Contei a Tyler tudo que consegui me lembrar desde que acordei, sobre os lapsos e tudo que me contaram. Muitos fatos ele disse que realmente aconteceram e outros ele disse que foram distorcidos para parecer “normais”. Um deles é que Jessy fingiu ser minha namorada porque só namorou meu irmão por ser totalmente obcecada por mim, que Bryan também era da gangue, que Ryan era mais perigoso do que eu imaginava e que minha mãe e eu nem sempre fomos tão próximos assim. Jamais desconfiei que as pessoas ao meu redor fossem capazes de mascarar a realidade à minha volta para que eu vivesse em uma ilusão, mas minha mãe fazer parte disso era surreal demais.— Você se lembra dos seus avós? — perguntou ele.— Eu tinha avós? — Negando com a cabeça, ele subiu até o quarto e pegou outro álbum de fotografias.— Você cresceu com os avós nesse bairro, onde a gente acabou se conhecendo, mas, depois que sua casa pegou fogo enquanto eles dormiam, você foi morar com a sua mãe e então nunca mais foi o mesmo. —
Fiz com que o rapaz alto e robusto na minha frente se levantasse também. Levei-o até a janela de vidro fumê que ficava no vestiário, de lá tínhamos a visão perfeita da plateia e das pessoas que estavam se aquecendo na quadra.— Está vendo aquela garota ali? Sem camiseta e com estrelas desenhadas nos seios? Ela é a Jessy, sua namorada. e ela está aí para ver você fazer várias cestas hoje, pode ter certeza que, se tivesse algo de errado, ela nem estaria aqui hoje. — Dei dois tapinhas em seu ombro, e ele assentiu.— Obrigada por isso, Drew. — Ele me deu um abraço apertado. — Agradeço por ter você como meu irmão nessas horas. — Bagunçou meus cabelos.— Larga de ser mulherzinha, Bryan — disse, lhe afastando e dando um soco em seu braço de brincadeira.Quando voltei meu foco para pista, eu estava próximo da largada outra vez, era uma volta simples pelo quarteirão, mas já era tarde demais, tentei frear, mas foi inútil. Bati em um poste e, antes do airbag acionar, atingi a cabeça no volante.
— O que você tem para me falar? — Deixei a garrafa em cima da cômoda e fui até meu guarda-roupa, me apoiando em apenas uma perna, sem jogar muito o peso para a outra. Deixei a muleta de lado e tirei minha camiseta.— Ryan me obrigou a ir com ele naquele dia, eu só fiquei preocupada com você, perdido por aí — ela respondeu, se mexendo desconfortável na cama. — E como ele sabia que eu estava lá? — Desabotoei minha calça e, com a ajuda da muleta, me aproximei da cômoda, pegando a garrafa, tirei a rolha e bebi no gargalo mesmo. Me sentei na cama um pouco afastado dela e lhe estendi a garrafa.— Desde quando você bebe assim? — Ergui uma sobrancelha para a sua pergunta, e ela pegou a garrafa, bebendo um bom gole. — Ele colocou uma câmera na biblioteca e consegue te monitorar sempre que está trabalhando — Fiquei surpreso com a resposta, mas para disfarçar peguei a garrafa e tomei outro gole.— Por que você nunca me contou que Ryan não era quem eu pensava? Tomando a garrafa da minha mão, el
Levei Jessy ao hospital e por sorte o tiro pegou de raspão, não foi nada grave e logo ela teve alta. Tive que mentir para o médico sobre o que aconteceu, disse que fomos assaltados na volta para a casa, e ele pareceu acreditar, já que isso estava mais frequente que o normal ultimamente. Pensei que a morena iria para casa comigo e iria continuar contando o que sabia, mas ela me deixou em casa e disse que, por segurança, ia sumir por um tempo, assim poderia se proteger de Ryan.Novamente minha cabeça estava cheia de dúvidas, e ninguém podia saná-las, o que significa que eu precisava fazer alguma coisa. Mas, antes, eu precisava melhorar e tirar o gesso ou poderia me colocar em perigo.Abri a biblioteca um pouco antes do horário, o que Jessy tinha falado ainda estava perturbando minha mente, mas se eu quisesse descobrir alguma coisa sobre Ryan precisava agir normalmente. Esperava que, além da câmera, não tivesse uma escuta aqui. Emilly chegou às oito como de costume e ficou feliz ao me
