora que cuidava de seu carro e pediu que eles enviassem um reboque para o endereço mencionado e que eles também enviassem um táxi a fim de levar Bernardo para casa, pois o que ele mais precisava naquele momento era de um pequeno lazer e de descansar a sua mente.
Depois de ele ter aguardado por esse reboque por cerca de vinte minutos, o veículo chegou acompanhado de um táxi, como ele havia solicitado, o qual seria o responsável por levar Bernardo para a sua casa, enquanto o carro seguiria para a oficina autorizada pela seguradora contratada.
Como nas regras da seguradora, o reboque não poderia seguir com o carro e o proprietário do veículo seguir para outro caminho com o taxista, Bernardo teve, primeiramente, que ir até a oficina e assinar de modo que ele estava ciente de que o seu carro estaria lá aguardando a sua vez de verificação do conserto. E em seguida, depois que o carro tinha sido estacionado e guardado dentro da oficina, ele voltou a entrar no táxi para finalmente ir para a sua casa, cujo momento ele aguardava ansiosamente.
Mas antes que o táxi desse partida, o motorista esteve conversando rapidamente com o mecânico, o qual, pelo que Bernardo pôde ouvir, era algo relacionado a noite de lua cheia, pois o mecânico disse ao taxista:
– Hoje é noite de lua cheia! Temos que voltar para casa cedo!
– Verdade! Estava me esquecendo desse detalhe! Muitas coisas podem acontecer essa noite aqui na cidade de Sheron Hill. – Complementou o taxista, fazendo com que o mecânico concordasse e com que Bernardo achasse tudo muito estranho, pois ele não costumava acreditar nessas histórias que as pessoas contavam.
Então depois que Bernardo chegou em casa, ele preparou o seu almoço, fazendo arroz, aquecendo o feijão em sua panela pequena e em seguida, fritou algumas almôndegas, as quais eram bastante simples, mas que eram deliciosas. Seu único problema é que não era de acordo com a dieta feita por Bernardo, mas uma exceção não o faria mal.
Depois que o seu almoço já estava pronto, ele pensou em fazer um suco de maracujá, o qual poderia acalmá-lo naquela manhã difícil, mas em seguida ele mudou de ideia, pois espremer a fruta dedicaria mais tempo e ele não queria mais gastar o seu tempo naquele dia, então ele quebrou a sua dieta, quando decidiu pegar uma lata de refrigerante que estava dentro de sua geladeira.
– Não vou morrer se eu beber um pouco de refrigerante hoje depois de tanto tempo só bebendo sucos de laranja. – Disse ele consigo mesmo.
Quando ele ouviu o som da lata de refrigerante sendo aberta, ele sentiu um alívio que ele não soube explicar, pois até aquele momento o seu dia tinha lhe oferecido inúmeros desafios, então ele merecia uma refeição sossegada em um momento de paz, nem que fosse o único que ele tivesse ao longo de todo o dia.
Depois que Bernardo fez a sua refeição, ele lavou todas as louças na pia da cozinha e foi até o banheiro a fim de escovar os seus dentes. Em seguida, ele foi caminhando até o seu quarto a fim de descansar um pouco, pois ele estava se sentindo com a mente cansada e um tanto perturbada com os acontecimentos que ele tinha vivido até aquele momento.
Algumas horas depois ele acordou, e ao abrir os olhos, olhou para a janela e viu que já tinha anoitecido. Nesse momento, ele disse consigo mesmo: – Não acredito que eu dormi a tarde inteira! Eu nem fui à academia! Mas acredito que ainda dê tempo. E depois que ele olhou a hora no relógio, viu que ainda daria tempo de ele malhar um pouco, pois faltavam poucos minutos para as vinte e uma horas e a academia só fecharia por volta das vinte e duas horas,
Então ele tomou um banho rapidamente, vestiu uma camiseta cinza, e uma bermuda preta. Calçou um tênis também na cor preta e saiu pela porta com destino à sua academia, a qual ficava em uma área mais deserta da cidade.
Depois de ele passar correndo por uma rodovia bastante deserta, pois não só ele, mas todos os moradores daquela cidade tinham receio de passar sozinhos naquela área durante a noite, principalmente quando o céu estivesse iluminado pela lua cheia, pois os moradores de Sheron Hill acreditavam que existia uma criatura que assombrava a todos que passassem por aquele caminho e que por isso essas pessoas poderiam ser perseguidas e até mesmo mortas.
Mas Bernardo naquele momento tentou não pensar nessas histórias assustadoras que a maioria das cidades pequenas tem.
