— Afonso, pode sair. Já retiraram o trending topic, isso basta. — Disse Gabriel, finalmente quebrando o silêncio.O diretor de comunicação hesitou por um momento, surpreso com a calma do chefe, mas logo assentiu com alívio, como quem escapava por pouco de uma tempestade.— Prometo que isso nunca mais vai se repetir. — Garantiu ele, sinceramente.— Não precisa colocar equipe de plantão à noite. Meus assuntos pessoais... Eu mesmo resolvo. — Respondeu Gabriel, com o rosto inexpressivo e frio.O diretor se retirou imediatamente. Rafael também já se preparava para sair, quando foi chamado de volta:— E aquele imóvel que pedi pra você encontrar? Já achou? — Perguntou Gabriel, ainda sem levantar a voz.— Já selecionei cinco opções, Sr. Gabriel. Quando tiver um tempo, posso apresentar todas pro senhor. — Respondeu Rafael.— Agora. — Ordenou Gabriel, seco.Rafael enviou os arquivos por e-mail e voltou com os papéis em mãos, pronto para apresentar cada opção uma a uma.Mas antes mesmo de termina
— Gabi, não fica bravo comigo, tá? Eu juro que nem mencionei seu nome no post, juro mesmo... — Dizia Vitória entre soluços, com a voz quebrada, como se estivesse completamente despedaçada.Gabriel respirou fundo, tentando conter o incômodo que crescia dentro do peito.— Mesmo que tenha sido na sua conta pessoal, e que você não tenha me marcado, só existe uma coroa de rosas como aquela. E os paparazzi ainda estão na sua cola por causa daquele desfile de moda. Não ia demorar para ligarem os pontos. — Explicou ele, num tom ainda contido.— Desculpa, Gabi... Eu errei. Juro que não pensei em tudo isso na hora... — Vitória chorava abertamente agora, como se tivesse sido profundamente ferida.Gabriel ouviu o choro pelo telefone. Apertou os lábios, ficou em silêncio por alguns segundos.“Deixa pra lá. A Vi é uma menina tão simples... Deve ter sido só vontade de compartilhar algo bonito. E se postou de madrugada, foi porque dormiu tarde mesmo. Não deve ter sido por mal.”— Não chora mais. Eu só
Mas ele não ouviu a voz familiar. O que soou foi uma mensagem automática:— Desculpe, o número que você ligou está temporariamente indisponível. Por favor, tente novamente mais tarde.Gabriel ficou surpreso por um instante. Indisponível?Desligou e ligou de novo. Várias vezes. Sempre a mesma mensagem.De repente, uma raiva intensa tomou conta de seu peito.Antes, pelo menos, o telefone chamava e ela apenas não atendia. Agora... Indisponível? Ela o tinha bloqueado?Gabriel cerrou os punhos, riu com desprezo e murmurou, furioso:— Muito bem, Beatriz. Eu te dei uma chance de sair por cima... E você me responde assim? Quer que eu vá até o hospital atrás de você? Só pode estar sonhando!O vazamento de gás já fazia quatro dias. Ele sequer tinha gritado com ela. Até mandou Vitória sair de casa. E Beatriz?Nem um “obrigada”. Nenhuma demonstração de gratidão. Pelo contrário, estava com o gênio cada vez pior. E agora... Bloqueava o número dele?Gabriel estava furioso. Tinha certeza de que a esta
Letícia quis ver o machucado, mas Beatriz a impediu, dizendo que já estava quase curado, que não era nada sério.A amiga então a abraçou de novo, dessa vez com mais delicadeza.— Desculpa mesmo. Eu não sabia que você estava machucada... É que fiquei tão feliz de te ver depois de dois anos, me empolguei demais. — Disse Letícia, arrependida.— A culpa foi minha, devia ter te contado antes. Não queria te preocupar. Eu também estava morrendo de saudade de você. — Respondeu Beatriz, com sinceridade.Depois do reencontro emocionado, as duas seguiram de braços dados, caminhando pela rua de lojas, rindo e conversando.Beatriz queria comprar roupas novas, e Letícia estava ali para ajudar nas escolhas. Juntas, montaram várias combinações com um ar mais formal, perfeitas para o ambiente de trabalho.— Pega também umas peças mais casuais, com um toque leve, fresco... Combina muito com você. — Sugeriu Letícia, escolhendo um vestido e entregando para ela.Beatriz olhou os modelos, todos diferentes d
