Capítulo 5...O bilhete

Parte 5...

Alessandro

Andei por todo apartamento e nada de a encontrar. Peguei o celular e liguei, cinco vezes. Me sinto irritado. É muito tarde para que ela esteja na rua com as amigas. Respirei fundo ao perceber que eu quase não sei nada sobre suas amigas. Nem mesmo tenho o número de alguma delas para ligar.

— Merda! – esfrego o cabelo e decido tomar um banho — Porra, Emma... Atende essa porcaria de telefone – eu reclamo como se fosse um adolescente.

Solto um suspiro longo e cansado e vou até o banheiro. Um banho vai me ajudar a relaxar os músculos e quando sair do banheiro, talvez ela já esteja de volta. Não vou brigar com ela por estar na rua assim tão tarde, mas ela poderia ao menos ter me avisado que iria curtir a noite com as amigas.

Enquanto a água enche a banheira, deixo que minhas preocupações se dissipassem gradualmente, substituídas pelo calor suave que envolve meu corpo tenso. O vapor perfumado das velas queimando ao redor da banheira preenche o ar, criando uma atmosfera serena e relaxante.

— Ah... Isso é muito bom!

Eu fecho os olhos e me deixo afundar na água, sentindo a tensão se derreter em meus músculos enquanto minha mente se desliga do tumulto do mundo exterior.

No entanto, mesmo em meio à tranquilidade do banho, os pensamentos de Emma ainda rondam os recantos de minha mente. Me pergunto onde ela estaria naquela noite, com quem estaria e o que estaria fazendo?

Uma pontada de preocupação me atingiu quando imaginei Emma nas ruas de Palermo, mergulhada na vida noturna da cidade.

Mas eu me forço a afastar esses pensamentos intrusivos. Emma merecia ter seu próprio espaço, suas próprias aventuras, mesmo que isso significasse sair com suas amigas para curtir a noite. Eu sei que preciso confiar nela, mesmo que uma pequena voz possessiva em minha cabeça sussurrasse palavras de dúvida.

Eu tento me convencer de que tudo ficaria bem. Vou me permitir desfrutar da paz temporária que o banho proporciona, afastando temporariamente as preocupações e incertezas que ameaçavam invadir minha mente.

Saio da banheira, me sentindo revigorado e renovado, mas uma sensação de inquietação ainda persiste em meu íntimo. Me sequei rapidamente e me envolvi  em um roupão macio, deixando o banheiro para trás enquanto minha mente vagava para Emma e sua ausência.

Ao entrar na sala de estar, notei de novo que a casa estava silenciosa, vazia. Um frio inexplicável pareceu minha espinha enquanto me dirigia à cozinha em busca de um copo de água. Enquanto sorvia a água gelada, meus pensamentos vagaram para Emma mais uma vez, e me vi franzindo o cenho em frustração.

De volta ao quarto, me deitei na cama, deixando que a preocupação se transformasse em uma sensação de desolação. Prometi a si mesmo que apenas descansaria um pouco, mantendo-me acordado para receber Emma quando ela voltasse. Mas conforme os minutos se arrastavam, a esperança começou a murchar como uma flor.

As horas passaram em um borrão de ansiedade e incerteza. Me virei na cama, cada segundo parecendo uma eternidade à medida que aguardava o retorno de Emma.

Finalmente, quando os primeiros raios de luz da manhã começaram a espreitar pelas cortinas, eu percebi que Emma não voltaria naquela noite. Um nó se formou em minha garganta. Uma sensação de desamparo me envolveu enquanto eu me pergunto onde ela poderia estar, se estaria segura, se estaria pensando em mim, da mesma maneira que eu pensava nela?

Com um suspiro pesado, fecho os olhos, incapaz de escapar da amargura do ciúme que tomava conta de meu coração. Em poucos minutos depois, eu caí no sono que me puxava.

** ** **

Eu pisquei os olhos lentamente, lutando contra o cansaço que ainda me envolve. A luz pálida da manhã filtrava-se pelas cortinas entreabertas, pintando o quarto de tons suaves de amanhecer. Eu me esforço para emergir da névoa do sono. Ao meu redor, o apartamento estava silencioso, envolto em uma atmosfera de calma enganadora.

Com um suspiro, me sento na cama, deixando que meus olhos vagassem pelo quarto em busca de qualquer sinal de Emma. Mas o espaço ao seu redor estava vazio, como se ela nunca tivesse estado ali.

Uma sensação de apreensão começou a se instalar em meu peito, uma inquietação que se intensificava a cada segundo que passava.

Decidido a encontrar respostas, me lancei em uma busca frenética pelo apartamento. Eu vasculhei cada canto, mas não encontrei nenhum vestígio de Emma. Meu coração batia mais rápido em meu peito enquanto me pergunto onde ela poderia estar, o que poderia ter acontecido?

E então, eu avistei um envelope branco sobre a mesa de centro da sala. Eu não tinha prestado atenção ontem.

Com as mãos trêmulas, eu peguei o envelope, sentindo um arrepio percorrer minha espinha enquanto o abria com cuidado. Uma carta delicadamente escrita encontrava-se dentro, as palavras dançando diante de seus olhos.

"Querido Alessandro,

Espero que você esteja bem quando ler esta carta. Eu precisava ir embora, seguir meu próprio caminho. Não há nenhuma mágoa em meu coração, apenas a necessidade de encontrar minha própria felicidade. Você sempre será uma parte especial da minha vida, e guardarei nossos momentos juntos com carinho. Não se preocupe comigo, eu estarei bem.

Com amor,

Emma"

Eu senti um nó se formar em minha garganta enquanto relia as palavras escritas no papel delicado e não entendia nada. Uma mistura tumultuada de emoções me invadiu, desde a incredulidade até a dor. Por que ela partira tão repentinamente, sem dar qualquer explicação? O que eu fiz?

Enquanto seguro a carta, a verdade começou a se impor em minha mente. Me deixei afundar na cadeira e me senti perdido. Não entendo como as coisas mudaram da noite para o dia.

Emma se fora, me deixando para trás sem uma palavra. Uma sensação de vazio tomou conta de mim enquanto me vejo sozinho no apartamento.

— Porra... Mil vezes porra, Emma! – joguei a cabeça para trás, me sentindo abandonado pela primeira vez na vida.

Autora Ninha Cardoso.

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