Capítulo 5 - Revelações.

P.D.V. de Lyanna.

Meu pai não demorou a chegar até a casa grande da alcateia, realizamos todo o percurso em um silêncio incômodo, assim que saímos do espaço do ritual, eu ainda estava muito sensível e confusa, não sabia bem o que pensar, comecei o dia tão feliz e agora me encontrava com a mente tão confusa que até parecia que um raio tinha me atingido.

Verdades? Que verdades Adama se referia?

E, porque eu tinha a nítida impressão que não ia gostar do conteúdo da conversa que estávamos prestes a ter...

Ao entrar na enorme casa, que mais parecia uma fortaleza, meu pai me olhou e com certo nervosismo, disse...

_ Suba para o seu quarto, tome um banho, vista-se e desça para conversarmos... Passou a mão entre seus cabelos castanhos, em um movimento bem conhecido de Lianna, ele estava prestes a ter uma conversa que ele não queria, ou não estava confortável para abordar.

_ Vou tomar um banho também, e preparar algo para podermos comer… logo Marisa e Anne estarão em casa… devem estar preocupadas com você, mas o que tenho para conversar, não é algo fácil para mim… por favor não demore.

Olhei para o semblante do meu pai e percebi que a sombra de tristeza que só aparecia quando ele falava da ausência da minha mãe estava de volta… o assunto era sério.

Por mais que a suas atitudes me passa-se um temor imenso, balancei minha cabeça concordando e subi.

Chegando ao meu quarto, separei rapidamente, uma calça (jeans) preta, uma camiseta verde turquesa, como meus olhos e uma botina que eu amava preta, tinha várias, o que mudava era somente suas cores, não gostava de calçados desconfortáveis.

A Marisa já tinha me presenteado com uma sandália de tiras finas e salto alto no meu aniversário de quinze anos, ela era o objeto “enfeite” do meu closet.

Até o presente momento com os meus dezesseis anos, não senti necessidade alguma de calçar aqueles objetos de tortura.

Passando pelo espelho do quarto parei com espanto...

_ Eu estou um verdadeiro lixo!

O meu cabelo que antes era de um vermelho intenso e ia até um pouco abaixo dos meus ombros, mas sempre era usado em um despretensioso e confortável rabo de cavalo, agora tinha uma mecha platinada, do lado direito.

Minha pele, que sempre foi excessivamente clara e cheia de sardas salpicadas nos ombros, estava coberta de hematomas e arranhões nos locais que antes estavam faltando pedaços de carne, que tinham sido arrancadas pela minha loba… que naquela loucura, até esqueci de perguntar se tinha nome...

_ Oh! Deusa que bagunça… parece que a minha mente vai explodir. Afastando momentaneamente a confusão que estava os meus pensamentos, entrei no banheiro e tomei uma ducha, rápida, mas caprichada, revigorando os meus músculos e corpo doloridos.

Sai rapidamente, vesti o que já tinha separado, passei o pente no cabelo com pressa e desci para conversar com o meu pai.

Seguir o seu perfume característico e o encontrei encostado no balcão da cozinha, aparentemente sua mente não estava exatamente na comida, o cheiro de queimado saindo da sanduicheira foi outro indício disso.

_ Pai… Os sanduíches!

Ele imediatamente desligou o aparelho, mas o estrago já estava feito.

_ Droga...

Me olhando com um pedido de “desculpa” estampado no rosto, ele saiu abrindo as janelas para dissipar o mau cheiro de queimado...

_ Desculpa filha… eu não percebi estar queimando...

Vendo meu pai tão atrapalhado, tentando pedir desculpas por algo tão bobo e agindo tão fora da sua normalidade.

Sentir o meu coração se comover… ele era péssimo em cozinhar e estava tentando fazer algo para mim… somente para me ver bem.

_Tá tudo bem pai… senta aqui perto... eu preparo algo para nós dois… sem incendiar a cozinha.

Disse lançando um meio sorriso para ele, o qual ele ainda sem jeito correspondeu.

Após preparar uma vitamina de banana com açaí e bastante granola, fiz quatro sanduíches de queijo com peito de peru, maionese, mel e mostarda, como meu pai amava. Coloquei dois copos com as nossas vitaminas turbinadas, os sanduíches e duas garrafas de água tônica com gás… isso nos ajudaria a restabelecer as forças.

_ Come pai… acho que estamos precisando.

Meu pai me olhou e começou a comer, nem parecia que tinha sido eu a passar por toda aquela tormenta de dia, e sim ele.

Seu semblante estava pesado, suas roubas amassadas e o cabelo em uma massa de ondas castanhas desorganizadas.