— Eu não estou te pressionando, tá? Me conta quando quiser. — Suspirou Letícia, cedendo.— Tá bom. — Beatriz levantou os olhos e sorriu de leve.Elas compraram todas as roupas que haviam experimentado e aprovado. Depois seguiram para a sessão de sapatos, onde escolheram alguns pares de salto alto. Por fim, entraram em um salão de beleza.— Quero cortar meu cabelo... Deixa na altura da clavícula. — Disse Beatriz, sentada diante do espelho.O cabeleireiro entendeu e começou o corte. Beatriz olhava para o reflexo, perdida nos próprios pensamentos.A mulher no espelho parecia... Abatida. Cansada. Sem cor, sem energia, sem alma.“Mas agora você tá livre, Beatriz. Longe do Gabriel. Fora daquela prisão. Devia estar começando uma nova vida, não?”Seus lábios se curvaram num sorriso pequeno.“Então tá. Vamos reconstruir. Do zero. Bem devagar. Reeducar o corpo, o olhar, a alma.”— Não faz o corte reto, tá? Quero em camadas bem altas. As pontas, escova virada pra fora. E aqui no topo, quero basta
E se Beatriz tivesse atendido a ligação do Rafael... Mas bloqueado só a ele?Rafael lançou mais um olhar furtivo para o Sr. Gabriel. Uma nuvem negra parecia pairar sobre ele, densa e sufocante. Rafael sentiu como se sua vida estivesse por um fio.— Desculpe, o número que você ligou está temporariamente indisponível. Por favor, tente novamente mais tarde.A voz mecânica ecoou de novo, fazendo Gabriel congelar por um instante.Rafael suspirou por dentro. “Ainda bem... Escapei dessa.”— Tenta mais algumas vezes. — Ordenou Gabriel, com o cenho franzido.Rafael obedeceu e ligou outras vezes, mas todas resultaram na mesma mensagem.Gabriel soltou uma risada seca.“Ah... Pelo visto, ela trata todo mundo igual.”A raiva que vinha fermentando dentro dele se dissolveu de repente, dando lugar a uma calma estranha, sem motivo aparente.— Tá bom, pode ir. Ela te bloqueou também. — Disse Gabriel, fazendo um gesto com a mão.Rafael ficou paralisado por um segundo. Olhou para o celular, processando o
Rafael ficou parado por um instante, sem saber o que dizer.“Então... Falei tudo aquilo à toa? O Sr. Gabriel continua não acreditando?”No elevador, o rosto de Gabriel estava carregado.“Mesmo que Beatriz tivesse explicado na hora... E daí? Ela não disse nada diretamente pra mim. Pior: ainda pediu pro Rafael não me contar.Se ela achava mesmo que eu tinha sido injusto, por que não pegou o telefone e explicou?Eu já tinha dado várias oportunidades. Ela dar um passo... Custava tanto assim?”Com o orgulho ferido e uma teimosia amarga apertando o peito, Gabriel dirigiu até o restaurante onde havia feito reserva.Vitória já estava lá, adiantada, folheando o cardápio com uma expressão leve.Apesar do desentendimento daquela manhã, Gabriel ainda aceitara o convite para almoçar, mesmo sem muito entusiasmo.Mas isso, para ela, já era um sinal claro: ainda havia espaço entre os dois. Bastava um empurrãozinho, reacender a chama que ele teve por ela nos tempos da faculdade.Do outro lado do restau
Beatriz ouvia tudo com o coração cheio de alegria por Daniel. O sonho que ele tinha naquela época finalmente estava se tornando realidade.— Pensando bem, preciso agradecer à Beatriz. — Disse Daniel, olhando para ela. — Foi ela quem conseguiu aquele investimento anjo de dez milhões.— A Bia conseguiu isso tudo? E nunca contou nada para gente? — Exclamou Letícia, surpresa.— Porque assim que ela conseguiu o investidor, foi morar fora. Na época, fiquei realmente emocionado. Cheguei até a querer que a Beatriz virasse sócia, mas ela foi embora de repente, sem aviso nenhum. — Suspirou Daniel.Ao ouvir isso, Beatriz foi levada de volta às lembranças de dois anos atrás.Naquela época, ela realmente estava decidida a empreender junto com Daniel. Mas quem diria que o destino jogaria um presente inesperado em seu colo?Por amor, acabou abrindo mão da carreira, desapareceu do radar e virou, na prática, uma babá presa numa vida que nunca escolheu de verdade.— Investimento anjo? Mas como assim a B