Afinal, mesmo que mostrasse a gravação, Gabriel iria dar um jeito de arranjar alguma desculpa para livrar a cara da Vitória.Quem ama, não vê defeitos. Para ele, tudo o que Vitória fazia era certo. E quanto a Beatriz... Ele só sentia desprezo.Talvez, no fundo, ele até desejasse que ela tivesse morrido.Beatriz curvou os lábios num sorriso amargo. Dois anos de dedicação… E o que recebeu em troca foi o desejo dele de vê-la fora da própria vida.Naquele momento...Vitória já havia voltado para casa de táxi, e imediatamente chamou um técnico especializado em informática.Descobriu que o computador no escritório de Gabriel tinha senha. Tentou digitar sua própria data de nascimento... E no segundo seguinte, o sistema foi desbloqueado.Seus lábios se curvaram num sorriso de vitória.“A senha do computador e do celular são baseadas em mim... Se isso não é amor, o que seria?”Vitória mandou o técnico apagar todos os registros das câmeras. Quando ele terminou, ela perguntou:— Tem certeza de qu
À noite, como de costume, Gabriel saiu do trabalho e foi direto visitar Vitória antes de voltar para casa. Mais um dia em que não foi ver Beatriz.Naquele dia, teve um jantar de negócios. Bebeu um pouco, e o estômago não estava dos melhores. Sentou-se à mesa da sala de jantar, incomodado... E, de repente, a imagem de Beatriz surgiu em sua mente, ela trazendo a ele uma sopa caseira para curar a ressaca.Sempre atenciosa, o lembrava com paciência, quase como uma velha governanta. E quando ele a repreendia, ela apenas abaixava a cabeça e ficava ali, calada, ao lado dele, esperando obedientemente.Mas ao voltar à realidade... A casa estava vazia. Enorme. Silenciosa. Já não havia mais ninguém ali.Gabriel franziu a testa. Nos últimos dias, vinha pensando em Beatriz com frequência, e isso o incomodava profundamente.Levantou-se para pegar um remédio, encheu um copo d’água... e teve a estranha sensação de que algo estava faltando ali.Demorou alguns segundos, então percebeu, era o copo de águ
Ao ouvir aquilo, Vitória ficou radiante. Mas logo baixou os olhos, fingindo timidez:— Mas... Foi você que escolheu com tanto carinho... Passou duas horas escolhendo e gastou uma fortuna para dar esse colar para Bia. Aceitar isso agora... Não sei se é certo...As palavras só aumentaram a raiva de Gabriel. Era verdade, duas horas escolhendo e noventa milhões investidos, e Beatriz teve a audácia de simplesmente jogar fora.— Ela não merece. Fica com ele você. — Disse, seco, antes de seguir direto para o quarto principal e bater a porta.Vitória ficou parada, olhando para a porta fechada. Então, seus lábios se curvaram num sorriso largo. Em seu olhar, um brilho de ganância e euforia.“E pensar que eu ainda ia sugerir devolver o colar pra Beatriz mais para frente... No fim, ele caiu no meu colo sem esforço nenhum.”Ansiosa, ela colocou o colar e se sentou em frente à penteadeira. Ligou as luzes, tirou fotos destacando o brilho da coroa de rosas no centro da peça... E postou tudo no Instagr
— Caramba, você continua tão poderosa como sempre. — Comentou Letícia, em tom de admiração. — Viu o babado que te mandei? Nem respondeu nada, poxa... — Acrescentou ela, fazendo charme.Beatriz ainda não tinha respondido quando Letícia pareceu se lembrar de algo:— Ah, é! Esqueci que você ficou dois anos fora... Nem deve saber quem é esse tal de Gabriel, né?Os olhos de Beatriz baixaram, sem dizer uma palavra.Como não saber? Ela foi a empregada dele por dois anos.— Ele estudou na mesma faculdade que a gente, acredita? Mas ele era de Economia, e a gente, de Artes Digitais. Dizem que no terceiro ano ele terminou com a namorada... Quem diria que, quatro anos depois, eles se envolveriam de novo. — Letícia tagarelava do outro lado da tela, com a boca meio cheia de pasta de dente, enquanto escovava os dentes.Beatriz não quis cortar o entusiasmo da amiga e, silenciosamente, colocou o volume da chamada no mínimo.Letícia tinha sido sua colega de quarto na faculdade, uma das poucas amizades