Então por ter passado correndo, ele rapidamente chegou até a academia, e ao passar pela porta, ele logo avistou uma roleta, a qual era liberada pela recepcionista, uma mulher loira de cabelos lisos e compridos, de pele clara, e que tinha os olhos castanhos escuros. Ela nunca prestou muita atenção no Bernardo, pois sempre que ele passava por aquela roleta, ele já estava sempre com o seu cartão de matrícula em mãos, o que já permitia que ele encostasse-se à catraca e a roleta já fosse liberada para que ele passasse e entrasse na academia. Mas Bernardo sempre prestou muita atenção naquela mulher, a qual se chamava Lara, pois ele costumava dizer que ela era a musa daquela academia, que ele só continuava malhando naquele lugar porque ela ainda trabalhava ali. Quando ele se encontrava com os seus amigos, ele costumava dizer que ela, mesmo sem saber, proporcionava todo o ânimo que ele necessitava para voltar àquele lugar todos os dias.
Então depois que ele malhou e se esforçou bastante a ponto de queimar todas as calorias que tinham sido ingeridas por aquela lata de refrigerante, ele foi até o banheiro da academia, se despiu e tomou um banho quente, que o deixou muito confortável e deu mais ânimo para voltar para a sua casa.
Mas quando ele abriu a porta para sair do banheiro masculino, um amigo alto, magro, de cabelo curto e castanho escuro da mesma cor de seus olhos, e de bela aparência, se aproximou de Bernardo e disse:
– Você vai voltar para casa agora ou vai dormir essa noite na casa de alguém?
– Vou voltar para a minha casa no momento em que eu sair daqui. Por quê?
– Hoje é noite de lua cheia. Acho melhor você ficar por aqui, pois a sua casa e muito longe. – Sugeriu o amigo.
– Mas eu sempre faço esse trajeto da academia para a minha casa e nunca aconteceu nada. E por que justo hoje iria acontecer algo comigo? – Perguntou Bernardo.
– Por que você nunca voltou para a sua casa a essa hora da noite. Você sempre frequentou a academia no período da tarde, logo depois que você chegava em casa do seu trabalho e almoçava.
– Isso é verdade. Mas você acredita nessas histórias de que se tiver em uma lua cheia, vai acontecer alguma coisa?
– Não é que eu acredito, mas quando muitas falam sobre a mesma coisa, é bom ficarmos atentos.
– Não sei. Eu tento não focar muito nisso, por mais que a história seja muito viva entre os moradores dessa cidade.
– Enfim. Cuidado. Se você quiser ficar por aqui, poderá ficar na minha casa. Não vai ter problema algum. Você vai ser muito bem recebido lá por toda a minha família. – Disse o amigo, parece que pressentindo que algo de ruim iria acontecer com Bernardo naquela noite depois que ele saísse da academia.
– Eu não tenho dúvidas de que você e a sua família me receberiam muito bem. Sempre considerei muito todos vocês.
– Nós também gostamos muito de você. Enfim, vou para casa.
– Eu também já vou indo.
E ambos foram caminhando até a entrada da academia, e quando eles passaram pela roleta, cada um seguiu o seu rumo.
Enquanto Bernardo estava caminhando por aquela rodovia deserta tarde da noite, ele olhou para o céu e viu que era noite de lua cheia. E a lua estava linda, grande e o seu brilho parecia estar mais vivo, e a sua cor um pouco azulada, parecendo um filme.Olhar para o céu fazia Bernardo se lembrar do tempo em que ele era apenas um menino de nove anos. De quando ele ia para a casa de seus avós e de quando ele se encontrava com os seus dois primos Ramón e Renan, os quais tinham sete e oito anos, respectivamente. Essas viagens que ele fazia para a casa dos seus parentes nas férias de janeiro e de julho, ficaram marcadas profundamente em sua memória, pois em todas as noites de lua cheia quando os três meninos estavam juntos e de férias, eles ficavam acordados até tarde admirando a lua e as estrelas. Então eles pegavam um colchonete e alguns travesseiros, e quando iam até o deck que ficava ao lado da piscina,
Depois de ter sido atacado por aquele lobo, Bernardo procurou um hospital no dia seguinte, pois o machucado estava doendo muito e ele suspeitou de que poderá estar infeccionando ou algo do tipo, além da chance de ter transmitido alguma doença para ele, pois ele não conhecia a procedência daquele lobo, nem nunca tinha o visto andar por aquelas redondezas. Outra coisa que deixou Bernardo um tanto preocupado e impressionado foi a cor dos olhos daquele animal, pois era de um amarelo tão brilhante que ele nunca viu igual. Mas que provavelmente quando ele fosse contar a alguém, a chance de alguém acreditar nele seria mínima, pois provavelmente alegariam que ele devia estar lendo tantas histórias de terror que acabou sendo sugestionado e vendo um lobo daqueles como os que podem ser encontrados nos filmes de lobisomem.Então depois que Bernardo chegou em casa, sentindo muita dor na perna, ele pegou a sua cart