Estacionei na frente do orfanato, e a garota desceu, o lugar tinha um portão grande e grades bem altas, um belo jardim e uma casa ao fundo, típica daqueles filmes de terror, me senti mal por ela morar ali. Notando que eu estava reparando no lugar, Emilly sorriu e disse:— Não é tão assustador quanto parece.— Se aparecer algum fantasma, você me liga. — A garota sorriu e acenou, se despedindo antes de entrar no orfanato.Dei partida no carro e segui meu caminho para casa, o som ainda estava ligado, e uma música começou a tocar, “Yo” do Chris Brown ecoou pelo veículo, e eu comecei a fazer uma dancinha esquisita ao som da melodia. Não sabia que meu pai curtia esse tipo de música, mas também não sabia que ela era tão… nostálgica.Será que ela foi especial para mim no passado?Ignorando as possíveis novas perguntas que iriam surgir, eu estacionei o carro na garagem e entrei em casa. Não fiquei espantado ao ver minha mãe sentada no sofá com uma garrafa de vinho nas mãos, ela estava assistin
Espontânea, divertida, travessa, mas, acima de tudo, uma pessoa que me trazia uma sensação de conforto, eu sabia que podia contar qualquer coisa a ela e que ela levaria meus segredos junto onde fosse, mas guardado a sete chaves.— Desde que eu não tenha que entrar em um vestido minúsculo e calçar um salto menor que meu pé, por mim tudo bem. — Dei de ombros mais uma vez e estacionei na frente da sorveteria, como ela me pediu mais cedo.Dezoito anos, uma idade que traz um caminhão de responsabilidades e também muitos problemas quando não se tem sabedoria. Será que existe uma máquina do tempo, uma que seja capaz de fazer eu parar de envelhecer?Depois de deixar Annabella em seu colégio, segui caminho para o meu, ainda ouvindo música no rádio, mas completamente alheia a tudo ao meu redor, pensamento longe e corpo presente. Isso era algo que nem a ciência explicava, nem eu entendia.Estacionei o carro na minha vaga e estiquei meu corpo para pegar minha mochila no banco de trás. Antes de sa
Durante o resto dia, tentei criar uma boa desculpa para não ir para a balada com eles, mas nem criativa eu conseguia ser. Resolvi ceder, mesmo se eu criasse o melhor argumento do mundo para ficar em casa largada na cama assistindo a alguns filmes, eles não iriam me deixar em paz.Na hora de ir embora, não encontrei o capitão e nem Eve, eles provavelmente deviam estar treinando na quadra, e eu não estava a fim de interrompê-los. Peguei minhas coisas no armário e fui para o estacionamento, mas, para a minha surpresa, alguém que eu jamais imaginei encontrar estava lá.— Você demorou — ele disse se aproximando de mim, com ambas as mãos no bolso.— Não sabia que estava esperando por mim. — Parei de andar quando ele estava a quatro passos de distância, coloquei minha mão no bolso, rezando para meu canivete estar no lugar de sempre e quase pulei de alegria ao sentir o objeto gelado em meus dedos. — O que quer, Ryan? — Tentei ser o mais direta possível sem parecer uma pessoa grossa.Ryan era
Hidratei meu corpo com um creme perfumado e me vesti, coloquei uma pulseira acima do cotovelo, um brinco de brilhante para combinar com o vestido e dois anéis, um no mindinho e um no dedo do meio. Estava me perfumando quando Eve abriu a porta e ficou parada me encarando.— Isso é algum tipo de miragem? Estou sonhando? — Dando tapinhas em suas bochechas, fechou os olhos algumas vezes e voltou a abrir segundos depois, mais arregalados do que antes. — Annabella, liga para a polícia, sequestraram sua irmã — ela disse, dando um passo para trás e olhando para a mais nova no corredor.Annabella entrou no quarto e teve uma reação semelhante à de Eve, porém mais discreta.— Finalmente está aprendendo alguma coisa — a caçula falou se sentando na minha cama. — Seu namorado que se cuide, hoje você vai dominar aquela pista. — Sorri pelo elogio “discreto” que ela fez e me virei para o espelho, peguei o gloss que escolhi e passei em meus lábios.— Do jeito que vocês falam, parece que eu não sei me