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• 5 • No limite do prazer

Os dias que se seguiram ao beijo de Vincent ainda estavam frescos na memória de Axel, os olhares curiosos recaíam sobre seu semblante mais iluminado, mais alegre do que costumavam ser. E mesmo sentindo um friozinho na barriga e uma inquietação com todo aquele cochichar, de alguma forma, ele já não sentia tanto o peso da dúvida. 

A inquietação que o havia consumido durante semanas, entre desejo e medo, entre a promessa de liberdade e o receio do desconhecido e do julgamento, começava a se dissipar. Ele não sabia ao certo o que o esperava, mas algo em seu interior já não se sentia mais preso. Aquelas palavras de Vincent, aquelas promessas silenciosas, haviam tocado algo dentro dele, algo que ele ainda não entendia completamente, mas que sentia se tornar cada vez mais forte para descobrir junto do belo rapaz.

A mensagem que ele recebera naquela manhã, tão direta e simples — "Quero te ver. Estou com saudades." — não havia deixado espaço para mais hesitação, pelo contrario, algo dentro de si queimava e ansiava por estarem juntos mais uma vez. Não havia mais razões para fugir. 

Talvez não houvesse mais razão para se esconder de si mesmo e seus desejos.

Axel estava em frente ao espelho, ajeitando a camisa com as mãos trêmulas. Ele não se reconhecia mais. O bailarino meticuloso, controlado e focado, agora sentia um fogo no peito, uma excitação nervosa que o fazia questionar quem ele era. Mas, naquele momento, ele sabia que estava pronto. Ele queria ir além, queria se arriscar e explorar esse abismo de desejo e incerteza que o chamava. E se tinha de ser seria hoje.

Vestiu-se com algo simples, mas que ainda assim refletia o que sentia — um conjunto branco, leve, quase transparente na parte de cima e largo ao corpo, mas que ainda assim delineava seus belos traços.

Ele não hesitou quando o interfone tocou. Era Vincent.

── Sim? ── Axel atendeu, sua voz falhando por um instante. Ele não sabia o que sentir. Ansiedade? Expectativa? Excitação?

── Estou subindo. prepare-se. ── A voz de Vincent, sempre profunda e carregada de algo misterioso, soou do outro lado da linha. Não era um pedido. Era uma afirmação. E Axel, mais uma vez, não teve coragem de recusar.

A porta se abriu alguns minutos depois, e o perfume de Vincent invadiu o apartamento antes que ele mesmo o fizesse. Ele estava de jaqueta de couro, com o cabelo levemente desarrumado, como se tivesse passado a mão por ele repetidamente, tentando manter alguma compostura, embora fosse óbvio que não estava preocupado com as aparências.

Vincent olhou para Axel, seus olhos escuros e penetrantes fixados nele com uma intensidade que o bailarino mal conseguia suportar. De pé, em silêncio, Vincent observava Axel com a mesma precisão com que estudaria uma obra de arte — cada gesto, cada respiração, cada movimento, detalhes os quais muitos deixariam passar desapercebidos, mas não Vincent. Nas mãos do CEO, um buquê de lírios brancos, recém-descobertos como as flores favoritas de Axel. Ele não perderia a oportunidade de dar esse presente, uma escolha delicada e significativa, algo que refletia não só o cuidado de Vincent, mas também a pureza, elegância e a beleza serena do próprio bailarino.

── Você está diferente hoje. Lindo como sempre, mas... diferente. ── Vincent disse, sua voz suave, mas cheia de uma tensão palpável. Ele deu um passo à frente, observando Axel de maneira mais profunda, como se estivesse tentando penetrar no fundo de sua alma.

Axel sentiu o coração disparar. "Diferente." O que isso significava? Ele sabia o que Vincent queria dizer. Ele já não era mais o mesmo. Aquela batalha interna que havia travado consigo mesmo, a dúvida, a luta entre o medo e o desejo, finalmente pareciam ter chegado ao fim. Algo dentro de Axel havia se quebrado. Ele já não queria se proteger mais. Queria sentir. Queria se perder.