Aparentemente ele tinha esquecido que também ia tomar banho... Terminamos de comer e ficamos nos olhando como se estivéssemos avaliando o próximo passo a ser dado… então me decidi, seria eu que daria esse passo...

_ Pai… eu sou adotada?

_ O quê? De onde você tirou essa ideia?

_ Olha para você!... Olha para mim! Não temos nada parecido, eu nunca tinha parado para analisar, mas agora está bem claro… você tem cabelos castanhos escuros e olhos negros, você faz tudo com tanta segurança e perfeição… eu tenho olhos verdes turquesa, cabelo ruivo.

E Deusa! Eu não sou perfeita… tenho um gênio terrível, sou impulsiva, falo sem pensar...

_ Parou… parou! Você não é adotada... E sim, você é MINHA filha!

E caso ainda tenha dúvida, sua loba não retrocederia se ela não sentisse que eu era realmente o seu pai...

_ Então me explica o que houve hoje… minha loba sendo uma licantropa sem controle, eu soltando fogo pelos poros do meu corpo, não conseguindo controlar minha transformação e minha vontade era sair quebrando tudo e todos sem distinção para ver se a dor sumia...

Sou algum tipo de monstro?

Fui amaldiçoada ao nascer?

Têm alguma herança de loucura na família?

Eu tenho alguma doença desconhecida?

Vai, explica-me pai...

Ao terminar de falar, as lágrimas já desciam pelas minhas faces, estava cansada de me alto questionar... durante toda a minha vida na alcateia fui rotulada através de sussurros como “aquela” ou “aquilo”, sem falar nos olhares de reprovação mal velados, maus tratos, ditos, como “sem querer” ou “mal entendidos”, aquela constante sensação de estar sendo julgada, cobrada e até injustiçada...

Eu era um deles! Droga...

Por que me tratavam assim?

_ Lya… você é uma Híbrida!

_ O quê? ... O que foi que você disse...?

_ Você não é uma loba pura… você é metade bruxa...

Eu parei olhando para o meu pai estarrecida… não podia ser... tinha uma lei na alcateia que proibia os lobos ou lobas da Dawn Moon de se envolverem com outras espécies...

_ Como...? A Lei...?

_ Essa lei foi determinada pelo seu avô!... Foi mais uma artimanha, das tantas, que ele usou para me separar da sua mãe… que era uma bruxa… do clã Ravem.

É o poder do sangue da sua mãe que tornou a sua loba tão forte… ela não é um monstro… os Licantropos originaram todos os lobos... a sua loba é única, como você, vocês duas são um milagre... a séculos não ouvimos falar de uma transformação tão forte assim...

_ Por que você fica repetindo que sou única..., ou melhor dizendo, que somos únicas...

_ Há muito tempo, durante uma guerra que travamos, contra um bruxo das trevas, que estava sequestrando jovens moças de diferentes espécies para seus experimentos maléficos, os clãs se unirão, e pedimos ajuda ao clã mais poderoso de bruxas, as Ravens.

Conhecidas como as herdeiras de Hécate, ou melhor dizendo.

Filhas da deusa Hécate. Quando os clãs se encontraram eu fui representando a alcateia Dawn Moon.

Todos juntos, nos dirigimos a floresta que fazia parte de seus domínios e que ficava na velha Inglaterra...

_ Ficava...?

_ Sim, elas estão sempre mudando de lugar… o clã Ravem, sempre foi muito poderoso e admirado, mas, a admiração também, traz consigo a inveja e cobiça. Elas precisam se manter em constante alerta… muitos desejam o seu sangue...

_Sangue… porque o sangue? Não seria o poder delas o mais desejável...?

_ O sangue delas tem o poder de amplificar os poderes de outras espécies… por isso elas são caçadas por muitos seres sobrenaturais… poucas vezes se ouviu dizer que eles tiveram a oportunidade de ter em mãos esse sangue tão desejado, mas, os que tiveram, causaram grandes estragos no decorrer da nossa história de seres sobrenaturais... Depois que chegamos nos seus domínios e relatamos o que estava acontecendo, elas inicialmente não queriam se envolver, mas como o bruxo em questão, no passado tinha feito parte da sua ordem, elas se viram responsáveis e enviaram uma emissária, a filha da líder do clã.

Sua mãe Lyanna... Ravena… minha companheira.

Ela era a mulher mais linda que eu já vi… tinha lindos cabelos vermelhos, como os seus… olhos que rivalizavam com o verde das folhas na primavera, e a pele tão branca, quanto a sua, filhote...