Ao longo dos dias, Bernardo continuou frequentando o seu trabalho e ouvindo sempre os mesmos comentários, os quais eram destinados apenas a diminuí-lo cada vez mais, pois Felipe acreditava que quanto mais fizesse com que Bernardo se sentisse inferior aos demais, mais chance teria de ele pedir demissão.Mas um dia em que Bernardo se concentrou tanto no trabalho que esqueceu que havia passado da hora de ir embora, ele se levantou de sua cadeira para caminhar até a cozinha a fim de pegar um copo de café. Mas no meio do caminho, enquanto ele ainda estava no meio daquele corredor que não era tão iluminado, ele ouviu uma conversa de Felipe com Cláudio e Thamires, que falava:– Essa empresa vai fechar. – Disse Felipe.– Como assim, Felipe? – Perguntou Thamires.– Eu também queria entender isso melhor. Ai fechar por quê? – Questionou Cláudio.&nd
Enquanto isso, na casa de Thamires, ela pegou o seu celular e conforme o combinado com Cláudio e Felipe, ela abriu o aplicativo de mensagens instantâneas e escreveu a seguinte mensagem para Lara:– Oi, amiga. Como você está? Estou precisando me distrair um pouco, sair de casa. O que você acha de irmos ao cinema? Podemos aproveitar para conversarmos bastante.Cerca de quinze minutos depois, Lara respondeu a mensagem de Thamires, dizendo:– Oi, amiga! Vamos sim. É uma ótima ideia.– Quando podemos ir?– Pode ser no dia dezessete de julho. O que você acha?– Pode ser, sim. Combinado. Eu te encontro as sete da noite.– Combinado. Eu passo aí na sua casa para te buscar.– Ok. Beijos.– Beijos. Até lá.Nesse exato momento, Thamires criou um grupo com Cláudio e Felipe, e aproveitou para escrever
Finalmente chegou o dia dezessete de julho, o dia em que Thamires marcou de ir ao cinema com Lara. E esse também seria o dia em que Felipe começaria a colocar em prática o seu plano diabólico.Então quando ainda eram por volta das dezoito horas, ele tomou um banho, vestiu uma camisa de manga comprida na cor azul marinho e uma calça jeans.Enquanto isso, Thamires também estava se arrumando, apostando em um vestido rosa de renda e uma sandália de salto, e os cabelos soltos.Cláudio também estava bastante animado com a ideia de se encontrar com Lara, pois ele também tinha muito interesse na recompensa que tinha sido prometida por Felipe durante aquela conversa na empresa.Enquanto isso, Lara depois de ter se arrumado, e também apostado em um vestido, mas na cor preta com uma calça legging da mesma cor e uma bota de cano longo, ela desceu as escadas, indo at&ea
Enfim chegou o dia do tão aguardado acampamento, então Felipe já estava aguardando Cláudio e Thamires chegarem. Cerca de vinte minutos depois, eles chegaram. E nesse momento, Felipe disse:– Thamires, manda uma mensagem para que a Lara venha até aqui de carro que nós a guiaremos.– Está bem. – Disse Thamires retirando o celular do bolso e abrindo o aplicativo de mensagens instantâneas, enviou o texto conforme Felipe havia pedido.Então cerca de meia hora depois, Lara chegou dirigindo o carro, como Felipe havia planejado. E quando ela desceu para bater um papo com eles, Felipe disse para que todos entrassem para que eles pudessem checar as comidas que Felipe estava levando.Enquanto eles estavam dentro da casa de Felipe, Cláudio se aproximou do carro de Lara, procurou os cabos referentes aos freios motor e de estacionamento e os cortou, de modo que quando ela passasse no
Enquanto Bernardo caminhava sem destino pela floresta densa e escura, na rodovia, os planos de Felipe continuavam funcionando de vento em polpa, pois ele continuava dirigindo o seu carro com os funcionários, os quais estavam ajudando-o nessa ideia maquiavélica, enquanto Lara, a filha de Hamilton, estava dirigindo o carro dela, o qual estava a frente deles.Tudo estava fluindo muito bem. Felipe estava dirigindo devagar, pois estava esperando tranquilamente que chegasse o trecho de declive que tinha naquela rodovia quando se aproximavam da parte em que tinha a tal floresta que todos diziam ser mal assombrada, principalmente em noites como aquela, de lua cheia.Então cerca de duas horas depois de viagem, Felipe pôde ver ao longe um trecho de aclive naquela estrada, o que já o deixou com o coração acelerado, fazendo com que ele começasse a cantarolar por sentir a adrenalina que a vitória estava trazendo a ele.
Enquanto isso, próximo à rodovia, Lara se levantou colocando as mãos na cabeça e percebendo que ela estava sentindo muita dor no local. Então ela olhou em volta de si e viu que estava perto da árvore, na qual ela tinha batido com a cabeça. No mesmo instante, ela se lembrou dos seus amigos, e começou a procurar por eles, mas não viu ninguém na rodovia. Então ela entrou na floresta e começou a procurar, chamando por eles, gritando o nome de cada um deles.– Thamires! – Gritou ela, entrando na floresta e passando por aquelas árvores densas e escuras.Depois de alguns instantes sem ter qualquer resposta de Thamires, ela resolver chamar o Felipe.– Felipe! Onde vocês estão?Novamente, ela não ouviu qualquer resposta, nem conseguiu ver ninguém em meio àquelas árvores. Então ela tentou chamar Cláudio.