Capítulo 98Clare VallenceFrança | 24 de MaioEu já sabia que Marcelus estava com ciúmes. Desde a manhã de ontem, quando ele apareceu na cozinha com aquela expressão de quem queria matar o Anders, — porque mais óbvio e aparente que aquilo? Só o próprio monte Everest. Mas o problema maior não era ele. O problema maior era eu.Porque, por mais que ele estivesse agindo como se o mundo inteiro fosse uma ameaça ao que ele considerava "dele", nada realmente tinha mudado entre nós. Essa era a parte mais difícil de lidar. Eu sabia que Marcelus e eu estávamos presos em um papel, num jogo que ambos concordamos em jogar, mas que agora estava começando a me sufocar.A verdade era que, por mais que eu odiasse admitir, eu gostava dele. Gostava muito. E isso complicava tudo. Nos últimos dias, essa sensação cresceu dentro de mim de um jeito que eu não conseguia mais ignorar. Eu estava apaixonada por Marcelus. Só que Marcelus, sendo Marcelus, ainda parecia não querer nada sério. Ele sempre foi o t
Capítulo 99Marcelus MoreauFrança | 24 de MaioClare não estava bem — e até eu conseguia perceber isso — porque desde o momento em que saímos do quarto até agora, enquanto estávamos no jantar, ela parecia inquieta, como se algo estivesse a incomodando, e não era só o cansaço ou a pressão de ter que encarar mais uma dessas noites com a família. Tinha alguma coisa a mais. O problema? Eu não fazia ideia do que era.Ao longo da noite, tentei puxar conversa com ela algumas vezes, mas sempre que nossos olhares se encontravam, ela desviava, como se quisesse evitar qualquer interação mais profunda. Era estranho, porque, mesmo com todos os altos e baixos, Clare nunca tinha agido assim comigo. Sempre direta como um tapa na cara — agora, ela parecia distante. Enquanto eu observava Clare, lutando para manter minha atenção nas conversas ao redor da mesa, meu pai, se aproximou do e nos chamou para finalmente nos sentarmos. A presença dele sempre tinha esse efeito. Todos paravam e escutavam. Era
Capítulo 100Clare VallenceFrança | 24 de MaioEu estava fazendo o possível para manter a compostura, tentando não deixar meus sentimentos dominarem a situação, porque desde o momento em que Marcelus se afastou com Mario e Vincenzo, a realidade do que eu estava vivendo começou a pesar ainda mais. Eu sabia que estava me prendendo a algo que não fazia sentido, porque ele e eu nunca teríamos nada sério, porque… tudo devia ser só um jogo para ele, uma forma de manter o controle, ou… sei lá o que se passava na cabeça dele! E eu? Eu estava no meio disso, tentando não me perder.Olhei para o celular em minhas mãos, pensando no que fazer. Eu precisava de um escape, precisava de alguém que me lembrasse que tudo isso tinha um fim, que logo eu voltaria para minha vida e deixaria essa confusão para trás. Talvez fosse esse o problema: por mais que eu quisesse acreditar que poderia simplesmente seguir em frente, meu coração já estava envolvido demais, — e isso complicava tudo.Quando vi Marcelus
Capítulo 101Íris ColomboFrança | 24 de MaioEu sabia que aquele era o melhor momento. A chance perfeita. Marcelus estava ocupado demais com o pai e Vincenzo pra prestar atenção no que estava acontecendo, e Clare… estava isolada, perdida nos próprios pensamentos, achando que podia simplesmente se afastar de tudo. Que piada.A noite estava fria, o vento soprava leve pela varanda, mas havia algo na tensão no ar que fazia o clima parecer pesado. Eu a observei por alguns minutos, antes de fazer qualquer movimento. Clare estava claramente distraída, encarando o celular como se ele fosse a solução dos seus problemas. "Patética," pensei, a observando com aquele ar perdido. "Você não faz ideia do que está por vir...".Com um sorriso que eu sabia que não tinha nada de acolhedor, caminhei até a porta da varanda e a fechei com um clique suave. O som foi o suficiente para que ela se virasse, surpresa, os olhos dela encontrando os meus com aquele brilho de incerteza. Perfeito. Clare estava