Meu pai me olhava com tanto amor e tristeza que meu coração foi tomado por sua dor… ele ainda sofria a sua ausência...

Ele continuou...

_ Nós apaixonamos… cada momento que passávamos juntos era único e especial, e após vencer o bruxo do sub mundo, em uma batalha, onde perdemos muitos amigos e companheiros de alianças. Voltamos para a alcateia assim que foi possível… eu queria apresentar Ravena para o meu pai, como minha companheira e futura Luna, mas ele não a aceitou. E estimulou ao restante dos lobos a hostilizar a ela e ao nosso bebê que ela esperava… você meu amor...

Tivemos uma discussão terrível! Onde cheguei a ameaçar deixar meu posto como futuro alfa… nada o fez mudar de ideia, nem mesmo o futuro neto dele, que estava para nascer.

Na noite do seu nascimento, logo após seu primeiro choro, as parteiras estavam limpando a sua mãe e você, quando houve um ataque a nossa alcateia, deixei as parteiras cientes que deveriam permanecer com vocês… acreditando que estariam seguras na casa da alcateia.

E fui até onde meu pai lutava com os invasores, encontrando dois lobos terminando de o matar, após me vingar, os matando, segurei meu pai nos meus braços, e ele, em seus últimos suspiros, pediu perdão...

Corri de volta para onde tinha deixado sua mãe, você e as demais parteiras… e só encontrei corpos.

O chão estava lavado de sangue, as parteiras mortas, nem tiveram chance de se transformar... Sai como louco gritando o nome da sua mãe e o seu, pois ela já havia escolhido que iria ser Lyanna...

Eu te encontrei em uma das últimas salas… tinha vários lobos queimados... não dava para determinar quem eram, ou de qual, alcateia faziam parte, mas estavam mortos em torno de um círculo de sangue, que pelo cheiro, aquele sangue era da sua mãe.

Com escritas mágicas, ela tinha usado o próprio sangue para manter você protegida dentro de uma barreira, que só se abriria para mim… qualquer outro morreria ao tentar te tocar... Depois disso eu não conseguir encontrar sua mãe… eu não sei se ela fugiu para levar os seus perseguidores para longe de você… ou se foi levada..., mas sei que ela não estar morta! Eu saberia… meu lobo saberia...

Você é única e sempre foi especial, sempre!

Tanto eu, quanto a sua mãe daríamos as nossas vidas por você...

Você é a prova viva do nosso amor...da nossa união...

Ignore todas essas pessoas que te rotulam!

Elas não te conhecem!… Não sabem a garota brilhante, atenciosa, generosa e corajosa que você é...

Você é senhora do seu futuro!...Não são rótulos que te definem, e sim, o que você sente e pratica.

Eu só quero que você seja feliz filha...

Depois desta declaração cheia de amor fraternal e incentivo, me joguei nos braços do meu pai...

_ Pai você é o melhor...

Dando uma risada gostosa e exagerada, ele me abraçou e disse...

_ Não… você é a melhor...

_ Então deixa ver se eu entendi... Eu não sou adotada... Eu sou sua filha e de uma bruxa poderosa!… que não sabemos onde está..., mas que temos que achar, já que agora eu sei que ela não nos abandonou, e nós amava... Por causa disso, minha loba é uma Licantropa descontrolada… a qual, devo me esforçar para ajudar...

E pode ser, que tenha pessoas lá fora, que queiram me sangrar até a última gota do meu sangue para ter poderes que superem os dos seus inimigos...

Olhando para mim com seriedade e meio descrente, meu pai falou:

 _ Olha me surpreendi...Excelente resumo…! Nem precisei me aprofundar mais...

_ Falando sério agora pai!…

O que podemos fazer para começar a organizar essa bagunça que é a minha vida?

Eu quero achar a minha mãe...

Ajudar a minha loba...

Aprender a lidar com o meu lado de bruxa...

E não machucar aqueles que me são importantes...

_ Talvez, eu possa ajudar você com alguns itens da sua lista.

Ouvimos a voz de adama.

Tanto eu, quanto meu pai, nos surpreendemos com a presença de Marisa, Anne e Adama paradas na entrada da cozinha… não tínhamos percebido sua aproximação...

Meu pai me olhou com atenção, esperando minha resposta...

Olhando para Adama com seriedade, falei:

_ Acho que precisamos conversar.

Olá Pessoal!

Espero que vocês estejam gostando da história.

Curtam, compartilhem e Comentem o que vocês estão achando do livro. O meu maior incentivo para escrever, vêm de vocês!

Até o próximo capitulo!

S.S. Chaves

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