— Afonso, pode sair. Já retiraram o trending topic, isso basta. — Disse Gabriel, finalmente quebrando o silêncio.O diretor de comunicação hesitou por um momento, surpreso com a calma do chefe, mas logo assentiu com alívio, como quem escapava por pouco de uma tempestade.— Prometo que isso nunca mais vai se repetir. — Garantiu ele, sinceramente.— Não precisa colocar equipe de plantão à noite. Meus assuntos pessoais... Eu mesmo resolvo. — Respondeu Gabriel, com o rosto inexpressivo e frio.O diretor se retirou imediatamente. Rafael também já se preparava para sair, quando foi chamado de volta:— E aquele imóvel que pedi pra você encontrar? Já achou? — Perguntou Gabriel, ainda sem levantar a voz.— Já selecionei cinco opções, Sr. Gabriel. Quando tiver um tempo, posso apresentar todas pro senhor. — Respondeu Rafael.— Agora. — Ordenou Gabriel, seco.Rafael enviou os arquivos por e-mail e voltou com os papéis em mãos, pronto para apresentar cada opção uma a uma.Mas antes mesmo de termina
— Gabi, não fica bravo comigo, tá? Eu juro que nem mencionei seu nome no post, juro mesmo... — Dizia Vitória entre soluços, com a voz quebrada, como se estivesse completamente despedaçada.Gabriel respirou fundo, tentando conter o incômodo que crescia dentro do peito.— Mesmo que tenha sido na sua conta pessoal, e que você não tenha me marcado, só existe uma coroa de rosas como aquela. E os paparazzi ainda estão na sua cola por causa daquele desfile de moda. Não ia demorar para ligarem os pontos. — Explicou ele, num tom ainda contido.— Desculpa, Gabi... Eu errei. Juro que não pensei em tudo isso na hora... — Vitória chorava abertamente agora, como se tivesse sido profundamente ferida.Gabriel ouviu o choro pelo telefone. Apertou os lábios, ficou em silêncio por alguns segundos.“Deixa pra lá. A Vi é uma menina tão simples... Deve ter sido só vontade de compartilhar algo bonito. E se postou de madrugada, foi porque dormiu tarde mesmo. Não deve ter sido por mal.”— Não chora mais. Eu só
Mas ele não ouviu a voz familiar. O que soou foi uma mensagem automática:— Desculpe, o número que você ligou está temporariamente indisponível. Por favor, tente novamente mais tarde.Gabriel ficou surpreso por um instante. Indisponível?Desligou e ligou de novo. Várias vezes. Sempre a mesma mensagem.De repente, uma raiva intensa tomou conta de seu peito.Antes, pelo menos, o telefone chamava e ela apenas não atendia. Agora... Indisponível? Ela o tinha bloqueado?Gabriel cerrou os punhos, riu com desprezo e murmurou, furioso:— Muito bem, Beatriz. Eu te dei uma chance de sair por cima... E você me responde assim? Quer que eu vá até o hospital atrás de você? Só pode estar sonhando!O vazamento de gás já fazia quatro dias. Ele sequer tinha gritado com ela. Até mandou Vitória sair de casa. E Beatriz?Nem um “obrigada”. Nenhuma demonstração de gratidão. Pelo contrário, estava com o gênio cada vez pior. E agora... Bloqueava o número dele?Gabriel estava furioso. Tinha certeza de que a esta
Letícia quis ver o machucado, mas Beatriz a impediu, dizendo que já estava quase curado, que não era nada sério.A amiga então a abraçou de novo, dessa vez com mais delicadeza.— Desculpa mesmo. Eu não sabia que você estava machucada... É que fiquei tão feliz de te ver depois de dois anos, me empolguei demais. — Disse Letícia, arrependida.— A culpa foi minha, devia ter te contado antes. Não queria te preocupar. Eu também estava morrendo de saudade de você. — Respondeu Beatriz, com sinceridade.Depois do reencontro emocionado, as duas seguiram de braços dados, caminhando pela rua de lojas, rindo e conversando.Beatriz queria comprar roupas novas, e Letícia estava ali para ajudar nas escolhas. Juntas, montaram várias combinações com um ar mais formal, perfeitas para o ambiente de trabalho.— Pega também umas peças mais casuais, com um toque leve, fresco... Combina muito com você. — Sugeriu Letícia, escolhendo um vestido e entregando para ela.Beatriz olhou os modelos, todos diferentes d