── Eu... bom, eu só estou decidido. Quero tentar algo… ── Axel disse, sua voz agora mais firme do que se sentia embora suas bochechas estivessem ruborizadas. Ele deu um passo à frente, aproximando-se de Vincent, deixando de lado as dúvidas, mesmo que o medo ainda fosse um visitante constante. Tão próximos… tão íntimos…

Vincent não respondeu imediatamente. Ele apenas sorriu, um sorriso enigmático, sedutor, e colocou uma mão na nuca de Axel, puxando-o para mais perto. O beijo foi imediato. Não houve conversa, não houve mais espaço para palavras. Até o buquê em suas mãos teve que se contentar em repousar sobre o carpete aveludado. 

Seus lábios se encontraram com uma intensidade que fez Axel perder o fôlego. O beijo de Vincent foi uma mistura de possessão e delicadeza, uma pressão quente e feroz que o envolveu completamente, dissolvendo todas as hesitações que ainda restavam.

Eles se afastaram por um segundo, mas foi o suficiente para que a eletricidade entre eles continuasse a pulsar, ainda mais forte.

── Você não tem ideia do que está começando, Axel. Tem certeza que quer seguir? não vou conseguir controlar se continuarmos... ── Vincent sussurrou, sua voz carregada de um desejo imenso e, ao mesmo tempo, de uma promessa sombria.

Axel olhou para ele, seus olhos cheios de uma mistura de antecipação e insegurança. Mas, naquele momento, a insegurança já não importava. Ele sabia que, de algum jeito, aquilo era o que ele queria. O que ele precisava. A paixão, o medo, o risco... tudo isso se misturava em algo visceral, algo que não podia ser negado.

Sem palavras, ele se moveu o tomando pelos lábios uma vez mais. Algo mais selvagem e necessitado que tirava qualquer dúvida sobre Vincent de que se era realmente aquilo que o bailarino queria. Ambos se moveram juntos, caminhando apressadamente ao quarto do bailarino que os guiava ate lá, permitindo-se ser posto sobre a cama, como se o mundo ao redor tivesse desaparecido. O espaço entre eles desapareceu, e tudo o que restou foi a fusão de corpos e almas, a entrega sem reservas. O toque de Vincent percorreu a pele de Axel, aquecendo cada centímetro de seu corpo, como se quisesse marcá-lo, torná-lo seu de uma maneira que Axel ainda não compreendia completamente.

As horas seguintes passaram em um turbilhão de sensações intensas e descobertas, onde o tempo parecia distorcido. Entre beijos profundos e toques que queimavam, Axel finalmente se entregou, não apenas ao corpo de Vincent, mas à intensidade do momento, ao desejo que os consumia, sem mais questionamentos.

Vincent o levou além, muito além do que Axel imaginara ser possível. E quando, finalmente, os dois se separaram, seus corpos ainda tremiam com a força da experiência compartilhada e o prazer consumidor. Axel estava exausto, mas algo dentro dele havia mudado. Ele já não era o mesmo. A barreira que o separava de tudo o que temia e desejava havia se quebrado.

Vincent olhou para ele, com um sorriso satisfeito, mas também com algo mais profundo nos olhos, como se soubesse que aquilo que acabaram de viver não era apenas um momento de prazer, mas o começo de algo maior.

── Você se perdeu. ── Vincent disse, sua voz calma, mas carregada de uma promessa silenciosa.

Axel olhou para ele, ainda ofegante, seus olhos se fixando nos de Vincent, como se, pela primeira vez, ele fosse capaz de entender o que isso significava. Lembrando-se do que havia dito a ele naquele dia. O bailarino sorriu.

── Sim... ── Axel respondeu, sua voz baixa, mas cheia de uma aceitação que ele nunca imaginara sentir. ── Eu me perdi.

E, naquele momento, Axel soube que estava pronto para seguir em frente. Para ir além. Sem mais perguntas, sem mais hesitação. O jogo havia começado. E ele estava mais do que disposto a jogá-lo.

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