Capítulo 102Clare VallenceFrança | 24 de MaioMeu rosto ainda ardia de vergonha enquanto eu entrava de volta na mansão. Não pelo tapa que dei na Íris, mas porque deixei ela me provocar a esse ponto — só que ao mesmo tempo? Ninguém tinha mandado aquela vadia ficar me provocando daquele jeito. Ela tinha vindo com aquela expressão de filha da puta, falando como se tivesse controle de tudo e, no final, eu acabei caindo no joguinho dela. O som do tapa ainda ecoava na minha cabeça, misturado com o olhar de surpresa que ela tentou disfarçar. Mas a pior parte? Foi o sorriso que surgiu logo depois. "Merda," pensei, meus pés me levando pelo salão sem direção. "Agora vou ter que lidar com as consequências disso…” veio em minha mente, porque no fim… parecia que Íris tinha alguma proteção que a mantinha ali. Eu sabia que mais cedo ou mais tarde alguém ficaria sabendo. Claro que Íris não ia perder tempo em contar sua versão — provavelmente distorcida — do que aconteceu. Ela ia aproveitar pra s
PrólogoClare Vallence04 de Maio | França— Estou interrompendo algo, querida? — Foi a primeira coisa que eu escutei, quando eu senti uma mão pousar sobre o meu ombro, — quem é o seu amigo, não vai me apresentar?Marcelus. Marcelus Moreau Marini, tinha me achado mais uma vez, e puta que me pariu… como eu queria correr dali agora, e me enfiar no primeiro avião que eu conseguisse. Não importava se seria para um país de primeiro, segundo ou terceiro mundo, não… eu só queria achar qualquer lugar que fosse, que ele não suspeitaria, que ele não fosse conseguir achar o meu rastro, nem se ele quisesse muito. Mas… aparentemente — para a minha infelicidade — isso não parecia ser algo possível. — Clare, quem é ele? — Flyn obviamente não evitou de perguntar, com uma expressão de clara confusão. — Ele não é ninguém importante, querido. — Eu soltei, junto de um breve sorriso no rosto, — agora vamos, ou você quer parar o que estávamos fazendo, por conta dele? — Parar o que estavam fazendo? Or
Capítulo 1Clare VallenceFrança | 02 de MaioMinha vida finalmente estava do jeito que eu queria, porque depois dos últimos três anos, desde que deixei Londres… essa tinha sido a primeira vez que eu tinha conseguido ter o mínimo de paz na minha vida — afinal, Marcelus… ainda não tinha me achado na França (até porque, ele nunca esperaria que eu estivesse no seu país de origem, esperaria?).Eu poderia finalmente descansar, sem a constante apreensão de que aquele desgraçadö apareceria na minha frente a qualquer momento. Meus dias eram previsíveis, e a rotina médica preenchia meu tempo e minha mente por completo. Estava tudo ótimo. Estava tudo perfeito. Ou pelo menos, era o que eu queria acreditar, mas… eu não conseguia tirar o rosto de Marcelus da minha cabeça! Ele ainda habitava meus pensamentos, especialmente durante a noite. Naquela manhã inclusive? Acordei irritada depois de um sonho erótico que eu tive com aquele moreno filho da putä! E isso me deixava profundamente frustrada,
Capítulo 2Clare Vallence02 de Maio | FrançaAssim que eu cheguei em casa, a minha cabeça já começou a montar mil e um cenários com Flyn, ao ponto de eu começar a sorrir que nem uma idiotä, enquanto me deitava no meu sofá — como se fosse a porcariä de uma adolescênte idiotä. Porque no fim, Flyn era literalmente a definição de Príncipe encantado, ou seja… ele era perfeito pra mim, certo? Era o que eu sempre sonhei desde que eu era uma garotinha que usava maria chiquinhas. Eu sempre sonhei com um loiro alto de olhos claros, com um sorriso brilhante que poderia me cegar, e ele? Era exatamente isso, como se fosse o universo de alguma forma, tentando me compensar por todo o estresse que Marcelus Moreau… tinha causado na minha cabeça — que honestamente, não andava muito boa.“Isso, eu vou sair com ele quando ele me chamar, e nós dois vamos construir uma bela vida juntos, com bebês loiros, e nada parecidos com aquele traste do Marcelus!” Eu comecei a pensar, o que sinceramente? Até que es